- Guardo na memória nossas trocas de olhares disfarçadas. Eu sempre costumava olhar para onde você estava e você sempre me olhava de volta, mas mantendo a postura. Não podemos negar que houve uma vontade de ambas as partes. Mas fizemos, ou pelo menos eu fiz o que julguei certo: segurei o desejo e coloquei no fundo da gaveta. Sendo sincera, em algumas noites você virava a minha cabeça.
Estava eu lá procurando palavras para expressar, se eu tivesse coragem de falar na cara, sobre essa vontade que ficou armazenada dentro da moral e boa conduta. Ou talvez até uma questão de contraponto em não se tornar um escândalo social. Quem sabe? Não fiz o que a mente construiu e o corpo sentiu. Todo caso foi melhor virar a página pois vontade vem e passa. E seguimos nossos caminhos em contradição. De minha parte a dúvida do que teria sido se a ele tivesse me entregado e o fato consumado.
Prossigo construindo a oratória:
– Você não sabe o quanto fugi da sua presença e até da sua voz. O tom dava um arrepio. Queimava por dentro. Ficar perto era um desafio. Se tornavam minutos caóticos. Engolia seco e congelava. Se você soubesse o quanto fez morada nos meus banhos enquanto a água escorria esfriando a temperatura do corpo… Acho que a química, como se diz, bateu. Mas eu preferi ser ponderada e, hoje, percebi que fui forte contra a carne mas vivi em uma prisão de sua falta.
Mas não é falta dele em si. É falta de provar o gosto dele. Ele tem alguma coisa que me deixou e me deixa inquieta. Não dá para explicar o que de fato acontece, mas ao lembrar daqueles olhos o meu mundo desfalece. Não, calma, é muito exagero! Mas confesso que tenho vontade de provar o gosto daquela boca, os toques das mãos e quem sabe tira-lo as roupas. Sei que são desejos mas desejos reais são mais verdadeiros do que falsos amores. Acredito eu. E eu prefiro o que é real e não ilusório.
– Se eu lhe contasse todos os pensamentos intrusivos… E lhe falasse dos nossos cenários, tenho certeza que se surpreenderia com tamanha ousadia e perversidade. Mas não tive coragem.
E também não sei se vou ter. Afinal, tenho uma péssima mania de ser auto controlada e, assim, me faço restrições. Já o imaginário dá conta do recado dos pecados. E agora acabou de vir em minha memória uma frase de uma amiga: "mulheres caçadoras são digníssimas." Não sei se para me ajudar ou me perturbar. E o que faço agora se já são altas horas da noite?
Me veio o questionamento da recusa dele. Será que da parte dele eu tenho espaço ainda ou será que já não adianta tentar? Garanto que já estou ficando atordoada. Eu poderia está dormindo, mas hoje foi o dia D desse homem... Hoje foi o dia que ele veio fazer morada em minha agonia. Vou tentar dormir. Amanhã vou decidir se vou ligar para ele. E não passa de amanhã!
Após o episódio de vulnerabilidade sentimental de ontem e uma noite mal dormida, despertei com o barulho dos carros. Abri os olhos, virei para o lado da mesinha de cabeceira e peguei meu celular. Ligo ou não ligo? Um tanto de nervosismo. Vou ligar! Ou então eu irei morrer com essa dúvida a respeito de nós dois.
O telefone chama, chama, chama…
– Alô!
“E agora? Ele atendeu. O que eu faço? O que eu digo?”. Penso. Lembrei daquele ditado: Ajoelhou, tem que rezar.
– Alô!
– Oi, tudo bem?
– Tudo bem… Só te liguei para… Desculpa! Não quero falar por ligação. Podemos nos ver?
– Nossa, que surpresa. De todas as pessoas eu não imaginaria você…
– Te assustei? Não foi minha intenção.
– Mas foi um susto bom! Até lembrei de você ontem… Você sumiu.
– Ah, então acho que fiz certo em ligar. Pois é… você estava namorando e eu não acho de bom tom muita aproximação.
– Fez bem em ligar…
– Então podemos marcar um lugar para nós nos falarmos pessoalmente?
– Um cinema, pode ser? Assistimos um filme e depois jantamos. Se você quiser…
– Por mim tudo bem. Podemos pegar a sessão das 19:00 no próximo sábado?
– Por mim está perfeito.
– Eu espero você no cinema. Em frente à bilheteria.
– Não. Eu te busco em casa. Esteja pronta às 18:30.
– Ok. Não gosto de atrasos.
– Então até sábado.
– Até…
Desliguei a ligação com uma tremedeira mas feliz de não ter recebido uma má recepção. Eu nem podia acreditar que nós iríamos nos ver. Preciso deixar tudo organizado para sábado. Estou ansiosa. Eu sei que ele gosta de cor “vinho”. Eu vou, claro, usar a cor que ele mais gosta. Vocês sabiam que agradar nosso crush faz parte da sedução também?
Numa conversa entre amigas, teve uma frase que me marcou: “Use as cores que ele gosta. Diga o que ele quer ouvir. Sirva-se de um jeito suave. Deixe ele perceber as segundas intenções com prudência. Não seja muito fácil para não ser vista como um passatempo. Não seja muito modesta para não despistar. Muito difícil é exaustivo.”
Vou colocar tudo em prática. Agora eu sei que não quero ser canonizada, então eu estou pronta para conquistar. Vou com armas na ponta da língua e no olhar. E somou- se a isso a frase que minha avó dizia: “Seja dama mas na rua. No oculto, para seu homem, seja liberta.” E esses pensamentos só estão me deixando mais acessa.
De fato eu me retraí por muito tempo e abri mão do meu direito de ser mulher. Por um certo período me obriguei a acreditar que mulheres só deveriam esperar que os homens viessem em busca. Hoje eu mudei minha opinião e meu comportamento também.
A verdade é que mulheres também têm desejos, vontades, quereres e líbido. E também é verídico que mulheres podem e devem mostrar interesse por um homem. A diferença é como mostrar esse interesse. Mas, claro, depende do que você deseja também.
Recordo um diálogo em uma conversa com amigas:
– E como eu devo fazer para conquistar um homem? Para ele me querer… Sem ser vista como fácil.
– Seja o motivo dele suspirar de forma discreta. Não diga apressadamente que quer algo. Deixe nas entrelinhas. Deixe ele na dúvida.
– Mas os homens geralmente só querem a flor da mulher e depois esquecem. Como saber distinguir?
– Seja inteligente. Se você dizer que quer e ele aceitar prontamente sem nem pensar é porque você é só mais uma.
– Se você souber ser memorável não é a única coisa que ele vai querer.
– E como ser memorável?
– Se você não quiser ser memorável, ofereça só a cama. Se quiser ser lembrada, ofereça a cama junto.
– Mas se eu sair com alguém e querer um momento íntimo, como fazer isso de forma que eu não seja só mais uma?
– Eu penso que se você quer algo a mais não deve oferecer a flor de primeira.
– Mas se você só quiser os finalmentes também, você fala… colocar os pingos nos ís nunca é um problema.
– Mas aí ele vai olhar e pensar: “Muito fácil essa coisa aí” e vai te desprezar.
– Uma coisa é certa: Se ele já chegar falando com você sobre os finalmentes, pode saber que você é só mais uma.
– A Mulher pode sim querer uma intimidade no primeiro encontro mas cabe a ela deixar claro que é porque é o desejo dela no momento, porém ela não quer só uma transa.
– Pode fazer isso também, mas tem que saber a cabeça do homem.
– Verdade! Se o homem for um desses que só gosta de mulheres para provar e deixar para lá, ele não vai querer conversar depois.
Me vi numa situação complicada e pensativa sobre como eu iria agir com ele. Eu já liguei para ele mas não vou, apesar do meu desejo, querer intimidade no primeiro encontro. Antes disso, preciso deixar o terreno limpo e, claro, entender como será o destino desse caso. Não quero uma relação formal mas também não quero que ele me tenha como só mais um número nos contatos da agenda. E apenas se vier a existir algum caso.
– O importante também é você se impôr como uma mulher que sabe o que quer.
– Sim. Quando as mulheres sabem muito bem o que querem facilita as coisas.
– Depois que você sabe o que quer, você vai buscar dele o que você quer.
– Só não pode se deixar ser comandada por ele… Se der tudo o que ele quer, perde a majestade.
– Tem que saber dosar…
– Tem horas de ceder e tem horas de se fechar.
– Só é preciso saber seu lugar na vida dele… e o lugar dele na sua vida. Você é petisco ou refeição completa…?
– Isso foi bom … Petisco só serve para momentos específicos. O que nutre mesmo é refeição completa.
– E ainda tem que lembrar que o rotineiro leva à monotonia. Então tem que surpreender vez e outra.
Definitivamente eu não sou petisco na vida de ninguém então nada de ser frágil em meus instintos.
Hoje acordei frenética! Sábado tão esperado chegou, mas tenho que segurar qualquer expectativa, afinal um encontro não é significativo o suficiente para tirar todas as minhas conclusões. Falo para mim mesma:
– Sem precipitações!
Enquanto as horas se passam entre os afazeres domésticos, limpeza e organização da casa, só consigo lembrar daquele olhar perdido me procurando e deixando um recado de desejo lá no passado. E quem me dera que eu tivesse o privilégio de ver bem de perto hoje.
Mais uma olhada para o relógio e são 16:00. Começo a me produzir: banho, lavar cabelo, hidratante corporal e todo cuidado com aromas não enjoativos, é óbvio. Vestido cor de vinho, modelo canelado, no comprimento dos joelhos, manga comprida… salto preto… cabelo solto como eu sempre costumava usar naturalmente… na boca um batom suave fosco em tonalidade vermelha… Nada de maquiagem exagerada. Perfume tem que ser suave e marcante e que não seja doce, viu?! E agora já são 18:20. Coração acelerado. Falta pouco! Minutos que parecem eternos. Minutos mais demorados que as últimas 24 horas.
– É agora! Digo em voz alta após ouvir a buzina.
