Não tinha medo a tal Vilma de Santa Bárbara, e resolveu salvar o marido, que nas drogas se perdeu. Deixou pra trás, toda a crença, e religião da fazenda onde nasceu, só pra sentir no seu sangue, o efeito que o entorpecente lhe deu.
Quando criança só pensava em ser banida, e se livrar da ladainha, que Cristo por ela morreu. Era um terror de mentes afetadas, mas agora com essa droga, será que finalmente aprendeu?
Ir para a igreja só pra alimentar o dinheiro da caixinha, e acender as tais velinhas no altar. Sentia que tudo isso, seria mesmo indiferente, e realmente “aquilo” não era o seu lugar.
Mas pensando bem, trocar isso pelo inferno de ver o seu marido anestesiado, e derrubado até o chão? Juntou forças que não tinha, e finalmente o juízo foi prevalecer sobre a emoção.
Corria todas as esquinas da cidade, nas mocinhas dando autoridades; fazendo boquetes caprichados nos cacetes com um ar de professora. Juntou quinze clientes das chupetas, foi para o fundo do inferninho, onde aumentou sua ousadia, sem falar da maestria de engolidora.
Não entendia como essas artes funcionavam. Discriminação, ignorando causalidade, dizendo que isso não é amor. Ficou cansada de tentar achar uma resposta, pagou a multa do infeliz do seu marido, e foi tentar recuperar dignidade independente do tal salvador.
Voltou para a comunidade, e lá chegando foi tomar um cafezinho. Encontrou um ricaço olhando para o seu corpinho, com quem foi falar. E o bacana tinha uma passagem, e ia perder a viagem, por qualquer motivo, e Vilma foi copiar (1).
Dizia ele “Tenho passagem marcada para o Rio de Janeiro, neste país, cidade melhor não há”. Olhou para o degote dela, continuou: “Pensava eu, visitar a minha filha, mas fico aqui e você vai no meu lugar”.
Passou a mão na sua perna, prosseguiu no discurso “Só para isso, dá um trato aqui no bicho”, e Vilma aceitou, ajoelhando sob a mesa. Desfivelou, passou o mastro para a boca, ouvindo na cabeça “Ó Ipiranga, meu Pedrinho libertou”.
Com a gozada, o figurão ficou agradecido, e para Vilma, foi beatificado, quando viu que além da passagem, pela gulosa no capricho, ele lhe deu mais 400 paus, fora o telefone, pra qualquer intercorrência (2), que ele anotou.
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“Meu Deus, mais que cidade linda no Ano Novo eu começo a trabalhar”, pensava Vilma sobre o Rio e a zona metropolitana. Copeira, cozinheira, espanadeira, não importa a eira, Vilma sabia se virar. “E pra jacaroa, que nada até na lagoa, isso é o Paraiso de Cangoa”.
Ganhava dois mil por mês em São Gonçalo, e na sexta à noite, ia pra dentro da metrópole, ganhar mais do que gastar, que como prostituta de luxo, aprendeu a trabalhar.
Conheceu muita gente interessante, e transou até com um bastardo do Sílvio Santos. Um peruano costumava lhe tirar farinha, não pagava o que devia, mas servia como o seu protetor. Muita coisa por lá rolava, o nome disso é promiscuidade, ou conforme as beatas, que o padre disse “é sem-vergonhice”. Vilma ligou o fogo, apertou o foda-se, e achou que é melhor do que sustentar marido na vagabundice.
Mas o dinheiro não vem fácil para quem tem que se alimentar. Ela ouvia às sete horas do noticiário, que sempre aparecia morta, prostitutas, travecos, e até mulher de bem. Sentia o frio na espinha, e com as “primas” sobre isso não queria mais conversar. E decidiu fazer um pix para o ex-marido, voltar com ela, se encontrar no Rio, e ver pra ele uma colocação.
Elaborou melhor o plano, e oração sem Jesus ser crucificado, para o anterior amasiado foi telefonar. Logo, logo o maluco chegou na cidade, soube da novidade, que sua mulher era a cafetina do lugar. “Tem bagulho do bom aqui, ganha-se dinheiro até na flanelagem, mas de corno eu não sei pagar”.
