- Vamos, Bernardo, vamos para casa. Já tivemos emoções demais por hoje.
Ele praticamente me arrastou até seu carro, pois eu estava tão atônito com aquilo tudo que minhas pernas não me respondiam direito. Entrei no carro e já comecei a chorar silenciosamente.
- Desculpa, Bernardo, eu não devia ter te trazido pra cá hoje. - começou Zeca tentando se desculpar.
- Não foi culpa sua, não tinha como você saber que eles estavam aqui.
- E agora, como vai ser?
- Não sei, tenho que deixar o Felipe me procurar primeiro porque a essa hora a Mariana já deve ter contado tudo pra ele. Só espero que ele não tenha revelado nada sobre nós porque aí sim ela faria alguma coisa contra ele.
Chegamos ao meu prédio, me despedi dele e caminhei até a portaria. A chuva fina se misturava às minhas lágrimas.
O que seria de mim e do Felipe agora?
Ele me perdoaria por ter mentido pra ele, me daria outra chance de fazer certo?
No fundo eu acho que merecia aquilo por ter enrolado com aquela história por tanto tempo.
Entrei em casa, me despi e deitei abraçado ao meu travesseiro. Não consegui dormir, então liguei o rádio, música sempre me acalmava e me sentei no parapeito da janela observando o movimento dos carros lá embaixo. Tocava uma conhecida canção da Gal:
“Meu bem, meu bem
Você tem que acreditar em mim
Ninguém pode destruir assim
Um grande amor
Não dê ouvidos à maldade alheia
E creia:
Sua estupidez não lhe deixa ver
Que eu te amo
Quantas vezes eu tentei falar
Que no mundo não há mais lugar
Pra quem toma decisões na vida
Sem pensar
Conte ao menos até três
Se precisar conte outra vez
Mas pense outra vez
Meu bem, meu bem, meu bem
Eu te amo”
(Sua estupidez – Roberto Carlos/Erasmo Carlos)
Logo a noite caiu e, perdido nos meus pensamentos, só notei isso quando minha mãe e minha tia chegaram do trabalho. Jantamos juntos, mas resolvi não contar nada do acontecido a elas. Não queria ficar remoendo minha desastrosa tarde.
Antes de dormir pensei em ligar para o Felipe e ver como estavam as coisas, mas achei melhor lhe dar uma noite de sono para pensar melhor em tudo.
No dia seguinte levantei sem ânimo, como se meu corpo previsse o estresse emocional que viria.
No caminho para a escola minha mãe percebeu meu silêncio e fez perguntas, mas procurei disfarçar dizendo ser apenas sono.
Desci na porta do colégio e ele me esperava encostado no muro, como sempre.
Meu coração se encheu de alegria, ele ainda queria me ver! Foi bom ter lhe dado tempo para digerir a história. Abri um grande sorriso e fui em sua direção. Ao chegar mais perto meu sorriso foi desaparecendo ao notar sua expressão séria e seus olhos inchados.
- Lipe...
- Vamos conversar lá dentro.
Ele se virou e foi andando sem me esperar. Entendi que era para segui-lo. A cada passo sentia meu coração se apartar mais. Eu segurava forte para as lágrimas não descerem. Não estava com uma boa impressão da conversa que iríamos ter. Ele entrou no banheiro do ginásio e fui em seguida. Ele me esperava encostado na parede do fundo. Fui chegando perto.
- Lipe...
- Então você e a Mariana já se conheciam? - falou com raiva.
Decidi que era melhor deixar que ele desabafasse antes de pedir desculpa.
- Já.
- Ela me contou histórias magníficas sobre você!
- Posso imaginar o que ela te contou.
- Sim, lógico que imagina! Você se jogou em cima do garoto, tentou roubar o namorado dela!
- Não é verdade!
- Você está em condições de chamar alguém de mentiroso?
- Eu e ele nos apaixonamos, ele terminou com ela, que com raiva se vingou de mim!
- E foi muito bem feito!
