Respirei fundo, sem tirar os olhos dele, chateada e negando com minha cabeça sua sugestão. Naturalmente, ele viu que tinha ido muito fundo, mas antes que eu falasse algo, ele se levantou e foi até uma estante e pegou um livro, folheando-o por um instante e lendo alguma coisa. Pensou por um momento, novamente me olhando e voltou a se sentar à minha frente:
- Você tem o telefone desse Rick, Fernanda?
- Te-Tenho…
- Pode me passar?
- Po-Po-Po-Por que? - Gaguejei.
- Eu queria conhecê-lo e trocar umas duas ou três palavras com ele.
- Para que? - Perguntei, claramente aflita.
- Fernanda, só quero ajudar vocês e… Por que você está recusando? Agora fiquei curioso.
(CONTINUANDO)
- Eu, hein!... - Embora ainda desconfiada, entreguei rapidinho o número do Rick para ele que inseriu na agenda de contatos de seu celular e ainda brinquei: - Pode até ficar com ele para o senhor que não me importo.
Ele apenas me encarou e balançou negativamente a cabeça, com um sorriso zombeteiro nos lábios. Preferi não insistir ou correria o risco de ouvir mais uma ou duas coisas que não gostaria. Ele mexia em seu celular e, pouco depois, iniciou uma chamada aparentemente de vídeo que, naturalmente, foi recusada:
- Fernanda, você poderia mandar uma mensagem ou ligar para o Rick para pedir que ele me atenda, naturalmente se ele não estiver ocupado, é claro?
Respondi com um sorriso amarelo e mandei uma mensagem para o Rick, solicitando que atendesse a chamada do meu terapeuta. Naturalmente ele ficou surpreso e quis saber o porquê daquilo, mas eu também não sabia e foi isso que respondi. Ele concordou em atender a chamada e eu comuniquei ao doutor Galeano que fez uma nova tentativa, sendo atendido agora:
- Ricardo!? Boa tarde. Sou Galeano, psicanalista, terapeuta e amigo da dona Fernanda Mariana.
Na sequência, o doutor Galeano virou o aparelho em minha direção para que eu confirmasse a informação para o Rick e sorriu para mim, não sei se por saber o efeito que me causava o uso do meu nome composto ou por ver a minha cara sem jeito de frente para o Rick. Cumprimentei o Rick com um “tchauzinho” que também fez o mesmo. Então o doutor virou o aparelho para si novamente, enquanto eu o encarava, fervendo por dentro. Seguiu-se uma conversa:
- Tudo bem com você?
- Vou bem, obrigado, doutor, e o senhor, como tem passado?
- Muito bem, obrigado. Ricardo, eu gostaria de, antes de mais nada, explicar que esse contato é apenas para que eu possa conhecê-lo um pouco, afinal, você tem sido nome frequente nas sessões que Fernanda tem tido comigo.
- Hããã… Tá! Ok, doutor, eu… Bem… Eu confesso que estou bastante surpreso com esse contato, mas, de certa forma, fico feliz em saber disso. Em que posso ajudá-lo, exatamente?
A partir daí sucedeu-se uma conversa bastante estranha, na qual o doutor Galeano fazia perguntas de cunho pessoal para o Rick, sobre ele, sobre mim, sobre o Mark, sobre as minhas filhas, e até sobre assuntos que não pareciam ter nada a ver com nada. Eu não estava entendendo bulhufas do que estava acontecendo, mas o doutor parecia bastante interessado no que falava e ouvia. Ficaram nessa conversa por quase vinte minutos, depois se despediram e antes de desligar, virou novamente o aparelho em minha direção e também me despedi do Rick. Enfim, desligaram.
Doutor Galeano fez algumas anotações em um bloquinho e já recebi uma mensagem do Rick:
Rick - “O que está acontecendo?”
Rick - “Quando puder, me liga, por favor.”
Respondi com um simples e solitário:
Eu - “Ok!”
Notei que agora o Doutor Galeano olhou de soslaio para mim, sorrindo. Nosso relacionamento já estava num estágio tão avançado que ele tinha o meu telefone pessoal e o do Mark em sua agenda particular. Teclou e em instantes foi atendido pelo Mark, diferentemente do anterior, uma simples chamada de áudio, que me impossibilitava ouvir as respostas do meu mozão:
- Meu querido, Mark, como tem passado?
Um breve silêncio e ele fala:
- Não, não, está tudo bem. Ela não fez nada, dessa vez. - Disse e riu enquanto me encarava.
Novo silêncio e ele explicou:
- Meu amigo, tive uma conversa muito proveitosa com a dona Fernanda Mariana e, inclusive, com o senhor Ricardo. - Falou sem tirar um sorriso do rosto: - Mas agora eu gostaria de me reunir com vocês para tentarmos um caminho comum na solução de seus problemas.
Um breve silêncio e notei que o doutor Galeano ficou meio tenso com alguma coisa que o Mark disse. Depois, falou:
- Não, Mark, claro que não, né! Só você e a Fernanda, ou você já está querendo subir o “status” do Rick e incluí-lo num trisal?
Mark deve ter falado algo meio pesado, porque o doutor Galeano fez uma expressão de surpresa. Pouco depois, ele continuou:
- Não, por telefone não! Eu até contava que você estivesse aqui hoje para tentarmos resolver de vez essa questão, mas já soube que ficou ocupado. Quando poderíamos nos encontrar?
Um silêncio e novamente o doutor Galeano insistiu:
- Mark, não faça corpo mole! Hoje é quinta, homem… Por que só semana que vem? Tá ganhando tanto dinheiro assim?
Outro breve silêncio e uma risada gostosa do doutor Galeano ecoou:
- Mas você é muito cara de pau, hein!? Já está até se convidando para jantar. Pode esquecer! Você, aliás, vocês dois… Está me ouvindo, dona Fernanda? - Perguntou, olhando para mim, mas só levantei meus ombros, por não saber do que falavam: - Vocês dois estão devendo um churrasco para mim e minha esposa. Se eu recebê-los novamente, vão ficar me devendo dois. Aí não dá, né?
Mais um silêncio e ele retorna:
- Caramba! Quem tinha que ser bom no convencimento sou eu, mas é você quem está me enrolando? Tudo bem então, vocês vem no sábado, no final da tarde, nós conversamos e depois jantamos juntos, ok? Eu vou pagar mais essa, mas quero só ver quando sairá esse bendito churrasco…
Eles conversaram mais algumas coisas sem relevância, mas sempre rindo e desligaram. O doutor retornou a sua cadeira e explicou:
- Ele está de bem com a vida, Fernanda! Sábado vamos nos reunir novamente… Ah! E é para trazerem suas filhas, pois queremos conhecê-las.
- Por que o senhor ligou para o Rick, doutor?
- Ué! Eu queria conhecer esse gajo tão sedutor. Queria saber o que tanto ele tem para ter causado esse estrago todo no seu coraçãozinho, dona Fernanda, e vou te dizer: esse homem é um pão! - Caiu numa gostosa gargalhada.
Eu sorri sem achar graça alguma e também por não entender o contexto, mas logo insisti:
- Há, há, há! - Forcei a mais falsa das risadas, zombando dele mesmo e o encarei: - Tá bom que o senhor iria ligar para ele só para isso… Me engana que eu gosto.
- Vamos conversar melhor no sábado, pode ser? Eu tenho outro paciente para… Nossa! Já estou atrasado. Fernanda, desculpa, mas hoje não vai dar mesmo para continuarmos. Sinto muito…
Nisso ele se levantou, levou nossas xícaras para perto da cafeteira e voltou estendendo sua mão para mim. A peguei e fui praticamente expulsa de seu consultório e o pior, sem nenhuma resposta ou conclusão. Despedimo-nos e voltei para a minha cidade, chegando já à noite em minha casa. O Mark já havia retornado com as meninas, feito o jantar e jantado com elas. Mary estava em seu quarto estudando para alguma prova e Miriam fazia sua tarefa de Língua Inglesa sobre a ilha da cozinha de nossa casa, sendo auxiliada pelo pai.
