Meu nome é Maurício, conhecido como "Mal". Tenho 29 anos e a confiança de quem sabe que sua presença é notada, seja pela farda ou pelo corpo. Meus 1,84m de altura e o corpo musculoso, apesar da barriga de cerveja, são motivo de orgulho e, confesso, de vaidade. Tenho os cabelos pretos e curtos, olhos azuis e tatuagens nos meus braços e peito. Na academia, sou aquele que todos olham, seja com admiração, inveja ou desejo. E na praia, não é diferente. A sunga parece atrair mais olhares do que o próprio mar, principalmente quando uso uma branca que destaca o meninão. A atenção que recebo é um combustível para meu ego, que reconheço não ser pequeno. Sou um homem que sabe o que quer e quando quer. Não costumo sair muito, mas o que não falta na minha vida são mulheres.
Minha rotina consiste de trabalho e treino, mas foi numa noite atípica que tudo mudou. Passei a noite em ronda, deixamos a viatura na DP e, como de costume, segui com meu colega até sua casa que fica duas quadras antes da minha, nos despedimos, tirei parte da farda e peguei o rumo para casa. Voltando, exausto, avistei um jovem loiro fumando na calçada em frente à minha casa. Seus olhos azuis e a pele clara eram quase etéreos sob a luz da lua. O corpo magro, mas bem formado, era inegavelmente atraente.
— Está perdido? — perguntei quebrando o silêncio da noite.
Ele se virou, surpreso, e nossos olhares se encontraram. Notei que havia uma timidez em seu sorriso, uma inocência que contrastava com a forma como seus olhos percorriam meu corpo. Com 1,68 de altura, ele parecia ainda mais jovem, quase frágil, depois vim a descobrir que ele tinha 21 anos.
— Maurício, mas pode me chamar de Mal — me apresentei, notando o jeito como ele segurava o cigarro, uma distração nervosa.
— Ricardo — ele respondeu, com um sorriso que mal disfarçava sua ansiedade.
Puxei meu próprio cigarro e acendi, compartilhando o silêncio que se estendia entre nós. A fumaça se misturava com a brisa noturna, e por um momento, apenas observamos as nuvens cinzentas se desfazendo no ar.
— Então, Ricardo, não é comum ver alguém tão tarde da noite por aqui — comentei, quebrando o gelo.
Ele hesitou, olhando para a porta fechada ao lado da minha. — Na verdade, moro na casa em frente.
— E o que está fazendo na rua quase 4 da manhã?
— Estou... evitando meus pais. Eles não gostam que eu fume.
Ri suavemente, lembrando de meus próprios tempos de rebeldia. — Entendo. Às vezes precisamos de um momento só nosso.
Conversamos sobre trivialidades, o bairro, o clima, ele me contou que havia entrado para a faculdade de odontologia, mas acabou desistindo e voltando para a casa dos pais, até que o assunto se voltou para mim. Ricardo parecia curioso, suas perguntas eram simples, se era casado, como era a vida de policial e bobagens do tipo, mas seus olhares eram intensos, demorando-se mais do que o necessário em meus músculos. Percebi um brilho diferente em seus olhos, uma admiração que ia além da mera curiosidade.
A conversa fluiu naturalmente, e enquanto falávamos, a desconfiança inicial deu lugar a uma conexão inesperada, ele parecia um bom garoto, ainda se descobrindo, mas um bom garoto. Ricardo ria mais abertamente agora, e seus olhares já não eram tão covardes, enquanto fumava encarando a rua, podia perceber seus olhos de desejo e admiração percorrendo seu corpo.
Estou acostumado a causar isso nas mulheres e também nos homens, mas o misto de desejo, vergonha e medo no olhar de Ricardo estava mexendo comigo. Seu corpo pequeno e frágil ali ao lado do meu, seus quadris largos como o de uma garota. Pude sentir algo diferente fluindo por meu corpo.