Pego minha bolsa. Saiu…
Lá está ele, em pé encostado no carro, lindo como sempre. Esse traje meio esporte fino e meio casual abala as minhas estruturas! Tênis preto, calça jeans tom azul marinho e uma camisa branca social. Cabelo castanho, uma lindeza em 1,70 de altura. E o cheiro do perfume dele era só marcante mesmo. Era um cheiro de macho alfa.
– Oi, boa noite. Você está linda!
– Obrigada. Falo envergonhada.
Muito cavalheiro, ele abre a porta do carro:
– Entre, rainha.
Muito galanteio. Por um tempo esqueci do dom que ele tinha com outras mulheres. E eram muitas em sua coleção.
– Nossa. Que gentil! Faz tempo que não vejo homens abrindo portas de carro. Isso é bem raro hoje em dia.
Nós dois nos olhamos olho no olho e sorrimos discretamente.
Apenas 30 minutos contava-se de minha casa até o cinema e nesse período de tempo ele falou sobre seu relacionamento antigo, porque não deu certo e porque ele não quis reatar o relacionamento mesmo com a insistência de reconciliação.
Escolhemos prestigiar “Hush - A morte ouve”. Durante o filme ninguém falou muito. Era impossível. Que filmaço! Finalizada a sessão, saímos da sala um pouco atordoados pelos resquícios dos acontecimentos do filme, mas logo nos restabelecemos.
Ele me convidou para ir a um restaurante que ele sempre frequentava. Eu aceitei. Qual a minha surpresa com o cantinho mais discreto, a mesa para dois, rosas vermelhas e duas taças. Era muita dedicação ou era um tremendo cavalo de Tróia…
Ele, em sua gentileza, puxou a cadeira:
– Sente-se, senhorita. E escolha o seu pedido. Não se preocupe. Hoje a noite será toda sua.
Nessa altura se era presente de grego eu já nem fiscalizava. A líbido já tinha instalado a programação.
– Então, fale-me sobre sua vida. Durante nossa vinda você basicamente me ouviu. Eu fiz o resumo de tudo que me aconteceu. E você? Chegou a sua vez.
– Bem, eu estava estudando, trabalhando. Mas não me relacionei com ninguém com muita duração. Eu quero… digo… planejo criar minha própria marca de cosméticos. Então me dedico a conhecimentos e estudo do cenário mercadológico.
– Sério?
— Sim. Eu quero ter minha própria marca, mas isso demanda muito empenho para administrar, gerenciar. Sem falar na equipe. Contratar os químicos e afins.
– Interessante. Eu tenho como hobby desenhar. Já me falaram em colocar meus desenhos como estampas em camisas. Mas é muito trabalho criar uma marca. Porque seria a minha marca. Logotipo, desing, logística.
– Você pode vender sua arte também. Talvez alguma empresa se interesse pela arte e você vende, no caso, o direito de uso e a empresa em questão utiliza a arte em estamparias para a marca dela.
Enquanto isso eu estava fixa em sua face. Com mil pensamentos sujos por trás das palavras.
Ele me olha e diz:
– Você é linda visivelmente e mais linda quando está em um diálogo. Assim… sua inteligência deixa você mais linda.. Então você é linda ao quadrado. Podemos dizer.
Nossos olhos silenciaram no espaço-tempo. Foi como uma pausa temporal. Retornamos e sorrimos como quem está descobrindo um novo horizonte.
– Eu posso te perguntar uma coisa? Falo.
– Fique à vontade…
– Eu lembro, anos atrás, quando você me olhava e eu sentia que me desejava. Você me comia com os olhos e…
Ele interrompe:
– Você era apenas um desejo de posse momentâneo. Não iria colocar meu relacionamento em risco por um momento.
– Então estamos aqui apenas pelo seu desejo momentâneo…
– Eu falei “era”. Eu não falei “é”. Hoje eu quero te conhecer. Saber mais sobre você. Seus gostos. Não sou mais um garoto juvenil com os nervos à flor da pele.
– Fico aliviada por isso então. Não quero ser apenas mais um número na sua agenda, na sua cama.
– E nem eu busco por isso. Eu quero te conhecer e se der certo, nós faremos um próximo passo.
– De qual próximo passo você fala?
Ele me olha com uma feição confusa e incrédula.
Continuo…
– Nós temos duas opções. Você sabe… Você fala de firmar um relacionamento como próximo passo ou de se relacionar… como posso dizer… intimamente?
– Eu realmente não esperava por este questionamento!
– Eu preciso saber sobre o que pretende.
– Sinceramente eu não sei… Apenas um próximo passo… Se a gente se der bem, porque não manter… Digo: Podemos sair outras vezes, conversar mais.
– Entendi… Então me diga: Você está se relacionando atualmente mesmo que de forma rasa com alguém?
– Até ontem eu estava.
– Até ontem?
“Eu liguei para ele no sábado passado e ele estava com outra até ontem.” Penso isso enquanto olho para ele com cara de indecisa sobre a situação.
– Bem… eu iria sair com você a pessoa com quem eu estou em um real interesse. Então dispensei a outra.
– Simples assim…?
– Não iria ficar com duas mulheres só pelo ego. Mesmo sem relacionamento sério. Eu não sou assim. Realmente ela foi um passa tempo.
– Agradeço a sua sinceridade…
– Mas agora eu quero um beijo… Será que eu mereço? Seria pedir muito?
– Não … Não seria pedir muito. Só pela sua sinceridade eu acho que você merece.
Ele sinaliza ao garçom, faz o pagamento e saímos em direção ao estacionamento. Nós estamos entre os carros apenas. Ele espera que eu dê um passo a mais em sua frente. Pega suavemente em minha cintura e me força sem brutalidade a ficar de frente com ele. Estamos olho no olho. Sinto sua mão por entre meus cabelos encaracolados e a outra em minha cintura. Nesse momento minhas pernas enfraquecem. Fecho os olhos e a única coisa que sinto é seus lábios e nossas línguas em uma dança harmoniosa. Depois de um tempinho, voltando ao mundo, ele abre a porta do carro, eu entro e ele entra em seguida. Olha para mim com olhos famintos. Percebo. Mas eu me mantenho controlada. Falo sobre assuntos diversos para passar o tempo. Na porta da minha casa, ele estaciona. Eu desço. Ele desce.
– Podemos marcar outro programa. Digo.
– Você escolhe.
– Então depois te confirmo.
– Quero outro beijo …
Ele pega nos meus quadris e pressiona contra seu corpo. Nossas línguas se entrelaçam de forma violenta. Nesse estágio fico em dúvida se não quero ser fácil realmente, mas sigo firme em não me entregar no primeiro encontro. Pelo menos não no primeiro.
– Está tarde. Nós nos falamos depois. Obrigada pela noite.
– Eu que agradeço a sua doce companhia.
Entro em casa e vejo ele dar partida e ir embora. O meu corpo quase pede um antitérmico.
Segui convicta em domar meus instintos e deixar acontecer alguma intimidade mais para frente. Preciso analisar alguns dias porque tenho receio que se eu me entregar ele apenas me ignore no dia seguinte. Mas fiquei até contente de ver que ele não insistiu para que nós fossemos a diante.
Após nosso encontro anterior, mantemos contato esporádicos. Nós nos falamos em momentos em que estamos livres das responsabilidades e afazeres trabalhistas. Não ligo e nem deixo mensagem para ele de forma constante para não parecer desesperada mas cá entre nós, eu não consigo esquecer o calafrio que percorreu em meu corpo no sábado passado. A sensação de tamanha aproximação corporal quase me gera um colapso intra sensorial.
Ouço o toque do celular… É ele…
– Oi, bom dia!
– Bom dia!
– Pouco nos falamos durante a semana…
– Devido às minhas ocupações. Muito trabalho a fazer. E sei que você também é bastante ocupado, então melhor deixar para um momento oportuno como hoje está sendo.
– Te liguei porque você ainda não me disse sobre o nosso próximo destino.
– Ah, sim… Verdade… Estou com vontade de comer sushi. Você gosta?
– Bem, nunca experimentei mas posso experimentar. Como vou saber se é bom ou ruim se não provar?
– Faz todo sentido! Tem um restaurante especializado aqui próximo mas tem um problema: O dia de hoje só faz delivery.
– Isso é um problema?
– Temos que pedir delivery então…
– Se você concordar, podemos marcar aqui ou aí na sua casa. E vermos um filme juntos.
Pensei… Avaliei… E esse sushi foi uma boa pedida!
– Então pode ser aqui em casa? O estabelecimento, inclusive, fica mais próximo do meu endereço. Facilita a entrega.
– Para mim não tem problema algum.
– Hoje, às 17:00?
– Só posso às 21:00… Tenho que concluir um relatório ainda.
– Pode ser às 21:00 sim.
– Então até mais tarde.
– Até breve!
Desligo o telefone e vou pensar no meu look da noite.
Vestido… Saia… Short… blusa… e ainda tem as cores. Dessa vez eu vou usar a cor que eu gosto: Preto. Um vestido preto, uma saia preta? Já sei! Uma saia preta, uma camiseta azul do modelo social despojado e um chinelinho preto básico.
Ouço a campainha…
Abro a porta:
– Oi, boa noite!
– Boa noite.
– Seja bem vindo. Não repara a bagunça!
E tinha bagunça nenhuma, mas só para manter o clichê em dia.
– Tenho algo melhor para reparar… você.
Sentiu o perigo do conquistador malandro? Eu senti …
– Sente-se… Fique à vontade…
– Obrigado!
– Você está linda! Como sempre…
– E você elegante… Como sempre…
Falo isso enquanto analiso detalhadamente seu traje casual composto por tênis branco, bermuda jeans cor de vinho e camisa branca. Cabelo cortado… Barba bem feita… Cavanhaque.
– Vou fazer o pedido. Chega antes das 22h.
– Dividimos a conta.
– Não! Semana passada você custeou tudo. Dessa vez sou eu. Eu nem precisei sair de casa. Você teve custo de gasolina para vir aqui.
– Mas eu insisto.
