Eu era office boy no Acaiaca, em BH. Recém chegado de SP, onde eu fui educado para acreditar que entendia tudo de minha vida e do mundo. Quando me contaram que eu mudaria para BH tive uma grande decepção, achando que estava mudando para a roça. Mal sabia que seria lá que eu perderia a virgindade e descobriria quem sou.
Mas não é sobre isso este conto. Ou não é sobre minha primeira penetração. É sobre o homem mais velho que já teve seu pinto em minha mão, e sobre como desde sempre eu tive mais coragem do que imaginei, ou mais coragem do que a média, como se a natureza me conduzisse de modo mais efetivo que meu cérebro.
Todos os dias me pediam para comprar pães na padaria ao lado do Acaiaca. Ritual comum: seguir para a fila, pedir o número de pães da ordem do dia, reparar nos homens no caminho. E eu nem admitia ainda que os desejava. Olhava para o meio de suas pernas, procurando o que meu desejo já sabia que eu queria, mas eu não.
Houve até uma vez na fila do banco em que consegui, com as mãos para trás, como que inocente, encostar na cintura e nas bolas do homem atrás de mim. A mesma técnica.
O mesmo eu fazia a cada fila, a cada dia, na padaria. E não era incomum encontrar esse senhor, absolutamente idoso, cabelos muito brancos. Dificuldade para andar com sua barriga proeminente. Não saberei dizer sua idade. Oitenta? Noventa?
E nunca saberei se ele era gay, ou se apenas permitiu-se ser acariciado naquela fase da vida em que ninguém, ninguém, certamente ninguém mais o procurava para tocar sua benga.
E eu o achava sexy, ainda que sem entender o que isso queria dizer. A primeira vez o vi à minha frente na fila, e cruzei o braço, deixando uma das mãos projetada para a frente, como que distraído, até encostar na lateral de seu corpo. "Sem querer". Ele se virou e repeti o processo, de modo a chegar perto de seu pênis e sentir seu calor. Não cheguei a encostar. Apenas o tecido tocando o dedo, o calor do corpo, os olhares tensos de ambos. Ele possivelmente não acreditando no que se passava.
Na segunda vez coloquei as mãos para trás. E talvez por ele ser idoso, incapaz de se defender, eu tinha mais coragem que de costume, e dei um passo para trás de modo a tocar-lhe as carnes moles. Desta vez um toque pleno. Senti como que uma geleia de carne quente por detrás do tecido. Voltei para o serviço com o coração saindo pela boca.
E no dia seguinte eu já seguia para a padaria na esperança de que isso se repetisse. Quase nunca o encontrava.
Foram apenas 3 vezes que o pude tocar. Na última, quando cheguei, ele já estava na fila muito à minha frente. Quando tomei meu lugar na fila, triste, reparei que ele fingiu ter esquecido de comprar algum item e voltou para a fila, atrás de mim. Desta vez foi ele a dar passos à frente procurando minha mão. Foi a primeira vez em que me senti correspondido.
Ele não teve ereção, mas eu tive certeza de que se divertiu muito, pela última vez. Nunca mais o vi.
Adoraria poder sentar com ele e entender o que pensou, como assimilou o fato de que seu pinto ainda era desejável, desejado, motivo de ereção de alguém que ainda estava tateando (literalmente) a vida que se descortinava.