Parte 7.
Segui para o escritório a pé, focado em não perder os pontos que eu havia planejado antes de dormir. Mas, minha mente estava mais serena, eu me sentindo muito mais recuperado. Fui direto, e cheguei mais cedo do que a maioria. Estava decidido a ter uma boa conversa com o Maciel e mudar totalmente o rumo da situação.
Uma das coisas que eu admirava no Maciel, é que ele, mesmo sendo um carioca meio folgado, gozador, e esperto, era muito focado e dedicado no que fazia. Um minuto após eu ter chegado, o Maciel entrou no co-work e veio para o local onde funcionava a empresa. Ele tinha uma sala toda fechada em paredes de policarbonato transparente, e me fez sinal para segui-lo. Era o “aquário”, como a gente chamava. Ele trazia dois copos de café em embalagens descartáveis e me ofereceu um, dizendo:
— Toma, acorda de uma vez que nosso papo vai ser curto e grosso.
Entramos e ele cerrou a porta para termos privacidade. Me indicou uma poltrona na frente da dele, e deu uma golada no café. Eu me sentei e também dei um gole no café, esperando que ele falasse alguma coisa. Ele apenas fez um gesto com as mãos, indicando para eu “desenrolar” e falou:
— Sou todo, ouvidos. Pode falar.
Comecei explicando o que eu sentia, como me senti com a situação, contei tudo que eu achava que tinha sido errado nas atitudes da Laíse e os meus erros também, e acabei falando quais eram meus planos. Maciel ouviu atentamente, sem me interromper. Quando acabei, achei que tinha sido até mais objetivo e claro nas minhas impressões e razões. Maciel não disse nem sim e nem não. Pegou um lápis do copo de cristal cheio de lápis impecavelmente apontados que ficava sobre sua mesa. Puxou um bloco de anotações, e começou a escrever. Anotou algumas coisas, depois disse:
— Primeiro, vamos ver o ponto da situação de suas contas. Somando dinheiro emprestado para pagar dívidas, dinheiro para pagar os documentos e dar entrada nos papéis do vosso pedido de visto, cartórios, certidões, compra de passagens, dinheiro para as despesas até o dia da vossa viagem, e alguns vales aqui, você já recebeu mais de seis mil euros. Ou seja, cada um de vocês custou, até agora, três mil euros. Primeiro, quero saber se você quer separar e dividir a dívida com a Laíse.
Ele deu uma pausa esperando eu responder. Eu falei:
— Acho justo. Mas tenho que saber se ela concorda.
Maciel retomou:
— Como eu prometi salário inicial de mil euros para você, mais moradia, você teve um adianto de três mil euros. Está certa a minha conta?
Eu fiz que sim. Ele falou:
— A partir de agora, você paga a sua parte, e ela acerta a dela com a Meiry. Se assim for, e ela estiver de acordo, temos que ver o segundo ponto. Paguei três meses adiantado para ter você aqui, e fechamos um trabalho onde você é fundamental. Então, eu exijo que durante três meses, você cumpra seu compromisso comigo, e me ajude nesse novo projeto. Eu pago meio salário, e meio salário desconto a dívida. Então, você vai levar seis meses para quitar. Se não quiser ficar aqui, fica em outro lado desse co-work, a gente arranja, para você ficar acessível. Como você quer sair da casa, e vai procurar onde ficar morando, eu posso adiantar mais meio ou até um salário, e isso, resolve sua vida, a curto prazo. Vai atrás de um quarto onde possa se esconder. Não é barato, mas eu ajudo. O importante é que sua cabeça fique livre para trabalhar. Não faço isso por ser bonzinho, tenho que ter proveito no meu investimento. Depois de três meses, eu indico você para algum cliente e vejo se consigo colocação em algum novo emprego. Mas antes, tem que fazer o projeto que vendemos. O que acha?
Eu estava admirado como ele era prático e tinha já estudado tudo. Vi que as coisas não saíram tão bem como eu pensava, mas era uma proposta mais do que honesta. Eu disse:
— Agradeço sua compreensão e ajuda. Acho que está bem. Podemos fechar assim.