– Eu insisto também!
– Mas eu quero dividir…
– Mas eu tenho conta no aplicativo e o celular está na minha mão então eu já faço o pagamento total.
Ele sorriu e percebeu que não ia ter acordo e era melhor desistir.
– Tá certo. Na próxima eu pago.
“Hum… Teremos uma próxima. Isso eu já sei.” Pensei.
– Você está muito distante de mim. Quero te beijar. Porque não senta aqui, comigo?
Eu não pensei duas vezes. Sentamos lado a lado. Então ele de forma sútil se inclina em minha direção e leva sua mão até minha nuca e me beija. O beijo dele é um supra sumo. Nossas línguas se perdem e se envolvem como uma poesia sem métrica em construção.
Ele pára, distância os lábios o suficiente para me olhar nos olhos, coloca as mãos no emaranhado dos meus cabelos e me beija novamente e dessa vez com uma certa agressividade faz um esforço para que nossos corpos fiquem colados. Eu me rendo… Deixo fluir. Ele pára e se afasta de mim.
– Porque você faz isso? Diz.
– Eu não fiz nada.
– Fez.
Eu não consigo interpretar o que ele pensa. Só observo com atenção e contrariada. Ele complementa:
– Você ora me conduz e ora me deixa conduzir então eu nem sei se eu estou colocando as cartas na mesa.
– A subserviência constante é tão monótona quanto o trono instalado.
Ele fica perplexo.
– Essa citação é de quem?
– Minha.
– Quem é você…
– Eu sou eu. E um pouco de muitas que eu coletei por aí.
Nos olhamos… Eu fiquei séria e fixa no fundo dos olhos dele. Ele dá um sorriso nervoso e satisfatório ao mesmo tempo.
Um silêncio paira no ambiente até ser interrompido pelo toque da campainha.
Nosso pedido chegou. Ponho sobre a mesa. Ele me olha de cima a baixo e faz o movimento contrário. Percebo.
– Venha. Sirva-se. Umedeça o pedaço do peixe com o molho. Pode por dentro do recipiente e tirar. Mas cuidado para não salpicar em sua roupa. Molho shoyu mancha. Ok?
– Obrigada pelo tutorial.
Rimos.
– Só avisei para não perder a sua peça por causa de shoyu. Já perdi uma peça por causa disso.
– Fique tranquila. Não seria um problema perder uma camisa. Não para mim.
– Espero que goste.
– Não é ruim. É estranho porque meu paladar não está acostumado, mas não é ruim. Não tem gosto ruim.
– A primeira vez que comi também estranhei. Hoje, adoro!
– Mudando de assunto: Gostei muito da visão da janela da sua casa. Você tem um belo jardim.
– Tenho um espaço para horta também.
– Uma horta?
– Sim. Essa casa eu arquitetei para ser minimalista para justamente sobrar espaço para o jardim. Cozinha acoplada. Espaços compactos. Mas com área livre no quintal.
– Eu moro em um apartamento. Sempre morei em apartamento. É ruim pelo fato que só vejo edifícios quando olho pela janela.
– Pois eu tenho até dois bancos de praça mais a direita. Não dá para ver desse ângulo.
– Podemos ir até lá depois?
– Claro!
Novamente uma pausa no diálogo enquanto comemos.
– Estou satisfeito.
– Podemos ir ao jardim agora, se quiser.
– Porque você deixou o jardim nos fundos e não na entrada da casa? Geralmente as pessoas deixam o jardim em frente. Fica no quintal em frente.
– Eu queria um espaço onde eu pudesse ficar sentada sem exposição. Ler um livro sem as pessoas ficarem olhando toda vez que passem para lá e cá.
– Porque não fez um muro alto?
– Eu vejo da janela ou da porta quem passa e quem chega.
– Você acabou de dizer que não queria que as pessoas te vissem.
– Mas eu não queria deixar de ver as pessoas. Muro baixo e jardim nos fundos é a melhor solução.
Enquanto caminhamos entre a trilha do Jardim em direção ao banco, ele diz:
– Mas ficou interessante. É como namorar em uma praça sem está em uma praça. Ter privacidade.
Ele senta e me puxa gentilmente de modo que eu fique sentada sobre seu colo. Com minhas pernas entre as dele.
– Você ainda não me deu um beijo.
Ele inclina minha cabeça em direção aos seus lábios. Fechei os olhos e senti que nossas línguas lutavam por espaço entre o céu de nossas bocas em ritmos sequenciais. Eu paralisei o circuito e afastei meus lábios. Ele busca aproximação novamente. Ele pára. Agora eu busco reaproximação novamente. E ficamos nesse jogo de beijos durante minutos. Sinto as mãos dele percorrer e pressionar meus quadris. Eu, em resposta, aperto seus bíceps e tríceps com suavidade e firmeza.
– Esta tarde…
– Eu sei…
– Não vai pegar o carro em altas horas. É perigoso. Muitos assaltos. Já são 00:00.
– Já peguei mais tarde.
– Você é louco?
– Às vezes.
– Você não vai.
– É um convite isso?
Olho nos olhos:
– Uma ordem! Falo sorrindo.
– No sofá ou no chão?
Ele diz com um sorriso de quem quer me testar.
– Pode ser na minha cama também…
– Então não vou dormir.
– E quem falou que ia?
Ele me olha com um olhar sarcástico.
– Não imaginei que fosse dizer isso. Pelo menos não hoje. Achei que você ia me mandar para o sofá. Você é… Muito…
– Decidida.
– Não consigo descrever.
– Não sou uma garotinha. Sei o que quero então para quê mais rodeios?
E aí eu percebi que o personagem de dona de si derreteu junto com o calor do meu íntimo.
– Mas eu não posso ficar. Preciso pegar a estrada pela manhã. Vou fazer uma ação inter-estadual. Tenho que estar pronto para pegar a estrada logo cedo.
– Isso foi maldade..
– Não. Isso é compromisso. Segunda feira sempre é o dia mais corrido.
– Você sempre faz assim…?
– Ir embora?
– Deixar as garotas solitárias…
– Às vezes acontece.
– Então você me deixa só as brasas, agora?
– Sim… semana passada eu fiquei também.
– Mas semana passada você não disse que queria.
– Tem coisas que não precisam ser ditas.
– Você está sendo sádico.
Ele me olha com deboche:
– E você submissa.
– Então isso virou um jogo sádico?
– Ah, você me maltratou também.
– Você está com vontade. Eu sei…
– Mas quem vai te deixar na vontade hoje sou eu.
Falou isso enquanto olhava nos meus olhos com a mão na minha nuca.
– Fica tranquila… Na próxima eu te acorrento aos pés da minha cama…
Olhei para ele e fiquei atordoada e reflexiva…
– Você que acha…
– Você que não acredita…
– Eu nunca fiquei acorrentada e não vou ficar agora.
– Me acompanha até a porta?
– Sim.
Falei um sim decepcionada. Não imaginei que ele fosse se recusar.
– Até depois. A gente se fala …
– tchau.
Falei com um asco perceptível. Ele nem ao menos se importou. Parecia que estava muito bem acostumado a tal situação. Minha líbido, confesso, baixou. Me senti dispensada. Imaginei que não haveria recusa. E eu achando que eu seria a difícil mas não. Depois a raiva passou e veio em minha memória ele me olhando como quem é fiel legítimo ao sadismo. Me passou diversas cenas em minha mente. Fiquei empolgada com certa estranheza pelo fato que ele me recusou mas isso quer dizer que não é só sexo que ele pretende então me auto consolei.
Já é quarta- feira. A gente se fala às vezes e desde o domingo não nos vemos. Talvez ele tivesse ficado e me saciado se lhe tivesse dado um banho de molho shoyu. Talvez. Me veio à cabeça lhe fazer uma visita. Hoje estou em Home Office então porque não surpreendê-lo no final do expediente de trabalho…? Podemos jantar juntos. Essa foi minha ideia. Lá vou eu desarrumar o guarda-roupa outra vez… Qual roupa eu vou… Hoje será um vestido preto básico mesmo com um salto no tom nude. Eu vou chamar o Uber e chego lá em 40 minutos.
Chegando no local do trabalho dele, deixo uma mensagem:
“Boa noite! Estou aqui na portaria.”
“Sorte sua. Se demorasse mais um pouco, eu já teria ido embora!”
“Devia ter avisado, claro…”
“Poderia ter perdido a viajem”
Ele desce, me olha:
– Hoje quem escolhe sou eu… o destino é o Aphrodisiac paradise.
– Nome bem sugestivo…
– Gosto bastante. O cardápio é variado. Alta qualidade.
– Nunca fui…
– Você vai gostar.
– Se a comida for realmente boa, sim.
Durante o percurso fomos surpreendidos por um engarrafamento. E então teremos que esperar o tempo que for necessário já que não tem um atalho. O calor do meu corpo diante dele não cede a temperatura baixa do ar condicionado.
Ele me olha e diz em voz de comando:
– Me dê um beijo agora!
Fui obediente e fiz o que me foi solicitado.
– Você está muito coberta. Te quero só de lingerie.
Falou de forma a me testar e induzir.
Eu prontamente obedeci… Era uma lingerie básica, simples com detalhes de renda nas laterais cor preta.
– Você fica linda de todo jeito.
Eu já esperava pela próxima ordem. Mas ele mudou de assunto.
– É incrível como qualquer coisa cai bem em você. Do modelo mais sexy ao mais básico, tudo fica perfeito. Você é perfeita.
E o engarrafamento continua parado. O carro parado sem um movimento. Ele só me olha da cabeça aos pés como quem analisa a situação. De repente, em jeito ágil, puxa meus cabelos de forma agressiva em sua direção.
– Sente-se no meu colo... De costas para mim...
Não falo nada. Apenas sigo as ordens. Ele brinca com as mãos desvendando os meus territórios.
– Abra as pernas.
E eu congelo e derreto ao mesmo tempo.
– Você gosta... Seu corpo não mente... Está molhadinha... Desliza os dedos de cima a baixo entre movimentos circulares. Dois dedos lá dentro.
