Faltava luz, chovia horrores lá fora e o pior de tudo, e a gente decidiu virar todas as cervejas que estavam na geladeira, com medo que elas esquentassem. Sem energia elétrica, nosso grupo fazia um exercício de regressão temporal, ficando tão bêbados quanto bárbaros prestes a invadir Roma. Mas, nossa regressão não pararia ali. Confesso que não lembro de quem exatamente foi a ideia, mas alguém sugeriu que poderíamos aproveitar a escuridão para voltar a infância e brincar de esconde-esconde.
A brincadeira até que estava divertida. A casa era grande, sempre existindo algum lugar diferente para se esconder, e a graça era pular no pegador, dando um susto colossal nele. Sei lá, éramos jovens e muito bêbados, talvez a gente se divertiria até mesmo assistindo a estática da televisão. Além disso, enquanto estávamos jogando, eu não precisava interagir com o Kayke. Eu me acalmava da raiva que passei a tarde, quase dava para acreditar que aquele desgraçado não existia. Quase dava, mas algo aconteceu que tornou impossível eu continuar na minha fantasia.
Em uma rodada do esconde-esconde, eu me escondi embaixo da mesa da cozinha, esperando que o pegador aparecesse para puxar o pé dele como uma alma penada. Pouco depois que eu me ajeitei, Kayke apareceu na cozinha, e sem muita criatividade se escondeu na despensa. Ele mal terminou de se acomodar quando Taís apareceu esbaforida, claramente preocupada por ter demorado tanto e ainda não ter encontrado um lugar para se esconder.
Eu tentei chamar minha namorada para se juntar a mim debaixo da mesa de uma forma tímida, já que o pegador poderia estar por perto e eu não queria revelar minha posição. Kayke teve a mesma ideia, só que como sempre, ele agiu de forma bem espalhafatosa, puxando Taís pelo braço para se juntar a ele na dispensa. Só que o movimento foi tão brusco, que ela se assustou e fez menção de gritar. Pensando rápido, Kayke abraçou-a pelas costas e tapou a boca dela, evitando que o barulho revelasse seu esconderijo.
Os dois não haviam notado que eu estava junto deles na cozinha, por isso tive que observar o abraço deles, morrendo de ciúmes, esperando eles finalmente se afastarem. Depois de alguns segundos, Taís estava calma suficiente para não precisar mais ser amordaçada, mas mesmo assim Kayke manteve o corpo dele pressionado contra o dela.
Minha namorada não se incomodou com a longevidade daquele abraço. Kayke, percebendo uma oportunidade, deslizou sua mão pelo corpo dela, primeiro tocando seus seios, depois sua barriga, até finalmente chegar na parte superior da saia dela. O atrevimento daquele moleque fez Tais despertar do seu transe, e com um movimento rápido, ela impediu que a mão do seu “amigo” progredisse, iniciando ali na cozinha um tenso jogo de ataque contra defesa. Não conseguia acreditar na ousadia daquele vagabundo, mas não intervi. Eu estava curioso para ver como Taís se livraria daquela situação, e esperava que ela impusesse limites. Kayke não respeitava ela e nem nosso relacionamento.
Bom, até hoje eu estou esperando alguma reação da minha namorada. Na terceira tentativa de Kayke, ela desistiu de resistir, deixando os dedos do amigo entrarem dentro de sua saia, tocando de leve no seu clitorís. Ele precisou novamente tapar a boca dela, já que os gemidos de Taís certamente entregaria o esconderijo deles, se continuasse ecoando pela cozinha livremente.
“Tá gostando né, sua putinha?”
Só mesmo uma pessoa idiota e insegura como o Kayke para achar que precisava sussurar aquela pergutna no ouvido de Taís. Além de gemer com cada deslizada que o dedo dele dava, ela, involuntariamente, arqueava o corpo para trás, rebolando contra o corpo de seu amigo. Não havia como ter dúvidas, minha namorada estava amando a siririca que recebia do seu “amigo”.
Eu já não sabia mais o que fazer, estava morrendo de medo de alguém aparecer, descobrindo que eu estava levando um chifre. Eu deixaria de ser o “preguiça” para virar o corno do grupo, seria um inferno na minha vida.
Gritos surgiram do piso superior da casa, indicando que o pegador havia encontrado alguém e aquela rodada do esconde-esconde estava encerrada. Para meu alívio, Taís finalmente se desvencilhou do abraço de Kayke, fez o melhor que pode para se recompor, e voltou na sala, provavelmente com medo que alguém encontrasse os dois juntos naquela posição.
Todo mundo se reuniu na sala, e eu tentei convencer meus amigos que a brincadeira estava chata e já era hora de fazermos outra coisa. Para minha frustração, Kayke insistiu que o jogo deveríamos jogar pelo menos mais uma rodada. Mas isso não era o pior. Taís se juntou a ele, dizendo que não tínhamos nada melhor para fazer e que estava se divertindo com a brincadeira, partindo meu coração.
“Se vocês quiserem tanto assim jogar essa merda, podem continuar jogando sozinhos” eu disse enlouquecido. O clima ficou pesado, ninguém entendeu de onde vinha minha raiva. Tentando controlar os ânimos, Kayke mudou de lado e encerrou a discussão.
“Não precisa ficar com areia na pereca preguiça, tá tarde mesmo, amanhã a gente brinca de novo.”
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