Ele dizia isso, deu sujeira no poleiro (3), mas Vilma não desistindo, a cabeça do seu macho foi alugar. Mostrou contato dos seus amigos ricos, fez demonstrações daquele nicho e o requinte do pedaço. Foram para festas de rock, fez das titicas ele se libertar; Mostrou toda a sua influência, fez ele ganhar dos playboyzinhos, e das mocinhas, fez o infeliz tirar cabaço. Mas o cara era fila-da-puta, não acostumado com luxo, traficou; Já na primeira empreitada se enroscou, e pro “inferno” ele foi pela primeira vez.
Violência e estupro do seu corpo, sofreu Vilma, já que reputação de boa dama, o marido a fez perder também. Agora o marido era bandido de vez, e por estar em lugar temido, só uma vez por mês, era pela mulher visitado. Vilma passou a ter medo de polícia, pois mulher de trafica, mesmo com total malícia, nunca é respeitada.
Foi quando conheceu um bom menino (4), filhinho de papai, e de todos os seus pecados ela se arrependeu. Com ele, passou a frequentar cultos semanais, e como era menino lindo (5), casamento com ele, ela prometeu. Só disse ser necessário, tirar o ex-amasiado do xadrez, enviando-o para Santa Bárbara do Oeste, aquela cidade do Paraná, antes dos pombinhos se casarem.
Ele era compreensivo, estudava Direito, Vilma lhe dava até o traseiro, e chupava o seu pau com maestria. “Bom sujeito, e um filho com ele eu quero ter”.
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O tempo passou, e um dia vem na porta, um senhor de alta classe com dinheiro na mão. Ele fez uma proposta indecorosa, e disse esperar uma resposta, “ainda hoje” da Vilma Poderosa (codinome de dama).
“Não boto banca em revista, nem jornal (6); nem discurso pra criança (7), isso eu não faço não! Mas vou com o general, e dez halterofilistas, a me processarem, e gozarem de montão”. Dizia Vilma, e a consolar o novo marido, que ela era puta experiente, sabendo de tudo que tava fazendo, podendo ele também se beneficiar.
Mas este disse que era papo esquisito, que não tava entendendo nada, e outro plano estava em mente. Mas antes do homem sair, com olhar displicente, ela ajoelhou e disse: “Você não vê que a minha vida tá em jogo, e ainda preciso ver os meus irmãos, lá em noroeste do Paraná?”.
O rapaz não deixou a mulher prosseguir, nem o general falar; na Vilma pôs a venda, surpreendeu em avançar, e colocou-a sob um alçapão. Não é que o novo dono de Vilma de Santa Bárbara era homem decidido com a Bíblia debaixo do braço? Sabia das vias, ligou para o delegado, o caso denunciou de corrupção, e disse ninguém o fazer de palhaço.
O contra-ataque foi ligeiro, pegaram ele pelo meio, os capangas que adentraram pelo barulho, e uma pinga com pimenta o obrigaram a tomar. Ainda na pior desgraça, descobriu que o delegado era comparça, e prostituição escravizada era costume do pedaço.
Procuraram e telefonaram, ao ex-marido, ver se encontravam em Santa Bárbara, e disseram que da morte era merecedor. Também roubaram muito dinheiro do novo corno metido a doutor, que não reagiu, até porque estavam munidos de fuzis.
Levaram Vilma numa mala, com direito a abertura minúscula, que era seu respirador. Lá dentro, pensava ela, que pra Santa Bárbara, nunca mais devia voltar.
O plano tava perfeito, mas acontece que um tal de Jeremias, que não é o da Bíblia, pela Vilma também estava apaixonado. Ele também era da quadrilha de polícia, com renome de milícia, mas que era mascarado.
De noite, esperou todos dormirem, à Vilma trocou de porta-malas, mas para um com ar condicionado no seu interior. Para ela prometeu proteção, simulou a deserção, e dali um tempo, com ela estava amasiado.