– Hum... Vou te socar os dedos até você... Hum... Você… implorar para eu parar...
E nessa brincadeira se vão uns 30 minutos. Se tem espaço para seguir com o carro, com a mão esquerda apenas, ele comanda o volante. E quando os dedos não está dentro, estão fora em seus diversos movimentos.
– Cadela...
Sussurra em meu ouvido enquanto puxa meu cabelo.
– Aaaahhhhhh... Ahhhh.... Ordinário… Falo baixinho.
Meu corpo já não me obedece em seu movimento involuntário e o gozo desce molhando o banco do carro.
– Se recomponha. Diz.
Olha para mim com uma feição de satisfação enquanto olha os dedos dele molhados.
Puxa uma toalha de mãos do carro. Me oferece para enxugar o que está por entre minhas pernas molhado. Depois pega a toalha e enxuga o molhado do banco do carro. E eu analisando o cenário e me questionando se aquilo já é ato acostumado. Nunca vi ele com toalha de mãos mas tem uma no porta objetos do carro. Mas não esbanjo reação e fico calada. Não irei perguntar nada. Todo caso, mesmo que seja para tal finalidade, não devemos cobrar nada de quem não tem acordo de fidelidade.
Chegamos ao destino, o Restaurante Aphrodisiac paradise. Ele escolhe a mesa no canto mais discreto e reservado. Onde podíamos ver todos mas ninguém tinha muita visão de nós. Olha o cardápio. Eu falo:
– A sua sugestão é o que vou querer.
Dois peixes ao molho de camarão e um Chardonnay, por gentileza. Comunica ao garçom.
– Acredito que você vai gostar. É delicioso.
– Porque você age desse jeito?
– Qual jeito?
– Você esteve na minha casa e não fez algo como agiu hoje… Você teve tempo mas preferiu a desculpa da viagem.
– Já era tarde e eu tinha compromisso cedo. Você sabe. No entanto, realmente não fiz porque não quis mesmo. Eu arrumaria algum tempo se realmente quisesse. Mas hoje eu quis e fiz.
– Você sempre faz desse modo?
– Algumas vezes…
– Você disse que eu te conduzo… ora eu te conduzo… mas eu nunca te conduzo. Você sempre faz o que quer.
– Digo que você me conduz porque você tem a capacidade de me fazer pisar no freio.
– Porque diz isso?
– Eu tenho muitas vontades e de diferentes formas e até em alguns lugares… não quero assusta-la. Você é especial. Eu me contenho.
– Você está muito afastado de mim.
– E não vou me aproximar!
– Porque?
– Eu posso querer fazer alguma coisa nesse lugar…
No retorno para casa, pela primeira vez vejo ele contido. Ele apenas me deixa na porta, me dá um beijo demorado porém contido e vai embora sem muita demora.
Já se passaram uma semana… Ele só conversa comigo por ligação ou mensagem. Eu me pergunto o que pode ter acontecido. Me pergunto se devo ficar quieta ou devo insistir e mostrar interesse. Preciso saber o que de fato ocorre. Ele não me ignora mas não me procura. Em meio às dúvidas, resolvo que vou fazer uma visita inesperada na pausa do almoço. Chamei o Uber e segui o rumo Empresarial Big Broker.
Durante o percurso da viagem ele me deixou uma mensagem: “Vou ficar preso no escritório hoje. Tanta coisa que não vou nem conseguir almoçar. Eu acho… Nós nos falamos depois com mais tempo.” Eu respondi “ok”.
– Moço, você pode fazer uma parada, por favor?
– Sem problemas.
Fui em um restaurante próximo e fiz um pedido para viagem.
Chegando no meu destino, fui em direção ao Porteiro:
– Boa tarde, tenho uma encomenda para o senhor Paulo.
– Vou confirmar a entrada…
– Senhor Paulo, tem uma jovem aqui com sua encomenda.
– Jovem? Qual o nome dela? Eu não fiz pedido algum…
– Moça, qual seu nome? Ele não fez pedido algum…
– Diga que é a Zorana. Vim trazer o almoço dele.
– Senhor Paulo, é a Zorana. Veio trazer seu almoço.
– Zorana?! Libera a entrada.
É gente… houve até uma vergonha alheia mas segue …
– Senhorita Zorana, 5° andar primeira sala à esquerda.
– Obrigada.
Durante minha subida eu pensando a que ponto cheguei… Toco a companhia.
– Entre.
Vejo ele sentado logo em frente a porta.
– Boa tarde, senhor Paulo. Vim trazer sua encomenda.
Ele olha e sorri.
– Não precisava se dar ao trabalho. Mas eu agradeço a gentileza.
– Eu já estava no caminho. Só precisei fazer uma parada extra.
Ele olha com espanto:
– Isso era uma visita repentina?
– Sim…
Falei isso enquanto colocava a marmita em cima da mesa do escritório. Puxei uma cadeira, sentei e só olhei direto nos olhos dele.
– Você vai me enlouquecer…
– Vim pegar o que eu quero…
– Não faça isso…
– Porquê não?
– Você é um perigo…
Levantei e fui na direção dele e lhe dei um beijo demorado…
– Logo hoje que eu estou atolado você me faz isso. Diz ele.
– Não vou lhe atrapalhar…
– Se fosse um dia tranquilo… você… a sala fechada… você quer me perturbar…
– Vou embora. Até depois…
Ele me abraça deslizando as mãos pelas curvas do meu corpo.
– Depois a gente se fala. Obrigado!
– Não deixe de almoçar.
Sai, fechei a porta e voltei para casa na expectativa que ele me procurasse pela noite. As horas passaram e nada.
Dias passaram e eu estou sendo altamente ignorada desde a quarta-feira. Não sei o que acontece. Passam várias coisas na minha cabeça. Será que ele está com outra e apenas brincando comigo? Será que ele só não quer me rejeitar de forma direta? Mas porque quando estamos juntos é sempre tão intenso? Será que é apenas um personagem? Mas eu não vou ligar e nem deixar mensagem. Ele que venha me procurar. Ele já percebeu que estou à espera.
“-- Hoje a noite estou indo te buscar. Esteja pronta.”
Até me surpreendi com a mensagem pois já estava numa desesperança.
“ – Horário?”
“ – Às 22:00”
“ – Ok.”
Depois que eu vim raciocinar: Não perguntei para onde iríamos e o que iríamos fazer. Se era muita confiança, muita entrega ou muita submissão a essa paixão, eu não sei…
Uma saia azul marinho e uma blusa branca do estilo social despojado. Batom vermelho e salto preto. Nada muito exagerado mas com elegância e conforto.
Ouço a buzina…
– Oi, boa noite. Tudo bem?
– Tudo bem… Melhor agora.
– Me surpreendi com sua mensagem hoje.
– Deixei você de castigo.
– Faz dois dias que não fala comigo… Pensei que já tinha me esquecido.
– Não esqueci. Só deixei você esperando.
– Você é um garoto perverso.
– Você é uma menina malvada.
– Qual o destino de hoje?
– Minha casa.
Olhei para ele com uma interrogação estampada na face.
– E qual a programação de hoje?
– Eu e você juntos o resto é complemento.
Fiquei muda por uns momentos…
– Conseguiu desatolar os relatórios acumulados?
– Sim… você me ajudou…
– ah, para…
– Cada relatório feito era lembrança de um beijo.
Uma bermuta jeans, tênis preto e uma camiseta vermelha… Era isso que ele vestia… e eu só passeava com meu olhar entre sua boca, seus músculos e fazia uma panorâmica do seu abdômen escondido. Ele não é malhado, não tem abdômen definido e não é anabolizado. Mas tem o físico desenhado como uma escultura de Michelangelo. É uma obra prima!
– Chegamos.
– Já passei por aqui várias vezes. Sabia que morava nesse bairro mas não o endereço certo.
– Agora sabe.
Ele vai estacionar o carro. Descemos. Subimos pelo elevador do estacionamento mesmo. 6° andar, apartamento 24.
– Hora de conhecer meu apartamento. Está preparada?
– Já estou aqui…
Abriu a porta:
– Entre… A casa é nossa!
– Essa frase é muito perigosa.
Ao fechar a porta ele me puxa pelos braços de forma que eu fique entre seu corpo e a porta. Desliza a mão direita entre minha coxa, meu quadril e meu busto enquanto a mão esquerda pressiona meu quadril contra seu corpo de forma que eu sinta sua ereção. Depois leva a mão direita por entre os emaranhados do meu cabelo…
– Hum… cheirosa…
Não consigo me mover. Estou completamente paralisada. Ele olhou nos meus olhos. Me dá um beijo voraz. Para. Inclina meu pescoço para o lado esquerdo e dá umas mordidas. Eu sinto um arrepio com o roçar da barba. Eu já estou toda inundada.
– Hum… Calma…
– Eu não quero ter calma!
Me puxa pelo braço de forma violenta e me deita no sofá se colocando sobre meu corpo e eu não consigo desviar.
– Nossa, você está muito…
– Calada! Só me beija…
Olhei para ele um pouco assustada, um pouco realizada, um tanto contrariada. Ele fala:
– Mas não é hoje que vou te acorrentar aos pés da minha cama…
Me beija com agressividade e puxa meu cabelo… Depois age com sutileza… E eu fico louca. Se o acorrentar aos pés da cama é metáfora, eu já não sei.
Ele tira a camiseta:
– Tá quente aqui…
Desabotoa a minha blusa:
– Eu adoro esse modelo meia taça…
Eu não consigo me mover pelo tesão e pela submissão.
– Tenho uma surpresa para você. Ele diz.
– Para mim?
– Na varanda.
Uma mesa… duas cadeiras… 2 taças… Um vinho… um champanhe…
– Eu não esperava por isso…
– Pensou que eu só queria te devorar …?
– Não sei nem de fato o que pensei….
– Vinho ou champanhe?
– Champanhe.