Eu estava faminta e havia um cheiro delicioso de comidinha caseira pela casa. O Mark quando cozinha, sabe fazer a diferença e parecia ser um desses dias, e eu estava certa! Fiz meu prato com arroz de ervas, feijão com linguiça, ovo e batatinhas palito fritas, acompanhado de uma salada de alface, tomate e cebola cortada bem fininha, tudo muito simples, mas deliciosamente temperado com o amor do meu marido. Jantei olhando a desenvoltura com que ele conversava com nossa caçula que, igualmente esperta e sagaz como o pai, aprendia de primeira. Ele a ensinava e enquanto ela fazia exercícios, ele me olhava, certamente curioso com a minha sessão. Terminei meu jantar e coloquei meu prato e talheres no lava-louças, avisando que iria tomar um banho. Em minha suíte, após o banho, fiquei deitada na cama, refletindo sobre tudo o que havia conversado horas antes com o doutor Galeano. As horas custavam a passar e um bom tempo depois, Mark se recolheu, avisando que elas já haviam se deitado:
- Quer conversar? - Perguntou, assim que se deitou ao meu lado.
- Eu… Não! Ainda estou tentando entender tudo o que o doutor me explicou. Você ficaria chateado se conversássemos amanhã?
Ele apenas balançou negativamente sua cabeça, mas parecendo estar tranquilo. Ficamos em silêncio e um som de notificação ecoou do seu celular. Mark, que até então folheava um livro de Direito Previdenciário recém comprado, pegou seu aparelho e ficou surpreso com o que viu. Eu o olhava curiosa e ele simplesmente resmungou, sem sequer me olhar:
- É o Rick!
- No seu celular!?
- Pois é… Ele diz que você ficou de ligar para explicar o porquê da ligação do doutor Galeano, mas até agora nada. Está me perguntando se eu sei de alguma coisa…
Fiquei constrangida, mas surpresa pelo fato dele ter contatado o meu marido e não a mim. Perguntei ao Mark o que ele achava que eu deveria fazer:
- Uai… Liga! - Me falou: - Ou manda uma mensagem, sei lá…
- Mas eu vou falar o quê?
- Não sei, né, Nanda! É você quem estava na sessão. Aliás, não entendi o porquê do doutor Galeano ter ligado para ele.
- Nem eu.
- Então, fala isso para ele.
Peguei o seu celular e fiquei olhando em dúvida:
- No meu não; faz do seu. - Ele falou, pegando o aparelho de volta.
- Eu o bloqueei, esqueceu? Não quero desbloqueá-lo. - Falei inadvertidamente, mas me recordei de algo: - Ah, não! Eu o desbloqueei hoje, a pedido do doutor Galeano para pedir que ele o atendesse. Eu tinha esquecido. Desculpa… Eu te mostro, se você quiser ver, quer?
Ele me disse que eu não havia feito nada de errado e que poderia ligar o mandar mensagem, seu eu quisesse, do meu ou até mesmo do aparelho dele. Peguei o meu aparelho e fiquei olhando sem saber o que fazer. Acredito que o Mark pensou que ele pudesse ser um problema e avisou que iria tomar uma água e assistir um pouco de televisão, pois estava sem sono, mas antes que saísse de nossa cama o segurei pelo braço:
- Fica! Eu… Eu prefiro.
Ele se recostou e eu acessei a minha lista de contatos, novamente bloqueando o número do Rick. Ele me encarou surpreso e sem entender nada. Então, coloquei o meu celular sobre o meu criado mudo e pedi o dele, que me entregou ainda sem entender:
- Prefiro que os contatos sejam feitos pelo seu. Para que não existam mais dúvidas entre a gente e vou fazer em viva voz, mor.
Ele deu de ombros, concordando e aguardando. Acessei o aplicativo de mensagens de seu celular e fiz uma chamada de áudio, colocando no viva voz assim que o Rick atendeu:
- Oi, Mark, boa noite. Desculpe ligar a essa hora, mas… Bem, eu acredito que a Nanda já tenha te contado que o terapeuta dela me ligou. Por um acaso, ela te explicou o que aconteceu, o porquê disso?
Mark me encarou surpreso, mas nem deveria, afinal, estávamos usando o seu celular. Eu respondi:
- Rick, é a Nanda. Estamos falando do aparelho do meu marido e no viva voz.
- Ah!... - Ele resmungou e já emendou: - Então, boa noite para os dois.
Ambos respondemos e eu entrei direto no assunto que ele queria entender, explicando o que eu já sabia: nada! Conversamos algumas hipóteses rápidas, mas, sem o doutor Galeano, era tudo muito hipotético, apenas conjecturas. Então, o Mark entrou na conversa:
- Vamos nos encontrar com o doutor no final de semana, Rick, e vamos aproveitar para tentar entender o motivo do contato. Depois te ligamos.
- Ah tá… - Rick resmungou novamente: - Então, tá… É… Mas e aí? O que estão fazendo nessa quinta-feira fria? Aqui em Sampa está uma garoa e um friozinho fora de época.
Mark me encarou e entendi a mensagem de imediato. Então, fui eu que tratei de encerrar aquela conversinha:
- Rick, já é tarde e amanhã estamos cheios de compromissos. Eu… é… digo, a gente volta a te ligar até o início da semana, tudo bem?
- Ah! Tá, tá… Tudo bem. - Pela entonação, ele deve ter entendido que estava sobrando na conversa.
Despedimo-nos dele e desligamos. Eu não sabia onde enfiar a cara de vergonha do meu marido, logo eu! Eu nada mais disse e ele se deitou novamente. Então, dei-lhe um beijo, deitando-me sobre seu peito, procurando ser acolhida enquanto pensava a respeito de tudo e decidia se falava ou não. Acabei não resistindo e comecei a falar, tudo, tim-tim por tim-tim da minha sessão com o doutor Galeano, às vezes olhando suas reações, sempre tranquilas. Aliás, Mark me ouviu tão bem quanto ele, em silêncio e compenetrado, o que me deu mais ânimo para me abrir. Após um tempo…
- E foi isso! Se eu entendi bem, ele praticamente falou que vou ter que voltar a me encontrar com o Rick para viver esse sentimento, paixão, ou sei lá que porra é essa, para só depois me decidir com quem quero ficar, mor. Acho que o doutor andou perdendo algum parafuso! O chá de banana dele devia estar batizado, só pode…
Mark ficou em silêncio, pensativo, mas tinha um semblante tão calmo e sereno que me deixou ainda mais curiosa:
- Não vai me dizer que você concorda com essa sandice?
- Acho que eu só não vejo da forma como você vê…
- Ara! Então, já não estou entendendo mais nada, sô! - Acabei o interrompendo.
- Olha só… Você não disse naquele jantar lá atrás que queria manter uma amizade com o Rick e ter alguma “liberdade” com ele? - Falou, fazendo o sinal de aspas com os dedos ao mencionar a liberdade.
- Foi, mas era em outra situação. Agora não, né!?
- Por que não? O que mudou?
- Eu não sei, Mark, é que… Sei lá! Eu achava que poderia ter com ele o mesmo negócio que você tem com a Denise, entende? Além disso, olha só todo o transtorno que isso tudo causou na nossa vida. Não sei se vale a pena arriscar e correr o risco de piorar o que já não está bom.
- Eu pensava assim também, mas as suas reações aqui dentro de casa provaram que você conscientemente pensa de uma forma, mas inconscientemente age de outra.
- Então, você também acha que eu tenho que, como foi mesmo que o doutor Galeano falou… - Tentei imitá-lo, mas de uma forma totalmente zombeteira, tamanha a minha ira com aquilo: - Ah é! “Que você tem que viver esse sentimento e se decidir por um dos dois.” É isso?
- O doutor falou que você tem que fazer isso ou só sugeriu isso como uma forma de resolver a situação?
- Sugeriu, mas… Porra! Que sugestãozinha mais coco, hein!? Daquelas tiradas bem do meio do cu mesmo, sô!
