Andar de vestido, lindo, com aquele salto deslumbrante, ao lado de minha irmã, foi algo inexplicável, embora cada degrau me desse calafrios, o sentir feminina e sendo olhado por todos me dava uma alegria sem fim.
Até porta, ninguém veio até nós, apenas olhares, até que uma amiga minha da escola, que já havia ido lá em casa em outras vezes fazer trabalhos, chegou ao lado de Sofi e deu um beijo e abraços nela, parou a minha frente e com um olhar enorme, gigante falou:
- Meu Deus do céu, você está maravilhosa, que transformação hein Fran???
- Karina, pode me chamar de Karine, mas Ana pelo visto não estou tão mudada por você me reconhecer?
- Karina, lindo nome, bom você não deve ter olhado o grupo da escola, mas haviam mencionado que você havia mudado, não sabíamos como, e vendo sua irmã, deduzi que seria você a irmã dela e como sei que sua mãe teve apenas 2 crianças, 1 + 1 é igual a 2 né.
Ela logo me abraçou e no meu ouvido sussurrou.
- Nossa, você esta linda, amei saber de sua transformação, depois vamos conversar melhor.
Terminou o abraço, me deu a mão e junta nós três fomos entrando no salão. Ai ela foi falando das conversas paralelas no grupo, que não era só eu que havia mudado, então seria uma festa das revelações, ela mesma iria ser ela mesma, já estava cansada de agradar a todos, brincando disse que algumas meninas e alguns moleques iriam pagar caro pelos 2 anos de bulling.
EU não entendi, mas como ela era tipo minha amiga mais próxima, não podia ainda chamar de melhor amiga, pois nunca tínhamos tanta intimidade, ficamos as três, alguns vieram apenas pra tirar a dúvida, tanto os meninos quanto as meninas, o moleque que me beijou estava lá, veio cumprimentou e caiu fora rapidinho.
Veio um guri que era afim de minha irmã e já puxou ela pra conversar, meio que do nosso lado, mas um pouco afastado, ficou então eu e Ana ainda de mãos dadas, como as meninas faziam, ela foi e pegou uma bebida alcoólica ia me dar mas pedi uma agua com gás e limão, ela esticou o olho e disse ter entendido, tanto que largou a bebida e pediu a mesma que eu.
- Tá certa, não vou dar motivos para acharem que foi a bebida, hoje farei tudo conscientemente, afinal chega de viver escondida.
- Do que você tá falando Ana?
- Bom, vamos ali sentar, é uma longa história.
Sentamos e ela logo foi dizendo:
- Bom, você deve ter sempre percebido, que as meninas não andavam muito comigo no primeiro e segundo ano né, quer dizer, nem todas.
- Sim, mas comigo não era diferente, você e mais 2 meninas eram do meu circulo de amizade.
- Tá mas você era menino, isso não é normal quando se é meninas, geralmente é um bando, bom vou falar com cuidado, não se choque.
- Chocar, que nada, não vejo chocar mais do que eu to fazendo aqui.
- Bom, eu nunca consegui te dizer, mas eu era apaixonada pelo ... Nisso veio uma outra amiga nos cumprimentar, e sem perceber quem eu era pediu para Ana me apresentar, o que ela disse ser Karina, irmã da Sofi.
A menina parou, olhou de cima a abaixo, ai em gritos eufóricos veio me abraçar e me elogiar, dizendo que jamais reconheceria, que até estava vindo falar com Ana, pois os boatos eram fortes que Fran tinha chego, mas que ela jamais imaginou uma transformação tão feminina, sem ofender imaginou encontrar um andrógino, deslocado e não uma mulher fatal.
EU ri, agradeci e ela foi saindo dali toda eufórica indo atrás de outras pessoas, e eu indaguei Ana.
- Por quem você era apaixonada, eu nunca vi você olhando pra ninguém, inclusive isso era os comentários, nem menino nem menina você se aproximava e olha que eu sei de uns 3 moleques que tentaram.
- Pois é, o único que me aproximei, nunca me olhou né?
- De idiota, quem era?
- É sério isso, Karina, você nunca percebeu que eu era apaixonado por você?
Nossa, foi um embrulho no estômago, eu ali diante de minha melhor amiga, agora descubro que era apaixonada por mim e o pior eu achava ela linda e inteligente, alegre e carinhosa, tinha uma queda por ela, mas ser amiga dela me bastava, estava com cara de boba.
