Estranho eu estar aqui relatando para vocês algo que até um tempo atrás era motivo de repulsa e vergonha para mim mesmo. Nunca acreditei muito em contos eróticos que se dizem ser relatos da vida real, porque em todos parecia haver uma constante perfeição das mulheres traidoras, um pequeno dote para os maridos traídos e dotes magníficos para os comedores, estes quase sempre sarados, muito viris e incansáveis. Entretanto, é fato que, querendo ou não, acabei entrando de carona em uma aventura que começou como uma fantasia, mas logo transbordou em sexo e submissão.
Meu nome é Jairo Jerimônio (o nome é esse mesmo!). Eu sou um cara normal, meio alto, meio parrudo, atualmente meio fora de forma com uma barriguinha de cerveja e tenho um dote mediano. Em suma, estou bem longe dos meus melhores anos, pois, acreditem ou não, já fui sarado, atleta amador de futebol, época em que era um comedor dos bons.
Fui casado durante seis anos com a Débora, Dedé para os íntimos. Minha ex-mulher, uma morena de uma beleza exótica e muito atraente. Não era uma "musa", perfeitinha, mas sempre soube ser uma mulher muito feminina e vaidosa. Com seus 1,65m, sua pele morena de praia com deliciosas marquinhas de sol, longos cabelos negros sempre muito bem tratados e pelinhos douradinhos, ainda contavam com um bumbum redondo e empinado. Seus seios não eram grandes, de médios para pequenos na verdade, mas sempre estavam empinados, ousados, ostentando ainda lindos mamilos marronzinhos, inchadinhos como pequenas peras. Tinha também uma voz rouca e bem marcante, assoprada sensualmente por uma boca carnuda. Enfim, ela era o que eu poderia chamar de um belo exemplar de mulher.
Após nos casarmos, passamos a viver como a maioria dos casais convencionais vive: tínhamos uma rotina diária de trabalho, cuidados com a casa e namoricos, chopinhos com amigos aos finais de semana e, vez ou outra, uma viagem para o desestresse. Débora, profissionalmente, sempre teve resultados muito acima da média, sempre se orgulhando de ostentar um desempenho de igual para igual com qualquer homem, o que lhe garantia uma remuneração bem vantajosa. Eu, ao contrário, depois de vários percalços na vida, agora como o encarregado de uma linha de produção têxtil, esforçava-me para me manter ao menos próximo a esse patamar, de modo que a diferença entre nossos rendimentos não desequilibrasse nossa relação.
Ela sempre se vestia de uma forma sóbria, mas nem por isso ficava feia ou não desejável. Ao contrário, ela sempre teve uma sensualidade natural e eu sabia que isso chamava a atenção de onze em cada dez homens. Era corriqueiro eu me pegar imaginando o assédio que ela devia suportar, a atenção de homens mais bem sucedidos que eu, empresários, políticos, talvez até de personalidades da televisão. Mas ela fazia pouco caso disso, tanto que vivia me contando as cantadas que recebia e ria de se acabar das minhas reações, sempre afirmando estar além de tais investidas, pois me amava sem igual. Eu, por vezes, não conseguia conter o ciúme e a irritação, uma vez que minha autoestima já não andava lá essas coisas por conta da minha estagnação profissional e salarial. Entretanto, ela, quando sentia que eu estava no limite, imediatamente me acalmava e convergia toda aquela minha raiva para o sexo:
- Isso! Isso, meu safadinho gostoso, mostra que você é o meu homem. Não deixa aquele grandão musculoso me pegar, não deixa… - Dizia enquanto transávamos.
- Safada do caralho… Não vou deixar mesmo ele te pegar. Chifrudo eu não serei, nunca!
- Ai, não, claro, nunca! - Ela concordava, mas não deixava de me cutucar: - Nem do meu chefe grandão que vive me fazendo propostas indecentes?
- Claro que não! De ninguém…
Num desses dias, após uma gostosa transa, como esse tema “chefe” voltou a penetrar nosso leito íntimo, perguntei se alguma coisa estava acontecendo que eu deveria saber:
- Ah não, amor. Meu chefe é um homem como qualquer outro e sempre que tem a chance faz uma brincadeirinha ou outra com a gente, mas é de uma forma geral, com todas as mulheres.
- Que tipo de brincadeira?
- Ah, nada demais… Tipo, me dizer que sou areia demais para o seu caminhãozinho, mas que a carreta dele está à disposição, ou dizer que eu parecia chateada, talvez insatisfeita e que ele estaria a minha disposição para mudar isso, ou…
- E por que ele perguntaria isso? Você está insatisfeita, Dedé? - A interrompi, meio chateado..
- Não, amor… Acho que ele usou isso como um pretexto para se aproximar de mim. Eu te amo e estou muito satisfeita com nosso casamento.
- Tá… - Falei com uma pulga atrás da orelha, sem coragem de encará-la: - Você estava dizendo mais alguma coisa quando te interrompi.
- Ah, é que teve uma vez que ele me convidou para almoçar com ele, mas sugeriu de irmos a um motel, pois lá a linguiça era muito melhor.
- Mas que filho da puta!
Ela, como de costume, riu da minha reação, mas já emendou:
- Relaxa, amor. Nesse dia, eu disse que para ele afirmar que uma linguiça era muito boa, é porque ele já deveria ter experimentado e gostado. Foi a única vez que vi o meu chefe ficar sem jeito…
Gostei da tirada dela e fiquei satisfeito com sua invertida no patrão. Inclusive, ela me disse que desde que deu essa invertida nele, ele parou de cantá-la, talvez temeroso que a situação pudesse ficar ainda pior.
Nossa vidinha seguia que era uma delícia: trabalho, sexo quase todos os dias, chopinho e viagens. Inclusive, recebi um aumento em meu salário nesse meio tempo, nada extravagante, mas o suficiente para eu ficar muito feliz e ela também. Em Outubro desse ano, minha esposa foi agraciada com um novo posto, promovida para assumir uma diretoria em seu grupo. Como atribuição de seu novo cargo, ela passou a chegar um pouco mais tarde, de segunda a quinta, mas nada demais, apenas por volta das 19:00. Entretanto, às sextas-feiras, ela passou a chegar por volta das 20:30, chegando ao cúmulo de 22:00 em alguns dias. Numa dessas sextas, a primeira em que ela chegou às 22:00, eu estava no meu limite e tivemos nossa primeira grande discussão. Ela calmamente tentava me explicar:
- Eu só estava em uma reunião com o Ferraz, amor. Demorou um pouco mais porque estávamos analisando alguns relatórios de um setor que teve uma queda na produção, nada demais.
- Nada demais? Nada demais!? Porra, Débora, são mais de 22:00. Vinte e duas horas, ouviu? Não há nada que justifique um atraso desses, nada. Querem fazer uma reunião, façam mais cedo, ou no sábado, sei lá, mas não tão fora do expediente assim.
- Amor, por favor, o que está acontecendo? Você está com medo de quê? Acha mesmo que eu fiz algo que você desaprovasse? Para, Jairo. Eu te amo, seu bobo, nada mudou, nada mesmo…
Vou resumir a discussão porque ela foi até altas horas. Acreditam que ela teve a pecha de ligar para seu chefe, o tal de Ferraz, colocando no viva voz para que ele tomasse ciência da nossa discussão e participasse, como se fizesse parte!? Eu tive que me conter para não xingá-lo também, mas faltou pouco, bem pouco:
- Jairo, meu querido, eu lamento imensamente ter alugado o tempo da sua esposa. Imagino o quanto você deva amá-la, porque ela te ama demais e não esconde isso de ninguém, vive te elogiando o tempo todo. Você deveria se orgulhar de ter uma esposa como a Débora e não ficar imaginando pelo em ovo.
