Capítulo revisado. Esta é a versão definitiva.
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“O relato deste conto foi inspirado e derivado de fatos reais. Os nomes de todos os personagens são fictícios, inclusive do próprio narrador.”
Nota de narração: Neste capítulo, a narrativa muda para a terceira pessoa. Essa adaptação visa proporcionar uma experiência mais detalhada e envolvente do passado que Léo narra a Pedro. Espero que essa mudança enriqueça a compreensão e a imersão na história.
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NASCIMENTO
Léo e Caio viviam a 50 km do litoral onde eu residia. A cidade deles é a segunda maior do nosso estado. Ambos frequentavam uma praça de esportes à noite, geralmente aos sábados e domingos. Caio era um patinador experiente, enquanto Léo estava se aventurando no skate. Apesar de dividirem o mesmo espaço, pertenciam a grupos diferentes e, por muito tempo, tiveram apenas contato visual. A primeira interação entre os dois ocorreu entre janeiro e fevereiro de 2021.
Em um desses fins de semana, durante um dos intervalos de descanso, os dois estavam em meio a um grupo que especulava sobre uma possível reforma na praça. Eles compartilharam opiniões semelhantes, o que os levou, em outro momento, a iniciar um diálogo aleatório que deu início a um coleguismo que evoluía gradativamente com o passar dos fins de semana.
Os dois recém amigos se tornaram tão próximos que um não ia à praça sem o outro. Ambos tinham namoradas e vinham de famílias de classe média baixa. Caio trabalhava em uma oficina mecânica, enquanto Léo fazia bicos como entregador à noite. Apesar de não terem muitos recursos, nunca abriram mão dos horários de lazer, porém sempre tentaram consumir o mínimo possível.
Com o tempo, a amizade deles não se limitava mais à praça de esportes. Eles começaram a passar tempo juntos durante a semana e sempre trocavam mensagens via WhatsApp. A confiança entre eles cresceu, tornando-os confidentes, sempre prontos para ouvir e oferecer conselhos. Compartilhavam suas vidas, sonhos e desafios, e em poucas semanas se autodenominaram irmãos. Léo descobriu que Caio sonhava em conquistar uma moto, enquanto Caio admirava a determinação de Léo em ajudar os pais, que enfrentavam dificuldades financeiras. Eles se apoiavam mutuamente, incentivando-se a perseguir seus objetivos. Nunca tinham tido um amigo em quem se apoiar, o que fez com que se entregassem rapidamente à companhia um do outro. Fizeram jus ao provérbio popular: “quem nunca comeu melado, quando come se lambuza”.
FRAGILIDADE
Certa noite, saíram com suas namoradas, e Léo estranhou quando Caio se ofereceu para pagar a conta sozinho. Embora precisasse de suporte, o ego de Léo não permitia aceitar tanto do amigo. O dinheiro que ganhava como motoboy era suado, e ele se sentiu minimizado. Sabia que Caio ganhava mais na oficina, mas se sentiu constrangido, especialmente ao lembrar que a moto que usava para as entregas era do pai. As cobranças da namorada, sobre a falta de dinheiro para saírem, levaram Léo a terminar o relacionamento; pois não via mais como uma parceria. Depois desse término, além das atividades diárias e seus pais, Léo tinha apenas o trabalho temporário (três vezes por semana), seu amigo e o esporte.
Quase todos os fins de semana, após o treino na praça, os dois iam à casa de Caio jogar pelo celular. Muitas vezes, perdiam a noção do tempo e Léo acabava dormindo lá, sempre avisando aos pais, que eram seu maior bem. Essas rotina que compartilhavam foi cessando aos poucos. Léo percebeu que Caio estava um pouco distante, e a frequência dos encontros entre eles diminuiu.