Mark começou a gargalhar de sair lágrimas dos olhos da minha resposta e acabei indo no embalo gostoso em que ele estava, mas logo ele ficou sério e o clima ficou tenso novamente:
- Acho o seguinte, Nanda… - Respirou fundo, secando uma lágrima e eu o encarei, mas ele olhava para o teto, provavelmente escolhendo as melhores palavras: - Eu errei em não ter confiado em você quando você me pediu para continuar sendo amiga do Rick. Eu penso que talvez o problema não tenha sido causado por você, mas por mim e…
- Não mesmo! Você só… - O interrompi.
- Por favor, deixa eu falar! - Interrompeu-me ele agora e me empurrou gentilmente, sentando-se e me levando a fazer o mesmo: - Eu tive medo de te perder e ainda tenho, mas eu preciso confiar no que nós sentimos um pelo outro, ou não vamos conseguir continuar aproveitando tudo o que um bom relacionamento pode proporcionar, seja conservador ou liberal. Entende isso?
- Entendo e concordo. Confiança é a base de tudo, inclusive, de uma boa cumplicidade.
- Exato! Você, e só você, é quem vai poder dizer se quer ter alguma coisa com o Rick. Não tem doutor Galeano, não tem Mark, não tem Rick, não tem ninguém que tenha o direito de tomar essa decisão além de você mesma. Se você quiser viver sei lá o quê com ele, desde que seja discretamente e sem afetar nossas filhas, eu vou me esforçar para aceitar, posso até tentar dar cobertura para você; mas se você não quiser, estarei aqui para te apoiar também, de todas as formas possíveis! Só, pelo amor de Deus, decida e fique bem com sua decisão, porque se for para tomar uma só por tomar…
O Mark se calou sem terminar a frase, mas seu semblante falava tudo: ou eu me resolvia de vez, ou ele resolveria o que fosse melhor para a nossa família e talvez dessa vez eu não estivesse incluída em seus planos:
- Eu não sei se concordo com isso ainda. - Resmunguei.
- A decisão que você tomar, vou apoiar! Mas insisto: por favor, que seja uma decisão que resolva suas aflições de uma vez por todas, ok?
Concordei e o abracei. Voltamos a nos deitar e me virei para encaixar “de conchinha” nele, só me dando por satisfeita quando a minha bunda roçou no pau dele. Passou um certo tempo e como eu não conseguia dormir, o chamei:
- Já dormiu, mor?
- Já!
- Ah tá… Desculpa! - Falei, mas me toquei de que quem dorme, não fala: - Dormiu o caralho, Mark!
Ele começou a rir e perguntou o que eu queria:
- Você sabe que provavelmente o Rick está apaixonado por mim, não sabe?
- Acredito que sim.
- E mesmo assim você concordaria que eu voltasse a encontrá-lo ou, sei lá, ter alguma coisa com ele?
Ele fez um breve silêncio e me respondeu exatamente do jeito que mais odeio, com outra pergunta:
- O fato dele estar apaixonado não me surpreende, pode não acreditar, mas você é única; eu só me assustaria se você… bem… - Calou-se novamente.
- Caramba, Mark, só responde a minha pergunta!
- Eu preciso confiar no nosso amor, Nanda. Eu sei o que sinto por você, só me resta torcer que você sinta o mesmo.
- Não vai mesmo me responder, né? Que homem complicado, sô!
- Concordo, Nanda, concordo… Tá bom assim? Eu… - Suspirou profundamente e respondeu, sem me passar convicção alguma: - Eu confio em você.
Virei-me para ele e o encarei, mas apenas um tênue facho de luz da lua que entrava pela janela não era suficiente para vê-lo perfeitamente. Apenas tinha noção de que ele estava de olhos abertos, certamente me encarando:
- Você viria comigo?
- Depende! Se for para um jantar, uma reunião isolada, talvez sim; mas se for para presenciar uma novela mexicana cheia de namoricos, juras de amor, passeios, cenas, viagens, coisas que eu não tenho condição de te proporcionar, aí não, né!
- Lembra que ele chegou a propor um final de semana na praia comigo?
- Ahamm…
- Então, hoje… assim… Você concordaria?
- Sim. - Respondeu, sem sequer pestanejar: - Só precisamos bolar a justificativa para as meninas.
- Daquele jeito que eu havia pensado?...
- Então… Daí eu já não sei! Eu teria que pensar muito a respeito porque aí você já estaria me envolvendo também.
Após isso, um silêncio tomou conta do quarto. Dormimos abraçados, agarradinhos e… Na verdade, acho que nenhum dos dois dormiu direito; pelo menos, sei que eu não! Eu teria que tomar uma decisão e essa poderia ser, talvez, a mais importante de toda a minha vida até ali…
[...]
A sexta-feira passou se arrastando e apesar da tensão, eu não me sentia tão conectado à Nanda há tempos. Ela fez questão de ser mais carinhosa, próxima, dedicada, em suma parecia a velha Nanda dos bons tempos. Não bastasse isso, encheu-me de mensagens no WhatsApp o dia todo, com emojis, beijos, declarações, insinuações, etc. Sinceramente?… já estava ficando um saco! Precisei ser sutil num dado momento:
Mark - “Nanda, pelo amor de Deus, eu tenho que me concentrar no trabalho.”
Nanda - “Mas eu te amo!”
Mark - “Eu também, mas desgruda um pouco.”
Mark - “Daqui a pouco a gente se encontra e resolve isso, pode ser?”
Nanda - “Hummm…”
Nanda - “Que insinuante!”
Nanda - “❤👫❤”
Nanda - “Ou será:”
Nanda - “🛏✋🤏👏👏🤷♀☝👌🪑🙅♀👋👋💞😍🙋♂🛏💏”
Comecei a rir da capacidade argumentativa da minha digníssima, mas eu realmente tinha que trabalhar:
Mark - “Deve estar sobrando bastante tempo aí hoje, hein!?”
Mark - “Se for esse o caso, deve ter alguma cueca para você lavar lá em casa.”
Nanda - “🤣🤣🤣”
Nanda - “Ogro!”
Nanda - “Depois a gente se vê e decide o roteiro das posições: aceito sugestões, ok?”
Nanda - “💋”
Mark - “Beijo, Nanda.”
Mark - “Agora, vai trabalhar, caralho!”
Nanda - “Isso!”
Nanda - “Vem trabalhar na Nanda, caralhudo gostosinho, vem…”
Nanda - “🤣🤣🤣”
Eu conheço a criatura e sabia que se desse corda, essa conversa iria longe. Parei de responder, suas novas mensagens, poucas até para quem considera cinquenta e tantas, a cada dois ou três minutos, um número pequeno…
Por uma inversão de compromissos, retornei quase no início da noite para casa. Nanda já havia buscado e cuidado das meninas, faltava apenas jantarmos, mas ela também já havia encomendado pizzas para uma farrinha em família. O olhar dela, a forma como ela sorria para mim sempre que nossos olhares se cruzavam, denunciava que ela estava armando alguma coisa e certamente a vítima seria eu.
Jantamos, brincando e nos divertindo com as meninas e tive a certeza de que ela armava alguma coisa quando começou a roçar minhas pernas com seu pé, terminando por colocá-lo sobre o meu colo. Quando fui acariciá-lo com a mão, notei que estava vestido. Olhei então discretamente e vi que era uma meia calça vermelha, que até então havia passado despercebida, porque ela estava com um jeans e de pantufas. Eu a encarei e uma sutil mordida em seu lábio inferior a entregou definitivamente. Logo, sua ansiedade a denunciou ainda mais:
- Vocês não estão com sono, não? A Mary está com uma carinha tão abatida, não acha, mor?
Olhei para Mary que me encarou de volta e levantou os ombros como que dizendo “de onde ela tirou isso?”. Preferi não polemizar:
- É!? Não sei, acho que está, não está Mary?