- Agradeço sua atenção, seu Ferraz, mas ainda assim não achei correto, pelo horário e pelo fato dela sequer ter me avisado que iria demorar tanto. Se me permite um conselho, vocês deveriam se organizar melhor para fazer essas reuniões durante o expediente. Seria melhor para todo mundo.
Ele engoliu a seco, pigarreou, mas notei pelas poucas palavras que trocamos depois que não gostou da minha resposta. No final, antes de se despedir, ele ainda tentou se justificar:
- Iremos tentar adotar sua sugestão, meu caro, mas eu gostaria de ressaltar, uma vez mais, que na reunião de hoje não aconteceu nada que já não tivesse acontecido antes: eu e sua esposa apenas tratamos de assuntos delicados, mas que depois de resolvidos, ficaram bem prazerosos.
Não gostei de sua entonação e assim que ele desligou, continuei discutindo com a Débora, ainda pior. Ela não arredou o pé, tentou me transformar no culpado de um estresse desnecessário e foi dormir sozinha em nossa suíte. Eu fiquei na sala porque não aceitei nenhuma das justificativas apresentadas.
No dia seguinte de manhã, apesar de eu não ter expediente normalmente, precisei ir até a fábrica acompanhar uma manutenção na minha linha de produção. Fui até minha suíte trocar de roupa e a porta estava trancada. Bati na porta e chamei a Débora que se levantou muito a contragosto e a destrancou para mim, voltando a se deitar. Ainda tive tempo de olhar em seu rosto e parecia que ela havia chorado a madrugada inteira. Ela usava apenas “baby-doll” de cetim azul bebê que gostava muito por ser confortável e eu também por deixar toda a sua gostosura muito insinuante. Fui até o banheiro tomar uma ducha e quando já me secava, notei sua calcinha caída ao lado do cesto de roupas sujas. Peguei a calcinha para colocá-la no cesto e notei que ela tinha uma mancha esbranquiçada, o que me deixou gelado na hora. Recobrei os sentidos rapidamente e meu sangue ferveu. Entrei na suíte e praticamente esfreguei a calcinha em sua cara, exigindo que me explicasse aquilo. Ela me olhava assustada, mas só quando entreguei aquele paninho em sua mão e o esfregou em seus dedos, é que ela falou:
- Eu não sei, amor. Eu… Acho que pode ter sido no “happy” com as meninas…
- Que porra de “happy” é esse, Débora!? Você não disse que estava numa reunião com o Ferraz?
- É, não, sim, mas é que depois da reunião, nós passamos num barzinho só para tomar um chope.
- Você e o Ferraz!? - A história só piorava minhas dúvidas.
- Não, amor. A reunião foi entre o Ferraz, eu, Aline da produção, Vasquez da linha de produção e a Selma, secretária. Quando terminou, eu e as meninas saímos para tomar um chope. Só isso…
- Tá e essa porra veio de onde? Alguma das suas colegas é traveco?
- Para, Jairo! Esse seu ciúme já está me dando nos nervos. Não é gozada de ninguém, seu idiota, aliás, deve ser… Deve ser sua porra, ou será que você esqueceu que a gente deu uma rapidinha antes de sairmos para trabalhar ontem?
- Mas você não tinha se limpado e trocado de calcinha?
- Me limpei, mas deve ter ficado alguma coisa, né? E calcinha eu nem me lembrei de trocar…
Não engoli a resposta e coloquei uma roupa, mas antes de sair falei:
- Essa história está mal contada. Eu só espero que você não esteja me traindo, porque se estiver… Ah, se você estiver me traindo, Débora…
- Vai partir para ameaças? Era só o que me faltava…
Saí pisando alto e fui à fábrica. A manutenção prometia levar quase todo o dia. Por volta das 10:30, Débora me ligou, pedindo desculpas e querendo conversar, porque não aguentava mais chorar por termos brigado. Expliquei a situação na fábrica e ela disse que iria fazer um gostoso jantar para nós fazermos as pazes e “algo mais”:
- “Algo mais” é sempre bom. - Brinquei.
Ela riu e desligou mais feliz a chamada. A manutenção demorou menos do que eu imaginava e já as 11:00 eu estava saindo de volta para a minha casa. Por ser sábado, em menos de 30 minutos cheguei. Ao entrar, ouvi vozes que vinham da nossa suíte. Aproximei-me pé ante pé, mas só consegui ouvi-la dizer: “já não sei mais como continuar com isso”, porque tropecei num vaso de flor, alertando-a. Ela saiu da suíte e deu de cara comigo:
- Oi, amor, já em casa? Você não disse que iria ficar o dia todo fora?
- Pois é… Foi mais rápido do que eu imaginava. - Expliquei e a encarando, perguntei: - Estava falando com quem?
- Eu!? Ah nada não. Só com uma amiga. Coisas de mulher, você não vai querer saber.
- Ah tá…
Nesse dia, ela voltou a ser a Débora do início do nosso relacionamento: preocupada com a gente, carinhosa comigo, safada na medida certa… Passamos um dia delicioso e uma noite melhor ainda que só não foi perfeita porque o tal Ferraz ligou para ela, confirmando o dia e hora de um coquetel que seria dado em sua homenagem pela promoção recebida e fazendo questão de falar comigo, para me convidar também para o evento. Ainda assim, fora isso, foi o melhor sexo de reconciliação que já fiz na minha vida.
A promoção da Débora projetou sua relação profissional para um novo patamar, levando a uma adaptação da sua relação social com os chefes e clientes. No período que antecedeu o coquetel para formalizar a posse, as reuniões noturnas às sextas-feiras, seguidas de badalações foram constantes. Participei de alguns “happy hours” com ela e não cheguei a presenciar nada demais, e sempre que eu cobrava seu retorno mais cedo, ela era enfática:
- Eu estava em reunião e não falarei mais nada sobre isso. Se você insistir, nós iremos discutir em vão. Não me pergunte, não me cobre, apenas aceite que eu preciso fazer isso e que estou fazendo isso por nós.
Eu ficava irado, mas acabava me calando, pois quando eu insistia, aquilo descambava para discussão e corpos dormindo separados. Acabei me acostumando, não aceitando, mas acostumando.
Numa sexta-feira à noite, em um espaço de eventos reservado para o coquetel e a “formalização” de sua posse, em que diretores e gerentes dividiram o espaço com alguns importantes clientes que estariam sob a atenção de minha esposa. Ao chegarmos no espaço, minha esposa esbanjava sorrisos, radiante em um belo vestido preto que acentuava suas bem cuidadas curvas femininas. Minha companhia durou pouco, diante dos cumprimentos, assuntos específicos que fugiam do meu conhecimento e da atenção que ela precisava dispensar a todos. Acabei ficando só, isolado numa mesa e depois no balcão do barman, tomando drink atrás de drink. O barman era tão gente boa que notou que eu não estava bem, diminuindo no álcool de meus pedidos para que eu não desse um vexame. Às vezes, eu conseguia dela um fragmento de olhar, um rápido aceno de mão e gestos contidos a distância, como um beijo ou um “eu te amo” cifrado em seus lábios.