E da sacada da varanda eu ouço o silêncio dos carros. Me subjugo em meu desejo animalesco. O coração palpita na minha ânsia de ser possuída. Entre goles de champanhe e trocas de olhares maliciosos, mantemos uma harmonia vexatória. Nós queremos e agimos com tal prudência como quem não se quer de verdade. Não sei o que passa na cabeça dele, apenas faço o papel de quem espera o próximo ato.
– Você está tão séria.
– Estou pensando apenas…
– Seria muita intromissão perguntar o que está a pensar?
– Não. Não seria… Estou me perguntando o que está passando em sua cabeça.
– Está passando o que você realmente quer…
– Não entendi…
– Você quer realmente ficar comigo? Eu posso ser pior do que você imagina… Eu já disse que vou te acorrentar aos pés da minha cama.
– Se fosse tudo isso, de perigo, já teria feito…
– Não quero lhe assustar… E talvez esteja justamente pensando em não lhe assustar…
– Qual o seu grau de sadismo?
– O máximo que possa em relação a você!
Minha expressão entregou o questionamento que fiz a mim mesma: “Até que ponto estaria disposta?”
– Se você quiser experimentar, eu não vou me conter em negar essa experiência.
“Se ele respeitou o meu limite até agora, não vai avançar o sinal vermelho.” Pensei.
– Novas experiências sempre são bem vindas… Agora tenho um Christian Grey…
– Melhor ou pior que ele… Talvez.
Nos olhamos fixamente. Paralisei. Imaginei o que poderia me surgir nessa nova experiência mas não dei sinal de indecisão. "Se não abusou do limite até agora, de certo não usará do limite ultrapassado de agora em diante.” Pensei.
– Eu tenho que assinar um contrato? Perguntei sorrindo.
– Não imaginei que você soubesse tanto.
– O BDSM não é algo tão distante…
– E por acaso saberia me explicar sobre isso…?
– Você quer me testar?
– Quero saber até qual ponto você vai se submeter.
– Vou me submeter até o ponto que me sinta confortável e confiante.
– Você não sente insegurança?
– Não sei… você teve tempo suficiente para exercer sua autoridade sádica. Então… Não sei… estou aberta e disponível… Só não seja atuante além do que se pode fazer dentro dos limites impostos por mim. Você sabe a regra. O contrato.
Ele me olha e não acredita que eu seria capaz de falar sobre o assunto de forma clara e objetiva.
– Você me surpreende cada dia mais!
– Eu me surpreendo comigo mesma também.
Falei com uma feição debochada ao saber que fui capaz de surpreendê-lo com esse fato.
– Mas você não pense que vai ser tão fácil. Não tem hora certa e nem aviso prévio. Qualquer hora em que estivermos a sós será a hora. E quando eu disser: “Quem manda sou eu”, você já sabe… Mas hoje nosso jogo ainda não tem início. Veja sobre o contrato. O que você quiser eu acato.
– O vinho, por gentileza…
– Claro, senhorita. Você que manda!
Olhou para mim e sorriu.
A verdade é que eu estava mesmo era eufórica. Era muita novidade e pouca monotonia. Não existiria tempo para inércia. Estava plantada em mim a semente do “fica esperta, te pego na curva!”. E isso era excitante. É claro que algo me assustava, mas ao mesmo tempo algo me fazia ficar quieta e sem o pensamento de exitar. Ele era controlado e ponderado em suas ações jamais iria me expor ao ridículo. Mas por via das dúvidas, não seria melhor termos um contrato de fato? Me veio a dúvida. Seria mais seguro e mais específico com suas cláusulas e regras. De fato seria. Caso ele algum dia não respeite meu limite, eu estarei acobertada. E sinceramente, eu preciso ter meu espaço para exercer o meu direito de ser sádica também. Quero deixar isso o mais transparente possível. Acredito eu que será de muita valia para nós dois ter um acordo estabelecido pelo contrato justamente pela segurança que o contrato nos oferece.
Após nossa conversa na última sexta-feira, eu tenho a resposta definitiva sobre o contrato. Vamos falar isso em um jantar. Tem assuntos e questões que não se falam por telefonema. Vou levar meus termos descritos. Isso precisa ser bem elaborado para não deixar brechas para ações ilimitadas. O contrato para mim, é melhor que um casamento civil.
Entre conversas diárias via troca de mensagens ou ligações, nós conversamos sobre tudo e qualquer coisa sobre nossa relação sem identificação. Não vivemos e estamos apegados além do carinho implantado e do querer um ao outro.
O celular está tocando…
– Alô!
– Alô…
– Bom dia, minha gata!
– Bom dia, gatão!
– Quero te ver no próximo final de semana.
– Pode ser…
– Feriadão… Eu e você.
– Final de semana inteiro?!
– Sim.
– Mas qual o destino?
– Leve roupas leves…
Chegou o tal dia da viajem. Minha expectativa é árdua. Eu não sei o que pode fazer … lembro-me do contrato. Assunto suspenso no qual não retornamos a falar. Nesse feriadão teremos tempo suficiente para resolver este assunto.
Buzinas…
– Vamos?!
– Vamos.
Durante a viagem ele me trata como uma simples amiga. Não diz ou faz qualquer coisa indecente. É tudo muito curioso. Ele age como um cão feroz e ora como um gatinho dócil. Ele me deixa aguçada.
– Chegamos!
É uma casa de campo. Muito verde. Muitas flores. Muitas cores! Ouço a queda d’água. Fico deslumbrada com tamanha beleza.
– É lindo!
– E é tudo nosso!
Entramos na casa. É uma decoração rústica de madeira. Eu fiquei maravilhada. Todas as janelas tinham belas vistas para flores. Tinha fruteiras. E um cheiro adocicado de laranjeiras. Ouvia-se o cantar de pássaros.
No primeiro dia de minha estadia ele estava me tratando como uma amiga. Não me olhou com maldade, não me tocou em momento algum. Agiu com um respeito inacreditável. Eu não encontrava aquele mesmo homem que me fez molhar o banco do carro. Mas eu estava curtindo o ambiente longe da civilização.
No segundo dia, ao tomarmos o café da manhã:
– Quero te levar em um lugar que você não viu ainda.
– A cachoeira…
– Sim.
Durante o percurso ele continua me tratando com frieza. Ou talvez seja apenas minha alta expectativa. Nesse momento descobri que quem põe as cartas são ele. Faz o que quer, como quer e finge demência.
– olha que visão linda!
– É mesmo… muito linda!
– A paisagem fica mais linda com você…
– Obrigada.
Respondo de forma confusa e envergonhada.
– Águas límpidas… Aqui é um canto do céu.
Meu biquíni cor vinho faz um contraste com o verde da vegetação. Ele me olha de cima a baixo e analisa os arredores. Eu reparo que está surgindo o ar de perversidade. Finjo notoriedade alguma. Ele continua me olhando e supervisionando os diversos cantos daquele lugar. Quando eu volto para próximo dele, sento no chão ao lado dele e ficamos olhando para o mesmo ponto: Uma árvore. Digo:
– A natureza é incrível. Olha como esta árvore é gigante… seus troncos deitados… e depois curvando-se ao céu.
Ele levanta, faz gesto para que eu segure a mão dele. Eu me levanto. Ele me beija suavemente enquanto vai me guiando com delicadeza e passos curtos para alguma direção. Ele para me vira de forma que eu fique de costas para ele enquanto segura minha cintura:
– Veja essa flor… Ela é comestível.
Eu tiro uma pétala e mastigo. Possui um gosto suave e adocicado.
– Como chama?
Respondeu me olhando nos olhos.
– Amor perfeito.
De repente ele me segura com força e consigo sentir sua ereção.
– Vamos para água.
Segura meu braço de uma forma bruta porém sem pressionar. Eu o sigo.
– Tire sua roupas de banho.
Eu obedeço sem exitar.
Ele faz o mesmo. Entra na água em seguida e trocamos beijos demorados. Ficamos por minutos com nossos corpos desnudos e colados quentes de tesão em confronto com a frieza da água. Sem que eu esperasse ele me puxa em direção as nossas roupas espalhadas pelo chão.
– Deite-se… Eu vou possuir você…
Meus instintos só obedecem. Ele se encaixa por entre minhas pernas em um movimento firme sem muita pressa e sem muita lerdeza. O ritmo adequado para sentir o entrar e o sair e o impacto no meu íntimo. Os sussurros misturam-se ao cantar dos pássaros e aos barulhos das folhas em contato com o vento. Eu me permito ser frágil no meu íntimo mas não perco espaço para a dominância da sua língua em minha língua. Entre pausas e afastamentos de lábios, saem frases bonitas e sujas.
– Entre o perfume das flores, o meu favorito é o seu…
– Você me deixa louca…
– Gostosa…
– Eu sou a sua vadia…
– Desse jeito eu vou pegar pesado…
– Com força…
E os nossos corpos pulsam e em mim se faz cachoeira de prazer…
Após nosso feriadão passamos uns dias distantes. Certo dia eu o convidei para minha casa. Mas minha intenção não era ter um cenário doce e gentil. No entanto, não iria lhe contar meu planejamento. Queria ver qual a reação no ato. Este dia decidi que teríamos uma sessão Wax Play!
As horas voam… ouço a companhia…
– Boa noite minha, gata.
– Boa noite, gatão.
– Cheguei tarde… Não consegui vir jantar aqui. Desculpe-me!
– Sem problemas…
– Alguma novidade…? Nós ficamos um tempo distante… você não me procurou…
– E você fingiu que eu não existia…
– Eu não esqueço de você… Só não… Não… Sei lá… Estou perdendo o rumo.
Eu me aproximo dele. O olhar desliza sobre ele da cabeça aos pés. Uma camisa social preta, uma calça jeans azul, um tênis preto… dentro do modelo esporte fino… Faço o movimento contrário. Fixo em seus olhos. Digo:
– Eu encontro um rumo para você.
Ele vê pela primeira vez uma maldade verdadeira em meu tom de voz. Me olha de cima a baixo:
Uma camisola vermelha com um tanto de transparência, calcinha vermelha fio dental.