- Não! - Respondeu nossa primogênita e ainda retrucou: - E logo hoje que vai ter show do Metallica transmitido na televisão? Esquece! Vou dormir cedo não…
Os olhos da Nanda faiscaram de raiva e ela ainda tentou argumentar algo sobre responsabilidade com o descanso para não afetar os estudos e levou da Mary, bem no meio da testa, que o dia seguinte era um sábado e ela poderia dormir até mais tarde. Para piorar, nossa caçula estava ligada nos 330v, dando “nó até em pingo d’água”. Fomos todos para a sala, aguardar o início do tal show, mas a Nanda claramente estava querendo que chegasse logo o fim. Ela se sentou ao meu lado e sutilmente ficava me cutucando, alisando, dando pequenas bitocas no meu pescoço, falando que estava “ardendo em brasas” e mais uma variedade de insinuações mais que diretas do que ela pretendia.
O tal show começou e a Mary arranchou no tapete de nossa sala com refrigerante e salgados. Mirian até tentou acompanhar, mas, ao contrário do que eu previa, apagou meia hora depois. Peguei a minha caçula e a levei para sua cama, resolvendo parcialmente o problema da Nanda:
- Banda barulhenta, né, Mary? - Nanda começou.
- Que nada! Essa é de boa. A senhora tinha que ouvir Judas Priest… e Slayer então. Nu! Essa é porradaria da boa.
- Prefiro muito mais sertanejo…
- Mau gosto é algo muito pessoal, né, pai? - Retrucou Mary, sorrindo e me olhando de soslaio.
Nanda me encarou e falou, mordendo os dentes:
- Néééé, pai!?
- Ah, eu já gosto de Iron Maiden. - Disfarcei sem dar razão a nenhuma delas, mas agradando a Mary que sorriu de imediato, enquanto a Nanda agora me fuzilava com os olhos.
Aliás, notei que a Nanda se levantou e foi para trás da ilha de nossa cozinha. Logo, ouvi ruídos de louças na pia, mas estranhei, porque havíamos colocado todas no lava-louças. Olhei em sua direção e ela me chamou com um dedo indicador e um sorriso nos lábios. Fui lá ver o que ela queria. Assim que cheguei atrás da ilha, onde ela estava, vi que ela havia baixado sua calça até os pés, mostrando estar sem calcinha, depilada e com uma meia sete oitavos vermelha:
- Caramba, eu quero trepar! - Falou baixinho, ao pé do ouvido: - Eu quero porradaria, mas na minha cama.
- O show tá quase acabando…
- Quase!? Quase quanto?
- Ah, sei lá, é… Esse show é de quanto tempo, Mary? - Perguntei.
- Só duas horas, pai. É um especial…
- Duas horas!? Ahh! - Nanda resmungou, encarando-me inconformada, chegando a bater os pezinhos em sinal de desaprovação.
Pouco depois, ela voltou a vestir sua calça e saiu em direção a nossa suíte. Voltei a me sentar no sofá, assistindo ao show e logo recebi uma mensagem no celular:
Nanda - “Vai demorar?”
Mark - “Mais uns quarenta minutos, acredito…”
Nanda - “Preciso de ajuda!”
Mark - “?”
Nanda - “O programinha do mozinho.”
Mark - “??”
Nanda - “O vibrador wi-fi, Mark, o vibrador! Ajuda um pouco, vai!”
Como da última vez, ativei o programa do vibrador e fiz uma chamada de vídeo. A Nanda logo surgiu invocada do outro lado, com cara de poucos amigos. Dividi a tela do meu celular entre o programa e a chamada, e taquei o dedo no máximo já de início. A Nanda arregalou os olhos e abriu a boca, ou em sinal de surpresa, ou de satisfação, ou talvez dos dois, mas como ela nunca reclamou, nunca saberei. Fiquei alternando entre os modos e velocidades, curtindo ver a Nanda fazer caras e bocas, e tudo isso sem tirar a minha primogênita do campo de visão.
Minutos se passaram e a Nanda começou a “virar o zoinho”, abraçando apertado um travesseiro ao mesmo tempo em que escondia o rosto. Desativei o vibrador e notei que ela ainda tremia levemente, mas já relaxando o corpo. Voltei a ligar o vibrador, alternando a velocidade só para vê-la ficar descontrolada e isso foi rápido, mas, para meu desgosto, ela retirou o aparelho e ainda me deu uma comida de toco via chamada de vídeo, desligando. Mandou uma mensagem na sequência:
Nanda - “Eu já gozei, não do jeito que queria, mas já gozei!”
Nanda - “É melhor você vir em dez minutos ou vou dormir!”
Agora quem tinha pressa era eu. Meu prazo era peremptório e eu precisava agir rápido. O destino militava a meu favor e vi que os créditos finais do show já pipocaram pela televisão. Praticamente expulsei Maryeva para seu quarto, desligando a televisão, e fui me certificar que a casa estava trancada. Então, fui correndo para o meu e tranquei a porta atrás de mim. Acendi a luz e vi a Nanda estava deitada de costas, coberta somente com um lençol, me encarando com um olhar cansado e meio invocado.
Sorri maliciosamente para ela e ela jogou o lençol longe com um movimento de suas pernas, revelando que estava nuazinha em pelo. Aliás, nuazinha não, vestia um espartilho vermelho para combinar com as meias calças e no rosto exibia apenas os lábios cobertos com um batom vermelho piranha, e nada mais. Tirei a minha roupa mais rápido que o personagem do Jim Carrey no filme “Todo Poderoso” quando este se preparava para transar com a Jennifer Aniston e parti para cima da minha onça vermelha. Antes que eu a tocasse, ganhei um grande não de seu indicador da mão direita. Olhei perdido, mas ela sabia bem o que queria:
- Me chupa, aliás, me chupa, lambe, beija, mas só vai me comer depois que me fizer gozar bem gostoso de novo, ouviu, doutor Mark?
Quem sou eu para recusar um quitute como aquele? Posicionei-me e caí de boca, usando todos os meus truques e artimanhas, mas ela estava impossível:
- Ah, normalmente, fica mais difícil eu gozar depois da primeira…
Mentira! Ela só tentava me insultar. Depois da primeira gozada, ela ficava ainda mais sensível ao toque e eu sabia bem, porque aquele violão ali, eu já havia dedilhado várias e várias e várias vezes. Dei o meu melhor, mas nem precisava de tanto, porque em minutos vi que ela já começava a se contorcer. O que veio depois é que me surpreendeu:
- Sabia que fui eu quem ensinou ao Rick como chupar uma buceta bem gostoso?
De onde eu estava, apenas olhei na direção de seus olhos e vi que ela me encarava, provavelmente curiosa com as minhas reações, talvez me testando para saber até onde eu poderia realmente estar disposto em chegar. Como continuei lambendo sua buceta, apenas a olhando, ela insistiu:
- Mas você ainda é melhor que ele, está ouvindo? Ainda é… Ahhhhhh! - Gemeu ao sentir uma “mordidinha” de leve que dei em seu clítoris.
Após respirar fundo e engolir a seco, entendi que ela ainda estava disposta a mais:
- Você bem que podia ensinar esses seus truques para ele, mor. Você tem bem mais experiência que ele. Daí, quando eu fosse me encontrar com ele, não sentiria tanto a sua falta…
Levantei minha boca, mas enfiando dois dedos dentro de sua buceta, dobrando-os como um gancho e perguntei:
- Ah é!? Então, você quer mesmo se encontrar com ele, né?
Ela suspirou profundamente, de olhos fechados, sentindo a pressão dos meus dedos e depois me encarou:
- Quero ser feliz com você, seu bobo. Eu só estou brincando.
- Falando nele?
- Foi sugestão sua e do doutor Galeano, tá lembrado?
- Você está me testando? - Perguntei num tom que saiu muito errado da minha boca.
Ela fez uma expressão dúbia, mas notei que realmente ficou sem reação e no final me surpreendeu:
- Desculpa. É que eu precisava saber se você está mesmo tranquilo com essa história toda do Papai Noel.