- Ana, por que isso agora, por que não me falou antes, eu sempre gostei de você, mas achava que você queria apenas ser minha amiga, por isso nunca te disse nada.
- Ei, seu burro, você gostava de mim, mas da onde se nem me olhava.
- Sabe aquela máxima, muita areia pro caminhãozinho, é isso, todos te desejavam, eu era o último da fila né.
Nisso ela meio que engolindo a coragem disse:
- Bom continuando, além de ser apaixonada por você, eu odiava os meninos, eu sempre fiquei com meninas, esse era o motivo que todas as meninas me evitavam, elas sabiam que eu gostava de meninas, pois ao ficar com uma delas, ela espalho pra toda as meninas do colégio, por isso eu sofria bullying.
- Eu não te via com meninas , como isso ?
- Eu ficava com elas, não no colégio, eram nas atividades em casas, nos trabalhos de classe, inclusive desculpe falar, mas a única pessoa que eu não fiquei com quem fiz trabalhos foi justamente você, quem eu mais queria.
- Nossa, desculpe Ana, puxa e agora?
- Agora, eu é que digo, eu sou ainda apaixonada por você, mas você se transformou nessa mulher, agora é eu que estou no fim da fila né, hilário para não dizer triste.
- Ei, deixa eu raciocinar, me vendo feminina, você ainda esta apaixonada?
- Ainda mais, minha vontade agora era te beijar loucamente.
Nisso eu virei para ela e veio o maior susto, vindo em nossa direção estava João, com mais dois rapazes, com cara de poucos amigos.
- Espere Ana, tem um probleminha vindo ali, podemos conversar mais daqui a pouco, disse isso me levantando. Fique aqui.
De canto de olho vi Sofi, apressando o passo e vindo do meu lado com seu namorado, Ana não soltou minha mão e levantou-se, no exato momento que João parou a poucos metros de mim, nisso muita gente já estava olhando para todos nós ali, era nítido que os boatos estavam rolando nos grupos paralelos do whats.
Eu antecipando uma conversa mais rude, sorri e falei um pouco mais alto.
- Olá João, que bom revê-lo de novo em uma festa, preciso te falar algo.
Ele que achava que iria fugir ou me amedrontar ficou sem ação, percebi isso e logo em seguida falei.
- Por favor, não me entenda mal, mas não temos nada um com o outro, o que aconteceu entre nós foi apenas uma paquera de festa, então por favor não me procure mais.
- Procurar, quem é você para achar isso, eu vim aqui é eu te dizer que quero que suma da minha frente, inclusive desta festa.
- Ué, é dono da festa????? Que eu saiba essa festa é de nossa turma. disse isso olhando para todos.
- Você sabe o que estou dizendo, sua mentirosa, sua bicha, você me enganou, eu jamais teria ficado com você se soubesse que era essa aberração... !
Bom ai, ele passou a linha tênue que separava nossa conversa de um barraco, eu ia falar algo quando, Ana, tomando a frente disse:
- Olha aqui seu idiota, a única aberração aqui é você que num dia se diz o pegador, o beijador de uma menina mais velha e na semana seguinte ao descobrir que ela era seu amigo, uma transexual, a trata assim, quer saber aberração é gente como você, assuma, toca a vida guri, mas jamais digira-se assim a mais ninguém, ela fica nesta festa pois é dela, é minha e de todos da nossa turma, saia você já daqui, longe o suficiente para não ficar pior.
Acho que essa reação novamente o deixou assustado ele ia falar e o menino, acho que já meio namorado da Sofi falou.
- João, esquece, cai fora cara, tá pior pra você, todos aqui entendemos que pode até estar bravo, mas passou, é passado, não vai ficar legal pra você esse tipo de atitude, aceita cara.
Nisso ele virou-se foi saindo, mas parou e em tom alto disse:
- Não era pra você vir!
Eu ainda com mais raiva disse:
- Nossa, a 2 dias atrás você se assumiu para minha irmã, mãe e até pra sua irmã, inclusive me beijou já sabendo que eu fui um menino, o que mudou, perdeu a graça descobrirem que seu troféu tinha um surpresinha, eu sei que não era pra terminar assim, mas se tem vergonha de quem sou é eu que não quero você, mas saiba que foi bom ter te beijado.
