PREÂMBULO
Abraão é fictício. Na língua hebraica, AB significa pai (antepassado); AHAM (ou ARAM) é o nome do povo que se instalou ao norte de Israel, ainda por cerca de 1800 a.C. Então, o nome AB-AHAM, ou ABRAAM, é uma construção fonética, e o personagem foi “inventado” para justificar o domínio posterior da tribo de Judá sobre a região. Este povo de Aram, que eu citei acima, eram adoradores do Deus El do panteão cananeu, e por isso mais tarde, ficaram conhecidos como povo de Israel. E ao serem subjugados por Davi, um rei de Judá, e adorador de Jaweh (Javé ou Jeová), imputou que fosse o mesmo deus (Jaweh e El), e de quebra ainda, disseminaram a idéia que o tal Judá era bisneto de Abraão.
E por falar dessa terra de Canaã, que é só o nome do lugar, pois nunca houve um neto amaldiçoado de Noé com esse nome (na língua hebraica →terra fértil), instalou-se um povo, que tinha a tradição de ser descendente de um cara chamado Jacó, posteriormente empurrado goela abaixo, como sendo “o próprio” Israel. Essa parte central acabou por se chamar Samaria, que não engoliu bem essa história de fusão das tradições de antepassados, bem como da religião, principalmente quando o rei da Assíria “baixou o cacete” por volta do ano 722 a.C. Após se livrar do domínio judaico LEVIano, voltou aos seus afazeres comuns, e de comer carnes de porco tostadas nos montes, e altares ao “ar livre”. Mas a Samaria também esperava um messias, e ele veio:
PARTE I
Yeshuá chegou-se à Samara, que apesar dos seus 38 anos, tem uma pele hidratada, e as suas pernas torneadas a perceber através da saia longa, mas transparente. Ficou olhando a mulher trabalhar a coleta de água da fonte, e também “prestou muita atenção” ao volume dos peitos na blusa, bastante comportada mas com tecido que permitisse a molduração do seu busto. Yeshuá encantava com o olhar preponderante, mas que a deixou um tanto corada por se tratar de um “homem da filosofia”. Estes não falam com mulheres do tipo de Samara, e não que fosse um tipo a ser desprezado, mas era o costume deles, os “homens sábios”. Contudo, Yeshuá falou:
- Dona, será que poderia me fornecer um pouco disso?
Ficou chocada com a pergunta, e aquele homem envolvente, alto e de cabelos compridos, estava a lhe fitar com muita provocação. Era só pedir que ela lhe daria! Mas o “isso” que ele falava devia ser a água. Samara respirou fundo antes de responder:
- Ó homem, por que falas comigo dessa forma? Não sabes que isso pega mal por aqui?
- Pega pior ainda por lá, na minha vila de Nazaré. - Levantou da muretinha, e chegou-se mais perto dela, quase lhe respirando no cangote. - Sei que está disposta a fazer-me uma exceção.
O fogo de Samara subiu dos pés à cabeça, parecendo empurrá-la a arrancar as roupas, e se entregar de vez àquele homem encantador. E pensou assim: “Deve ter frieira nos pés, só pode ser! Pois que há de ter algum defeito, que não estava na voz de locutor mor, que não estava no charme da sua presença, que não estava…” E já estava olhando para as partes baixas de Yeshuá, quando perguntou:
- O senhor tem garrafa térmica para conservar essa água na frescura em que se encontra?
- Não tenho garrafa. - disse Yeshuá se achegando de vez ao pescoço de Samara. - Mas se eu lhe der da minha água, a tua “frescura” não se apartará de ti para sempre.
O homem era mesmo, um feiticeiro encantador, a “botar para correr” toda a recatez hipócrita de Samara. E num gesto quase irracional, repeliu um pouco a aproximação do mesmo, mas desabotoou os 2 botões superiores, dos 4 que a blusa tem, e chamou:
- Vem, me dá dessa água!
Yeshuá aproximou-se delicadamente, como a paralisar Samara só com o olhar, voltou a recompor a blusa da mulher, e disse:
- Vai, chama teu marido!