Sorri e enfiei novamente a boca em sua buceta, agora ativando o modo turbo: lambendo, beijando, sugando, beliscando e ainda cutucando com os dedos por dentro. Não passaram mais do que dois ou três minutos e ela escondeu novamente o rosto no travesseiro, gemendo e tremendo, numa gozada bem forte. Deixei que ela aproveitasse aquele orgasmo, mas fui subindo pelo seu corpo, beijando, lambendo e sentindo como ela reagia a cada novo contato meu. Quando cheguei na altura de seu rosto, retirei o travesseiro e a beijei, encaixando o meu pau em sua buceta, que escorregou fácil e rápido para dentro. Três penetrações depois, ela, com um movimento de perna que faria os Gracie se orgulharem, me tirou de cima:
- Para que isso, sua louca!? - Perguntei assim que pousei feito um parvo ao seu lado no colchão.
- Meu cu. Fode o meu cu! - Falou, já se colocando de quatro e abrindo bem as bandas da bunda em minha direção.
A cena era maravilhosa. Minha morena estrategicamente posicionada, puxando as bandas de sua bunda para fora, forçando as próprias pregas de seu cu a se esticarem para as laterais. Não bastasse isso, todo o rego estava molhado com suas secreções, de baixo a cima, dando um brilho todo especial aquele quadro que se descortinava à minha frente.
Posicionei-me louco para me apossar daquelas carnes, mas decidi melhorar sua posição, trazendo-a até a beirada da cama e fazendo sua bunda ficar ainda mais arrebitada e exposta para mim. Lógico que ela obedeceu de bom grado, esperando o melhor; lógico que eu frustrei suas expectativas, pois não enfiei meu pau naquele buraco de imediato, enfiei a minha língua e passei a chupar e lamber seu cu, vagina e toda a racha com suas adjacências, fazendo ela ranger os dentes em gemidos roucos e ruidosos que só não acordaram nossas filhas, porque ela teve o bom senso de enterrar o rosto no colchão.
Só quando me dei por satisfeito em sorver aqueles líquidos e me esbaldar naqueles cheiros e aromas é que me posicionei para dar o “check mate”. Eu, sendo eu, não pude deixar de sacanear um pouco mais e lhe dei um forte tapa na bunda, fazendo com que ela “piscasse” aquele cuzinho delicioso a minha frente. Que cena linda: se já é bom quando oferecido, quando ele nos paquera é uma delícia! Posicionei meu pau na entradinha e dei uma leve forçada. Ela suspirou e não refugou, mantendo-se firme na posição. Forcei novamente e a cabeça, valente, abriu passagem:
- Ah-Ah-Ah-Ahhhhhhh! - Resmungou.
- Quer que eu tire?
Ela só me olhou por sobre os ombros e o olhar dizia tudo: eu seria um homem morto se fizesse aquilo. Aguardei um breve momento, alisando sua cintura e bunda, voltando a forçar a penetração. Ela rangeu os dentes novamente e me surpreendeu:
- Tudo! Até o fim! Vai!
Lembrei-me de um clássico e não pude evitar:
- Seu pedido é uma ordem, “my lady”!
Segurei firme em sua cintura e passei a trazê-la para mim ao mesmo tempo em que eu empurrava minha cintura em sua direção. Ela grudou feito um carrapato no lençol da cama, rangendo os dentes e gemendo, suspirando profundamente quando sentiu minha púbis tocar em sua bunda, resmungando com uma voz rouca, possuída pelo desejo:
- Ahhhhh-iiiiiiiii! Tudo! Isss-so!...
Passei a penetrá-la lentamente para não machucá-la, mas ela realmente estava a fim e começou a dar bundadas para trás, buscando o meu pau. O som começou a ficar audível demais para o nosso gosto:
- Deita de costas, mor, sem desencaixar! Quero te fazer gozar beeeeem gostoso…
Subi na cama, segurando-a pela cintura e não desengatamos. Anos de experiência, nos auxiliaram no malabarismo que fizemos e, em segundos, eu estava na posição que ela queria: eu recostado em travesseiros na cabeceira da cama e ela sentada sobre mim, também de costas. Daí por diante ela assumiu o controle e passou a me dar um típico chá com rosquinha: chá de seus líquidos vaginais e rosquinha… bem, rosquinha é autoexplicativo. Ela sentava, apertava o anel e liberava a pressão, mas foi quando começou a rebolar que deu um show, principalmente porque vivia me olhando por sobre os ombros da maneira mais devassa possível. Não sei quanto tempo durou, mas não aguentaria muito, afinal, eu também tenho os meus limites. Avisei que estava chegando ao meu “gran finale”, mas ela me apertou as bolas do saco e arfando, falou:
- Não, não! Um pouco mais… Eu… Eu também… Eu tô quase… Só mais um pouco… Só… Ah… Hummm… Só um pouquinho.
Segurei o que pude e acho que se não fosse a mãozinha dela nas minhas bolas, eu teria gozado imediatamente. Com sua ajuda consegui aguentar mais alguns minutos, mas ainda assim acabei gozando antes dela. Ela não quis saber e continuou o que vinha fazendo, agora também alisando ferozmente seu clítoris e pouco depois de mim, chegou também a um novo orgasmo, tão forte que a fez se entortar como se tivesse sido possuída por um espírito maligno, ou seria malicioso? Pouco depois, ela se rendeu e deitou sobre mim, ainda de costas e com meu pau encaixado em seu cu, suspirando profundamente:
- Aiiiiii… Eu queria dormir com ele aí, mor.
- Aproveite enquanto ele não apaga, mas não deve demorar muito, porque hoje foi bem… - Suspirei também: - Nu! “Bão dimais da conta”!
Ficamos abraçados, respirando, nos tranquilizando e não sei quanto tempo se passou, mas devo ter apagado, pois quando me dei conta novamente, estávamos deitados de lado, encaixados numa conchinha, ambos nus, mas muito satisfeitos. Pelo menos, eu estava e muito. A Nanda ressonava como uma gatinha e não quis acordá-la. Voltei a me ajeitar e apaguei novamente, só acordando de manhãzinha com o meu despertador. Olhei para a minha frente e nada da minha onça. Levantei-me e coloquei uma bermuda, indo ao banheiro, quartos das meninas, onde apenas elas dormiam tranquilamente. Fui na direção da área social de nossa casa, já sentindo um cheirinho intenso de um bom café recém preparado. Lá, a encontrei, vestida em um robe de cetim vermelho, distraída em preparativos de um charmoso café da manhã sobre a nossa ilha. Ela não me via olhando pela fresta da porta, mas eu a vi e desfrutei de toda aquela felicidade no meu recôndito, em silêncio.
Logo, percebo que ela passa a verificar se está tudo a seu gosto e entendo que é hora de retornar a nossa suíte. Volto em silêncio e deito, fingindo, dormir. Ela entra pouco depois e vem se aninhar em sua conchinha novamente, passando a forçar sua bunda em mim. Finjo acordar só naquele momento e beijo sua nuca. Meu pau, valente, fica rígido como pedra em poucos segundos, arrancando um simples “ui!” com toques de felicidade dela:
- Ah, delícia! Já acordou com vontade, foi? - Perguntei.
- Só se a gente for bem rapidinho. As meninas devem acordar daqui a pouco.
- Nessa posição, só se for no…
- Isso! Rapidinho…
Que delícia de café da manhã. Ela própria passou a roçar a cabeça do meu pau em seu cu; ela própria posicionou-o em seu buraco; ela própria forçou sua bunda para trás para encaixá-lo; e, ela própria passou a se penetrar, gemendo como uma gata no cio. Apesar do prazer de vê-la se entregar, decidi assumir e dar uma intensidade um pouco maior aquele momento. Passei a beijar seu pescoço, nuca e ombros, e bolinar seus seios, enquanto ela se dedilhava para chegar mais rápido ao clímax. Fomos rápidos realmente, mas nem um pouco menos intensos, menos ainda insatisfeitos ficamos após gozarmos forte com aquela pegada matutina. Após descansarmos brevemente, ela me convidou a acompanhá-la num café da manhã para dois:
- Dois!?
