Dominador e princesinha, duas personalidades em um corpo 21

Aquela noite Alice cuidou de mim com a maior ternura possível, ela pegou meu celular quando Carlos mandou áudio puto que eu o tinha abandonado, falou que íamos a policia por estupro se falasse mais um a, depois disso ele nunca mais mandou mensagem, meu anus estava destruído, cada prega minha que não tinha rompido estava laceada, Alice cuidou de mim, passou pomada onde dava, colocou bolsa de agua quente na minha bunda que estava roxa também pelos tapas e o mais importante, cuidou do meu mental, me deu colo, me aguentou chorar, eu estava mais que fisicamente, psicologicamente destruída, acabei dormindo no seu colo entre uma crise de choro e outra, acordei no dia seguinte ainda pior, de ressaca total, meu corpo ardendo em brasa nos machucados, não conseguia sentar muito tempo sem sentir dor, não queria sair da cama, nem mesmo comer, mas Alice de novo foi uma guerreira, iriamos embora naquela noite, um voo as 22h, ela achou uma pomada anestésica que me deixou sentar, arrumou minhas malas e as dela, me fez comer e cuidou de mim, no fim daquele dia já estava menos pior, ainda me sentia frágil e fraca como nunca, mas ao menos estava com capacidade de ir pro aeroporto, parece que quando decolamos algo saiu de mim, aquele medo de cruzar com Carlos passou, Alice estava certa, ao menos a experiencia ruim foi longe de casa e pra um lugar que nunca voltaria, eu estava de volta nas minhas vestes de “menino”, usava uma camiseta preta over e um moletom preto emprestado da Alice, tinha medo de usar roupas claras e sangrar de novo, fizemos na volta uma conexão em SP, pqp que frio, por sorte na minha mala de mão eu tinha uma touca, odeio ficar de orelha gelada, chegamos em Curitiba no comecinho da manha de segunda, nossos pais estávamos trabalhando, por isso nos deu tempo de irmos pra casa, queria arrumar tudo, estava decidida que falaria naquele dia mesmo a questão da minha identidade de gênero, estava cansada de me esconder, liguei pra papai e falei que precisava falar com ele, como tinha medo da reação dele mais, preferi falar com ele primeiro, ele me convidou ao seu escritório, resolvi já ir mais unissex, não iria full mulher, mas já algo mais feminino, coloquei um conjunto off White de moletom e calça e um dunk roxinho e branco que tinha, estava de touca, mas não prendi o cabelo, o que deixava meus cachos saindo e dando um volume pra fora da touca, cheguei no escritório e entrei direto, pois ele já tinha deixado avisado, dei um belo abraço nele, conversamos algumas trivialidades, até que ele me perguntou o que era, nossa conversa foi mais leve, quando falei que era devido a minha sexualidade, ele só me olhou pra mim e soltou um “tu é trans ne minha filha?” eu tomei um susto, quase cai pra trás, falei que talvez sim mas não, expliquei pra ele sobre o que tinha descoberto sobre gênero fluido, que sim, a maior parte do tempo me sentia confortável como menina, mas que também tinha meu lado menino, ele sorriu pra mim, falou que tanto ele quanto mamãe já notavam algumas coisas diferentes, que durante a viagem tinham mexido no meu quarto e descoberto meu guarda roupa, que minhas compras de roupa do ano passado pra cá tinham aumentado exponencialmente mas que eu não tinha tanta roupa nova assim, fiquei levemente assustada com tudo e pra fechar ele solta um “viu, to falando da viagem pra praia aqui, não a do nordeste ta?” eu fiquei em choque, perguntei porque nunca tinham falado nada, ele me respondeu que estavam respeitando meu espaço e deixando eu me descobrir, ele até mesmo falou que no começo não foi tão simples ele aceitar, mas ele sempre respeitou, mamãe também, eu fiquei em choque com tudo, mas perguntei com o olho cheio de lagrimas se ele ainda continuaria me amando, ele só me abraçou o sofá, falou que se eu fosse homem, mulher, não binaria, gênero fluido ou qualquer outra decisão eu sempre seria o maior amor da vida dele, eu acabei chorando horrores e ele me acalmou, depois olhou pra mim e falou que eu estava linda, perguntou se eu já tinha almoçado, falei que não, que estava nervosa demais pra comer, ele só saiu me levando pra um restaurante perto que tinha uma Cezar salad deliciosa que eu amaria, depois disso me deixou na mamãe, onde rolou a mesma coisa mas com uma diferença, sai de lá era nove da noite só, pois nela eu tomei um banho de mulher, mas com mamãe, como ainda estava de férias, ela perguntou se eu não queria fazer uma estética, falei que sim, que podia deixar o filho dela guardado mais uns dias, com isso fomos primeiro pra uma bela massagem pra tirar a retenção, depois cabelereiro, uma hidratação e manutenção no corte, mamãe perguntou se queria pintar, falei que ainda não mas que não era uma ideia ruim rsrs, depois fomos a uma parte que nunca tinha ido, parte de manicure e podologia, fiz uma francesinha no pé, depois também algumas coisinhas pra deixar mais macio meu pé, pois a bike acabava com ele, nas mãos foi o que mais mudou, fiz uma unha, amond, porem em gel, em um roxo, com brilhos coisa mais linda, ela era de media pra longa, os primeiros minutos apanhei um pouquinho dela pra me entender, pois era o mais longo que já tinha usado, mas amei, depois disso uma make daquelas que só profissional faz, mamãe olhou pra mim e falou que uma make daquela não dava pra desperdiçar em um moletom, não entendi muito mas minutos depois chega um motoboy com dois vestidos lindos, um pra mim, eu um tom de roxo, próximo da unha, ele era mídi, levemente abaixo do joelho, a parte baixa soltinha, e uma barra reta, a parte superior era com um decote médio, ele era mais justinho pra destacar o corpo e as costas mais abertas, era lindo, o de mamãe era um clássico, com uma barra em diagonal, uma ponta bem próxima do chão e a outra no meio da panturrilha, com a parte da frente mais fechada dando um destaque as costas abertas, mamãe estava linda, quando saímos me deparei com papai em um terno cinza, que realçava o corpo musculoso dele, ele abriu a porta primeiro a mamãe depois pra mim, me sentia a princesa de novo que era, depois de tudo, aquele dia, aquele jantar, Alice também sempre mega carinhosa em todos os segundos, tudo me trouxe a confiança de novo, depois de tudo eu tinha voltado a ser a princesinha que sempre fui, só que agora publica, pois não precisava esconder e tinha meus pais ao meu lado para enfrentar o que fosse necessário.