A relação entre os amigos ficou mais estranha quando, em um fim de semana, Caio não seguiu a tradição e se despediu de Léo na praça, entrando em um Vectra bem conservado, sem dar detalhes. Léo, inicialmente, pareceu indiferente, achando que se tratava de um assunto de família. No entanto, começou a se questionar sobre qual parente poderia ter um carro daquele e por que Caio, que sempre confidenciava tudo, não esclareceu melhor a situação. As visitas do carro à praça se tornaram mais frequentes, e Caio até terminou com a namorada, justificando que precisava de espaço e que ela o sufocava. Léo tentou não pressionar o amigo.
Em outro fim de semana, Léo passou por um bairro distante de onde costumava fazer entregas e viu Caio com dois homens mais velhos, aparentando estar na casa dos 40. Eles saíam de um carro, que não era o habitual Vectra, e iam em direção a um bar. Léo tentou chamar a atenção de Caio, mas não teve sucesso.
Dias depois, na praça, Léo comentou sobre o assunto com Caio, que respondeu que aquela era sua nova fonte de renda. Caio era direto e sem filtro. Léo já se acostumara com essa espontaneidade do amigo.
-Como assim, moral? – Léo questionou, mesmo sabendo no fundo do que se tratava.
-Não se faz de inocente, Léo. – Caio respondeu, sem tirar os olhos dos patinadores.
Léo queria dar ao amigo o benefício da dúvida, nunca o imaginara como gigolô. Quando percebeu que Caio falava sério; perguntou como funcionava e, inocentemente, como poderia entrar no “jogo”. Confidenciou ao amigo que a situação em sua casa não estava boa e que precisava de alguém que o ajudasse.
-Tá ligado que não funciona assim né, Léo?
O silêncio de Léo fez Caio continuar o raciocínio.
-Os caras não são padrinhos. Eles querem sexo, foder! São tarados. A maioria só quer chupar, mas já peguei uns três que exigiam penetração.
Léo fez cara de espanto e questionou o amigo sobre como ele conseguiu a entrada. Caio apontou um dos amigos que estava na praça. Ele quem havia intermediado com o primeiro dele.
- O cara do Vectra? - Léo interrogou, associando os fatos. Caio concordou.
- Eu vou conseguir alguém para você. E acho que já sei até quem vai ser.
- Já curtiu com ele, mano?
- Não. Eu o vi algumas vezes junto com os outros. O babaca nunca quis ficar comigo. Todos os outros sim.
- Tantos assim, irmão?
- Uns seis até agora - respondeu contando ligeiramente nos dedos.
-Esse homem é ligeiro, hein?
Caio riu e explicou que eram eles que o compartilhavam como um objeto.
- Os caras só pensam em transar. Pra mim está tudo certo. Não quero muito papo com esses "frescos". - dizia em tom extremamente soberbo.
Léo ainda quis saber sobre cachê, mas Caio evadiu-se da resposta. Léo descobriria logo que a esquiva era pra evitar chegar ao assunto das drogas. Nesse ponto, a amizade já estava condicionada a segredos.
PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS
Na noite do primeiro programa de Léo, Caio deu algumas dicas. As orientações eram tão básicas que até os leigos achariam óbvias. Quando o carro parou no local combinado, estavam presentes o dono do Vectra, que era cliente de Caio; um homem mais velho; e um jovem de cabelos grisalhos chamado Luiz.
Os quatro ocuparam dois quartos em um motel. Léo estava nervoso, mas Luiz explicou que não gostava de sexo com homens, apenas de observar. Léo precisava "performar" muito tesão para ganhar dinheiro. Ele se deitou na cama e colocou um filme pornô, até que Luiz o interrompeu:
- Calma aí rapaz! Vá com calma! - disse Luiz, tomando-o o controle. – Você vai assistir outra coisa.
Luiz então espelhou seu celular no televisor e abriu uma playlist com apenas vídeos de jovens se masturbando sozinhos ou em duplas. A partir de então a situação ficou caótica para Léo, que de imediato encarou Luiz com o semblante encharcado de dúvidas.