Num certo momento, já inspirado pelo álcool, fui até ela que se encontrava numa roda com 3 homens que não economizavam nas gentilezas e contatos com seus braços e até mesmo a cintura, e me apresentei como o sortudo marido, pedindo licença para ter um minuto com ela. Ela se surpreendeu com meu gesto e ficou vermelha, mas não me recusou, nem eles, naturalmente. Fomos para uma mesa e me justifiquei:
- Você é minha esposa e eu sou o maior cliente do seu melhor produto, também preciso de atenção.
- Produto?... - Ela me perguntou, curiosa.
- Você, oras! Você é seu melhor produto.
Ela sorriu e me deu um leve selinho, temerosa em estragar a maquiagem. Depois disse algo, não sei se espontaneamente ou já porque havia bebido boas doses naquela noite, que me deixou feliz e preocupado ao mesmo tempo:
- Você não imagina o tanto que eu te amo e… - Respirou profundamente: - Tudo o que acontecer hoje, qualquer coisa que aconteça, será para que nós possamos ter uma boa vida juntos no futuro. Juro de todo o meu coração.
Não entendi o que ela quis dizer e pedi que explicasse, mas nesse momento o tal Ferraz, a quem eu não havia sido apresentado ainda, começou um discurso, chamando a atenção de todos para nós, aliás, para ela. Pouco depois, ela foi convidada a subir num púlpito, onde recebeu um caloroso abraço dele, muito mais do que a etiqueta permitiria, além de um beijo na face e um cochicho no ouvido. Ela sorriu e recebeu seu “investimento” no cargo, fazendo um breve agradecimento e voltando após o encerramento do discurso para a nossa mesa.
Quando eu pensei em insistir na cobrança de uma explicação, um “DJ” começou a tocar baladas, convidando todos para a pista central. Boa parte dos convidados, animados pela bebida, foram tomados pelo estímulo da dança, nem minha esposa não se conteve, convidando-me a dançar com ela. Dançamos algumas músicas, mas eu nunca fui um bom dançarino, nem gostava para ser sincero, então a liberei para dançar com suas colegas, afinal, aquela noite era dela. Do “barzinho”, eu bebericava e observava minha esposa socializando e dançando numa roda de moças, logo, moças e moços, logo, dissipada, formando casais a dançar. A certa altura, quando a bebida já havia descontraído até mesmo os mais recatados, percebi um brilho nos olhos da Débora. Ela já não fazia somente uma "social" e sim se divertia com os gracejos, afagos e sarros que os parceiros de pista lhe proporcionavam. Senti-me pequeno, provinciano diante da desenvoltura dos dançarinos, mas não era para menos, eu era mesmo.
A noite seguia animada. Debruçado no balcão, senti um afago familiar e um abraço envolvendo a minha cintura, era a minha esposa, suada e excitada, mas com um sorriso enorme nos lábios. Ela deu a volta em mim, ficando de frente sem romper o abraço, me beijou a boca agora sem se preocupar com seu batom e sussurrou em meu ouvido:
- Vem dançar comigo, vem? Porque se você não vier eu posso acabar concordando com o Roger.
- Concordar com o que? - Perguntei, curioso.
Ela pareceu se tocar de que havia falado demais e só abriu um novo sorriso, agora meio desconfiado, mas o que me incomodou foi o que vi em seus olhos, ou melhor, o que eu não vi, pois não enxerguei aquele amor que nos unia por um instante. Um arrepio me percorreu a espinha e decidi que iria convidá-la para irmos embora, pois eu sentia que algo não iria acabar bem. Eu estava certo…
Antes que eu pudesse dizer algo, o tal Ferraz, o Diretor-presidente, um homem maduro, de estilo rude, alto, forte sem ser bombado, peludão, pois a essa altura sua camisa já estava parcialmente desabotoada, chegou e se apresentou pessoalmente, apertando minha mão com toda a força que tinha, fazendo com que eu me inclinasse e gemesse. Cessado o aperto, ele disse:
- Fico feliz em te conhecer, Jairo. Sou Roger Ferraz, acredito que já deva me conhecer de alguma publicação especializada, não é? - Disse e ficou aguardando uma confirmação minha que nunca veio, continuando pouco depois: - Espero que qualquer mal-entendido tenha ficado para trás, afinal, como pode ver, sua esposa é a razão de tudo estar acontecendo.
- Claro! Está tudo bem.
- Ótimo! Jairo, eu não sou homem de meias palavras, então serei direto, minha esposa não pode comparecer a este coquetel e eu estou cheio de vontade de dançar um pouco. Será que poderia me ceder sua esposa por um instante?
- Olha, eu não…
Antes que eu pudesse negar, ele virou o rosto para a Débora que parecia assustada, mas ao mesmo tempo impressionada com sua postura. Ele não chegou a pedir para ela a dança, simplesmente puxou minha mulher pela mão em direção ao centro do salão. Estranhamente, fiquei inerte. Ele pediu uma lambada ao “DJ” e foi atendido. Minha esposa estava sob seu domínio. O sarro dos dois era acintoso e quase ofensivo, pelo menos para mim era. Notei que eles dançavam, mas ele, vez ou outra, falava coisas ao seu ouvido que eu não conseguia interpretar pela distância e pela meia luz do ambiente, seguido de sorrisos e olhares de cumplicidade dela. Inclusive, isso me deixou realmente abalado. Um casal próximo que observava os “dançarinos”, vibrava com a performance dos dois. Inadvertidamente, ouvi a mulher do sujeito falar ao companheiro: "- Olha, amor, que pauzão! Olha, olha, amor, está duro igual pedra, olha!". Gelei no mesmo instante, voltando minha atenção para a minha esposa e para ele também. Era impossível para ele esconder a excitação, externalizada pela ereção aparente, mas ambos pareciam não se importar com isso. Dele, eu não esperava nada; mas dela, eu esperava um mínimo de respeito.
Senti que estava perdendo o controle da minha vida. Eu ainda tentava manter uma postura de modernidade, de aceitação e normalidade, mas por dentro doía saber que, naquele momento, eu nada poderia fazer para conter aquela situação ou poderia ser execrado naquele ambiente tão soberbo. Desgostoso, virei-me para o barzinho e o “barman” parecia saber o que eu pensava, já vindo com um drink em mãos para me servir:
- Relaxa, irmão, nada é ruim que não possa piorar. - Ele falou, investido na mais pura sabedoria de boteco.
Entre um olhar perdido e um gole sem gosto, pois eu já nem sabia mais o que havia no copo, fui tirado de meus pensamentos pela minha esposa. Ela parecia preocupada comigo, curiosa no mínimo, mas não escondia a excitação que sentia naquele momento. Ela parecia estar tão feliz que pouco se preocupou em me dar qualquer explicou. Entretanto, ansiosa ou talvez com algum resquício de consideração comigo, perguntou:
- Amor, está tudo bem?
- Ah tá, claro… - Falei sem a menor convicção de querer ser verdadeiro empunhando uma mentira que me torturava.
Ela olhando o meu desânimo, calou-se por um instante, pensando no que dizer e o que disse não melhorou em nada minha situação:
- Você não se divertiu nada, comeu pouco, não quer dançar comigo… Se você quiser ir para casa, pode ir. Eu consigo carona com alguém ou peço um Uber. Não tem problema algum, tá?
Eu estava a ponto de explodir e uma dor tão pungente quase me fez chorar. Respirei fundo e ela notou que eu estava no meu limite. Então, me pegou pelo braço e me puxou para uma espécie de varanda, onde havia apenas dois casais agarrados e aos beijos. Ali, não consegui mais me conter e coloquei toda a minha indignação reprimida para fora:
- O que está acontecendo aqui, Débora? Porque o que você o Ferraz estavam fazendo lá não é normal… Fala, caramba! Há algo que eu precise saber?