Maciel terminou o resto do seu café, jogou o copo num cesto de lixo no canto de seu “aquário” e falou:
— Agora que vem a parte complicada. Primeiro capítulo: Você só está aqui porque tem um contrato de trabalho comigo, e é legalmente cadastrado, por isso, tenho total responsabilidade por você, como você também sabe que tudo que vier a fazer de errado, recai sobre o seu responsável. Aqui as leis são leis e não tem facilidade de “dar um jeitinho”. Eu ralei demais para montar meu negócio, nosso negócio, pois todos ganhamos com isso. Então, quero que saiba que não deve fazer merda, arranjar briga, dar B.O., ou coisas desse gênero. Evite ficar bêbado e fazer besteira. A tua ficha limpa vai garantir teu futuro, empregabilidade, currículo. Esta terra é um ovo, então, tudo que se faz acaba sendo facilmente controlado.
Ele parou e eu olhava para ele, consciente da seriedade daquela questão. Ele voltou a falar:
— O segundo capítulo, diz respeito à nossa relação. Laíse é filha da minha irmã, e por isso da família. Sempre vou proteger. Você, marido dela, tem a chance de ser meu braço direito aqui, e futuramente ser sócio. Ajudar a expandir o negócio. Eu pensava nisso quando resolvi trazer vocês, e ainda penso que é possível. Mas, estou achando que vocês dois tem que se resolver primeiro. Do jeito que está, não vai funcionar. Você salvou a Laíse de uma vida de merda no Rio de Janeiro. E foi muito bom para ela. Tirou-a da putaria. Ela virou outra pessoa. Agora, separados, pode reverter e ela degringolar de uma vez. A Laíse é uma menina ainda, que teve que se prostituir muito cedo. Você não sabe, mas ela não teve pai, e foi abusada por um namorado da mãe, que a estuprou quando ela tinha menos de quinze anos. Isso mexeu com a cabeça dela, ela virou meio marginal, revoltada. E eu paguei para fecharem o paletó de couro do safado. Virou comida de peixe. Mas ela não sabe, nem a mãe sabe. Pensam que o cara sumiu. A Meiry assumiu a Laíse, e passou a administrar a vida dela, nos programas, pois foi onde ela começou e ter clientes ricos e ganhar dinheiro. Melhor do que ser putinha de rua como ela fazia. Mas, ela é orgulhosa e queria ser dona do seu nariz. Por isso, a Meiry achou melhor cuidar da carreira dela. Até que você apareceu e tudo mudou para melhor. Por isso, temos grande respeito por você. Acho que com um bom papo, vocês se entendem. Mas, não posso demover você das suas convicções. Vão ter que decidir.
Eu continuava olhando, mais admirado ainda, porque não conhecia nada daquilo que ele me contava. Fiquei com expressão de besta, sem saber o que dizer. Ele voltou a falar:
O terceiro capítulo, é o “esclarecedor”. Eu tenho que lhe informar, o que você não sabe, mas agora, vai saber. Quem deu a ideia de colocar você no quarto com o Maycon e a Glenda, foi a Meiry. Ela queria ajudar a Meiry a ensinar você a ser liberal, e sabia que a Glenda e o Maycon eram o casal ideal para isso. Eu sempre fui liberal, e conheci a Meiry fazendo programa na casa de numa cafetina do Méier. Namorei sem problemas e nos juntamos e eu nunca misturei as coisas. Meiry, nunca quis ser dependente. Por isso tem seu negócio. Nos damos muito bem assim. Lá naquela casa, nós temos mesmo muita intimidade, somos totalmente liberais, e quem não era, acabou ficando. Isso criou vínculos entre todos, e nos ajuda muito. Sempre que chega um casal novo na casa, todos ajudam para ir fazendo o casal ficar mais solto, mais à vontade, e se envolver, aprendendo a ser liberal. Quem não se adapta, vai embora. Foi o que aconteceu com o casal de programadores que abriram a vaga para você ocupar. Tudo estava indo bem, até o dia da nossa viagem, me diz o que houve que do nada você despirocou.
Eu olhei para ele, pensando no que ia dizer:
— Não sei direito. Fiquei inseguro, de viajar e deixar a Laíse sozinha com o Maycon e a Glenda. Acho que tive ciúme. Pedi para a Laíse segurar a onda e ela não gostou, me contestou, é teimosa, geniosa, e a partir desse ponto, fiquei mais inseguro. Perdi a confiança. E tudo indicava que estavam conspirando para me enrolar, me enganar. Despiroquei mesmo.
— Babaquice! - Disse o Maciel.