-São minhas condições. Meu tesão é ver dois caras se masturbando, mas agora o jeito é improvisar.
- Assim fica difícil pra mim. – falou Léo já com o pensamento em desistir.
Usando um tom esnobe, Luiz apenas falou que se Léo fizesse naqueles termos iria receber R$ 400,00.
-Leve a mal não, cara. Eu não vou conseguir. - Léo já se inclinava na cama para sair.
-Tenho algo que pode te ajudar – Léo observava enquanto Luiz tirava um saco de cocaína do bolso e modelava diversos raios em uma bandeja que descansava no frigobar. Aspirou duas, insinuando pra Léo que seria fácil. Léo ficou desconfortável com a situação.
- Isso vai ajudar mesmo? - questionou Léo.
- Se você souber usar, com a mente aberta à sacanagem, com certeza! - respondeu Luiz.
Sem nunca ter usado cocaína antes, Léo concordou em experimentar. Sua mente só desejava encerrar aquilo, e ter o dinheiro logo. Luiz o alertou para ir com calma durante o uso da droga.
Luiz iniciou a playlist enquanto Léo se despia ainda sem excitação visível. Léo ganhou o "direito" de escolher o vídeo, mas a cada vídeo que Luiz avançava pelo celular, o televisor só mostrava homens e apenas homens. Quando surgiu um em que aparecia um jovem adolescente se masturbando assistindo um pornô heterossexual, Léo fez sinal que seria aquele. Luiz sorria maliciosamente enquanto Léo voltava a bandeja. Léo não o olhava diretamente, quando foi se despindo completamente. Ao se deitar na cama, sentiu sua mente imergindo no vídeo e o membro foi ganhando vida. Léo por dentro ficou satisfeito por ter conseguido o "hacker" da situação e aproveitou a janela de oportunidade para se entregar ao personagem.
Luiz foi se encostando em um canto do quarto cuja iluminação ele cuidou pra ser a mínima, a ponto dele ser um observador imperceptível. Sua presença só era lembrada por Léo quando ouvia o som de suas intensas aspiradas. A situação foi se tornando menos constrangedora para Léo, que a todo momento se policiava para evitar fechar os olhos por muito tempo e lembrar de provocar sussurros e gemidos frequentes pra poder entregar a performance que Luiz desejava. Algumas vezes sua interpretação era forçada, pois temia que sua espontaneidade ao se tocar não fosse suficiente. Segundo Léo, seu desempenho foi péssimo e quando recebeu o pagamento em mãos, acreditou que Luiz havia sido gentil.
Depois do motel os dois deixaram Léo e Caio na praça, que com dinheiro e cocaína em quantidade suficiente resolveram comprar duas caixinhas de cerveja e ir pra casa de Caio. Nesse momento a droga fizera Léo até esquecer por um momento do compromisso que tinha com o cachê.
AMBIÇÃO
O terreno na casa dos pais de Caio era amplo, com a maior parte ocupada pelo quintal. Nele havia um pequeno quarto que, antes do nascimento de Caio, tinha sido um galinheiro. Quando Caio começou a brincar e se refugiar no local, seu pai o reformou, transformando-o em um quarto que, a cada ano, parecia diminuir de tamanho. Lá havia apenas uma luz, um colchão, algumas cadeiras bem maltratadas e o sinal de internet vindo da residência. Os dois podiam ficar bem à vontade. Caio colocou as cervejas na geladeira da casa e então se dirigiram ao quintal. Léo já havia comunicado ao pai que dormiria com o amigo.
Depois de muito papo, surgiu o assunto sobre o cachê de cada um. Caio não acreditou quando Léo falou do seu valor. Disse que o coroa dele tinha dado apenas R$200,00 e ainda exigiu penetração. Caio comentou que Luiz devia ter feito isso para afrontá-lo, pois sempre percebeu que ele não ia com sua cara.