Para que eu fui perguntar isso? Nesse instante, o tal Ferraz se aproximou com toda a sua empáfia e, num tom arrogante, praticamente se colocou entre a gente, tirando de perto de mim:
- E aí? Já falou com ele? - Perguntou para ela e depois se virou para mim: - Está tudo bem pra você, meu amigo?
Olhei de imediato para a Débora, temendo, mas já imaginando a pior das respostas:
- Tudo bem o que, Débora? Que merda está acontecendo aqui!?
Minha esposa, com os olhos arregalados, mais branca que de costume, olhava para mim, mas depois olhou para ele que fez um leve movimento de ombro, cobrando alguma coisa. Ela então respirou profundamente, voltando sua atenção para mim:
- Amor, por favor, não faça cena. Agora não é hora de ser ciumento. Já faz tempo que você tem dado todos os sinais de que aceitaria me dividir com outro numa boa. Então, acho que pode acontecer hoje…
Nesse momento, lembrei das nossas transas em que fantasiamos outros homens transando com ela após ela me contar das cantadas e assédios que recebia. Ela, sem titubear, completou:
- O Ferraz é um querido e me convenceu do meu potencial. Além disso, ele me proporcionou ajuda para eu crescer na empresa e consequentemente boa parte do conforto que você e eu desfrutamos.
Eu a olhava não crendo no que estava ouvindo. Pensei que, com aquela explicação, ele poderia a estar chantageando ou coisa parecida:
- Ele… Ele está te chantageando, é isso? Por que se for, vamos na polícia agora mesmo…
- Chantagem!? O que é isso? - Disse o Ferraz surpreso com a hipótese e encarou a minha esposa: - Ele já não tinha concordado com as nossas reuniões de sexta, Débora?
Ela somente mordeu os lábios, contrariada, ao ver que fora entregue pelo próprio amante. Sem saída, ela olhou de uma forma séria, compenetrada e penetrante em meus olhos, como se quisesse me furar a nuca e sentenciou:
- Hoje é meu dia, meu dia, e nenhum de vocês dois irá estragá-lo. - Depois colocou uma mão no meu rosto e, num tom mais ameno, quase carinho, explicou: - Eu já decidi ficar com ele hoje, mas como você é meu marido vou te dar uma escolha: você pode vir conosco e também ficaremos juntos depois que eu e ele… bem… ou você pode ir para casa e depois a gente conversa melhor…
O que eu poderia dizer diante de tal situação? Simplesmente nada! Ela havia decidido, não era um pedido, não era uma sugestão, simplesmente ela decidiu se entregar a ele, independente do que eu dissesse. Senti como se o meu chão sumisse e devo ter ficado ausente por alguns segundos, porque quando consegui me conectar novamente aquela situação esdrúxula, ela me encarava de uma forma até preocupada. Entretanto, ela não teve tempo de externar nenhuma preocupação, porque minha raiva já me dominava: encarei aquele maldito e parti em sua direção. Não consegui alcançá-lo porque Débora se colocou entre nós, apoiando sua mão em meu peito e notei a chegada de dois brutamontes que ficaram me encarando, porém a uma distância ainda:
- Para, Jairo! Se você fizer alguma coisa, eu termino com você, entendeu? Termino… com… você! - Ela me disse, com olhos suplicantes e temerosos.
Àquela altura, eu não sabia se seu temor era por nosso casamento, nosso amor ou simplesmente pelo seu emprego dos sonhos. Aliás, sonho para quem? Só se fosse para ela, porque para mim já havia se tornado o maior dos pesadelos. Antes que eu pudesse coordenar algum pensamento, o tal Ferraz, corajoso por sua escolta pessoal, se antecipou:
- Meu querido, vamos ser práticos: você é o marido e sempre vai poder foder essa gostosura de mulher, mas hoje à noite é dela. Ela escolhe com quem vai foder e já escolheu! Então, melhor coisa que você faz é ficar calminho, calado e, se quiser, mesmo eu discordando porque não havia combinado isso com ela, você poderá vir para ver como funciona.
Aquele tom ameaçador, arrogante e decidido me intimidou. Não que eu não quisesse e não pudesse dar uma surra naquele filho da puta, mas naquelas condições ali seriam três brutamontes contra um cara normal e eu me daria muito mal. Débora, talvez tendo um vislumbre do erro que estava cometendo, ainda tentou me consolar, mas o safado a puxou, dando algumas instruções para seus capangas. Ela ainda me olhou duas vezes, fazendo um meneio de cabeça que só compreendi que era um pedido para eu acompanhá-la, quando ela me chamou com um dedo. Ainda assim fiquei atônito enquanto saiam, pois não sabia o que fazer e por um segundo, quase não os alcancei no estacionamento. Aliás, cheguei ali só para saber que não iria com eles: eu teria que ir com os seguranças no carro de escolta, como um subalterno, um sub, um beta.
Entrei hesitante no segundo carro com um motorista e dois seguranças, um na frente e outro atrás comigo. Seguíamos os dois a poucos metros de distância. Eu tinha a impressão que todos eles sabiam o que aconteciam, pois peguei dois deles me olhando impressionados com toda a situação. A um certo momento, explodi e gritei:
- O que foi, caralho!? Sou o corno da noite sim! Acabei de descobrir que a minha esposa, a mulher que eu amo e imaginei que também me amava, está de caso com o patrão. Estão satisfeitos?
Após um breve silêncio, o segurança que estava no banco do passageiro da frente, virou-se para mim e disse:
- Você não é o primeiro, cara, e se te serve de consolo, acho que não será o último.
Depois disso, virou-se novamente para a frente e o outro, que estava sentado ao meu lado, explicou:
- Numa boa!? Não sei o que você ou ela estão ganhando, mas basta você ficar pianinho, calminho, que logo essa noite terá terminado. Só estamos indo para evitar algum imprevisto. Se você quiser, podemos até bater um carteado enquanto você espera, é só você falar.
Fiquei surpreso com a tranquilidade e naturalidade com que eles enfrentavam aquela situação, se bem que o único ali que estava enfrentando um leão era eu, aliás, uma alcateia de lobos. Os carros percorreram algumas ruas e avenidas até chegarmos a um prédio luxuoso. Lá o carro principal se adiantou, entrando pela garagem, enquanto o nosso foi para um estacionamento lateral. Descemos e entramos por um elevador reservado para funcionários, comigo sempre a pouca distância dos seguranças, atentos a qualquer movimento meu. Subimos até a cobertura, onde eles já estavam em meio a uma discussão:
- Não sei por que você convidou ele, Débora? Devia ser só a gente, eu e você.
- Para! Ele é meu marido. Já foi difícil falar tudo o que falei na cara dele. Eu nunca o deixaria para trás, nunca.
- E acha que aqui será melhor para ele? Você vai ver só a merda que fez. Espera só para ver.
Eu me aproximei deles e o tal Ferraz ficou ainda mais arrogante comigo. Seus seguranças agora ficaram a uma distância maior, quase imperceptíveis, enquanto nós três ficamos em uma sala imensa, muito aconchegante, com uma vista exuberante da noite paulistana, mas nada disso me interessava. Após alguns minutos em que ele fez uma rápida apresentação de seu poderio financeiro e empresarial, pediu licença e saiu, entrando em um corredor adentro. Débora me olhava totalmente desconcertada e não era para menos:
- Eu só queria entender o porquê disso? Nosso casamento está tão ruim assim? E por que me convidar para aquele maldito coquetel? Por que simplesmente não disse que seria um evento fechado da empresa? Assim, pelo menos, a minha humilhação não teria sido tão… tão… - Calei-me com os olhos marejados.