- Não diga isso, você não sabe o que ela fez!
- Sei sim, contou para a cidade inteira, por isso você veio fugido para cá.
Escutei aquilo tudo atônito. Como ele podia dar razão a ela?
- E você acha que eu mereci aquilo?
- Deve ter merecido; você foi traíra e mentiroso.
Olhei no fundo dos seus olhos azuis e vi que ele realmente não acreditava naquilo que dizia, apenas falava aquilo para me atingir, o que não melhorava muito a situação.
- O crime deve ter sido muito grave mesmo. - falei já chorando. - Expulso de casa pelo meu próprio pai, alvo de chacota de toda a cidade, o desprezo do garoto que eu amava...
Ele pareceu um pouco abalado pelas minhas palavras. Talvez não tivesse parado antes para entender meu lado.
- Não deixe a Mariana atrapalhar isso que estamos vivendo. Eu estou tão feliz ao seu lado. Ela não merece ter esse prazer, ela não vale nada.
- Quem é você para falar do caráter de alguém? - perguntou nervoso. - Mentiu para mim esse tempo todo.
- Eu ia te contar...
- Quando?
- Ontem, antes de saber que ela estava aqui.
- Ahhhh, muito oportuno não acha? - falou debochado.
- Eu juro...
- Você acha que eu acredito em mais alguma coisa que sai da sua boca? De você eu só quero distância.
Me desesperei.
- Não, Lipe, eu te amo!
- Ama? Mentiroso! - falou gritando de raiva. - Você ama aquele lá que você deixou na roça de onde veio!
- Não, ele faz parte do meu passado, é você que eu amo! - disse tentando abraçá-lo.
- Sai de perto de mim! - falou me afastando.
- Não termine comigo, Lipe, por favor...
- Tarde demais. Quisera eu ter conhecido sua história antes, assim não teria me apaixonado por você e seria muito mais fácil dizer adeus. - falou melancólico.
- Não precisa ser assim...
- Precisa. Você me decepcionou demais, Bernardo. Nunca me entreguei a alguém, a um sentimento, como me entreguei a você, e o que eu recebi de volta? Uma mentira.
Desesperado, tentei um último golpe. Abracei ele com força e com nossos corpos unidos, um sentindo de perto a respiração do outro, se vendo claramente no reflexo dos olhos molhados do outro, falei:
- Me diz que não me ama agora.
- Eu... - ele vacilou por um instante. - Eu te amo.
Sorri e tentei beijá-lo, mas ele virou o rosto rapidamente.
- Eu te amo, mas meu amor próprio é maior. Não posso ficar com você depois de tudo isso.
Foi como levar um choque. Meu corpo se desprendeu do dele num impulso e caí no chão desolado. Abracei meus joelhos e deixei as lágrimas rolarem soltas.
Ele, sem me olhar nem mesmo por um segundo, se virou e foi embora.
Eu fiquei lá, sozinho naquele lugar frio e deserto, mais uma vez com a dor de ter sido deixado por alguém que amava.
Só que desta vez tinha um agravante: eu era o único culpado.
Tudo tinha acontecido tão depressa. Eu ainda custava a acreditar que Felipe tinha terminado comigo por causa da minha insegurança que me impediu de contar sobre o meu passado para ele.
As lágrimas caíam sem parar e uma tristeza profunda tomava conta de mim. Ouvi o sinal que dava início às aulas tocar, mas não me levantei. Não tinha a menor vontade de entrar em sala com o rosto inchado de tanto chorar e ainda por cima ter que encarar Felipe.
Depois de muito tempo ali sozinho, consegui me acalmar, fui à secretaria e pedi que ligassem para a minha mãe avisando que eu estava passando mal. Fiquei a esperando na portaria, e logo ela veio preocupada me ajudando a entrar no carro.
- O que aconteceu, meu filho? - ela perguntou ligando um dos carros da tia Marta que ela dirigia.
- O Felipe terminou comigo. - falei sem ânimo nenhum na voz.