- Acho que não faço o tipo dele - dizia Caio rindo, enquanto colocava um brega funk no celular e coreografava partes da música, com o cigarro preso aos lábios. Parecia não se importar com o que Luiz pensava sobre ele.
-Que nada… esse homem é mais presença que eu – Léo tentava animá-lo, mas a verdade é que ele não achava sua aparência inferior.
-Na moral, queria esse dinheiro… tô precisando juntar pra dar entrada na minha moto. Meu velho disse que me ajudava. – Caio falava, tomando goles rápidos de cerveja. Léo, sempre pensativo, falou depois de um tempo:
- O Luiz falou uma coisa, cara. - "Meu tesão é ver dois caras se masturbando (…)" , lembrava naquele momento, enquanto se calibrava com cocaína. Caio meio que sacudiu os cabelos pra encarar Léo e escuta-lo, mas pouco se surpreendeu.
-Esses pervertidos.... Imagina o valor que não pagariam pra ver dois boys, assim que nem a gente, se pegando...
- Foi o que pensei. – Léo interrompeu pra dar agilidade a conversa. - Eu também preciso de dinheiro. Ter um empurrão assim seria bom.
- Já é, moral!
Léo acompanhou o amigo quando ele baixou a bermuda e começou a se tocar. No começo ambos achavam que já iam gravar um vídeo, mas como eles estavam sem clima apenas deixaram os membros eretos e registraram uma foto no celular de Léo. Caio exigiu mais instiga pra conquistar o “idiota”, dizia enquanto agarrava o pênis de Léo que retribuiu o movimento. Nenhum dos dois estava desconfortável naquela hora, era apenas zoeira. O novo registro dava pra ver claramente que era um par de mão amiga pelo ângulo da câmera. Os dois se sentaram e Léo encaminhou a foto em visualização única pra Luiz com a legenda: "Quanto vale?". Enquanto esperavam a resposta, Caio foi à cozinha pegar mais cervejas; ao retornar Léo apenas apontou o celular com a resposta.
Mensagem (Luiz para Léo): “O preço é vocês que dizem!”
Caio pegou o celular da mão de Léo e foi digitando. Leo tomou de volta e evitou que uma mensagem precipitada fosse enviada: "Quanto você pode pagar?".
-Você é doido Caio? Esse cara tem dinheiro. Tem que ir com calma, macho!
-E vamos dizer o que? – Caio tinha uma ambição que cortava os nervos de qualquer um.
Léo ficou pensativo. Aquilo era uma característica dele. Era paciente, sabia calcular a situação. então digitou:
Mensagem (Léo para Luiz): “Depende do que você quer ver.”
-Boa, meu parceiro! - Caio comentou empolgado.
Mensagem (Luiz para Léo): Durante a semana não estou disponível, mas pago por um vídeo de vocês dois tocando uma. Um ao lado do outro.
- Vixe, mano! Dá pra frente não, viu. Mostrar nossa cara é? Se bem que dependendo do valor: Tô nem ai! – Caio falava coisas sem compasso, que alternavam sua dualidade na forma de pensar.
Leo pensou e sugeriu que os dois fizessem um vídeo em visualização única, caso Luiz gostasse, mandariam o vídeo original, e cobrariam o valor. Caio o perguntava como iria ser.
- Sei lá, mano. - Leo pensava por um bom tempo enquanto Caio, todo afoito, já estava apenas de cueca com o pênis marcado.
Mensagem (Luiz para Léo): “E aí? vai rolar ou não? “
Mensagem (Léo para Luiz): “Vai sim. Dê uma ideia.”
Mensagem (Luiz para Léo): “Usem a imaginação. Gosto de ser surpreendido."
- Ah bruxo buceta! Só dificultando. - Caio comentava contrariado com tanta negociação. Léo se mantinha calmo.
-Relaxa, mano. Deve ser por isso que ele é esquisito pra seu lado.
Mensagem (Léo para Luiz): “Espera. ainda hoje eu mando.”