Ela nada falava, mas sentiu o peso de cada palavra que falei, pois seus olhos também ficaram levemente marejados. Após ouvirmos um abrir e fechar de algumas portas, Ferraz retornou, já sem camisa, ostentando uma boa forma física. Ela sequer se deu ao trabalho de me olhar novamente, só tinha olhos para a minha esposa e o pouco que falou comigo, fez como se eu fosse um simples empregado, sem tirar os olhos de minha mulher que, àquela altura, se esmerava em corresponder suas intenções, mesmo que me ferisse mortalmente com isso:
- É… Qual seu nome mesmo? - Perguntou, talvez apenas para diminuir-me um pouco mais, pois ele próprio continuou: - Jairo! Jairo, é claro… Então, meu amigo Jairo, entenda, quero que fique à vontade, tem bebida no barzinho, comida na cozinha, aproveite como quiser. Só não terá a sua mulher por essa noite porque, apesar dela ter esperança, estou com muito tesão e só vou parar de foder essa potranca quando meu pau não aguentar mais, e olha que eu aguento muito, mas muiiiiiito tempo…
- Você não tomou Viagra de novo, né, Roger? - Débora o interrompeu.
- E eu lá sou homem de tomar essas coisas, Débora! Isso aí é remédio para frouxo. - Retrucou, olhando para mim, insinuando claramente quem era o frouxo da história: - Só mais uma coisa: vou usar a sua esposa pelo tempo que eu quiser. É melhor você não tentar me atrapalhar ou vai se arrepender…
- Para, Roger, não precisa disso! - Débora novamente o interrompeu.
Ele fez pouco caso de sua irresignação e completou:
- Bem, como eu disse, fique à vontade. Se você se quiser ir embora apenas bata a porta ao sair. Ah, pode até pedir que um dos meninos te leva, ok, rapazes? - Perguntou à distância para um dos seguranças que confirmou com a cabeça e se virou novamente para mim: - Mas se quiser ficar, comporte-se e em hipótese alguma tente me interromper.
Ele se levantou e se aproximou da minha esposa ficando de frente para ela. Passou então a acariciar seus cabelos e a empurrar a cabeça dela em direção a sua púbis, onde já dava para notar um volume proeminente de seu pau. Ela ainda tentou resistir por um momento, mas tomou um leve tapa no rosto:
- Para de frescura, sua puta! O pior já passou. Seu marido já entendeu qual é o lugar dele. Então, faça o que você sabe fazer de melhor.
Como ela não reagia, olhando para ele de uma forma apática e sem qualquer coragem de me encarar, ele próprio abriu o zíper de sua calça e tirou um pau de bom tamanho e grossura para fora. Para que a humilhação fosse completa, minha e dela dessa vez, ele passou a esfregá-lo em seu rosto, forçando vez ou outra em seus lábios, até que ela cedeu e se deixou penetrar. Ele segurou a parte de trás de sua cabeça e passou a foder suavemente sua boca como se fosse uma buceta, sem uma reclamação sequer. Eu estava abismado, chocado e olhei para o lado, só para ver um dos seguranças virar de costas, fingindo que não havia visto o que eu estava vendo, como se isso pudesse diminuir minha humilhação:
- Ah… Isso! Que boquinha quente… Porra, que língua gostosa! Jairo, vou te dizer uma coisa, eu preciso te agradecer, afinal, nenhuma mulher nasce sabendo chupar um pau ou trepar. Isso aqui é todo mérito seu, meu caro. Meus parabéns! - Falou e agora puxou a cabeça da Débora em sua púbis, fazendo com que quase todo o seu pau entrasse em sua boca e me perguntou, sem tirar os olhos dela: - Olha só! Cara, isso é coisa de profissional. Tem certeza de que você não a conheceu numa zona?
Naturalmente não respondi e acho que isso o desagradou. Ele a soltou que, no mesmo ato, tirou o seu pau da boca, recuperando a respiração e nesse momento nossos olhos se cruzaram. Se a palavra arrependimento pudesse ser representada por uma imagem, seria o rosto dela naquele momento. Ele lhe deu um novo tapa na outra face e ordenou:
- Você sabe o que fazer, então faça!
Ela ficou de pé e colocou as duas alças de seu vestido de lado, ajudando-o a escorregar por seu corpo, ficando só de calcinha, meia 7/8, sapato de salto alto e suas joias. Então, veio em minha direção, ficando a centímetros de mim:
- Pode tirar a minha calcinha, amor?
- Como é que é!? - Perguntei, atordoado, sem entender seu propósito.
Ela me olhava agora sem sentimento algum e insistiu:
- Tira a minha calcinha agora, corno!
Tentei protestar e ela me desferiu um tapa mais forte que a soma dos dois que havia levado há pouco, tanto que dois dos seguranças entraram na sala, mas que, ao verem surpresos o que acontecia, voltaram para onde estavam:
- Minha calcinha… tira… agora!
Eu a encarava sem acreditar que ela havia sucumbido a tanto e agora me envolvia naquele jogo diabólico de tesão e humilhação. Naturalmente, o tesão, se havia alguns, somente cabia a eles, ficando para mim apenas a humilhação. Ela levantou a mão novamente, demonstrando que me daria um outro tapa, mas antes disso, fiz o que ela me pediu, mesmo que isso me custasse o resto da dignidade que eu tinha. Ela sorriu, mas não parecia haver satisfação, talvez apenas por ter concluído bem aquela encenação. Ferraz novamente se aproximou dela:
- Assim que eu gosto, safada… - Disse e lhe deu um sonoro tapa na bunda enquanto ela ainda estava virada para mim e perguntou: - A quem você pertence, putinha? Quem é o seu macho de verdade, hoje e sempre?
Ela fechou os olhos, mas não titubeou:
- É você, Roger. Você é o meu macho. Ele é somente o meu provedor, quem ajuda a pagar as minhas contas, se bem que eu ganho mais, então acho melhor dizer que eu é quem pago as contas dele.
- Mas você o ama? - Roger insistiu.
- Amo, muito…
- Então, dê um beijo nele, porque só voltará a vê-lo amanhã, ou talvez nem isso…
Ela se abaixou e ainda com o rosto todo babado da chupada que deu no pau dele, se aproximou de mim. Eu no início tentei me afastar, mas ela me segurou pela gravata e me puxou, colando minha boca na dela, mas sem abrir a boca. Assim que soltou, Ferraz protestou:
- Sem essa, sua vagabunda! Beija ele de língua. Faça direito!
Ela respirou fundo, aparentando estar extremamente envergonhada e contrariada, voltando a colar seus lábios nos meus, agora enfiando sua língua na minha boca e tentando fazê-la dançar com a minha. Não correspondi, mas isso pouco importava:
- Muito bem, safada! Agora, chega de beijar, senão o corninho vai ficar de pintinho duro. Vem comigo! - Falou, puxando-a pelo cabelo para que ficasse de pé e novamente me ameaçou: - E você já sabe: se me atrapalhar, vai se arrepender amargamente.