Eu olhava sem entender o que ele queria dizer. Maciel falou:
— Você estava contente, descobriu que é gostoso ser liberal, liberou a Laíse com o Maycon, viu como que dá tesão, ser corno. Tudo andava bem. Mas por dentro, você ainda tem muito preconceito, uma mente provinciana, muito machismo. Não está preparado. Por isso, eu queria que você saísse com a sua mulher, conversassem, ela se explicaria, e esperava que se entendessem, pois vocês se gostam muito. Mas deu tudo errado.
Tentei explicar:
— Achei que a Laíse me desrespeitou, na frente de todos. Fiquei puto. - Eu falei.
— Ah, babaquice, já disse. Eu vi os vídeos. A Laíse estava achando que estava fazendo aquilo para provocar você, que você ia chegar cheio de tesão. Na cabeça dela, aquilo era mais provocação do que tudo. Ela não viu aquilo, e nem sentiu, como você recebeu. Leituras distintas. Mas, é exatamente isso que falta, vocês deveriam se entender. Não é caso para se separarem. É um pouco de covardia sua, não dar a chance de ela falar com você. Eu acho.
Parei olhando sem saber novamente o que responder. Eu, de fato, havia evitado. Ele disse:
— Vá lá, está bem, então faça do seu jeito. Não vou interferir. Mas você ficar com a Laíse, é a melhor chance de ela não querer trabalhar na agência, e não voltar aos programas. Sem você, acho difícil segurar. Pense nisso.
— Se ela quiser ser puta, se preferir isso, o problema é dela. – Respondi. Estava mostrando meu descontentamento.
— Aí que você se engana. O problema é de todos nós. Não temos nada contra a prostituição, nada mesmo. Acontece que a Laíse, se voltar, volta a se autodestruir, pois ficará magoada de ter perdido você, e se perde novamente. É um risco. Eu vi como ela estava transtornada ontem, foi dormir com a Meiry, em nosso quarto. Chorou demais. Muito abalada. Se você a rejeitar, ela pode se afundar. Pensa nisso. E toma sua decisão. E tem mais, todos na casa gostam de você, ficaram todos muito chateados com a sua reação. Não tem essa de ninguém respeitar. Todos admiram você demais. O Lazuli então achou que foi ele que ajudou a criar o problema e ficou muito triste. Mas, OK, faz do seu jeito. Agora, vai trabalhar, e se quiser, vai para uma sala do outro lado do galpão, e fica isolado. Vou colocar numa minuta o que acordamos, e depois do expediente nós assinamos. Pode ser assim?
Concordei, peguei minha mochila e saí. As coisas não tinham saído mesmo como eu pensei, mas estavam encaminhadas.
Fui trabalhar, e minha cabeça, toda hora, voltava às palavras do Maciel. Na hora do almoço, eu fui num outro bar, para não cruzar com o pessoal da empresa. Só que eu não contava que o Lazuli, o Maycon e o Steve viessem atrás de mim, e me encontraram no outro restaurante, almoçando. Eles vieram me pedir desculpa, disseram que estavam tristes com a minha postura, que respeitavam a minha vontade, mas queriam se desculpar. Falei que estava tudo bem, tentei desconversar, e meio sem-graça, agradeci. Eles se sentaram à mesa e pediram as refeições ali mesmo. Comemos em silêncio, mas foi bom porque no final o clima já estava menos tenso. Eles partiram, se despedindo, e eu só fui depois de alguns minutos para não seguir junto com eles. Mas me sentia mais leve, tendo resolvido com eles de forma civilizada.
À noite, no hostel, é que eu relutei um bocado, para ligar para a Laíse. Por fim, decidi que mandaria uma mensagem e pedi que no sábado, nos encontrássemos para conversar. Eu iria pegá-la pela manhã. Ela agradeceu, secamente, e não quis mais papo. Notei que estava magoada com minha atitude.
Naquela noite, quando cheguei, estavam no hostel, um grupo de jovens brasileiros, viajando como turistas. Acabamos trocando ideias na salinha, eles iam dar umas voltas à noite pela cidade, e me convidaram para ir com eles. Dois rapazes e três moças. Entre elas, uma mineirinha mestiça. Do cabelo todo enroladinho, cor de mel, olhos verdes, uma delícia. Um corpo lindo, e bem assanhada. Foi impossível não flertar com ela. Nossas conversas convergiam, nossos gostos batiam, e ela foi ficando bem acessível. Quando eu vi, estávamos nos olhando nos olhos, e o tesão bateu nos dois. Eu agia meio na vontade de me desligar do meu drama. Dali para frente o passeio ficou sendo, os outros mais adiante e nós dois bem mais atrás. Andar pelas ruas de Lisboa à noite, é muito tranquilo, não temos a tensão da falta de segurança que existe no brasil. Não demorou e estávamos nos beijando, eu fui me deixando levar, pois precisava daquilo, a conquista daquela gata linda, me elevava demais a autoestima. Eu embarquei na vibe da conquista.