– Vamos … Tenho um trabalho para você…
– É hoje que vou conhecer sua cama…
De frente para a porta do quarto fica o criado mudo. Ele observa velas vermelhas.
– Você… Eu… Eu ou você…?!
– Meu corpo é seu…
Falo isso enquanto sento na cama de pernas cruzadas olhando para ele.
– Veja bem, heim… Não vale pedir para parar depois… Porque eu não vou!
– Combinado!
Ele desbotoou os botões da camisa um por um como que em câmera lenta. Olhando para mim. Eu vejo o poder em seus olhos. Eu vejo a admiração. Eu vejo o sádico. Ele me puxa pelos cabelos. O beijo é tão intenso que meu corpo estremece. Me joga na cama. Ele tira minha camisola. Meus peitos pequenos à amostra. E o corpo sem defesa. Acende uma das velas:
– Não vá chorar…
– Só por baixo…
Sorrimos de forma pecaminosa. Ele deixa um pingo da vela cair sobre meu abdômen. Queima mas não quanto queima o meu desejo de submissão. Cada pingo que cai ele passa a língua com suavidade e dá um beijo. São minutos nesse jogo de pingos de velas. Não sei o que me enlouquece mais: O queimor da cera em contato com o corpo ou o deslizar da língua dele sobre minha pele.
Depois de um tempo ele para. Tira as roupas que lhe restam. De forma agressiva me revira com tamanha agilidade que só percebo quando já estou de bruços, quadris sobre o travesseiro e ele dançando, indo e voltando, fora e dentro de mim.
– Você é minha…
– Aí, cachorro…. Aí… Ahhh… Aí… ahhh
– Eu sou seu homem!
– Eu sou sua vadia…
O delírio dele se faz sentir na pressão que sinto nas mãos dele puxando meus cabelos entrelaçados entre seus dedos.
– Você me deixa louco… Eu vou …
– Vai me satisfazer!
– Eu vou te… maltratar!
Nossos corpos explodem.
Ficamos mais uns dias sem ver um ao outro. Lembro do contrato. Preciso ter esse contrato. Tenho ideias e quero seguridade. Deixo-lhe uma mensagem:
“Quero falar com você sobre o contrato”
“Pensei que tivesse esquecido”
“Não esqueci… Tenho termos…”
“Quais?”
“Estarão nas cláusulas do contrato.”
“Sobre isso é pessoalmente”
“Hoje a noite ou amanhã no horário do almoço?”
“Hoje a noite”
“No Aphrodisiac paradise. Hoje às 20h.”
“Eu te busco em casa.”
Horas passam-se e ouço a buzina… Abro a porta e entro no carro.
– Você não esperou meu cavalheirismo.
– Eu sou a dona do carro.
– A dona do dono do carro.
Vejo nele o tom da redenção.
– Chegamos. Reservei a mesa mais discreta possível. Longe dos olhares atrevidos. Eu disse.
– Qual o pedido de hoje? O que você quer experimentar…?
– Salmão ao molho de maracujá e arroz com amêndoas e um Rosé Valduga Naturelle Suave.
– Eu vou lhe acompanhar…
Durante nosso jantar nós nos olhamos e nos devoramos mentalmente. Era notório.
– Como falei: Quero o contrato como nosso mediador de relacionamento. Terá o prazo de validade de um ano apenas. Mas nesse período nenhum de nós dois podemos nos envolver com ninguém.
– Nossa! Não pensei que você fosse fazer questão.
– Faço sim. Meus termos estão lá. É o limite do que pode ou não ser feito. Tanto de minha parte como de sua parte.
– Você tem medo de mim?
Olho nos olhos dele:
– Quero meu direito sobre você…
– Tudo bem… Eu falei que o que você quisesse eu acataria.
Eu tenho um pensamento ousado… Tiro discretamente minha calcinha.
– Sua mão… pegue!
– Safada!
– Quero você dentro de mim…
– Você é muito… Você não está…. Você…
– Agora… Aqui…
Levanto e vou em direção a cadeira dele… me apoio sobre ele de forma que meus quadris encaixem perfeitamente… Ele faz uma panorâmica entre meus lábios, pescoço, peitos e vai descendo até o que é possível ver do vestido. Ele não faz sinal de negativo e expõe seu órgão ereto. Ficamos em um encaixe e desencaixe harmonioso aproveitando nossa “privacidade” e o ponto cego das câmeras. Não podemos perder a postura. Ninguém pode ouvir nossos sussurros e gemidos. Essa dança ritmada acaba com o gozo descendo pelas pernas. Depois do ato, de imediato recorro aos guardanapos e em seguida vou ao banheiro. Ele tira o excesso do molhado do gozo com um guardanapo.
– Você é pior que eu!
– Você está molhado.
– E amarrado a você.
Tirei o contrato da bolsa e uma caneta:
– Leia e assine.
Ele não leu nada. Apenas assinou, me olhou:
– Isso vai ser meu fim…
Os dias passam sem cobranças, sem exageros, sem ligações e mensagens todas as horas, todos os dias, sem presença constante mas sem ausência frequencial. Não queremos esse apego exacerbado. Queremos que flua como a água procurando seu percurso. Não é o fato de termos um contrato que estamos usufruindo de plena liberdade, afinal nossos encontros sempre vem sendo gostosos. Não tem porquê acelerar o que está bom nesse ritmo de caminhar.
De repente ouço a companhia. São 23:00 da noite. Quem será?!
– Oi, minha gata selvagem!
– Devo ficar feliz ou assustada.
Ele mostra o frasco de Orale Ice sabor tequila com limão:
– Esse gosto eu vou misturar com o seu!
Minhas pernas deram uma enfraquecida. “Se beijar na boca é bom, imagina em baixo.” Pensei. E eu não tenho dúvidas. Ele envolve minha língua de forma contínua em movimentos circulares. Eu falo com ironia:
– Você não tem pudores!
– E você não tem escapatória!
Ele não quer demorar. Me leva para o quarto. Me prende entre o corpo dele e a parede. Pressiona meus quadris. Tira minha camisola. Ajoelha e vai baixando minha calcinha enquanto olha para meu rosto e minha região íntima. Estou completamente exposta. Ele levanta. Não me deixa livre. Põe meus braços para cima e segura com força meus punhos enquanto me beija. Me solta. Pega o frasco, abre, põe o produto na mão e com os dedos massageia minha área genital enquanto me olha nos olhos. Digo:
– Você veio me castigar…
– Não…
– Eu fui uma má garota?
– você foi uma boa garota. É por isso que vou ajoelhar diante de você!
Eu fecho os olhos por um segundo e sinto sua língua percorrendo meu íntimo. Sem pressa e com delicadeza. O quente do sangue fervente entra em contraste com o Orale Ice. Ele brinca como quem está a saborear uma bela refeição. Meu corpo inicia sinais de extrema satisfação.
– Aahhhh …. Gos… Aaaaiiiii…. Aahhhh… Gosto… aaaiiiiii… Gostoso…
– Quando você cair, eu paro…
Ele pausa só para falar… Mas brinca com o indicador e o médio ora passeando ora introduzindo no meu íntimo. A mão esquerda só fica pressionando meu quadril. Passam-se minutos nesta sessão de língua e dedos em movimento, meu corpo cede. A super lubrificação escorre pelas pernas. A água molha o chão. O gozo faz o corpo esmorecer.
– Por hoje é só! Fiz o que queria fazer. Boa noite. Até breve…
Eu nem tinha reação. O coração disparava e eu ainda estava regulando a respiração. Bateu a porta e foi embora.
Dias passam e nós no mesmo jogo: Não prende, não solta e seguindo os termos do contrato. Hoje quem vai surpreendê-lo sou eu.
Já sei que é dia de folga. E hoje ele está em casa o dia todo. Do mesmo modo que ele fez eu farei: Não avisarei nada, apenas vou tocar a campainha.
– Nossa, não esperava a sua vinda!
– Você sumiu da minha presença.
– Sumi do seu pensamento?
– Não…
– Então tudo bem!
– Isso é deboche…
– Se eu não sair da sua cabeça, qualquer hora posso estar na sua presença.
– Ou não… Pode ser que eu não queira.
– Você veio até aqui… veja!
– Sim… mas…
Ele me interrompe com um beijo caloroso.
– Eu estava preparando algo para mim… você… nós…
– E o que seria…
– Hoje ou depois?
– Faz muita diferença?
– Não… Não faz… mas se eu começar, não vou parar até finalizar.
– Hoje… Agora!
– Sente-se aí, nessa cadeira.
Ele traz uma corrente e coloca nos meus pés.
– Você…
– Vou te acorrentar aos pés da minha cama. Quem manda aqui sou eu!
No nosso contrato diz:
“toda ocasião que o casal encontra-se em residência particular de um ou outro, o dono do recinto tem prioridade sobre as ordens quando dada a sinalização por meio da frase descrita abaixo:
“Quem manda aqui sou eu.””
E eu já vi que agora era o começo da catástrofe corporal.
Ele ordena que eu deite no chão, desabotoou minha blusa, deixou meu sutiã exposto. Fez uma reversa entre beijos e mordidas pelo meu abdômen. Foi na gaveta da cômoda e trouxe um chicote e uma vela. Ele olha para os dois como se estivesse escolhendo.
– Sente-se.
Eu olho para o chicote e só penso com receio e entusiasmo na sensação. Uma mistura de dor e prazer. Ele tira minha blusa, meu sutiã. Brinca com meus seios.
– Você é minha, vadia.
Ordena que eu ajoelhe ele fica em pé do meu lado.
– Se chorar, leva o dobro.
Uma … duas … três… bateu forte para doer mas não o suficiente para machucar. Meu íntimo se inunda no cenário da submissão. Ele fica de pé em minha frente, desabotoa a bermuda e expõe seu órgão. Puxa meu cabelo e direciona minha boca:
– Me satisfaça!
Eu apenas obedeço. Minha língua percorre cada detalhe do comprimento numa dança harmoniosa. Ele segura meu cabelo firmemente e explode em minha boca. Não dispenso o fluido. Eu não jogo fora. Ele me olha com brilho nos olhos.