Apesar de não ser tão grande ou bombado, ele a colocou em seu ombro como se fosse um saco de arroz sem grandes esforços, pegando o rumo do corredor que certamente dava para a região dos quartos. Passou a dar tapas em sua bunda enquanto se afastaram e vi que a Débora passou a reagir, fazendo cara de choro, beicinho, agindo de uma forma manhosa e infantilizada. Nossos olhos se cruzaram uma última vez e não pude conter as lágrimas, fazendo-a se calar por um instante. Eu um cara vivido estava em uma situação humilhante, insólita e pior: nada podia fazer. Era algo praticamente consumado, aliás, já havia sido consumado antes, eu já desconfiava e o Ferraz só me confirmou no coquetel.
Eu estava sentado, mas totalmente perdido, os seguranças já não estavam mais por perto, talvez imaginassem que não seria necessário. Depois de alguns minutos, comecei a ouvir gemidos e gritinhos, cada vez menos espaçados e mais intensos. Acabei não resistindo e caminhei, guiado pelos sons cada vez mais altos até uma porta que deveria provavelmente a da suíte principal do imóvel. A porta, de uma madeira maciça e aparentemente espessa, não era barreira para os sons, que agora eram nítidos e quase assustadores. Tentei abri-la, virando a maçaneta suavemente, mas foi em vão, trancada:
- Já falei para não me atrapalhar, caralho! Some daí, porra! - Gritou o Roger lá de dentro e falou mais alguma coisa que não consegui entender.
- Volta para a sala, corninho. Estou em reunião agora, trabalhando. - Gritou minha esposa pouco depois.
Após segundos, novos gemidos. Pouco depois, os gemidos já haviam sido substituídos por gritos cada vez mais estridentes e eu ouvia o arfar de um macho no cio, de uma cama que dava prova de sua qualidade, sendo socada no chão e na parede, e do bater de corpos transtornados de desejo. Tudo indicava um sexo intenso, animalesco mesmo. Eu sofria como um cão sarnento e ainda confuso com tudo aquilo, fui tomado pela primeira vez por um tesão doentio. Aquele maldito macho enorme, bem mais velho que eu, parecia ter cem vezes mais disposição que eu no sexo, fazendo minha mulher delirar, se entregar ao ponto de colocar tudo o que sentíamos um pelo outro a perder.
Sentei no chão, sob a soleira da porta, segurando meu pau duro por cima da calça. Eu não tinha mais dignidade alguma e me permiti bater uma punheta, absorto na loucura daquele momento, ouvindo cada som e imaginando cada mudança de posição, cada beijo molhado, cada tapa sofrido, imaginando, enfim, tudo o que os amantes, digo, traidores, faziam do outro lado da porta. Prestes a gozar, fiquei de joelhos, de frente para a porta e jorrei na madeira, sentindo-me minimamente vingado por ter sujado a casa do Ferraz. Voltei a me sentar no chão e passado aquele instante, verdade seja dita, senti-me um merda, três vezes um merda. Um por ser um corno, outro por não ter coragem de impedir e, finalmente, por ainda sentir tesão pela situação.
Minha degradação final se deu quando um dos seguranças veio em minha direção com um copo de uísque com duas pedras de gelo na mão e me perguntou se eu não queria ficar com ele e os demais na cozinha, pois iriam começar um carteado e estava faltando um parceiro. Eu ainda estava nu, com o pau meia bomba, olhando a minha sujeita, mas ele nem fez caso, parecendo ter gostado do que eu fiz. Recusei a jogatina, mas aceitei a bebida. Ele deu de ombros, entregando-me o copo e saindo em seguida, não sem antes dizer que poderíamos ir ficar com eles quando eu quisesse. Fiquei bebericando o uísque e ouvindo a atuação dos dois. A cama, tinha momentos, que parecia que iria quebrar. Ferraz parecia ser um comedor realmente insaciável. Não havia intervalos, aliás, só houve um quando ouvi o som de um champanhe sendo aberto e risadas dos traidores, depois nova sessão de foda.
Aproximadamente, uma hora e meia depois outro ridículo acontece. Eu já havia me vestido e estava perdido em meus pensamentos sem me dar conta de passos que vinham em direção à porta da suíte, e eu ali sentado estava, sentado fiquei. A porta foi aberta e a visão que tive foi demais para mim: contra a meia luz da suíte, surgiu aquele enorme vulto masculino. Eu olhei para cima e vi aquele homem maduro, peludo, muito peludo mesmo, e como eu estava na altura dos seus joelhos, praticamente fiquei de cara com o seu pau inchado de tanto meter, mas meia bomba por tanto ter metido em minha esposa. Aquilo me deixou mais tímido ainda, haja vista que possuo um dote normal para os padrões. Seu olhar demonstrava surpresa que só não era superada pela sua autoconfiança: ele era senhor de si e também da minha esposa, talvez até mesmo de mim, tamanha a minha sujeição. Com um sorriso sarcástico me repreendeu:
- Porra! Já não te falei, Jairo, para você esperar lá na sala. Cai fora, maluco!
- Não! Você só disse para eu não atrapalhar… - Falei, tentando justificar o injustificável.
- Ah… É!? Então tá. - Concordou com um sorriso zombeteiro nos lábios: - Tá curtindo, né? Aposto que queria estar assistindo, mas não vai rolar, falou?
Apesar de sua insinuação, realmente eu não queria assistir. Eu achava que ouvir já era o ápice da humilhação e eu não precisava de mais nada. Ferraz saiu porta afora e eu pude ver, ainda que de longe, a minha então amada esposa. Ela estava deitada de bruços sobre um grande travesseiro colocado na altura de seu quadril, indicando que algo estava por acontecer e eu sabia bem o que era. Ouvindo o diálogo entre mim e meu algoz, ela me olhou com um semblante cansado, mas ainda com disposição para atender aos devaneios de seu macho. Já não havia mais qualquer resquício de vergonha, timidez, arrependimento, apenas excitação pelo sexo viril e selvagem. Seu corpo suado brilhava com a luz do ambiente e quando me dei conta, o Ferraz já estava de volta. Ele entrou na suíte, indo em direção à cama e ela, notando seu retorno, se empinou toda e tomou um tapa na bunda. Ele, enfim, lhe mostrou o que havia encontrado:
- Achei, putinha! Eu te falei que tinha.
- Ah… Ainda bem! Eu não sei se conseguiria sem.
Ele então se lembrou de mim e voltou até a porta, mostrando o que havia ido buscar no outro cômodo: um tubo de lubrificante íntimo. Instantaneamente olhei para minha esposa, confirmando o que eu já havia imaginado. Ela sorriu para mim e perguntou para ele:
- Ele não pode assistir mesmo?
- Não! - Respondeu enfático: - Lugar de corno é no curral que, aqui em casa, fica na sala. Some daqui, caralho!
Bateu, enfim, a porta na minha cara. Eu não conseguia imaginar como aquele filho da puta, bem dotado na grossura de seu membro, conseguiria comer a bundinha da minha esposa. Até para mim a Débora vivia negando sexo anal, sempre dizendo que doía demais e ela não curtia. Lágrimas de arrependimento brotaram em meus olhos frente a minha covardia em me opor a tudo aquilo. Um silêncio temporário mostrava que a preparação transcorria, seguido apenas de murmúrios dengosos de uma fêmea disposta a agradar o seu macho, antecediam o que viria a seguir. Logo, um grito abafado possivelmente num travesseiro rasgou a madrugada, sendo substituído por gemidos abafados, sofridos, mas não menos sensuais. Novamente parecia que todo o quarto sacudia. O som era de um pilão sendo socado numa cumbuca, mas eu sabia que era os estalos de pele molhada pelo suor de dois amantes sem limites. Passei a ouvi-la falar de maneira manhosa com ele:
- Ai… Isso! Fode! Fode mais forte, seu frouxo. Se não dá conta de uma putinha como eu, vou voltar para o meu marido.