Claro que não fomos de volta para o hostel, e encontramos um hotelzinho bem pequenino, no centro histórico de Lisboa, onde passamos a noite. Nem dormimos muito pois ela estava viajando de férias solteira, e cheia de amor para dar. E eu, carente, precisando me dar aquele mimo, me elevando a autoestima, e cheio de tesão. Acho que era também uma forma de me vingar da Laíse. Fizemos um sexo despudorado, eu a chupei muito, enquanto nos despíamos. Naquela hora, agradeci à Laíse, por ter perdido a timidez ao transar com uma mulher, e aprendido tanto com ela no último ano. A moreninha que se chamava Socorro, gozou deliciada, na minha boca uma duas vezes, depois me chupou até perto do gozo, mas em seguida eu meti nela num papai-mamãe, delicioso, quando ela voltou a gozar.
Finalmente, peguei a gata de quatro e meti até que ela gozasse mais uma vez. Por fim, ela veio cavalgar, e gemia alto, rebolando, exclamando como estava bom, que nunca gozou tanto na vida dela. Eu estava encantado, por descobrir que a minha esposa havia me ensinado a ser um grande amante. Mesmo sendo uma garota linda e deliciosa, eu sabia que era uma aventura passageira. Mas ela estava adorando. Finalmente, tomamos uma ducha e dormimos um pouco, mas, pela manhã, antes do café, voltamos a ter uma foda deliciosa, de ladinho, com os peitinhos dela em minhas mãos, eu socando por trás. Até que fui encaixando o pau no cuzinho, ela gemeu, disse que ia doer, mas não se afastou e eu fui colocando o pau lubrificado pela bocetinha melada até que entrou tudo. A Moreninha gemia e rebolava, me chamava de tarado tesudo, pediu para eu não parar até que ela, uns seis minutos depois de eu estar metendo no cuzinho dela com um ritmo bem acelerado, gozou gemendo muito alto, e eu acabei gozando com aquela situação excitante e jorrei muito naquele cuzinho. Foi uma noite inesquecível. Tomamos banho, tomamos café e voltamos ao hostel, onde os amigos a esperavam para seguirem os passeios. Trocamos números de telefone e fui trabalhar.
Aquele dia trabalhei ansioso, mas quando voltei ao hostel, a Socorro havia deixado um bilhete, dizendo que ia visitar outra cidade, mas voltaria a Lisboa para me encontrar. E no dia seguinte, foi também um dia muito tenso, pois eu sabia que teria que confrontar a Laíse.
Mas na terça-feira de tarde, era véspera de feriado e o Maciel me chamou, dizendo que no dia seguinte, primeiro de maio, ele e a Meiry iriam a um almoço numa cidade do litoral, num restaurante de uns amigos, clientes dele. Ele pretendia levar a Laíse, e pediu se eu podia ir também, pois ele queria que eu conhecesse esses clientes e amigos. Alguns dos que estariam no almoço poderiam ser meus futuros contratantes.
Eu disse que ia falar com a Laíse, e antecedi o nosso encontro para aquela noite. Liguei e ela me tratou educadamente, mas discreta. Expliquei o que se passava e ela falou:
— Tudo bem Guto. Eu já quis muito ter essa conversa, mas estou começando a achar que não devo. Pode ser um erro. Mas vou aceitar. Proponho uma conversa definitiva. Falaremos tudo o que temos para falar. Pode ser assim?
Concordei. Admirado com a disposição resolutiva dela. Combinei que a pegaria no início da noite.
O resto da tarde eu trabalhei muito ansioso, pelo encontro que teria com ela. Afinal, seria uma conversa de lavar a alma. E fui para o hostel tomar banho e preparar minha alma e mente para aquela conversa, o almoço e encontro no dia seguinte. Dormi um pouco, tentando me relaxar, e voltei a ter um sono agitado. Eu não relaxava.
Continua na parte 8.
Conto de Leon Medrado, inspirado no relato original do Guto.
e-mail: leonmedrado@gmail.com
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