- É! Papai e mamãe. As meninas podem esperar um pouco.
Ela me arrastou para a ilha de nossa cozinha e tomamos o café juntos, olhos nos olhos, mãos dadas. Não faltaram brincadeiras e insinuações entre a gente de que ainda não estávamos muito satisfeitos com a noite anterior e o despertar recente:
- Mas já está querendo, mor? - Perguntou, sorrindo graciosamente, fingindo ou realmente mostrando um resquício da timidez que um dia a dominou.
- Sempre, morena, sempre!
Ela me encarou e sorriu lindamente. Só então lembrei-me que essa palavra parecia despertá-la para os nossos melhores momentos juntos, era como se fosse um apelido de nossa época de namorados e que coroou aquele sentimento em um casamento tão cheio de boas recordações. Tomamos nosso café e fomos nos sentar no sofá da sala, para namorar, conversar, interagir sobre os mais diversos assuntos, nem parecia que ainda estávamos enfrentando uma situação desafiadora.
Miryan logo chegou e a Nanda foi preparar o seu café da manhã. A caçula se sentou à ilha e ficou mexendo em algum talher enquanto aguardava. Pouco depois, Mary também apareceu e foi se sentar próxima à irmã. Quando ela olhou toda a preparação do café da manhã sobre a ilha, encarou a mãe e ainda brincou:
- Que é isso, hein!? A noite deve ter sido boa.
- Maryeva! O que é isso, menina? - Nanda a repreendeu, mas não conseguiu conter uma gostosa risada; eu, pelo menos, não consegui.
Elas tomaram o seu café da manhã e o dia transcorreu normalmente, cada qual cuidando de suas obrigações e interesses. Por uma coincidência do destino, eu parecia ser o interesse da Nanda, pois ela sempre dava um jeito de dar uma escapadela para me dar um beijo, um abraço ou dizer que me amava.
No meio da tarde, fomos nos arrumar para o evento do dia: a reunião e depois o jantar na casa do doutor Galeano. Nanda se vestiu a caráter, digo, estilo MILF, comportada e desejável, em um lindo vestido longo com um decote sensual, mas não escandaloso, além de sandálias de salto alto, com maquiagem e penteados discretos. Eu fiz o mesmo, usando um esporte fino. Já nossas filhas foram produzidas da melhor forma possível, pois ela parecia fazer questão de querer mostrar ao doutor Galeano seus verdadeiros tesouros na Terra.
Saímos e chegamos em sua cidade por volta das dezesseis horas. Estacionei em frente a sua clínica e, fechada, trancada mesmo. Liguei para ele e após uma sonora gargalhada, veio a explicação:
- Mark, é sábado! Venham para minha casa, querido.
Rumamos para lá e após anunciados, fomos autorizados a entrar. O doutor Galeano já nos esperava defronte a imensa porta de sua mansão. Cumprimentou a Nanda com um beijo no rosto, a mim com um abraço e foi então apresentado a nossas filhas. Maryeva apertou sua mão e aceitou um beijo no rosto, embora um tanto desconfiada:
- Vixi! É a cara da mãe. - Ele brincou, colhendo um imenso sorriso da Nanda.
- Mas sou o gênio do meu pai. - Maryeva, ela própria, o retrucou.
Doutor Galeano a olhou, surpreso e não perdeu a chance de brincar novamente:
- Talvez sim, querida, mas esse jeitinho de enfrentar eu conheço bem e não é do seu pai não.
Nanda o encarou, fazendo um bico de inconformismo pela indireta recebida e eu ri de ambos. Ela então apresentou a nossa caçula, tímida no início, meio escondida atrás de mim, mas que em questão de segundos o conquistou com o seu grande e brilhante sorriso:
- Essa é a cara do pai, mas o gênio, eu… eu ainda não sei de quem herdou. - Disse doutor Galeano, sorrindo já magicamente conquistado pela nossa caçula.
- Meu, né, doutor! É óbvio. - Resmungou a Nanda, ganhando outro sorriso da caçula.
Fomos convidados a entrar em sua mansão e levados até sua enorme sala de estar. Ele nos perguntou se bebíamos alguma coisa e como dissemos que ainda era cedo, ele nos pediu licença para chamar sua esposa, saindo em seguida. Ficamos conversando assuntos banais e não pude deixar de notar que nossas filhas olhava abismadas o ambiente ao redor que, verdade seja dita, realmente era muito suntuoso. Não tivemos tempo sequer de esquentar os assentos e o doutor Galeano voltou com sua esposa, Catarina, a tiracolo.
Nova sessão de apresentações das filhas e, pasmem, a Maryeva simpatizou com ela. Logo, as duas de braços dados em um passeio guiado pela casa, aliás, as três, porque ela fez questão de levar a Miryan junto, deixando apenas eu, Nanda e o doutor Galeano para trás. Este inclusive não perdeu tempo:
- Queridos, me acompanhem, vamos até meu escritório. Lá teremos mais tranquilidade para conversar.
Gentilmente ele ofereceu a mão para Nanda, ajudando-a a se levantar. Depois a repousou em seu braço e novamente me chamou a acompanhá-los até seu escritório. Entramos e ele fechou a porta atrás de nós:
- Fiquem tranquilos com suas filhas. Catarina irá distraí-las até terminarmos aqui.
- Ela parece ter bastante jeito com criança. - Nanda falou.
Ele apenas acenou positivamente com a cabeça, enquanto ainda sorria. Depois nos indicou duas cadeiras elegantes de couro, de um estilo clássico e se sentou em uma poltrona, atrás de uma mesa. Não queria perder tempo:
- Bem… E então? Tiveram tempo de pensar em tudo o que conversamos? Aliás, vocês conversaram entre si sobre o que nós conversamos isoladamente em nossas sessões?
Ambos balançamos positivamente a cabeça, mas a Nanda pouco depois mudou para um negativo que nos chamou a atenção. Ele a instigou a compartilhar sua conclusão:
- Doutor, o senhor pirou de vez! Sua proposta beira o absurdo. O pior é que o meu marido parece ter aceitado a sugestão…
- Não vejo o porquê. O fato de você ter desenvolvido um sentimento por um terceiro é algo normal. - Disse, calmamente: - Além do mais, vocês são liberais, se amam, se querem… O que os impediria?
- Ai, Jesus! Eu já conversei isso com ele antes, doutor. Eu falei do convite do Rick para termos uma última vez, mas ele não quis saber e não deixou, e participar então, nem pensar!... - Ela insistiu.
- Você não pode responder por mim! - Falei, interrompendo-a e fazendo com que me encarasse surpresa.
- Está vendo? E se ele topasse, Fernanda, você estaria disposta a ter essa última vez com o Rick, estando o Mark presente ou não?
Ela ficou em silêncio por um momento olhando para ele e depois olhou para mim com uma sinceridade no olhar que me tocou fundo:
- Eu só toparia se o Mark estivesse realmente de acordo e se isso fosse para deixá-lo em paz. Caso contrário, prefiro nunca mais ver o Rick e afogar esse sentimento, seja lá o que for, no meu peito. Não quero piorar a minha vida ainda mais. Mas se ele aceitasse me dar essa chance, eu juro que faria tudo direitinho para ele voltar a confiar em mim novamente. O que ele me autorizasse fazer, eu faria, do jeitinho que ele quisesse. “Tudin mes”…
- Não é meio contra os preceitos de vocês liberais haver uma certa restrição, uma limitação de um parceiro para o outro?
- Não é limitação, doutor. Seria apenas respeito a regras de proteção tanto do corpo como da alma. Eu e o Mark temos algumas e foi justamente por eu ter deixado de observar algumas delas que estamos assim.
- Que regras são essas, só por curiosidade, querida? Pode explicar?