- Vou te mostrar quem é frouxo, vadia!
- Isso, isso, iiiiiiisso! Que pau gostoso, que delícia! Ai, adoro, amo de paixão! Não é igual ao daquele frouxo do meu marido, pequeninho, fino… Fode mais, fode! - Ela passou a gritar.
Eu não aguentava mais ficar ali fora e, sem saber o que fazer, mas querendo fazer algo, tentei novamente abrir a porta, mas ele a havia realmente trancado. Fui para a sala, tentando fugir daquela ode à humilhação, onde chorei muito. Um dos seguranças surgiu e veio me perguntar se eu estava bem, se não queria me distrair com eles na cozinha, mas é claro que recusei e ele se retirou. Nada mais havia a ser feito. Tentei dormir, mas era impossível porque os gemidos e gritos ecoaram por toda a madrugada. Cochilei rapidamente algumas vezes, exausto pelo martírio vivido. Só quase de manhã, quando os sons cessaram, consegui dormir.
Não sei a que horas, mas de manhã, vi quando o Ferraz passou pela sala saindo sem dar muita importância ao fato de eu ainda estar ali. Fui até sua suíte onde a minha esposa ainda dormia. Tentei acordá-la, em vão, pois ela parecia estar entorpecida pelo cansaço. Chacoalhei, cutuquei, mexi e o máximo que consegui foi receber um xingamento por estar atrapalhando seu descanso. O quarto cheirava a sexo. Garrafas vazias de champanhe em um canto, de água em outro, morangos em uma travessa em outro. Sobre o criado-mudo havia um tubo de lubrificante, o mesmo que eu vira na madrugada, mas agora estava praticamente vazio. Nada mais precisava ser dito. Levantei-me e pedi um Uber, indo fui para casa. “Pelo menos, a dignidade de não aceitar a carona, eu tive!”, pensei.
Cheguei rapidamente e me estirei no sofá, apático. Eu não conseguia dormir, nem sentir fome ou sede, nem pensar, eu somente existia ali sem uma finalidade qualquer. Algum tempo depois, ouvi um som de notificação em meu celular: era uma mensagem enviada pela Débora:
“Eu sei que você deve estar magoado comigo e com toda a razão, Jairo.
Entretanto, eu queria que você soubesse que EU TE AMO mais que tudo na minha vida!
Quero e preciso que você compreenda que apesar de te amar e do sexo entre a gente ser muito bom, com o Roger é diferente.
Ele é um amante fora do comum e você deve ter ouvido ontem.
Eu não sei explicar, mas ele somente é fora do comum.
Não sei se estou apaixonada por ele, mas eu quero e vou viver esse momento, quer você queira ou não.
Se aceitar puder lidar com isso e aceitar, e espero do fundo do meu coração que aceite, farei de tudo para sermos muito felizes.
Você vai ver que tudo se resolverá com o tempo.
Você vai ver…
Beijos da sua e sempre sua.
Dedé."
Ela só retornou para nossa casa na segunda-feira seguinte, por volta das 19:00, após o seu expediente normal. Entrou calada, sem sequer me cumprimentar e se trancou no quarto, lá ficando até o dia seguinte de manhã, quando saiu cedinho para trabalhar, novamente sem trocar uma única palavra comigo. Isso durou uma semana inteira, mas eu sabia que no sábado ela não trabalharia e a avisei na sexta-feira à noite que teríamos uma conversa definitiva no dia seguinte. Ela só me olhou de uma forma triste e envergonhada, avisando:
- Desculpa, amor, mas amanhã tenho uma reunião com o Roger e não posso me ausentar.
- Reunião, né? - Zombei, extremamente chateado.
- Por favor, não me pergunte, não me cobre, apenas aceite que eu preciso fazer isso e que estou fazendo isso por nós. - Falou e depois repetiu mais três vezes, talvez tentando convencer a si própria.
No sábado, logo de manhã, ela saiu, naturalmente vestida para uma tarde no parque e não para uma reunião de negócios. Novamente, só retornou na segunda-feira, às 19:00, após o seu expediente normal na empresa. Da mesma forma que antes, entrou sem me cumprimentar e se trancou no quarto. A novidade foi que, por volta das 21:00, ouvi um choro muito alto, sofrido, já imaginando que sua consciência a estivesse cobrando, mas não fui ter com ela. A semana transcorreu da mesma forma, dia após dia, noite após noite, lágrima após lágrima. Eu já havia me decidido pelo divórcio e iria comunicá-la de uma forma ou de outra, mas foi ela própria que me surpreendeu na sexta, saindo de sua clausura e vindo conversar comigo:
- Eu sei que te devo uma explicação. É o mínimo que você merece e vou dá-la. Só não pode ser amanhã, porque eu…
- Tá, eu já sei: você tem uma reunião com o Roger! - A interrompi, irado: - Tô me fodendo para o nome que você quer dar para a sua trepada.
Seus olhos marejaram, mas não me compadeci:
- E você está errada: tô nem aí mais para qualquer explicação sua! A sua vida é sua e quero mais é que você se foda direitinho, com ele ou com quem você quiser. - Eu já gritava, sem controle algum: - Ah, mas foi bom você ter saído do quarto, pelo menos assim eu posso te falar o que eu decidi.
Ela me olhou com lágrimas já rolando pela face e eu continuei:
- Vamos nos divorciar. Nada justifica o que você me fez passar. Fique certa que não quero o teu mal, mas também não quero o teu bem, você, desde aquele maldito dia, aliás, desde antes quando começou a me trair, não me importa mais, é simplesmente um zero à esquerda!
Ela se levantou sem conseguir dizer mais nada e se trancou no quarto. No dia seguinte, sábado, ela não foi trabalhar e eu só soube disso quando o meu celular tocou, com uma chamada justamente do Ferraz me cobrando a presença de sua funcionária “modelo”:
- Vá para a puta que te pariu, Ferraz! Espero que ela esteja te traindo também com um negão bem pauzudo, que se arregace toda e que nem o seu pau seja suficiente para dar prazer novamente para ela ou para você.
- Jairo, você sabe com quem está falando?
- Sei! Um filho da puta de um tarado desalmado destruidor de lares. Errei em alguma coisa?
- Mas que…
Encerrei a chamada e bloqueei aquele número. Eu não precisava passar por mais nenhuma humilhação, não vinda dele. Preocupei-me que a Débora pudesse ter feito alguma besteira e bati na porta de seu quarto. Ela só me respondeu que estava bem, mas não queria sair, nem falar com ninguém:
- Nem com o Ferraz? Ela acabou de me ligar e…
- Nem com ele! Quero que todo mundo vá para o inferno! - Gritou, chorando: - Menos você, amor. Você é o único inocente nessa pocilga que se transformou a minha vida.
Ela realmente cumpriu o que falou e não o procurou, ou não foi procurada, no sábado e no domingo. Na segunda, saímos ambos para nossos empregos. Eu consegui um tempo e procurei um advogado para me orientar em como proceder. Quando contei a minha tragicomédia, ele ficou boquiaberto e provavelmente não acreditou nos detalhes pitorescos que lhe revelei. Nesse mesmo dia à noite, embora Débora estivesse novamente trancada em seu quarto, falei que havia procurado o advogado e lhe passei o cartão por baixo da porta:
- Eu não vou! - Ela gritou.