Depois do ato consumado, ele só me olha como quem não sabe o que deve ou pode fazer mais.
– Eu te quero tanto que prefiro até não querer.
Pega novamente o chicote e uma… duas… três… me levanta bruscamente, me beija de forma grosseira. Ele parece enorme diante dos meus 1,60.
Dias passaram e eu acordei o puro suco de maldade. De todas as sensações que eu senti, ele vai provar a dor e o gosto pelas minhas mãos. Faço um convite para que venha em minha casa. Prometo-lhe um jantar. Não esboçei reação maléfica. Sustento uma personagem doce e gentil.
Ouço batidas na porta…
– Oi, tudo bem?
– Tudo bem …
– Como você está?
– Bem… e você?
– Eu estou com fome. Só estava esperando você.
Rimos.
Ele não percebe o que lhe vem pela frente.
– Macarronada… Bom…
– Vinho…?
– Aceito.
Durante o jantar, a conversa são sobre temas referentes ao trabalho, aos flagelos sociais, à economia e diversos assuntos. Entre goles de vinho nenhum indício de perversidade de minha parte. Ele até tenta mexer comigo mas não tem sucesso.
– Você está linda!
– Obrigada.
– Você não está olhando nos meus olhos…
– Qual o problema?
– Você só fala olhando nos olhos.
– Nem toda hora eu falo olhando nos olhos.
– Você está fria… Distante…
Paira um silêncio e veja na expressão facial dele a confusão que lhe ocorre no pensamento.
– Fecha os olhos.
– Vou ganhar um presente?
Levanto da mesa em silêncio. Ignoro sua pergunta. Vou até o criado mudo do meu quarto e peguei a venda. Na volta para a mesa, certifico-me que ele mantém os olhos fechados. Coloco a venda sobre seus olhos.
– Quem manda aqui sou eu!
Ele, pela primeira vez, não tem palavras. Faz um silêncio e não esboça reação.
– Levante-se. Venha!
Conduzo ele até minha cama.
– Deite-se e erga os braços.
Ele obedece. Então peguei a algema que estava já posta no criado mudo. Desabotoei sua camisa e deixei seu abdômen exposto. Dou um beijo demorado e disputamos com nossas línguas quem mais domina a outra. Paro. Deslizo minha língua com pausas para mordidas pelo pescoço, peitoral e abdômen. Ele só se contorce sem poder, pela primeira vez, me tocar. Acendo as velas e posiciono para que os pingos vão caindo aos pouquinhos e agora quem comanda o Wax Play sou eu!
– Malvada…
– Você gosta… eu sei…
– Me pegou desprevenido…
– Eu também sei ser ruim…
Só de olhar os pingos cair e as mãos dele contrair já me é satisfatório.
– Eu fui um mau garoto?
– Você é um garoto bom.
– Porque estou de castigo?
– Só para minha satisfação.
Depois das velas eu desabotoei sua calça, ele está ereto. Brinco com ele em minha boca.
– Me dá o direito de te tocar… Seu cabelo, seu corpo…
– Não… hoje você é meu!
Tiro a venda dos olhos dele e deixo ele me ver… deixo meu roupão cair deixando minha lingerie cor de vinho à amostra. Ele se contorce.
– Isso é sacanagem!
Tiro minhas peças íntimas e fico exposta. Me posicionei para uma bela cavalgada.
– Assim não…. Não… tarada!
– Gosto de você dentro de mim… é tão… tão… gostoso…
– Quando eu te pegar… vadia!
– Xinga mais que eu gosto…!
Minha excitação é tanta que cada galopada me escorre as águas molhando o corpo dele e inundando os lençóis da cama.
Dias depois do nosso último encontro, ele me convida para um final de semana numa casa de praia. Dessa vez não vamos só nós dois. É um encontro de amigos. Temos alguns em comum. Para agilizar a viagem e poupar mais gasto com combustível, o combinado é que alguém deixe o carro e pegue carona com o outro. No final o resultado do combinado, fomos eu, ele, e três amigos no carro dele. Entre conversas e períodos de desvio de vista, ele me olha da cabeça aos pés. Não sei se por ignorar ou por uma certa exposição do que existe entre nós dois para os companheiros de viagem. Era apaixonante e constrangedor ao mesmo tempo. Mas esse ainda não foi o pior acontecimento! No dia seguinte ele, em uma ocasião, se aproxima de mim e me beija com tanta vontade enquanto pressiona meu corpo contra parede em frente aos amigos. Alguns ignoram a situação com até uma normalização, já outros parecem sentir certa excitação. Ele observando a situação:
– Pode esquecer! É só minha… Ela é minha. Entenderam?
Não sendo bastante, ele me puxa pelo braço de forma a me dar um direcionamento. Tinham três quartos: Um para meninos, um para meninas, e um para utilização de casais. Ele bate a porta e me empurra para dentro:
– O que eles não podem, eu posso fazer…
Ele me põe de quatro e me penetra com força. A brutalidade é tanta que se ouve os sacolejos da cama. Entre idas e vindas, ele dá tapas nas minhas nádegas. Dói mas me deixa super lubrificada. Puxa meu cabelo:
– Gostosa… Vadia….
Ele para e empurra meu corpo contra a cama. Meu rosto fica grudado no travesseiro. Ele me vira tão rápido que quando percebo estou olhando nos olhos dele enquanto ele entra e sai entre as minhas pernas. Pressiona minha cintura e empurra o máximo que pode. Ele não desperdiça um centímetro do seu comprimento. Se estão a ouvir meus gemidos eu já não me importo.
– Aí, cachorro…
E o gozo vem junto ao squirt.
Depois do ato consumado, hora do banho. E ele não quer entrar só no chuveiro.
– Vamos tomar banho…
– Pode ir , depois eu vou.
– Não… venha comigo.
Durante o banho nossos beijos são violentos. Ele, como sempre, põe a mão no emaranhado dos meus cabelos. De repente me coloca de costas para ele. Inclina meu corpo. Ele ereto novamente me invade.
– Eu sou louco por você… minha gata…
Nesse segundo round, o gozo escorre pelas pernas. Junto a água que percorre nossos corpos.
Acabado o ato, ele sai do quarto com um ar de soberania e satisfação. Eu saiu um tanto envergonhada mas de cabeça erguida. Ouço o sussurro de uma das meninas:
– É a favorita.
Eu finjo não escutar. Vou reler meu Dom Casmurro para analisar se não deixei passar nenhum detalhe. E elas continuam a comentar entre cochichos. Percebo. Ele vem e faz Capitu virar um assunto:
– Capitu é culpada ou inocente?
– Não sei…
– Pode ser mero acidente ou coincidência total semelhança?
– Bem… Geneticamente, com as misturas de povos, é possível.
– É um subjugo…
– Um equívoco.
– Um familiar dele pode ter essas semelhanças… um tataravô, por exemplo.
– Toda essa questão porque Capitu não era moldada aos padrões adequados.
– Mas o Machado descreve vários cenários tendenciosos.
– Pode ter existido um querer…
– Se foi ou não só cabe a Machado de Assis!
E assim seguem nossos dias: Contos de fadas e contos de fodas. Ora ele vem me procurar. Ora eu vou a procura dele. Com doçura ou amargura, sempre estamos curtindo nossos momentos e nossos corpos. Nem sempre temos tempo de sobra para nossas brincadeiras.
Um dia eu ligo para ele. Chama, chama, chama e ele não atende. Insisto e após minutos estabeleço contato.
– Alô.
– Oi, está muito ocupado?
– Sim e não.
– Tem um minuto?
– Tenho mas… Vem aqui hoje.
– Você está no trabalho hoje.
– Por isso mesmo.
– Houve alguma coisa? Precisa de algo?
– Quero você aqui.
– Safado…
– Vem que estou louco para te ver… Te tocar…
Eu vou. E quando chego lá está na hora do final do expediente. Só ficou ele no escritório para concluir o fechamento do relatório.
– Boa noite… Gato.
Falo com um tom de voz provocador.
– Boa noite, gata!
Ele fala percorrendo meu corpo de cima a baixo.
Ele vem em minha direção. Segura meu quadril com força. Me beija. Eu tiro o nó do laço do meu vestido, que marca minha cintura e ele sai deslizando ombro abaixo mostrando meu espartilho.
– Ordinária…!
– Só um pouquinho.
Ele me suspendeu e me colocou sentada sobre a mesa do escritório. Me beijou com fúria descontrolada. Desabotoei sua camisa e sua calça.
– Você quer seu homem dentro de você?
– Quero…
Ele afastou a minha calcinha para o lado com a mão esquerda e segurou firme meu cabelo com a direita. Me penetrou sem moderação.
– Cadela…
– Aí, que delícia!
– Vadia…
– Eu vou … molhar … você…
– Eu gosto…
E continuamos sempre nesse jogo de romance e perdição. Rapidinhas não são exceção. Nós nos falamos durante o dia mas não estabelecemos uma rotina amorosa com sinal de comprometimento. E nós nos colocamos à prova a qualquer hora ou utilizando o nosso poder de acordo com o contrato para submeter um ao outro. Às vezes ele. Às vezes eu .
Dias depois ele está na minha casa. E eu estou no comando. É meu dia de ser a dominadora.
– Quem manda aqui sou eu!
Ele não reage. Apenas aceita. Pego o chicote:
– Ajoelha!
Uma, duas, três… Ele fica parado durante a contagem e os açoites. Quando termino a sessão ajoelho próximo a ele de modo que veja suas costas vermelhas e deslizo minhas mãos de baixo a cima. No movimento suave dou beijos e deslizo a língua que umedece a pele dele com minha saliva. E sussurro bem ao pé do ouvido:
– O seu dever e o seu direito é ser só meu e me servir na hora que eu quiser…
– O que você deseja.
– A sua língua…
Sento na cama com as pernas abertas passando o dedo no meu íntimo com a mão esquerda e faço um sinal de “vem” com a mão direita. Ele ajoelha e faz o seu ofício. Sempre usa o indicador e o médio para auxiliar. Língua fora e dedos dentro de mim. E eu gozo assim….