- Mas por quê? Vocês me pareciam tão bem.
- Ele descobriu sobre o que aconteceu em Morro Velho.
Ela me olhou preocupada entendo a gravidade da situação.
- Você contou para ele?
- Não, não consegui, fizeram isso antes de eu conseguir criar coragem.
- Então, quem contou para ele?
- Mariana.
Ela tomou um susto com aquilo que chegou a perder o controle do carro por um instante e quase bateu em outro que estava estacionado.
- Como assim?
- Descobri que ela e o Felipe são primos. Ontem encontramos com eles no shopping e ela não perdeu a oportunidade de me ferrar mais uma vez, óbvio.
- Oh, meu filho, eu sinto muito... - falou soltando uma das mãos do volante e acariciando meu rosto. - Dê um tempo pra ele digerir a história toda. Deve ter sido muita informação de uma vez só na cabeça dele.
- Não, mãe, ele foi bem firme na sua decisão. Acho que é o fim mesmo.
- Dê tempo ao tempo, querido.
Seguimos em silêncio o resto do caminho. O jeito que Felipe falou não me dava muitas esperanças de que um dia fôssemos reatar. Mesmo assim, uma pequena parte de mim queria se enganar acreditando nas palavras da minha mãe de que ele só precisava de um tempo.
Ao chegarmos ao apartamento, fui imediatamente para o meu quarto dormir. Não chorava mais, mas estava exausto emocionalmente. Parecia que todo o meu corpo doía.
Dormi por toda a manhã e não sonhei com nada, devido ao cansaço. Acordei com dona Rita me chamando.
O Sol já estava alto, devia ser um pouco mais de meio-dia.
- Bernardo?
- Oi? - respondi ainda com sono.
- Você tem visita.
Quem seria? Me arrumei rapidamente e fui pra sala de estar. Era Renata.
- Oi, Rê, que surpresa.
- Vim te visitar. Achei estranho você ir pra escola, mas vir embora antes mesmo de entrar na sala.
- Ahh, é que eu passei mal. - menti e deve ter sido muito mal porque ela percebeu.
- Não me enrola, conta o que foi.
- Ah, Rê, estou com uns problemas.
- Quer conversar sobre eles?
Será que eu contava? Eu realmente precisava desabafar com alguém que se mostrasse imparcial, que não tivesse vivido toda aquela situação comigo, o que eliminava minha mãe e Zeca. Renata parecia ser uma pessoa confiável e tinha se mostrado uma grande amiga para mim até ali.
- Vem, vamos para o meu quarto, lá eu te conto.
A guiei até meu quarto. Eu iria contar tudo. Ela merecia. Não queria perder mais ninguém por ter medo de contar sobre meu passado.
Nos sentamos na cama, ela ficou me olhando até eu conseguir criar coragem.
Depois de alguns segundos de silêncio, consegui contar tudo para ela. Acho que fiquei mais de uma hora contando para ela toda a história, desde o dia em que me vi apaixonado por Vítor até o fim do meu namoro com Felipe de manhã.
Ela ouviu tudo atentamente e fazia comentários de vez em quando, quase sempre para xingar Mariana.
- Então é isso...
- Isso o quê? - perguntei curioso.
- Bom, quando você não apareceu pelo primeiro horário inteiro eu estranhei, mas estranhei ainda mais porque Felipe ficou o tempo todo muito inquieto. Depois, na segunda aula, a secretária veio e avisou que você tinha ido embora, então o Felipe deitou sua cabeça na cadeira, permanecendo assim pelo resto da manhã.
- Ah...
- Você percebe o que isso significa? - ela perguntou entusiasmada.
- Não, o quê?
- Que você ainda mexe com ele. Ele não te superou, muito menos te esqueceu.
Dei um grande e triste suspiro.
- Ah, Renata, disso eu já sabia. Em nenhum momento ele disse que não sentia mais nada por mim, chegou até a confessar que ainda me amava. O problema é que ele está empenhado em me superar, e possivelmente ele consiga, não há amor que suporte a distância que ele propôs para nós.