Aquilo foi, por alguns segundos, o balde de água fria. Mas o tesão sedutor, que vinha dele, era mesmo predominante! Samara puxou com violência a abertura da blusa, que com o gesto, fez saltar todos os botões, fazendo os seus peitões ficaram muito visíveis, quando exclamou:
- Eu não tenho marido!
Yeshuá aproximou-se novamente, e acariciou o rosto de Samara. Depois, retirou o próprio casaco, envolvendo-a. E disse:
- Você falou certo, Samara! Tiveste 5 maridos; traiu o primeiro com o segundo, substituindo-o por ele; traiu o segundo com o terceiro, que coabitou até a morte daquele; traiu o terceiro com o quarto; o quarto com o quinto; mas com o michê gigolô que estás agora, não quiseste contrair papel passado.
Samara já estava impressionada com os acertos acerca de sua vida, mas... Yeshuá pegou na sua mão trêmula e sudoreica, “assinou” algo deslizando com o dedo indicador sobre o dorso, e disse:
- Farei o teu futuro ficar como o céu, que é da cor da calcinha que estás usando.
Ela fechou os olhos e abriu a boca para o beijo, mas que não veio. Abriu os olhos e disse:
- Sei que quando o Messias, que estamos esperando vier, nos mostrará tudo isso!
- Então pare de procurar, que sou eu.
Samara disparou na corrida, enquanto os parças de Yeshuá se aproximaram para servi-lo. E perguntaram por que ele, um PHD de Sophia, estava de conversinha com uma piranha qualquer. Yeshuá podia poupar essa, mas respondeu:
- Essa mulher, que acabastes de vislumbrar*, será a única digna de parir os meus santos herdeiros para os próximos um e três anos de glória que há de vir.
E ficaram pensando: “Será que um ano está contido em outros três? Ou seriam quatro? → Tem coisas que só o Messias é capaz de fazer: dar nó na Matemática. Esse é, verdadeiramente, o homem!”
Obs: * vislumbrar foi um eufemismo para cobiçar carnalmente.
PARTE II
Samara entrou rebentando no barraco, quando seu amasiado, e sem camisa, levantou-se do sofá para recebê-la. Esquivou-se, passando reto, pegou uma long neck da geladeira, deu uma golada e jogou o restante no próprio rosto. Ele já estranhou, Samara jogou o casaco estranho, tirou a blusa danificada e disse:
− Me mostra que não estou sonhando!
O michê lhe pregou a mão na cara, numa bofetada violenta. Samara quase caiu, pôs a mão no rosto, e constatando que estava acordada, colocou o pé sobre a cama. Subiu a saia, amparando a barra no joelho, e perguntou:
- O que está vendo? Qual a cor da minha calcinha?
- Azul, ué? – respondeu o homem.
- Mas que azul? O celeste?
- Sim. Não estou entendendo!
- Não é para entender! – agarrou o amante pelos ombros, deu uma chupada nos mamilos, e perguntou: - Um homem cabeludo, que diz ser da vila Nazaré, não seria o Messias que aguardamos?
O michê, sem continuar entendendo, agarrou Samara de maneira pior do que nunca, e praticou sexo selvagem com ela. Do cu e da buceta, ele não teve dó, mas foi gozar mesmo, na boca. E nem com tudo isso, Samara perdeu o fôlego sexual em ter visto o Messias. Ao terminar de recompor a roupa, bem como a camisa de sanfoneiro, o michê gigolô acendeu um e falou:
- Não! Não tem como o Messias vir da vila Nazaré.
Não se sabe por que, mas talvez por força do Espírito, a fúria libertadora subiu e... Samara devolveu a bofetada, que até arrancou o cigarro dos lábios do patife. Ao se recompor, ela deu uma do outro lado, e esbravejou:
- Sai agora mesmo, do meu barraco!
Ao escutar a discussão, bem como o barulho dos tapas, os vizinhos entraram; e por força de lei Maria da Penha, ou algo assim, fizeram com que o desejo de Samara fosse atendido.
EPÍLOGO:
Samara caiu exausta na cama, durante aquela tarde escaldante. Sonhou com o endereço de Yeshuá, e quando acordou à noitinha, saiu para procurá-lo, numa certeza que vinha sabe-se lá de onde, que iria encontrá-lo.