Quando nossos cigarros chegaram ao fim, ele jogou o dele no chão e o esmagou com o pé. — Melhor eu entrar antes que eles percebam que sumi.
— Boa noite, Ricardo — disse, mas algo dentro de mim hesitou. — Se precisar de algo...
Ele acenou, um gesto breve, enquanto eu ficava ali no calçado, o vendo caminhar e entrar os portões de ferro, mas seu sorriso tímido e olhares, permaneceu comigo.
Quando o vi novamente, foi como uma surpresa esperada. Ele estava lá, na rua, sozinho, com aquele mesmo olhar perdido que me cativou na noite anterior. Não pensei duas vezes antes de chamá-lo para dentro.
— Ricardo, vem aqui. Vamos fumar em um lugar mais confortável — convidei, abrindo a porta de casa para ele.
Ele aceitou com um aceno tímido e me seguiu até a sala. O ambiente era familiar para mim, mas eu podia ver nos olhos dele que ele estava avaliando cada detalhe, talvez procurando entender mais.
Sentamos no sofá, e enquanto acendíamos os cigarros, eu não pude deixar de observá-lo. Havia uma beleza nele que não estava apenas em sua aparência, mas na forma como ele se movia e falava. Quem o visse de longe, poderia pensar ser uma manina, frágil e delicada.
— E então, Ricardo, me conta mais sobre você… já teve namorada? — Eu estava curioso, talvez mais do que deveria, sobre sua vida amorosa.
Ele compartilhou histórias de amores passados, e eu escutei atentamente, tentando ler entre as linhas. Cada gesto, cada hesitação, cada olhar que ele desviava me dizia algo. Eu queria entender o que ele buscava, o que ele desejava, então, com a desculpa de ficar mais a vontade, tirei minha camisa, ficando apenas com o fino shorts branco da academia.
— E você, Mal? — ele perguntou, virando o jogo. — Você parece ser o tipo que tem histórias para contar. — Disse ele, dessa vez olhando mais diretamente para meu corpo.
Eu ri, mas por dentro, eu estava analisando cada palavra minha antes de falar. Eu queria saber mais, queria entender o que se passava na cabeça dele, especialmente sobre sua sexualidade. Mas eu sabia que não podia forçar; tinha que ser algo que ele quisesse compartilhar. Não queria assustá-lo, um caçador sabe como atrair sua presa, e a armadilha já estava armada.
— Ah, eu tenho minhas histórias, mas nada tão interessante quanto você pode imaginar — respondi, mantendo um tom leve.
A conversa fluiu, e eu senti que estávamos nos aproximando. Querendo provoca-lo, coçava sem pudor meu membro flácido. Para meu prazer, peguei ele encarando fixamente o movimento de minha mão, sabia que estava mexendo com ele.
— Gostou foi? — perguntei, em tom de piada. Pude ver seu rosto pálido corar e a vergonha tomar conta de seu corpo — Fica tranquilo, pode olhar sem medo.
— Foi sem querer eu nã...
— Relaxa poh— respondi em tom de brincadeira, mas isso parece não ter tranquilizado ele.
Quando nossos cigarros acabaram, houve um momento de silêncio. Eu podia sentir a tensão no ar, uma tensão carregada de possibilidades e perguntas não ditas. Ele me olhou nos olhos, e por um segundo, eu pensei que ele iria se abrir completamente. Mas ele apenas sorriu e agradeceu antes de se levantar para ir embora. Não podia deixar que ele saísse pela porta. Peguei-o pelas mãos, olhei em seus olhos.
— Fica, sei que você também quer — ordenei, dessa vez deixando transparecer um tom autoritário,
Eu fiquei ali, sentado, pensando sobre tudo que havia acontecido. Eu sabia que havia algo mais entre nós, algo que ainda estava por ser explorado. E eu estava disposto a esperar pelo momento certo para descobrir.