Ela ficou pensativa por um tempo, me olhando sem jeito. Então pegou minhas duas mãos, as acariciou de leve e disse:
- Dê um tempo para ele, Bernardo. Foi muita coisa para ele assimilar.
Ela era a segunda pessoa que me dizia isso hoje, e aquela esperança boba de reatarmos aumentava, apesar de ser ainda muito pequena.
- Vai ser muito difícil ver ele todo dia na sala e não poder falar com ele...
- Vai ser difícil, mas vai ser necessário. Não force nada porque só piora a situação.
- Obrigado pelo apoio.
- Uai, nós somos amigos, se eu não te der apoio, vou dar pra quem? - ela riu divertida. - Além do mais, eu sempre quis ter um amigo gay, o melhor acessório que uma garota pode ter.
- Então eu sou só um acessório? - ri também me descontraindo.
- Claro! Meu chaveirinho!
- Chaveirinho não!
Rimos rolando na cama. Deitamos um de frente para o outro.
- Obrigado por me aceitar Rê.
- Não tem o que aceitar, eu te amo independente de tudo.
A visita da Renata me aliviou muito. Foi como tirar um peso das minhas costas. Pelo menos para ela eu não precisaria fingir ser alguém que não sou. Ela almoçou comigo e depois foi embora.
Voltei para meu quarto e novamente caí no meu estado de quase depressão. Nem mesmo a visita de Zeca um pouco mais tarde reverteu a situação.
Fiquei pensando nas palavras de Renata. Ela estava certa. Independente de eu e o Felipe ainda termos alguma chance, eu devia dar a ele um tempo. Mas me afastar era tão difícil... Vê-lo todo dia sem poder lhe falar o quanto sua presença me faz bem, me conformar que ele não vai me puxar até o banheiro para me roubar beijos...
Quando percebi, já estava chorando novamente ao pensar nele.
Foi muito difícil chegar no outro dia e não encontrá-lo esperando por mim no portão. Mais difícil ainda foi cruzar com seu olhar acusador ao entrar em sala. Foi como levar uma facada, aquilo doía demais.
Mas eu seria fiel ao meu plano, daria a ele um tempo. E assim foi durante todos os dias que antecederam as férias de julho.
Não trocamos uma só palavra. Seus amigos perceberam a mudança no seu estado de humor, mas ele sempre desconversava. Quando chegou o último dia de aula e ele não veio falar comigo, chorei muito no banheiro. Tive certeza que ele nunca falaria comigo de novo, que nunca superaríamos aquilo.
Para me distrair, minha mãe resolveu viajar nas férias. Eu, ela e tia Marta fomos para o Rio de Janeiro visitar meus avós maternos. Apesar de ter menos contato com eles, eu os amava demais. Eles moravam num apartamento em Copacabana e aproveitavam sua aposentadoria da melhor forma. Saíam todo dia para dançar, beber ou jogar cartas com os amigos. Eram muito fãs de música brasileira, tendo influenciado o gosto da minha mãe, e por consequência o meu.
Vô Rodolfo e vó Dora nos receberam muito bem, e quinze dias na praia me ajudaram a renovar as minhas forças.
Um dia minha mãe me perguntou se eu queria contar para eles, e eu falei que sim. Se todas as pessoas que eu amava já sabiam, eles também tinham o direito. Como minha mãe não sabia como eles reagiriam, pediu para conversar com eles primeiro e eu concordei.
Fui na sorveteria próxima ao seu apartamento e dei um tempo. Lógico que eu estava como medo da reação dos meus avós.
Mas depois de tantos golpes, você aprende a amortecer um pouco a sua queda.
Depois do tempo combinado, voltei ao apartamento. Chegando lá, vi meu avô sentado na sua velha poltrona e minha avó ao seu lado chorando. Quando me viram, vieram ao meu encontro e me abraçaram forte. Me senti muito aliviado. Eu estava muito carente naqueles dias, e me sentir amado fazia toda a diferença.