Vilma decidiu com tudo isso acabar, aceitou o macho, e dele foi pegar barriga. Mas o filho não vingou, que por causa de um flagra de suruba de aumento de renda, ainda no início da gravidez, ela foi cair de um elevado, logo que começou a briga. Juntou gente, com a queda quebrou a perna, mas evitaram que ela fosse apanhar.
Foi internada num hospital, lá teve o quarto apaixonado, pois que logo de manhã, porra dele ela passou a engolir. E decidiu usar calcinha só depois que saísse daquele hospital. Dessa forma, ela seria mais feliz, a se insinuar de camisola, para médicos, enfermeiros, e pra quem mais quis.
Desvirginou alguns mocinhos (8), seduziu o diretor, quem a alta dela foi atrasar. Além disso, conseguiu a protetiva contra o policial, com quem iria oficializar. Diante do flagrante de Lei Maria da Penha, este não teve o que dizer, e para manter posição de respeito, preferiu o facho sossegar.
Sobre o antigo marido, ela soube que não mataram, e que pouparam, mas para o “inferno” da cadeia, ele foi pela segunda vez.
Com o diretor do hospital, Vilma se casou, e um filho dele ela teve. Pra Santa Bárbara não voltou, mas pela internet começou a se comunicar. Cristo é só amor, e o novo marido era cético demais.
No facebook tinha primos, amigos, parceiros de infância, todos da sua tolerância, e Vilma com um só homem, já ficou querendo mais. Na sua cabeça começou uma disputa, e quero ver quem domina, pois as enzimas e os neurônios não dão conta, não!
Nos vídeos que recebia, era só putaria pesada, e começou fantasiar. Tinha garganta profunda até o pescoço, dez caras na mesma puta, traçalhando até o osso, e outra dando o cu e o intestino para o “senhor empalador”. Nada que fosse da sua obrigação e alçada, mas se sentiu superada, já que “até hoje”, sempre foi “comportada” em surubas de elevador.
Em frente a um chamado Lote 14, começou fazer boquetes, penetração na posição em pé, encoxadas e passadas de mãos, num lugar que era, já tachado de prostituição naquele bairro.
Quando os pivetes viram o maridão se aproximar, muitos temeram acontecer o pior. “Ele vai jogar ela numa cova, deixar a gente de prova (9), aplainar o terreno e concretar, para por cima, encher de carros".
Sem parar o que estava fazendo, Vilma, a boazuda em questão, continuou com uma pica na boca, e outras duas nas mãos. Era sábado, duas horas da tarde, o sol escaldante dava magia pro lugar.
O diretor do hospital, que não gosta de ver sangue, com traumas de óbitos de crianças, colocou as mãos... e a cinta foi retirar. Passou para um moço do lado (10), e à rodinha foi juntar.
Sem saber se o pinto tava lavado, Vilma passou também à boca, esse pau que já lhe era familiar. Daí foi uma coisa louca, sentiu o perdão daquele homem, com alegria indescritível. “Atire a primeira pedra, quem não participou de surubas em favela”, foi o que disse Jesus defronte ao Lago Tiberíades. Sentiu-se orgulhosa quando, à galera ele disse “esposa melhor que essa não existe”, além de que na sua boca, ele deu uma gozada incrível.
Os moleques deram uma salva de palmas, e uns gritos em coro, pois que era mesmo lindo, um casal se dando bem (puta leve e um feliz corno). E além disso, haveria em praça livre... promessa de orgias também.
Notas das gírias:
(1) foi copiar: entender melhor a história
(2) telefone para qualquer intercorrência: cantada indireta
(3) deu sujeira no poleiro: problema já previsto, inevitável
(4) bom menino: trata a prostituta com respeito
(5) menino lindo: que tem dinheiro, bom partido
(6) botar banca em revista e jornal: foto pornô e entrevista vulgar, respectivamente
(7) discurso pra crianças: vídeos de webcam para masturbação de adolescentes
(8) desvirginou mocinhos: na verdade, iniciou estagiários na putaria de hospital
(9) deixar de prova: ameaçar caguetas
(10) passar a cinta (ou outra arma): assinar a permissão do delito