A história que vou narrar agora aconteceu a alguns meses atrás, na época eu tinha 24 anos e estava voltando para casa. Meus pais eram Pierre e Michelle Vezendatto, duas pessoas rígidas mas amorosas quanto à educação. Ele era neurocirurgião e ela era empresária que, por conta disso, se tornaram muito ocupados. Mas eles nos deram muito amor mesmo com a rotina intensa, isso mesmo, nos deram. Meus pais tiveram dois filhos, Leonardo e eu, Maya. Leonardo era o filho mais velho e eu a caçula, mas eram apenas dois anos de diferença. Meus pais viajavam a trabalho frequentemente durante nossa infância e adolescência, e isso somado ao fato de nossa casa ser grande, criaram uma distância entre meu irmão e eu. Mesmo na escola, ele tinha o grupo dele e eu o meu, nos falávamos pouco, tanto que muitas pessoas não sabiam que éramos irmãos. No café da manhã quase nunca nos encontrávamos pois a escola era perto de nossa casa então podíamos ir a pé. Quando voltávamos da escola, ficávamos em nossos quartos ou em outro lugar da casa. Conforme fomos crescendo, a distância continuou, mas nos dávamos muito bem. Éramos praticamente colegas de quarto com um laço sanguíneo, mas mesmo assim não tínhamos nenhum motivo para nos odiarmos como muitos outros irmãos nessa situação. Sempre houve muito respeito e educação por parte dos dois, só não havia esse laço de irmã e irmão forte como o da maioria das pessoas.
Quando estávamos no ensino médio, nossos pais já queriam que soubéssemos qual profissão gostaríamos de seguir e desde muito nova me interessava pela medicina como meu pai. Talvez pelo amor que ele falava sobre sua profissão durante tantos anos me fizeram ir de pouco em pouco criando apreço por ela. Já meu irmão gostava muito de cuidar do corpo e por isso tendeu ao lado de educação física. Minha mãe empresária, meu pai neurocirurgião, eu médica tendendo a neurocirurgia também é meu irmão na educação física. Você já deve ter notado que meus pais ficaram surpresos com a decisão dele, mas aceitaram pois sabiam que ele deveria gostar da profissão acima de tudo. As coisas foram seguindo esse rumo no ensino médio, e como meu pai era conhecido no ramo, me ajudou a entender quais eram os melhores caminhos para seguir na profissão desde o início. Com isso, no final já tínhamos tudo planejado sobre o que eu faria. Eu estudaria medicina no exterior, mais precisamente na Espanha, e durante poderia avaliar se trabalharia aqui no Brasil ou lá. E quando chegou o grande dia de ir ao aeroporto, confesso que fiquei tensa por deixar minha família durante tanto tempo pois mesmo com uma distância entre nossa relação, ainda os amava.
Quando cheguei a Espanha, tudo já estava planejado para eu estudar o mais rápido possível, e foi o que fiz. Estudei longos 6 anos. Conheci tanta gente legal que mais tarde viraram meus amigos. Conheci homens MARAVILHOSOS e alguns nem tanto. Aproveitei o máximo da minha vida durante aquele tempo pois sabia que teria que voltar ao Brasil, a saudade da minha família era demais. Poderia voltar para a Espanha depois de um tempo, mas não sabia quando, então era melhor aproveitar o máximo possível. E quando chegou o grande dia de voltar, confesso que fiquei dividida do mesmo jeito de quando parti na primeira vez. Mas assim como antes, sabia que eu estava indo para um lugar que me proporcionaria alegria também.
Meus pais chamaram um motorista para me levar do aeroporto para casa, e quando cheguei lá, ele haviam feito uma festa para mim, algo bem simples, só a família. Como conversava com meus pais por chamada de vídeo enquanto estava na Espanha, não notei nenhuma diferença física neles, mas quando vi Leonardo, me espantei. Eu e ele conversamos muito pouco quando eu estava fora, e sempre por mensagens. O máximo que eu via eram as redes sociais dele, mas como ele era bem low profile, não tinha muito para se ver. Mas quando eu o vi pessoalmente, até passou pela minha cabeça por alguns segundos que era alguém que meus pais haviam convidado que eu não conhecia, pois ele estava MUITO diferente…