No que falei aquilo ele que estava entrando pro salão, foi pro lado em direção a rua e sumiu, acho que ele não esperava que eu me assumiria, que diria tudo o que disse e que gostava dele, que ele sabia que eu era uma transexual e me assumiu e me beijou, creio que até então valia a versão dele nos boatos.
O pessoal foi dispersando, em meio aos buxixos, e eu senti Ana soltar a mão e ela deu um passo para o lado.
- Não Ana, fica, preciso falar com você.
- Não, desculpa eu, não sabia que gostava dele!
- Fica.
Peguei novamente em sua mão, e fiz menção de sentar o que ela entendeu.
- O que foi Karina?
- Ana, acho que como você errou em uma ou outra pessoa que beijou, que disse que gostava ou que se apaixonou, o mesmo ocorreu comigo e o João. Desculpe não te falar, mas também eu nem sabia que todos na turma sabiam ou não.
- Nem todos, apenas que ele pegou a garota mais linda da festa, pelo menos até hoje era a versão falada nos grupos.
- Pois é, naquele dia ele não sabia, soube depois lá em casa, e o idiota, me assumiu pra mamãe e Sofi, iniciamos um namoro de 4 dias pelo visto né.
- Eu sei, tive vários namoros aonde as meninas e os meninos queriam saber só como era ficar com uma lésbica.
- Nossa, nós duas temos histórias e nenhuma delas é com nós né, que loucura isso, que coisa isso acontecer. Eu disse em voz baixa e acariciando a mão de Ana.
- Bom mas fale de você, eu já falei até demais. Ana falou isso me acariciando a mão.
- Bom, voltando. Nessa maldita festa, eu beijei um outro guri, aquele que veio me beijar e eu virei o rosto, mas também fiquei com uma amiga de minha irmã, inclusive foi com quem eu mais beijei na festa, ela não sabe que eu sou uma transexual, ela achava que eu era uma menina.
Os olhos de Ana brilharam, pois ao falar que beijei uma menina vestida de menina ela suspirou:
- Que linda e que ódio dessa biscate. Falou em tom de deboche.
- Biscate mesmo, quase apanhei da ex namorada dela, apareceu na festa e se não fosse ela, levar a ex pra um canto e se acertarem, nem sei se estaria aqui.
- Ah, então não estão juntas?
- Lógico que não, senão estava ai no grupinho paralelo que eu era a Predadora da festa né.
- Até tinha uma foto e uns comentários, mas não me liguei. Continue.
- Bom, então, eu não sei o que eu quero, quer dizer eu sei o que eu quero, quero ser Karina pra sempre, mas devido as 2 experiências que tive, uma com João, outra com a menina, eu estou bem perdida de que tipo de relacionamento eu espero, pra ser sincera, eu ainda sou apaixonada por você, fui apaixonada pelo João, acho que o primeiro beijo (em homem) a gente nunca esquece, o engraçado que o beijo na garota, não que esqueci, mas não é tão impactante como o do João, e digo mais os da festas eu esqueci, digo o beijo que ele me deu depois de saber que eu era uma transexual.
- Eu sei como é , mas aonde quer chegar.
Bom ai eu ia beijar ela e demonstrar, mas entendi que as palavras são melhores que gestos nestes momentos e falei.
- Ana, gostaria de namorar com você, entendo se nesta festa você não quiser, já houve muita coisa rolando, entendo e aceito, mas queria te dizer que sim, amaria ser sua namorada.
- Bom, vamos lá, lembra que falei que não viverei mais escondida, vou me assumir lésbica pra todos na festa, inclusive para os meninos que tiraram casquinha de mim, são uns 7 da turma, é isso mesmo meio que fiquei com sete meninos e praticamente 12 meninas da sala nestes últimos 2 anos, até me descobrir realmente lésbica e com essa paixão confusa até então por você.
- Confusa?
- Era confusa, eu me apaixonei por você, mesmo sabendo que eu gostava de meninas, os meninos que fiquei, eram pra tentar tirar você de minha cabeça, para tentar reafirmar que eu era ou não lésbica, inclusive outro dia falo sobre eles, acredite mais 2 de nossos amigos é crossdresser, acabamos que ficávamos juntos só quando eles estavam com minhas roupas de menina.