- Uai! São ou eram cinco regrinhas, nem sei mais, como não transar sem proteção, sempre estar junto do parceiro ou com sua permissão se for sair sozinho e sempre com pessoas conhecidas, não repetir os parceiros, nunca fazer sexo com amigos de nossos círculos sociais ou parentes, nunca colocar nossa vida liberal acima de nossa família ou de forma que possa prejudicá-la. Acho que é isso, não é, mor?
Concordei com um meneio de cabeça e ele deu a entender que também concordava com essas regras, afinal, visavam apenas garantir a nossa segurança e a da nossa família. Elas não limitavam nossas opções ou direitos, apenas impunham formas para que os riscos ficassem diminuídos:
- Ok, querida! E por que elas não funcionaram nesse caso do Rick?
Ela ficou em silêncio, pensativa, mas não parecia ter uma resposta, o que ficou claro quando fez um movimento com seus ombros, demonstrando dúvida. Ele não parecia tê-la:
- Eu acredito que você tenha desenvolvido esse sentimento pelo Rick logo no primeiro momento. Como vocês são liberais e abertos a novas experiências, no primeiro contato com ele você já ficou interessada. Daí conforme conviveram e tiveram certa intimidade, você desenvolveu um gostar por ele.
A Nanda o ouvia e me encarava, como que querendo saber a minha opinião. Eu só fiz um movimento de sobrancelha, concordando com a proposição do doutor Galeano. Ele voltou a falar:
- Uma pessoa solteira ou que se porte como solteira, aberta a novas experiências, vive em constante risco disso acontecer. Você só precisa entender esse risco e saber como lidar com as consequências dele.
- Voltando a ficar com o Rick, doutor!? - Ela perguntou, chateada.
- Por que não!? - Ele retrucou.
A Nanda ficou em silêncio novamente e se recostou em sua cadeira, sem tirar os olhos dele, cada vez mais injetados de raiva. Passou então a alternar sua atenção entre nós dois até que fechou os olhos, respirou fundo e ao abri-los voltou a falar:
- Se eu tiver que transar com o Rick para reconquistar a confiança do Mark, eu vou perdê-la de vez. A ideia de transarmos com outro foi para apimentar nosso relacionamento e não para gerar mais dúvidas. Sou feliz como meu marido e não preciso de mais ninguém, nem mesmo do Rick.
Apesar de eu já ter admitido a possibilidade, não nego que ouvi-la dizer aquilo em alto e bom som me fez um bem danado para o ego, tanto que acabei abrindo um grande sorrisão. Entretanto, o doutor Galeano não parecia convencido:
- Ainda acho que você deveria enfrentar essa experiência…
- Chega, doutor, ou vamos brigar feio! Não concordo que ninguém diga o que eu tenho ou não tenho que fazer da minha vida sexual.
- Ninguém!? Nem o Mark? Como ele fez naquele jantar com o Rick?
Ele a havia encurralado. Conhecendo a Nanda, eu já esperava que ela fosse explodir com ele, mas ela novamente me surpreendeu explicando para ele:
- Quando a gente se casou, o padre disse que nos tornaríamos, a partir daquele momento, uma só carne. Então, ele é eu e eu sou ele. Quando ele toma uma decisão por nós, eu também estou tomando. Apesar de eu não ter entendido direito naquele dia, hoje eu consigo ver que a decisão que ele tomou também era minha. - Ela então se virou novamente para mim e segurou minha mão: - E eu te agradeço muito por ter feito isso.
Surpreso era o mínimo. Eu estava estupefato, boquiaberto e de olhos arregalados. Sem saber o que dizer, eu encarei o doutor Galeano que tinha um grande sorriso nos lábios, mas ele não perdia a chance:
- Vocês tem transado?
- Que pergunta é essa, doutor!? - Nanda o indagou, rindo, mas não negou: - É claro, né! Bem gostosinho…
Ele sorriu novamente e pediu licença, fazendo uma chamada de seu celular. Depois, ficou nos encarando com um sorriso no rosto e falou:
- Então acho que não tenho mais o que fazer. Acredito que tenham se resolvido.
Ela apertou ainda mais minha mão e abriu um sorrisão, satisfeita, com o veredito. Sua satisfação não mais que um ou dois minutos:
- Por que você fez aquela proposta absurda para mim? E por que impôs isso para o Mark? Até hoje eu não entendi o que…
Duas batidas na porta a interromperam. O doutor Galeano fez um sinal com a mão para que aguardasse e se levantou para atender. Sua emprega entrou com uma bandeja com uma garrafa de café e xícaras:
- Acharam que eu ia esquecer do nosso cafezinho, né? - Falou, sorrindo.
Então, ela saiu e ele nos serviu:
- Café antes do jantar? Tá certo isso? - Nanda o provocou e se virou para mim: - Eu falei pra você que ele não anda batendo muito bem, mor…
Ele deu uma alta gargalhada e explicou:
- O jantar ainda vai demorar um pouquinho e eu não poderia deixar de cumprir esse praticamente ritual das nossas sessões, né? - Disse e bebeu um gole de seu café: - Agora respondendo a sua pergunta… é… Eu posso, Mark? Vou ter que entrar um pouco em nossas conversas.
Eu estava tomando um gole de café e após, acenei positivamente com minha cabeça. Ele sorriu e continuou:
- Então… O Mark ainda não era um liberal pleno, Fernanda. Ele é um homem de mente aberta, mas seu coração ainda está ou estava preso. Por mais que a mente dele dissesse: “deixa ela viver, aproveitar, porque ela vai voltar”, o seu coração dizia: “ela já aproveitou bastante e, se for, pode não voltar mais”. Ele também vivia numa contradição interna, pensava uma coisa, mas sentia outra.
- Desconfiando de mim, né, Mark!? - Ela falou, mas sorrindo, brincando com a situação.
- Não, Nanda… - Falei um tanto quanto constrangido: - Eu desconfiei de mim e de tudo o que havíamos construído juntos, em especial do nosso amor. Se eu tivesse acreditado em você e no que você sente por mim, nada disso teria acontecido.
Não sei o porquê, mas ela sentiu um peso enorme nessas poucas palavras, tanto que seu semblante se entristeceu. Eu já havia começado e queria pelo menos terminar minha explicação:
- A minha conversa com o doutor só me mostrou isso, que eu precisava confiar, porque você iria voltar para mim e mesmo assim se não voltasse… - Minha voz se embargou ligeiramente e precisei pigarrear, e ainda assim titubeei: - Bem… É porque… Bom… De qualquer forma, teríamos vivido uma linda história de amor, só que findada. Tanto é que nossos frutos estão por algum lugar na casa do doutor Galeano, então, mesmo terminada, teria valido a pena.
Ela tremeu na base, literalmente e derrubou sua xícara de café no chão. Olhou perdida para a xícara por um momento, sem ação e eu me ajoelhei para recolher os cacos da pequena porcelana. Quando olhei em sua direção para repreendê-la suavemente, vi que tinha os olhos cheio de água, prestes a chorar:
- Eu não estou terminando com você. Só estou tentando explicar que eu estava preparado para qualquer situação, porque, em qualquer delas, nossa história teria sido linda…
Duas lágrimas rolaram por sua face e ela fechou os olhos, respirando fundo. Depois os abriu de novo e acariciou a minha careca, pois eu voltara minha atenção para os cacos:
- Nossa história não teve e não terá um fim… Sabe por quê? Porque você é minha alma gêmea! Pode ser nessa vida ou em outra, a gente vai estar juntos. Tenho certeza!
Sorri para ela que também sorria, embora ainda com olhos marejados e levantei ligeiramente minha cabeça para poder enxergar o doutor Galeano que também sorria. Não aguentei a situação e brinquei:
- Doutor, eu estou fudido! É prisão perpétua mesmo!
Ela me puxou para si pela gola da camisa e me abraçou, chorando, enfim. Naturalmente eu a abracei também e seria um baita mentiroso se dissesse que também não deixei escapar uma ou duas lágrimas naquele momento. Após algum tempo, consegui me separar dela e lhe dei um beijo salgado na boca:
- Eu te amo, sua boba.
- Não, eu que te amo.
- Não! A gente é que se ama demais.
