Acordamos e a nossa rotina é sempre a mesma, não importa se durante a semana ou nos finais de semana. Rubião e as muitas tarefas da chácara ou vendo futebol na TV e, e eu as tarefas domésticas, que também são muitas, principalmente por que Rubião nunca quis que usássemos eletrodomésticos que facilitariam muito a minha vida. Na cabeça dele é coisa de mulher preguiçosa que não quer cuidar da casa, do marido e de suas obrigações de esposa. Diz sempre que suas avós e sua mãe faziam tudo sozinhas e eram felizes no casamento. Diz também que ocupa a mente e evita pensarmos bobagens. E depois de tantos anos juntos eu confesso que já me acostumei com essa rotina. Eu sei que muitos podem achar que eu sou um coitado que tenho um marido austero, fora dos padrões, que em nada combina comigo, que sempre fui estudioso, sempre tive uma vida confortável, principalmente por ser filho único, mas que em algum momento o destino deu uma reviravolta e as coisas foram acontecendo de uma maneira que eu até podia evitar, mas eu não consegui. Isso não é nada tão absurdo assim. Quantas mulheres vivem para servir a família e o marido? Quantas mulheres são submissas, apanham, e vivem no cabresto? Milhares! A diferença é que eu nasci homem e que por obra do destino, conheci um homem que trabalhava com o meu pai e me conhecia desde criança e que era obcecado por mim e que foi me moldando ao seu estilo e bel prazer. Quem conhece a minha história sabe que as circunstâncias me levaram a ser o que sou hoje. Há sim uma obsessão dele sobre mim, de querer me controlar, me fazer sempre obedecer e de me maltratar. Não posso negar isso. Há um controle psicológico dele sobre mim. Algo que levaria anos de terapia pra descobrir o por que dele querer me manter sempre submisso as suas vontades, a relegar as minhas e serví-lo como uma boa esposa. Talvez por isso nós não tenhamos amigos, conhecidos e pessoas que convivam conosco. Dificilmente alguém entenderia como nós dois vivemos. Na verdade, ninguém entenderia o nosso estilo de vida. Nós não temos acesso ao mundo externo. Vivemos somente para nós dois e levamos uma vida tranquila. Todos esses anos que vivemos juntos me fizeram penetrar no universo dele, mas ele nunca conseguiu entender o meu e também nunca fez questão. Ele preferiu me moldar ao seu mundo e como já mencionei várias vezes, eu não tive saída, não fui forte o suficiente para ter controle da minha vida e ao invés, entreguei-a totalmente a um homem completamente diferente de mim. Menininha, mesmo frágil e ingênua, foi mais forte e corajosa que eu. Ela saiu da jogada na hora certa ou então estaria hoje igual a mim, sendo submissa a força desse homem, que eu vendo montado em cima de um cavalo, sem atrativos físicos, bruto, selvagem, ignorante, violento, temido, percebo que eu não vivo sem ele. E que mesmo com todos os adjetivos descritos anterioemente, ele é muito inteligente e sempre conseguiu tudo o que queria, principalmente no que diz respeito a mim. Qual outro homem conseguiria transformar a vida de outro homem como ele fez? Quem teria tanto poder para convencer um médico a colocar o maior tamanho permitido de próteses nas mamas de outro homem, mesmo que o combinado não tenha disso esse? Um médico capacitado não teria feito isso se não tivesse diante de um homem com um poder igual ao meu marido. E mesmo sendo um bicho do mato, ele tem valores que são escassos hoje em dia. Ele me levou para o altar, se emocionou, colocou aliança no meu dedo, me deu o seu sobrenome, quis ter filhos comigo, respeitou o meu luto e tenta ser fiel, na medida do possível. Eu sei que ele tem recaídas quando vai a feira. Homem nenhum aguentaria tanto tempo sem uma mulher de verdade, sem uma vagina para satisfazer as suas vontades primitivas. Eu tenho essa consciência. Por outro lado, eu não vivo sozinho, eu sou desejado, e de certa forma isso me faz bem. Cada dia um sentimento novo. Eu agora sinto prazer em apanhar antes do sexo. Vejam só que loucura. Meu corpo está cheio de marcas do cinturão dele e eu até me orgulho delas. Parece loucura, mas será que isso só acontece com nós dois? Será que todos os outros casais não tem uma vida cheia de rotinas e segredos guardados somente entre os dois? Será que é tudo tão anormal a ponto deu ser criticado só por que eu me entrego totalmente ao meu marido? Permito que ele me use como e quando quiser, sim....eu também não sou tão tolo como muitos imaginam. Muitas vezes eu finjo obediência por que eu não sou uma pessoa que usa a violência contra o outro. Eu sempre fui assim, de oferecer a outra face. Ele é violento comigo, mas eu não consigo usar de violência com ninguém. O que eu posso fazer se eu sou assim? Será que sou o único da face da terra? Consegui retirar a corda do meu pênis, e ele nem percebeu. Sim, eu tenho os meus fetiches, desejos, vontades e me realizo com o meu homem. É tão gostoso poder falar isso, “ o meu homem”! E é esse o meu homem que está montado num cavalo, camisa semi aberta, barba enorme, pelos nas axilas que nunca foram aparadas, volume na calça jeans surrada, botas sujas, antes caseiro, agora vaqueiro e proprietário da chácara. Vendo-o assim, eu fico cheiro de tesão, querendo ele, seu leite, sua pegada forte de mãos calejadas, braços torneados e fortes como uma rocha e pele quase negra de sol. Ele desceu do cavalo e vem vindo pra casa e como sempre, me dominará pelos cabelos, e satisfará os seus instintos mais selvagens. Quanto a mim, eu não vejo a hora de ser satisfazê-lo!
Rubião, o caseiro da chácara (parte 5)
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