- Nós sentimos muito querido. - falou meu avô.
- Deve ter sido tão difícil para você... - completou minha vó entre soluços.
Não entendi, mas minha mãe esclareceu:
- Eles quiseram saber, então contei tudo, até mesmo o motivo de você ter vindo.
Eles voltaram a me abraçar e me deixei ser mimado um pouco por eles. Estava precisando bastante daquilo.
Um dia entrei na sala de música, o cômodo preferido do meu avô (e o meu também). Era uma pequena sala com centenas de CDs e LPs. Ali havia verdadeiras raridades. Ele estava sentado numa poltrona e me convidou para sentar ao seu lado. Ao fundo um gostoso solo de saxofone enchia a sala.
- Linda música, vô.
- É eu sei, me faz pensar na vida. Sabe, meu filho, para cada momento na vida há uma canção que se encaixa perfeitamente, e agora, depois de tudo que vocês me contaram, eu precisei repensar velhos padrões.
Me admirei com suas palavras. Mesmo com sua idade avançada, ele sabia abrir os olhos para um novo mundo e se adaptar a ele. Desejei ter um dia a sua capacidade de adaptação ao novo.
- Bom, vô, e que música você me recomenda nesse período negro da minha vida?
- Hum, deixe-me pensar.
Ele passou um tempo admirando sua coleção, depois se levantou, foi até uma prateleira de onde tirou um CD da Gal Costa, colocou no tocador e a música começou:
"Não adianta
Me ver sorrir
Espelho meu
Meu riso é seu
Eu estou ilhada
Hoje não ligo a TV
Nem mesmo pra ver o Jô
Não vou sair
Se ligarem não estou
À manhã que vem
Nem bom-dia eu vou dar
Se chegar alguém
A me pedir um favor
Eu não sei
Tá difícil ser eu
Sem reclamar de tudo
Passa a nuvem negra
Larga o dia
E vê se leva o mal
Que me arrasou
Pra que não faça sofrer
Mais ninguém
Esse amor
Que é raro
E é preciso
Pra nos levantar
Me derrubou
Não sabe parar
De crescer
E doer..."
(Nuvem Negra – Djavan)
- É linda vovô... - falei ainda emocionado.
- É sim. - ele se virou para mim sério. - Queria te pedir um favor, Bernardo.
- Se eu puder ajudar...
- Bem, você já é quase um adulto, então já posso falar com você sobre certos assuntos. Eu estou ficando velho, meu filho, minha hora está chegando...
- Vô... - comecei, mas ele me interrompeu.
- Não me interrompa. Enfim, quando eu me for, e não deve demorar muito, eu quero que você fique com meus discos.
- O quê?
- Bem, seus primos e tios não se interessam tanto quanto você. Além do mais, com você eu terei a certeza de que eles estarão em boas mãos.
- Eu vou cuidar muito bem deles, vô. - falei com lágrimas nos olhos. - Mas esse dia ainda vai demorar muito, viu?
- Ok, ok. Vamos à praia beber alguma coisa. - disse me abraçando gentilmente.
E assim se passaram minhas duas semanas de férias.
Voltei com novas forças, mas ainda triste com a falta que Felipe me fazia. Chegamos a Belo Horizonte num sábado, e as aulas voltariam na segunda. Mesmo com a distância e a frieza que me aguardavam, eu não aguentava de ansiedade e saudade de Felipe. Eu realmente o amava demais.
Meu fim de semana se passou muito lentamente comigo contando as horas. Até que então a campainha tocou. Eu estranhei por ser um sábado à tarde e não estarmos esperando ninguém, mas mesmo assim me dirigi até a porta para atendê-la.
Quando abri meu coração disparou. Era Felipe. Ele estava todo amarrotado, como se tivesse acabado de acordar e seu rosto estava molhado de lágrimas. Abri um sorriso enorme ao vê-lo ali, que não se conteve e sorriu também.
- Bernardo, precisamos conversar.