- Nosssa e eu me achando a louca rsrsrs. Quem ?
- Bom, outro dia falamos disso, mas sim eu aceito ser sua namorada, inclusive na festa, mas vamos fazer o seguinte, vamos deixar todos saberem toda a verdade, ai do meio pro fim, ficamos só nos duas, por que vai ser mais fácil namorarmos com todos sabendo né.
- Perfeito, então vamos entrar e terminar o quanto antes as devidas apresentações, mas queria te apresentar como minha namorada, tudo bem?
- Eu ia pedir o mesmo, vamos sim.
Juntas de mãos dadas fomos atrás de cada um de nosso colegas de turma, para cada um conversávamos, alguns se apresentaram receptivos, outros como mamãe já havia salientado agiram com indiferença e alguns foram homofóbicos, tanto comigo, em ser transexual, quanto a Ana ser lésbica, acho que nós duas juntas dávamos o tempero do choque de realidades que muitos precisaram.
Em um dos meninos, antes de chegarmos ela disse:
- Este menino que vamos falar agora, foi com quem eu mais fiquei, praticamente namoramos por uns 7 meses no fim do ano passado até começar as aulas, ele é quem é crossdreser, não vou tocar no assunto, mas fica sabendo pra não se chocar tá.
- Oi Marcos, queria te apresentar uma menina, a Karina!
- Não seja boba Ana, eu sei quem é, mas olha parabéns, você esta linda, um orgulho para as trans viu.
- Obrigada, é bom ter esta receptividade.
- Saiba que você esta sendo um exemplo aqui hoje, eu mesma, me sinto mais forte pra me assumir trans, mas tenho tanto medo.
Bom, eu não ia dizer que sabia, então deixei Ana conduzir.
- Olha, Marcia, acho que nós temos muito a dividir e compartilhar, mas queria que soubesse que Karina, é minha namorada, mas serei sempre sua amiga tá.
Marcos ficou vermelho, afinal Ana foi sutil em dar seu nome femme ao mesmo tempo que me colocar como sua parceira e namorada, o que fez ao mesmo tempo aliviar o peso de Marcia como eu senti uma gota de tristeza em seus olhos.
- Marcia, posso te chamar assim, que bom saber que tenho alguém junto nesta caminhada, terei o maior prazer em trocarmos ideias de roupas e makes, conte comigo em sua vida, mesmo que seja apenas uma Crossdresser de armário, uma Drag ou mesmo uma trans como eu.
Marcia, não chamarei ela mais como Marcos, por respeito, nos abraçou e andamos mais um pouco juntas pelo salão até que chegamos ao segundo menino.
Um pouco antes, Ana nos confidenciou que ele também era crossdresser, nem Marcia nem eu jamais imaginaríamos, pois logo irão saber o motivo.
- Oi Jefferson, queria te apresentar minha namorada a Karina.
Nossa Jefferson era tipo o braço direito do João, creio que nem eu, nem Marcia, nem João jamais desconfiaríamos dele, tipo ele era capitão do time de basquete, lutava Jiujtsu, já fora campeão pela escola de natação, era o mais requisitado pelas meninas pelo seu porte físico, músculos e tudo, era impossível, inacreditável que ele fosse crossdresser.
- Prazer em conhecer você Karina, puxa, namorando a Ana, tem muita sorte.
- Obrigada! Imagine, pode parecer estranho, mas a gente já se gostava mas nunca tínhamos nos falado.
- É eu sei como é isso, as vezes escondemos sentimentos por medo, por muito medo, então parabéns por se assumir, isso fará bem a muitas pessoas aqui, acredite em mim.
- Ai Jefferson, obrigada. Disse e abracei ele fortemente e sussurrei em seu ouvido.
- Conte comigo sempre, te apoiarei também.
Nisso senti um aperto mais forte e ele se afastou um pouco, olhou para nós três, com medo de "Marcos" meio querendo falar ou não, ai Marcia disse.
- Sabe que a Karina, me deu forças para me assumir Crossdresser, já chega de viver nesse mundo fechado, agora terei pelo menos uma amiga pra compartilhar esse universo lindo de ser menina, mas não vou ser como ela, ainda vou viver de menino, me satisfaz uma ou outra saidinha em femme.