Mensagem (Luiz para Léo): “Não demorem. Fiquei curioso agora.”
Mensagem (Léo para Luiz): “Ok.”
Leo deu uma leve puxada no pó e começou a digitar várias pesquisas no Google: "Dois homens se pegando", "homens na sacanagem", "dois caras punhetando", "Filmando a punheta", "homens se masturbando", Etc. Todos os resultados deram em links de vídeos curtos e na maioria ou muito profissionais ou muito amadores. Grande parte deles tinha penetração. Depois de quase uma hora de algumas pesquisas surgiu uma recomendação no pornhub: "Broderagem no sigilo", o vídeo era esquisito para Léo, mas inspirou Caio a criar um roteiro.
- Irmão, é o seguinte: vamos encenar, fingir que um flagra o outro, mas sem mostrar o rosto. Sair o rosto tem que ser mais caro. – Léo escutava Caio desenvolver a ideia e imaginava que Caio era inteligente mas sua mente era enviesada pra o lado errado. Léo também não conseguia compreender esses fetiches, mas sentia que o calor da cocaína percorrendo o seu corpo o fazia ficar excitado ao ouvir Caio desenvolver a cena. Lembrou do que Luiz falou em “se entregar a sacanagem” pra cocaína potencializar seu efeito.
-Bora, mas eu filmo. Esse homem tá se tremendo demais! - Léo falou olhando as mãos de Caio.
-É esse pó, parça. Ele é do bom, pô- Léo balançou a cabeça, sem entender ainda os efeitos da droga.
-Tem risco de alguém vir aqui? - Léo quis se precaver.
-Nenhum. Eles dormem feito pedra e uma hora dessas mais ainda - Caio o tranquilizava.
- Tá! vamos começar! Qualquer coisa a gente edita.
Foram mais de dez tentativas até eles levarem a sério. Sempre riam um da cara do outro. Quando a lombra do pó bateu mesmo e viram o tesão tomar conta deles aí começaram a fazer do jeito certo até que veio a filmagem definitiva.
O VÍDEO
Caio encostado na parede em cima do colchão se masturbava. Leo foi pra o quintal e começou a filmar do lado de fora. Iniciava com ele mesmo massageando seu pênis, por cima da roupa, no quintal. A filmagem sugeria que a gravação iniciou momentos depois da pessoa que estava gravando ter percebido alguém se masturbando no quarto. Ele se aproximava lentamente pra dar veracidade ao vídeo. Ao chegar ao quarto, Léo filmava apenas Caio se masturbando assistindo um pornô, sem alcançar seu rosto. Apenas o corpo nu e os movimentos sendo intensificados depois de ter sido flagrado. A luz do quarto tinha sido, parcialmente obstruída, pra proporcionar a sensação que o Caio estava escondido. A câmera alternava entre a masturbação de Léo e do “flagrado”. Ambos se despiram nesse momento do vídeo. Depois de uns minutos, cada um se punhetando, Léo sentou-se ao lado de Caio e os dois mantinham o ritmo. A aproximação dos dois corpos foi lenta pra demonstrar um clima de espontaneidade. Os dois sugeriam, sutilmente, com as mãos querer tocar no outro, mas só o fizeram depois de deixar um suspense no vídeo. Quando ambos iniciaram a broderagem, Léo apoiou a câmera em um ângulo que conseguiria mirar os dois, sem alcanças seus rostos.
Gemiam ofegante, até que Caio aspirou pelo canudo uma porção de cocaína, enquanto Léo continuava o masturbando. Depois de lombrar, Caio gozou imediatamente, o que fez Léo movimentar as pálpebras em sinal de espanto pelo volume de sêmen. Caio gemia eufórico, e o orgasmo parecia não ter fim. Léo com sua outra mão se ajudava, enquanto assistia, incrédulo a quantidade de esperma grosso escorrer por entre seus dedos. Ao finalizar, Caio de imediato levou à narina de seu parceiro, uma quantidade alta da “neve”. Léo notou que era um volume bem maior das que usara naquela primeira noite de contato com a droga.