- É… Isso! A gente e para sempre.
- Nóóóó… Para sempre é mais que prisão perpétua, não é, doutor? - Brinquei novamente e ela sorriu para mim, dando-me outro beijo.
Desculpamo-nos pela sujeira e pela louça quebrada, mas o doutor Galeano era só sorriso e veio nos abraçar depois daquela demonstração de harmonia. Nanda não o perdoou:
- O senhor ainda não explicou por que fez aquela proposta absurda?
- Primeiro, porque não era absurda: vocês são liberais, sexo com terceiros é sempre uma possibilidade e se servisse para encerrar essa sua história com o Rick, seria um risco calculado, ainda mais porque já havia sido aceito pelo seu marido. - Disse, me encarando e acenei positivamente com a cabeça: - Segundo, indo diretamente pela direção contrária, porque eu precisava mexer com o seu brio, dona Fernanda Maria. Eu precisava cobrar de você o reconhecimento de quem realmente é importante na sua vida, independentemente do envolvimento sexual.
- Nu! Tudo isso para o senhor me falar que é o Mark quem me importa?
- Eu não tenho que te falar isso! Você é que tem que entender e reconhecer. A partir do momento que você reconheça que o Mark é o seu parceiro de vida, se você ficar ou não com esse Rick ou qualquer outro, você sempre voltará para o seu parceiro, entende?
- Então, o senhor propôs esse absurdo para eu negar, foi isso?
- Sim!
- Mas eu poderia ter aceitado ficar com Rick e se fizesse isso, mas tivesse voltado para o Mark, tudo ficaria bem?
- Sim!
- E se eu tivesse aceitado ficar com o Rick e não voltasse mais para o Mark, tudo ficaria bem também!?
- Sim! - Fez uma pausa, olhando para nós e continuou: - Mas veja bem… São “sins” diferentes. Quando você negou ficar novamente com o Rick, reconheceu o valor do seu marido e o amor que os une, e se ele ainda tem dúvida, você agora poderá ilidi-la com o tempo e a convivência entre vocês. É o melhor “sim” de todos, pelo menos para mim, monogâmico e conservador que sou… O segundo “sim”, poderia machucar o Mark? Poderia, mas quando você voltasse para ele, acabaria com qualquer dúvida dele quanto a vocês e o faria o homem mais feliz do mundo, porque você, certamente, iria se desdobrar para fazê-lo se sentir assim. Já o terceiro “sim”, iria machucá-lo, sem dúvida alguma, mas, pelo menos, ele teria finalizado essa história e poderia iniciar outra, a seu tempo, com outra parceira. Esse, apesar de ser o pior deles, seria, no mínimo, justo para ele que vivia uma situação um tanto quanto incerta, concorda?
Eu já possuía parte daquelas conclusões formadas, mas ouvi-las ali, assim sem filtro algum, foi impactante também para mim. Para a Nanda, nem se fale, porque ela ficou boquiaberta e branca com o entendimento do doutor Galeano. Ela ainda tentou contrariá-lo:
- Eu não concordo que encerrar minha história com ele fosse uma saída boa, para ninguém! Só vejo sofrimento nessa hipótese, para ele, para mim, para nossas filhas…
- Ué! Para você!? Por que se você estaria sendo amparada pelo lindo, rico e todo charmoso Rick? Você teria amparo de alguém, o Mark não! - Disse apontando para mim e continuou após ela tomar o choque inicial: - Talvez, e não estou te chamando de covarde Mark, mas, Fernanda, talvez ele não tenha aceitado essa verdade antes porque não tivesse a quem se socorrer e naturalmente ele não iria contar para nenhum parente da vida extraconjugal de vocês, correndo o risco disso denegrir a sua imagem ou chegar ao conhecimento de suas filhas. Só que, a partir do momento que eu entendi que ele já havia avaliado os riscos e as possibilidades, e me coloquei a sua inteira disposição para ampará-lo e a suas filhas também, ele aceitou deixá-la livre para viver e tomar a sua própria decisão.
O homem era realmente fantástico! Conseguiu avaliar todas as possibilidades, riscos e consequências de uma forma ímpar, não deixando uma única hipótese descoberta. Nanda ficou branca novamente, mas apesar do semblante abatido, não discordou. Ao contrário, concordou com singelos movimentos de sua cabeça:
- Mas isso tudo agora é passado, meus amigos. O importante é que vocês se reencontraram e acredito que estejam prontos para viver altas aventuras juntos, mais unidos e confiantes do que nunca. - Disse ele, abraçando a Nanda.
Ela, inclusive, deu-lhe apenas um sorriso amarelo, mas na sequência o abraçou apertado e agradeceu a ajuda. Ele seguiu até a porta de seu escritório e nos convidou a acompanhá-lo. Quando ia me colocar em marcha, ela segurou minha mão e a encarei. Não eram necessárias palavras para saber o quanto ela estava arrependida. Eu a beijei para que entendesse que estávamos bem, mas ela tinha que ter a última palavra:
- E o senhor está errado, doutor. Eu vou fazer o meu marido feliz todos os dias de nossas vida, sempre, em qualquer hipótese.
Ele sorriu e naturalmente para não delongar ainda mais aquela conversa, apenas concordou. O acompanhamos até uma farta mesa com diversos petiscos e bebidas, onde nossas filhas já comiam, conversando animadamente com a dona Catarina. Ao ver que nos aproximávamos, ela se levantou e veio abraçar a Nanda, cochichando, mas não baixo o suficiente para que eu não ouvisse:
- Espero que tenha entendido tudo o que precisava entender, Fernanda. Nós gostamos muito de vocês dois e seria lamentável ver uma história como a de vocês terminar… assim…
- Não vai mesmo, dona Catarina, eu não vou deixar. Prometo que não!
Sentamo-nos à mesa e ela veio se desculpar comigo:
- Mark, eu… sei que o Galeano havia prometido um jantar para vocês, mas sei também que crianças adoram essas besteirinhas e… vou te confessar, eu também adoro! Espero que não fique chateado.
Claro que não fiquei e deixei isso bem claro para ela. Resumo, bebemos, comemos, rimos e aproveitamos como poucas vezes à noite. Acho até que nossas filhas ganharam novos avós após essa noite, porque a dona Catarina não desgrudou das meninas por nada, em especial da Mary. Já Miryan teve a sua vez após revelar uma verdade incontestável para todos na mesa, dirigindo-se para o doutor Galeano:
- Eu tenho sido uma boa menina, viu? Capricha no meu presente!
Ele a chamou para o seu colo, afinal, Papai Noel pode. Conversaram até altas horas, sempre regada a muitas risadas pelas espontâneas tiradas da nossa caçula. Quando estávamos nos despedindo dele, num momento em que a dona Catarina as levou para dentro pois havia esquecido de presentes comprados para elas, a Nanda perguntou algo que eu havia esquecido, mas também queria saber:
- Doutor, por que o senhor ligou para o Rick? Porque, sinceramente, eu entendi menos da metade daquela conversa. Trem esquisito, sô…
Ele riu, mas não se negou em explicar:
- Ué, Fernanda, eu precisava saber se o tal Rick era isso tudo mesmo. - Sorriu, maliciosamente e continuou: - Além do mais, fiz alguns testes psicológicos rápidos só para verificar se ele possuía algum desvio, algo que pudesse indicar alguma doença ou risco para vocês.
- Ahhh… - Ela resmungou, mas não negou o interesse: - E?
- A resposta serve para os dois… Ele é somente um homem apaixonado que não mediu esforços para conquistar a mulher dos seus sonhos. Moralmente, ele errou por ter tentado atentar contra a família de vocês, mas… gente… Quem pode culpar alguém que age por amor?
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NAO SER MERA COINCIDÊNCIA.
FICA PROIBIDA A CÓPIA, REPRODUÇÃO E/OU EXIBIÇÃO FORA DO “CASA DOS CONTOS” SEM A EXPRESSA PERMISSÃO DO AUTOR, SOB AS PENAS DA LEI.