Acho que Jefferson não esperava, pois incrédulo olhou para Marcos e disse:
- Sério, que você é Crossdresser? Digo, curte vestir-se de mulher?
- Sim e Ana e Karina já sabem e me apoiaram, inclusive iremos combinar uma saída em uma balada GLS em breve eu toda montada.
- Bom, creio que é o momento das descobertas, então Ana, Marcos e Fran, digo Karina, a Ana já sabe e sempre guardou segredos, eu também sou Crossdresser, tenho minhas roupas e tudo e com ela já me montei umas 4 vezes, a Ana foi um suporte importante em eu me descobrir Cross e ser feliz.
- Bom então, eu vou me apresentar, me chamo Marcia e você, gostaria de ser minha amiga?
- Prazer Marcia, eu sou Sheila e sim adoraria poder conviver com vocês, adoraria ser amiga sua e ir nesta festa, nossa que peso saiu das minhas costas, mas eu também só serei Cross de vez em quando, ainda não me vi mulher, mas sou apaixonada pelo João, aquele idiota xenofóbico, pode isso, bem sei o que você sentiu Karina.
- Bom, pelo visto hoje é a noite das Bruxas, disse rindo e tanto Marcia como Sheila, apenas pediram para serem chamados ali pelos nomes masculinos, mas eu senti um clima entre as duas, pois os olhares deles mudaram, mas ainda assim eram os boys da turma.
Depois disto nos separamos, Marcia e Sheila saíram conversando sobre suas aventuras e tudo mais e eu e Ana, que já havíamos passado por todos, estávamos indo para um canto quando um professor veio até nós.
- Olá Ana, e ...!!!
- Olá Professor Henrique, tudo bem sou Karina!!!
- Olá prazer, parece-me familiar, mas não é do colégio né?
- Bom, fui, esse ano estou saindo daqui, irei fazer o terceirão em outro colégio, o senhor me conhece sim, sou o Francisco do 2ºAno A, seu aluno!
- Me desculpe, bom, como poderia imaginar, nossa, me pegou de surpresa!
- Bom Professor a Ana, é minha namorada, hoje é uma noite de revelações, já nos apresentamos a todos nossos colegas, puxa falha nossa não termos ido falar com os professores.
- Não por isso, se quiser eu acompanho vocês, eles estão ali no outro salão sentados em mesas próximas.
E assim fomos re apresentados a todos, que conheceram Karina e junto sua namorada Ana. Ficamos um bom tempo ali, alguns deram mais atenção e queriam detalhes, principalmente os professores de Artes, Língua Inglesa e uma Professora de Matemática.
Estávamos saindo Michele a Professora de Matemática nos chamou.
- Karina e Ana, posso conversar em particular, é rápido.
- Pois não professora!
- Bom, é que meu filho, em novembro, assumiu-se trans, eu ainda estou aprendendo muito, gostaria de poder conversar com sua mãe e você para montarmos um grupo de apoio na escola, vocês poderiam ajudar?
- Professora, eu estarei mudando de escola, mas a ainda não sabe se Ana ficará por aqui, mas sim, acho interessante as mães se conversarem, temos o whats da senhora das atividades, posso passar para mamãe, pode ser?
- Pode sim, é muito importante para mim, pois até então não sabia de nada e foi quando minha filha tentou o suicídio que junto a psicóloga ela se abriu e depois nos contou, então estamos buscando compreender, já aceitamos, mas queremos aumentar o grupo de apoio a ela, e vendo vocês juntas creio ser importante para meu filho, os pais e tudo mais, agradeço sim se passar para ela estarei aguardando.
Nossa, não imaginávamos todos estes desdobramentos, estava chegando a hora de irmos embora e fomos lá pras escadas, peguei o celular e ai fui bisbilhotar sobre o que Ana havia falado nos grupos, sentada ao lado dela fomos rindo e bravejando sobre alguns comentários, estávamos distraídas quando senti um empurrão nas costas e cai rolando uns 4 a cinco degraus, me virando vi que era um guri da turma, um dos que não aceitaram quando fomos conversar e ele e mais dois vieram para cima de mim, olhei Ana e ela estava sendo presa por um deles enquanto os outros dois vieram para cima de mim, senti um chute no rosto e não vi mais nada.