Caio, limpou o esperma remanescente no seu corpo e lubrificou a mão pra finalizar a masturbação em Léo. Que em poucos movimentos, com a mão firme de Caio, soltou fortes jatos que iam cada um para direções diferentes, induzidas pelo movimento de vai e vem combinado com movimentos angulares que Caio fazia provocativamente. Para realizar esses movimentos ousados no cacete de Léo, Caio precisou mudar ligeiramente sua posição fazendo com que a área da câmera capturasse seu rosto. O vídeo foi finalizado com Léo filmando os lábios de Caio sugando dedo a dedo o esperma misturado dos dois. Léo apontou pra seu membro ainda alerta e a filmagem foi encerrada. Usaram um lençol pra secarem as partes de seus corpos e caíram no colchão, exaustos.
NEGOCIAÇÃO
- Meu “fi”, isso vai morrer com a gente. Sai daqui, só se for pra um dos nossos - Caio advertiu. Léo concordou com o óbvio que acabara de ouvir.
Logo em seguida Caio foi pegar mais duas cervejas e uma garrafa de água. Quando voltou Léo iniciou o vídeo. Caio abriu as latas de cerveja e, entregando uma delas a Léo, se colocou ao seu lado. Os dois bebiam e fumavam enquanto assistiam os quase 15 minutos de vídeo. Quando passaram pelo instante em que o rosto de Caio aparecia claramente, trocaram rápidos olhares, mas continuaram a visualização do vídeo. No final ambos estavam excitados pelo conteúdo.
-Velho, na moral, ficou top! Vou dar pra ator pornô - Caio brincou com a voz séria.
Leo gostou, mas achou que podia ser melhor. Não estava convencido que ali era um vídeo interessante.
- Esse homem ficou loucão no final. Que foi aquilo, mano? - Léo perguntou curioso.
-Qual é, mané? tu nunca provou sua porra não, é?
-Eu não, mano.
-Devia… mas foi massa. Diz você?
-Na hora foi né, mas agora a gente tem que se preocupar em editar o vídeo. A hora que aparece seu rosto.
-E esse homem acha que eu ligo é? Pode deixar. Eu quero ver se o coroa vai gostar.
-Mano, ele não é coroa. Só tem muito cabelo branco.
-Tanto faz! manda aí pra ele.
Léo tentou diminuir a resolução, mas só conseguiu mandar em três partes pelo aplicativo. Todas as partes em visualização única. Esperaram os tracinhos azuis por um bom tempo. Já era mais de duas da manhã quando o pó acabou e eles só estavam na cerveja. Os dois já estavam desanimados quando ouviram uma notificação.
Mensagem (Luiz para Léo):"Porque mandou em visualização única?."
Mensagem (Léo para Luiz): "Era pra saber se você ia gostar primeiro."
Mensagem (Luiz para Léo):"Ficou massa. já gozei aqui. Tesudo vocês dois!”
Mensagem (Léo para Luiz): "Essa gozada aí foi pela presença que tu fez pra mim, mas o vídeo só mando depois de jogo".
Mensagem (Luiz para Léo): "Manda o valor."
-Pede R$ 800,00 - Caio sugeriu.
-E muito pô.
-Ele deu R$400,00 só de ver você tocar punheta…
-É! mas foi presencial, Zé ruela!
-Mas esse vídeo aí ele vai assistir quantas vezes quiser - Caio foi ligeiro, mas Léo resolveu ser mais esperto:
-Vou pedir os R$ 800,00 mas ele vai baixar. Tenho certeza! E a gente vai aceitar. Seja qual for o valor. Senão ele vai se assustar aí a gente perde o cara.
- Beleza, mano. Fazer o que né?
