Nas minhas navegações pelo Airbnb, encontrei no Brasil algo que só vira antes na Europa. Aluguel para praticantes de naturismo. Localizei um apartamento na Bahia, perto da praia de Massarandupió, e com um valor bem em conta, incluindo as refeições. O local bem aconchegante, num condomínio cercado de verde – os donos também eram naturistas. Não pensei duas vezes, entrei em contato fiz as devidas transações e marquei a viagem para dois meses depois. Há tempos eu estava a fim de conhecer essa praia baiana, e nada melhor do que ser acolhido num lugar pertencente a naturistas.
Acertados todos os detalhes, constatei que Fernando e Sílvia residiam no próprio imóvel, e cediam uma suíte ao Airbnb. Era mais uma experiência inusitada para mim, que sempre fiquei em locais nos quais os proprietários não moravam, mantinham completamente para aluguel. Somente então eu entendi a extensão do critério de nudismo; afinal, se fosse um local apenas para o hóspede, não havia por que realçar a condição de ser um espaço naturista, já que estaria sozinho. A presença do casal de naturistas implicava uma convivência. Como disse, achei muito massa isso, já que seria minha primeira experiência de naturismo in-door, e com pessoas completamente desconhecidas.
Pouparei o leitor dos dois meses que me separaram da viagem, e da própria viagem. Corta para o momento em que chego ao local. A sutileza é algo que merece destaque e elogio sempre. Eles foram me esperar na portaria do condomínio; além de me conduzirem ao apartamento, evitando que eu vagasse tentando localizar, havia um detalhe muito importante: se me esperassem no próprio imóvel, ou estariam nus, o que poderia de alguma forma me constranger, por eu estar chegando vestido; ou estariam vestidos me esperando, e aí seria incoerente com a filosofia naturista, estando de roupa dentro de casa. Ao me aguardarem na portaria, teriam que estar vestidos (já que o condomínio não é naturista), portanto iguais a mim, e nos desnudaríamos juntos, ao chegar ao ap. Amei a percepção do casal.
Além do mais, eram bastante simpáticos, como todo protótipo de baiano; não consigo imaginar um baiano ranzinza. Fernando falava mais, não dizia duas frases sem sorrir – além, claro, daquele sotaque delicioso. Era um moreno de seus cinquenta e poucos anos, a pele jambo bem cuidada, altura mediana, corpo também na média. Sílvia era um pouco mais morena que ele, deveria estar pelos seus 45 anos, mais ou menos da mesma altura do marido. Os dois estavam metidos em largas roupas, o que me impedia de avaliar seus corpos – e, na verdade, não era esse meu objetivo. Estavam casados há mais de vinte anos, só tinham um filho, que estudava e trabalhava em Salvador.
Dirigimo-nos caminhando até o bloco onde ficava o apartamento, trocando as mútuas informações, e numa simpatia tal que, ao chegar à porta do apartamento, já poderíamos nos considerar velhos amigos. Ao entrar no apartamento, havia uma espécie de ante sala, com sapateiras e cabides, além de confortáveis pufes, estrategicamente distribuídos; os dois, na maior naturalidade, descalçaram-se e retiraram suas roupas – não tinham roupa de baixo. E se desnudavam sem parar de fazer comentários aleatórios os mais diversos. Isso, claro, me deixou à vontade para também me livrar dos sapatos e da roupa, o que demorei um pouco mais, por ter mais peças sobre o corpo. Mas me senti exatamente como quando chego na praia de Tambaba, que partilho o desnudamento na entrada, com desconhecidos, sob as tendas próprias para isso.
A não interrupção da conversa, todos falando normalmente, contribuíram para que nos sentíssemos à vontade mais rápido. Quando eles se dirigiram, na frente, para o interior do apartamento, levando-me ao meu aposento, pude discretamente escanear seus corpos por trás. Bundas ainda firmes, mesmo que com os sinais da idade de cada um, alguns quilinhos a mais, e principalmente corpos sem qualquer marca de roupa de banho. Ao me instalarem no meu quarto, trocamos mais algumas informações básicas, e pude, ainda discretamente, constatar os dois corpos frontalmente. Fernando não tinha barba nem pelos em qualquer parte do corpo; seu pau era médio, um pouco mais escuro que a pele do corpo. Sílvia tinha seios pequenos, com mamilos escuros e a buceta também era completamente depilada.
Quando saíram, para que eu pudesse finalmente me ambientar completamente, arrumei minimamente minhas coisas e me dirigi ao banheiro. Confesso que uma vez ou outra me passou pela cabeça (ou pelas cabeças) a possibilidade de uma foda com aqueles dois, nos dias que eu passaria com eles. Mas devo dizer também que não se tratava de um imperioso desejo, um tesão desenfreado, mas algo que, de leve como veio a minha mente, também se foi. Eu tinha consciência de que não deveria criar qualquer expectativa, que se tivesse que rolar alguma coisa, rolaria; senão, estaria tudo bem, que o meu maior propósito ali não era sexual, mas naturista.
Um vento mais forte que a brisa normal de fim de tarde balançava as cortinas, criando movimentos inusitados e imagens sui-generis no tecido esvoaçante. Era prenúncio de que breve cairia uma boa chuva, disseram-me eles, quando nos sentamos à mesa, para jantar. Depois da refeição gostosa, nutritiva, mas sem exageros, pegamos uma garrafa de vinho, aberta especialmente para a ocasião, dirigimo-nos à varanda, que oferecia a paradisíaca vista de uma floresta praticamente intocada, e com ainda os resquícios distantes e prateados do lusco-fusco, encimada por plúmbeas nuvens, a confirmar a previsão pluviométrica do casal. Se eu queria sol, poderia ser que aquele final de semana não tivesse sido a melhor escolha em Massarandupió. Disse-lhes que não fazia questão de sol, e que até preferia assim, pois a presença humana seria menor, e o local decerto mais envolvente.