- Então, vou partir para o litigioso, mas você eu não quero mais como minha esposa.
Seu choro podia ser ouvido de longe e incomodava tanto que algum bom vizinho fez o favor de ligar para a polícia. Quando bateram na porta do meu apartamento, já imaginando que eu fosse um típico agressor doméstico, a choradeira ainda seguia alta. Expliquei bem resumidamente, obviamente sem dar quaisquer detalhes do que passei, que estávamos em processo de divórcio, mas ela não queria aceitar:
- Difícil acreditar nessa história fiada, né não, cidadão? - Disse um PM parrudo e mal encarado.
- Querem ir até o quarto perguntar para ela? Fiquem à vontade. É só seguir a choradeira…
Uma PM feminina que acompanhava a ocorrência fez o que sugeri e após conversar brevemente com a Débora, praticamente obrigando-a a abrir a porta para que pudesse acreditar em sua versão, ela retornou:
- A versão do cidadão confere, Bezerra.
- Bem, se é assim, poderia, pelo menos, pedir para ela chorar menos ou mais baixo, por favor.
Disse que faria o que me pediu, mas naturalmente não fiz.
No dia seguinte, uma terça-feira, Débora não foi trabalhar, mas depois eu também soube que não fora em meu advogado. Voltei irado e disposto a pegá-la pelos cabelos para resolver de vez a nossa situação, mas acabei sofrendo um acidente automobilístico: fui, literalmente, atropelado por um caminhão de lixo e como resultado fraturei as duas pernas, os dois braços e tive uma lesão na altura da coluna lombar. Débora quando soube, ficou preocupadíssima comigo e pelo menos por alguns meses, tive a minha esposa de volta para mim como nunca deveria ter deixado de ser: prestativa, preocupada, carinhosa, tudo o que eu sempre sonhei.
Minhas fraturas se consertaram, mas minha capacidade de andar ficou prejudicada. Acabei me aposentando com um bom salário, mas praticamente gastava todo o valor com remédios para combater uma dor que parecia não ter fim. Débora precisou retornar ao seu emprego, pois seu salário seria muito necessário, inclusive em minha recuperação. Sua jornada não mudou, continua trabalhando de segunda a sexta até as 19:00, com “reuniões” às sextas, e agora “viagens de negócios” aos sábados e domingos.
Eu sei que ela mente e ela sabe que mente para mim, mas, por força maior, desde então me tornei o corno manso que sou hoje. Aceitei por um ano essa sua vida dupla, mas tenho os meus motivos: primeiro, eu não era mais um homem, tive uma grave disfunção erétil e meu pau parou de funcionar na minha fase mais grave; segundo, porque agora eu dependia financeiramente dela e iria usá-la enquanto necessário para me recuperar.
Acabei recebendo uma pomposa indenização da empresa coletora de lixo e resíduos, e escondi tudo dela, depositando esse dinheiro em nome da minha mãe. Minha condição física também melhorou rapidamente e parei de necessitar de remédios, passando a depositar meus rendimentos com ela também. Decidi que a Débora, grande empresária que era, poderia arcar com os custos de nossa manutenção.
Com o tempo, ela passou a tentar uma reaproximação que sempre recusei. Então, ela mudou e começou a agir de forma desequilibrada, me humilhando pela minha condição, não a decorrente do acidente, mas a de eu nunca ter sido homem o suficiente para enfrentar o Ferraz. Não fosse isso suficiente, começou a me mandar fotos e vídeos curtos de suas transas com o Ferraz e depois até mesmo com outras pessoas que eu não conhecia, mas que ela servia como boa vagabunda, tudo para saciar a perversão daquele maldito. Ele jamais permitiu que eu assistisse ao vivo, mas se tivesse permitido, eu teria recusado.
Já não transávamos há muito tempo, pois a minha condição não permitia, mas, como dizem sempre podemos tirar coisas boas de coisas ruins que nos acontecem, e foi das fotos e vídeos de suas safadezas que consegui sentir algum tesão e notei que meu pau voltou a funcionar. E digo mais: alguma coisa mudou, porque minhas ereções agora eram mais potentes e duradouras. Eu conseguia me punhetar por horas seguidas sem gozar e mal podia esperar para experimentar com uma mulher.
No final de nosso relacionamento, ela me confidenciou que acabou se apaixonando pelo Ferraz, mesmo ele sendo casado, e que ele havia se comprometido a lhe montar um apartamento para que ela estivesse sempre a sua disposição. Disse também que, com ele, ela se sentia realizada e completamente preenchida:
- Desculpa, Jairo, mas a gente… a gente simplesmente acabou.
Como eu vinha desviando todo o meu dinheiro e até um pouco do dela para contas de familiares, era cômodo eu continuar casado, deixando que ela arcasse com tudo, então resisti ao divórcio. Foram várias as audiências com ela tentando me convencer a aceitar o divórcio amigavelmente e eu fazendo o papel do marido sofrido, doente, impotente e que ficaria potencialmente desamparado. Inúmeras vezes ouvi a juíza e o promotor dando-lhe as mais variadas lições de moral e suspendendo o processo para que pudéssemos tentar a reconciliação que eu negava sempre que chegávamos em casa.
Enfim, numa audiência, com outro juiz, fui orientado de que ou aceitávamos resolver amigavelmente, ou ele teria que decidir o processo. Eu sabia que isso aconteceria um dia, então, já combinado com meu advogado, ele solicitou a juntada de fatos e documentos novos, no caso, das fotos e vídeos da Débora fazendo sexo com o Ferraz e seus favorecidos. Foi a minha melhor atuação e agora, além de sofrido, doente, impotente e desamparado, eu também era o traído! Que reviravolta foi aquela!? O divórcio aconteceu, mas com ele também a fixação de uma pomposa pensão alimentícia a meu favor, equivalente a 40% de seu salário bruto, e pelo prazo que eu necessitasse para a minha recuperação e nova inserção no mercado de trabalho. Nem preciso dizer que minha recuperação ainda vem acontecendo, a passos lentos, lentíssimos, ajudado pela minha linda e loira enfermeira Virgínia, que já teve chance de comprovar os méritos de sua dedicação comigo.
Bem, hoje sigo só e quanto a ela, não faço a mínima ideia. Nosso último contato foi numa audiência de conciliação num processo de execução de pensão alimentícia que movi contra ela por ter deixado de pagar por quase 1 ano das minhas merecidas e necessárias pensõezinhas. Não fiz acordo algum e ela saiu presa da própria audiência. Paciência! Espero que o macho dela queira ajudá-la, pois ajudaria também a mim.
Ah, mas isso não vai acontecer. Esqueci de contar que a Débora foi demitida depois de dois anos do nosso divórcio. Pelo que fiquei sabendo, ela teve um sério desentendimento com o Ferraz. Parece que um de seus “parças” tinha alguma doença que passou para ela, por ter a messalina transado sem camisinha, e ela para o Ferraz, pois nunca transavam com proteção. Nunca soube que doença é essa, mas pouco me importava. Eu só vibrava porque tinha sido literalmente uma vingança divina.
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO E OS FATOS MENCIONADOS SÃO, EM PARTE, FICTÍCIOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL NÃO É MERA COINCIDÊNCIA, PELO MENOS PARA NÓS.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DA AUTORA, SOB AS PENAS DA LEI.