Leo mandou a mensagem com o valor. Depois de alguns segundos Léo notou a frequência do “digitando…” alternado com o “gravando áudio…” e nenhuma mensagem chegando. Esse detalhe fez Léo acreditar que possivelmente Luiz estava em dúvida.
Mensagem (Luiz para Léo): "Eu pago R$ 400,00. Aí próximo fim de semana nós três saímos e vocês fazem de novo ao vivo. Aí dou os outros R$ 400,00.”
-Mano, tá de brincadeira esse viado... Que é isso? Até meu rosto apareceu.
Leo ouviu o amigo e argumentou:
Mensagem (Léo para Luiz): "A gente precisa editar o vídeo pra tirar o rosto de Caio, ou nada feito.”
Mensagem (Luiz para Léo): Mando 500,00 com o vídeo sem edição e R$400 no fim de semana.
-Mano vai ser 250 pra cada. É pouco – Caio novamente se manifestou ao acompanhar a conversa em tempo real.
-É não, mano. Pegue a visão: a gente curtiu de boa. O cara lá fez presença nesse valor, mas vou jogar mais uma pra ele não pensar que a gente tá desesperado.
Mensagem (Léo para Luiz): "Fechado, mas esse fim de semana você dá os R$ 400 e 5 gramas de pó livre pra gente."
Caio se assustou com a quantidade. Léo não fazia ideia do que significava 5 gramas de cocaína.
Mensagem (Luiz para Léo): Tá de brincadeira né? Sabe quanto custa 5 gramas de pó? Só aí são mais R$ 350,00. Tão esperto demais.
Mensagem (Léo para Luiz): "Beleza. Então faz uma presença de pó pra gente lá na hora. Se der valor, ai você decide se faz o agrado ou não. Fechou?"
Mensagem (Luiz para Léo): “Fechado. manda o vídeo!"
Mensagem (Léo para Luiz): "Faz o Pix aí, é meu numero de celular.”
Mensagem (Luiz para Léo):"Manda o vídeo. Sabe fazer negócio não, rapaz?"
-Poxa! Vacilei, mano. - Léo falou frustrado consigo.
- Vacilou uma ova. Esse fresco quer que a gente mande o vídeo sem pagar adiantado é? - Caio mais parecia um diabinho atentando os pensamentos de Léo no negócio.
-Pensa, Caio. Ele sabe onde a gente mora?
-Não...
-Você sabe onde encontrar ele?
-Sei...
-Então... ele tá em desvantagem.
Caio fez cara de quem se convenceu e aprovou. Leo enviou, mas ainda parecia ansioso e apreensivo de não receber.
Mensagem (Léo para Luiz): "Meu pix é esse numero mesmo."
Não teve resposta.
-Esse gaiato da porra nos fodeu geral, mané - O comentário de Caio só induzia Léo ao arrependimento, mas permanecia calado.
-Vou é dormir pô. Já era. Deu de rasteira na gente. Manda logo um áudio esculachando ele, vai! - Caio estava desequilibrado enquanto Léo pensava melhor depois de fungar as narinas.
-Caio, eu acho que sei o que ele tá fazendo...
-Manda logo essa porra! - gritou Caio.
-Ele tá nos testando - Léo verbalizava o pensamento, mas queria mesmo era se convencer.
-Meu pau, Léo!
-Vamos dormir. Ou tentar dormir. Amanhã a gente liga pra ele.
Sem argumentos, Caio ficou inconformado e desistiu de dormir, enquanto Léo já cansado e com a lombra do pó vencida, adormeceu com o celular ao lado.
Quando por volta das 8:30 da manhã, Caio sem ter conseguido dormir, pois consumira mais da substancia, acorda Léo.
-Mano, olha aí seu celular. Chegou uma notificação do seu banco. Destrava aí.
Leo ainda sonolento foi abrindo e esfregando os olhos. À medida que ia bocejando, destrava o celular. Quando abriu a notificação com a transferência de R$1000,00. Arregalou os olhos e confirmou a origem.