Após o ato. Beijo sua boca buscando meu gosto na boca dele…
– Safada…
– É meu gostinho… Eu gosto mesmo…
E de fato eu e ele sempre fazíamos isso. Depois que ele fazia o oral, eu beijava a boca dele. Ele também agia desse modo. A maior segurança e confiança é não ter receio de si mesmo. Então para nós, nosso gosto, nosso gozo era altamente comestível.
O que me fez recordar um diálogo entre amigas super interessante:
– Eu tenho nojo. Cuspo.
– No meu caso é porque devido a bebida e o cigarro fica um gosto muito amargo.
– Verdade. Reparei isso…
– você toma dipirona para dor de cabeça. Não é desculpa.
– Não é obrigatório engolir…
– Cuspir eu acho broxante.
– Quando não costuma consumir álcool fica até um pouco adocicado.
– Se não for para engolir, é melhor gozar na cara.
– Tão fazendo estudo heim…
Caímos em gargalhadas.
Os dias passam e o tempo estimado para invalidação do contrato também. E nesses ciclos de saídas, passeios, marcamos um final de semana para viajar a sós para aquela casa de praia. Não sei o que passava na cabeça dele, mas na minha surgiu muitas malandragens. No primeiro dia de nossas viagens era costume não acontecer nada mas no dia seguinte algum de nós dois sempre buscava um acontecimento.
– Está calor! Vamos caminhar na praia?
– Olha lá o que você vai fazer…
– Nada… se não conseguir…
– Se você me provocar…
– Eu nunca te provoco.
E sai um riso contido e debochado.
Durante o caminho percebo pouco movimento. “Se lá na areia estiver deserto assim, é hoje que nós faremos um show diante das estrelas e da lua.” Penso. Porém a praia estava cheia de gente. E eu me senti infeliz. Na volta a rua estava deserta. Eu dei uma pausa na caminhada.
– O que foi?
– me beija…
– Se eu ficar armado você vai ter que sofrer…
– Eu sofro com vontade…
Nosso beijo sempre é vívido. Cheio de tesão. Cheio de fogo. E sem pudor. Ele sempre pressiona meus quadris. E eu derreto.
– Ali … Vem…
E vai me puxando todo apressado. É uma árvore grande com troncos grossos. Ele me prende entre o corpo dele e o tronco da árvore. Tira minha calcinha e sobe o vestido. Sua ereção se faz presente. E eu sinto seu movimento forte dentro de mim.
– Você me deixa louca!
– Você já era louca… descobri tarde.
– Hum… Aí, gatão…
– Sou todo seu…
– Mais … mais …
– Minha vadia…
– Assim…. as… ahhh
Ora delicado, ora acelerado, ora agressivo, ora sutil e assim vai me invadindo.
– Vagabunda!
Nessa hora o impacto no útero sinaliza a explosão dele.
– Goza na minha boca.
Ajoelho e recebo o seu fluido.
E nossas vidas seguem sem falar de amor, mas com carinho e paixão. Levamos nossa relação mantendo uma distância razoável de um relacionamento sério pois ninguém decidiu se entregar a isso mas sem descarte de qualquer relacionamento casual. Saímos juntos, dormimos juntos e seguimos o estabelecido pelo contrato.
Semanas passam e eu me reviro na cama em meio aos meus pensamentos sobre o término do contrato. Será que devo renovar? Ele vai querer renovar? Todo esse tempo sobre mediação do contrato nos demos bem. Será que sem o contrato as coisas funcionam ou desandam?
Após dias reflexivos sobre o contrato, deixo mensagem:
“está na hora de uma conversa franca sobre a renovação do contrato!”
“Você julga tão necessário?
“Sim”
“Hoje à noite vamos dar uma volta na praça da cidade. Te busco em casa.”
E pela primeira vez é um programa diferenciado. Sem jantar, sem luxo, sem comidas chiques e vinhos. Desconfio. Fico apreensiva.
Buzinas…
Até o centro da cidade, ele fica quieto, pensativo, sério. Na praça ele me leva para um banco. Nossa visão é de outros casais em seus encontros. Mas barraquinhas, na sorveteria da esquina, na cafeteira e até nos outros bancos. O silêncio dele é quebrado. Ele fala de cabeça baixa:
– Todos esses dias eu amei você… Eu quis você… eu quis te pertencer…
– Agora não quer mais?
– Tenho medo.
– De quê?
– O que vai acontecer se eu fizer o que quero fazer…
– Seu risco é não ter o resultado que deseja.
– Eu nunca vi necessidade de um contrato entre nós. Quem quis foi você. Por insegurança ou falta de confiança em mim.
– Sim… me sinto mais segura assim…
– Gosto de você, da sua companhia e dessa relação.
– Nós estamos bem desse modo.
– Não quer rótulos. Eu sei… mas… A gente fica junto até quando a gente quiser. Não é?
– Com uma terceira pessoa eu não quero. Gosto de exclusividade. Você sabe.
– Mas se for uma escolha minha com contrato ou sem contrato eu só querer ter você…?
– Então com ou sem contrato seremos só você e eu.
– Então… se sempre só você e eu, não precisamos de um contrato. Eu não quero mais essa relação com contrato. Casa comigo…
– A gente casa pelo contrato. Aumentamos o prazo para dois anos.
– Tô sendo dispensado!
– Não se faça de coitado. Assine o próximo contrato.
– Qual o problema em casar?
– Esqueça essa questão… vamos sair daqui… eu gosto de você, mas para casar não! Vamos viver essa paixão apenas. Vamos embora.
Ele me olha com um ar de decepcionado, frustrado:
– Qual seu destino?
– Não fique assim… Você sempre viveu sem um casamento. E um contrato é mais ousado. Você sabe que nossas brincadeiras sempre são gostosas. O contrato é o que nos torna quem somos: amantes do desejo.
– Para onde quer ir…?
– Seu quarto…
Ele sorri discretamente.
– Você me dispensa na sua vida mas não no meu quarto…
– Você está sendo dramático!
– Vamos embora…
Ao entrar no apartamento ele me segura de forma grosseira. Me empurra agressivamente para o quarto e me arranca as roupas. Me jogou bruscamente na cama. Rasgou meu vestido de tanta força! Viu por baixo uma nova lingerie cor de vinho. Me deu uma trégua. Observou cada detalhe do meu corpo da cabeça aos pés. Deitou o corpo dele sobre o meu. Me beijou com um ritmo calmo. Pela primeira vez nossas línguas se desencontraram. Eu por não reconhecê-lo na sua dor momentânea e ele por sofrer uma desventura. Não sei o que exatamente houve. Não imaginei que um não seria de tamanha indignação. Digo:
– Eu sou sua…
Ele levanta rapidamente e busca uma mordaça. Fala:
– Quem manda aqui sou eu!
Me puxou para a varanda. Me pressionando contra a parede. Puxava meu cabelo, me beijava, mordia meu pescoço, pressionava meu quadril, apertava minhas coxas e me fazia sentir seu membro ereto.
– Você é minha, vadia!
Me levou para dentro do quarto novamente. Rasgou a minha lingerie demonstrando raiva. Pegou uma corda. Me apontou a cadeira que lá estava. Sentei. Ele colocou minhas mãos para trás e amarrou-as. Foi na gaveta e pegou velas e o Orale Ice. Os pingos da vela caíram sobre as minhas coxas. Ele olhava para mim com satisfação e ódio. Na pausa dos pingos das velas, me beija, morde o meu pescoço ou morde meus seios. Ele para. Pega outras cordas e vem amarrar meus pés um em cada pé dianteiro da cadeira. Depois de cansar me vendo suportar tantos pingos de velas, ele despeja o Orale Ice na mão e sem pena invade minha área íntima. Sinto a pressão dos seus dedos sobre meu relevo deslizando ora suavemente ora com pressão. Recorre novamente ao indicador e ao médio. Eles vão trabalhar no vai e vem, vai e vem e eu fico me contorcendo. Eu não posso gritar, falar, tocar e me auto socorrer. Só sinto o corpo em seus espasmos. Ele olha nos meus olhos enquanto deixa os lábios próximos aos meus:
– Meninas malvadas merecem castigos.
Em seguida me libertou das amarras. Eu fiquei livre mas sem reação. Só conseguia olhar para ele de cima a baixo com satisfação. Ele despiu-se. Vejo seu corpo todo a amostra. Vou em sua direção e dou uma mordida em seus pescoço. Desço deslizando a minha língua pelo seu peitoral enquanto vou ajoelhando. Recebo sua ereção em minha boca junto ao sumo da lubrificação. E brinco com chupadas e deslizes de línguas. Inclino a cabeça para olhar nos olhos dele. E ele me olha com os olhos de fera.
– Quero você de quatro, minha cadela.
Obedeço e espero o próximo ato. Sinto o deslizar dos dedos molhados dele entre meu ambiente íntimo. De repente meu corpo em um impulso tenta fugir de uma dor moderada que invade meu ânus. Ele não permite e segura meu quadril com força fazendo com que o encaixe permaneça. Joga um frasco de Dark Profund de forma que eu veja e diz:
– Só vai doer um pouquinho…
– Filho da pu…
– Calada! Quem manda aqui sou…
Meu corpo se acostuma com a sensação. Ele vai e vem, entra e sai. Ora com pressão, ora com gentileza. Ele soca com força e para.
– Ahhhhhh
Depois de saciado. Me recomponho. As pernas um pouco bambas. Caminho para o banheiro e vou tomar banho. Ele vem em seguida.
– Deixe escova de dentes para você no armário. E o seu sabonete está na parte de baixo. Dois kits de shampoo na lateral junto com seu creme de cabelo. Perfume, pode usar o meu.
Entra no chuveiro e nós dois estamos esfriando nossos corpos em baixo do chuveiro. Ele me beija suavemente. Nossas línguas se abraçam.
– Amanhã, pode trazer, eu vou assinar o contrato.