À medida que a noite avançava, nossa conversa também seguia, acomodados que estávamos nas confortáveis cadeiras de palhinha forradas de algodão. As luzes não foram acesas, contribuindo assim, a penumbra, com o clima de intimidade ali estabelecido. Em algum momento, encontrei um jeito de enfiar a informação sobre minha bissexualidade, mas com naturalidade, sem parecer acintoso ou que eu os estava induzindo ao que quer que fosse. Eles não tiveram qualquer reação digna de maiores registros, e no mesmo nível de naturalidade, confirmaram que também eram. Mas isso não era o assunto principal; falávamos sobre outras questões, e esta informação aparecia como mero complemento informativo. Concluí, então, cá com meus botões (que não os tinha, afinal) que não rolaria sexo. E eu até estava achando legal, porque era uma experiência nova para mim, poder passar um final de semana com um casal desnudo, com a naturalidade que somente o naturismo consegue proporcionar.
Eles renderam-se primeiro a Morfeu; disseram que se recolheriam, mas que eu poderia ficar à vontade. Sorri, desejei boa noite e bom sono, eles foram para o quarto e eu permaneci mais algum tempo, bebericando o último quarto de vinho, e apreciando a noite, que caíra completamente sobre a mata diante dos meus olhos. Foi quando uma espécie de chicotada líquida desceu sobre a varanda e a tempestade arrebentou imperiosa, em grossos pingos, repentinamente. À distância, como eu estava, sentado, a chuva não me atingiu. Mas meu corpo estava quente pelo vinho e quis sentir aquela carícia noturna – aproximei-me da grade e recebi sobre o corpo a fria pancada d’água, que logo banhou todo meu corpo. Nada poderia ser mais prazeroso, naquele momento, e a reação foi imediata: meu pau enrijeceu-se geral. Não, eu não queria tocar punheta, como ansiava minha vara pulsante, lavada pela chuva. Eu queria apenas sentir o carinho líquido sobre meu corpo, apreciar o toró caindo ao longo do horizonte, baixar os olhos e me deter sobre minha rola dura e pingando de chuva.
Foi quando senti uma presença se aproximando, e antes que falasse, eu previ a voz doce e baiana de Fernando, ao comentar sobre a impetuosidade da tempestade, que não o deixara dormir. Poxa, eu não desejava interrupção daquele momento mágico, mas também não queria ser indelicado com meu anfitrião. Anuí com a cabeça, confirmando sua afirmação. Minha rola se mantinha tesa, mas a escuridão da varanda e o fato de estar voltado para fora me tranquilizavam e continuei a curtir aquela sensação.
Só que o dono da casa se aproximou de mim e pude sentir mesmo o calor que emanava do seu corpo ainda seco. Ele queria se molhar também e estacionou um pouco atrás de mim, admirando o temporal; enquanto falava, eu sentia o ar que saia com sua voz a roçar sobre minha nuca, e aquilo foi me acendendo tal desejo, que eu não conseguia mais distinguir se o forte arrepio que tomava do meu corpo e a rigidez cada vez mais forte da minha rola eram provocados pela chuva ou por aquele corpo tão perto. Ou pelos dois. Meu cu piscando terrivelmente, ansiava por pica. Eu já não sabia o que pensar, como administrar aquele puta climaço que pintara entre os dois corpos se molhando de chuva na varanda – afinal, eu não tinha ideia ainda qual era exatamente a de Fernando, e estando de costas para ele, não conseguia avaliar seu semblante.
Mas logo fiquei sabendo. Num dos movimentos que ele fez, meio que involuntário, senti a cabeça de sua rola roçar nas minhas nádegas. Estava rígida também. Então não mais me contive, agachei-me sobre a grade, à guisa de sentir mais intensamente a chuva sobre a cabeça, mas projetando sensualmente meu rabo para trás, arregaçando plenamente minhas pregas e encontrando o mastro de Fernando, que se enfiou entre minhas pernas. No mais absoluto silêncio, sem nada dizermos um ao outro, e somente tendo como trilha sonora o barulho da chuva caindo, senti seu pau dirigindo-se ao meu buraquinho e deslizando suavemente para dentro. Engoli-o completamente. E ao perceber seu corpo encostado ao meu, passei a rebolar e ele a estocar carinhosamente, enquanto suas mãos abraçavam meu corpo, carinhavam meus mamilos rígidos e desciam para meu falo pétreo.
A noite virou plena magia: aqueles dois homens se amando, se fodendo sob a chuva, na varanda do apartamento, era uma cena digna das mais completas noitadas de Baco, senhor do vinho. E de Zeus, senhor da chuva. E parecia que nós quatro, deuses e humanos, gozamos ao mesmo tempo, entre gemidos agora não mais contidos – Fernando dentro de mim e eu em sua mão maravilhosa. Ainda sentindo minhas pernas trêmulas, endireitei o corpo, virando-me para meu anfitrião que se transformara em hóspede dentro de mim, abracei fortemente seu corpo molhado e o beijei com toda a ânsia do meu desejo, sendo também beijado intensamente. Escutei outro gemido demorado e, no claro de um breve relâmpago, divisei Sílvia, sentada sobre a cadeira de palhinha, pernas abertas e dedos encharcados de buceta, a gozar divinamente, em intensa siririca inspirada na cena de seu homem fodendo seu hóspede e gozando com ele.
Aquele final de semana, com aquele maravilhoso casal naturista e bissexual, prometia, afinal...