-CA-RA-LHO! - pausava as silabas enquanto despertava rapidamente.
Caio ligou o som do celular e, sem perder tempo, começou a dançar um brega funk, com movimentos rápidos e sensuais, típicos do estilo. Léo, contagiado pela energia da música, logo se levantou e se juntou a ele, dançando de forma mais discreta. Os dois se moviam como se a exaustão da noite anterior não existisse. Léo nem parecia que acabara de acordar. Depois da animada dança, Léo se jogou na cama novamente e foi conferir as notificações no WhatsApp. Havia uma mensagem de Luiz, segundos depois da transferência.
Mensagem (Luiz para Léo): “Se animem muito não. Sábado quero ver os dois às 20:00 na praça. Sem cachê dessa vez. O pó de vocês será por minha conta. Quero ver coisa boa no dia.”
Léo mostrou a mensagem para Caio, que ficou ainda mais eufórico.
— O cara tem a senha… Agora sim: já é, irmão! Nossa hora chegou, mano — disse Caio, enquanto performava brevemente ao som, sacudindo o quadril para frente e para trás, transformando a melodia em uma celebração pelo objetivo alcançado.
Léo, por outro lado, teve um breve momento de satisfação por ter conseguido manipular Luiz, mas logo percebeu que estava tudo muito fácil.
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Nesse momento da narrativa de Léo, a pausa que ele fez foi mais prolongada. Esse período de silêncio me trouxe algumas conclusões óbvias:
1- O Luiz da lembrança era o mesmo que assumira o papel de tio deles;
2 - Caio e Léo, apesar da semelhança que deduzi, não eram parentes, tampouco irmãos de sangue;
3 - Léo tornou-se usuário de cocaína desde aquele dia;
Ousei falar minhas conclusões a Léo e ele confirmou todas, mas me atentou para duas que eu não havia chegado. Primeiro era de que ele e Caio tinham se tornado pessoas diferentes entre si, a amizade já não era nem, de longe, da que foi um dia. A outra ele usou palavras que o faziam me transmitir ódio, medo e arrependimento. Léo começava a me fazer acreditar que tudo que ele me falara não foi por que eu pedi, mas porque ele precisava desabafar.
— Pedro, eu nunca tive a situação sob meu controle. Luiz sempre esteve um passo à frente de mim. Seu maior objetivo foi nos deixar dependentes para conseguir o que ele queria. Desde aquela noite que estive com ele, Luiz sabia exatamente tudo que ia acontecer.
Era como se cada emoção estivesse lutando para se sobressair. O ódio parecia direcionado tanto a Luiz quanto a si mesmo, uma raiva fervente por ter sido manipulado e por ter caído na armadilha. O medo, por sua vez, vinha das incertezas do futuro, do que mais Luiz poderia fazer e das consequências de suas próprias ações. O arrependimento, talvez a mais dolorosa das emoções, mostrava-se nas linhas de expressão de seu rosto, revelando o peso das escolhas erradas e das oportunidades perdidas.
Por alguns instantes, enquanto eu sustentava aquele olhar, senti uma estranha sensação de esperança. Era como se, apesar de tudo, Léo ainda tivesse uma chance de redenção. A profundidade de suas emoções me fez acreditar que ele estava no limite, mas não além do ponto de retorno. Havia uma chama, ainda que fraca, de determinação em seus olhos, sugerindo que ele não estava completamente derrotado.
Aquele momento de conexão silenciosa foi interrompido quando Léo desviou o olhar, como se a intensidade fosse demais para suportar. Ele respirou fundo, tentando recompor-se, mas a vulnerabilidade que havia mostrado não podia ser desfeita. Eu sabia que continuar a falar sobre si não seria fácil, mas aquela breve troca de olhares me deu a esperança de que, talvez, ele pudesse encontrar um caminho para sair da escuridão em que se encontrava.
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Aviso Importante ao Leitor:
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