Meu Pai e Minha Noiva 18.

Um conto erótico de Lukinha e Id@.
Categoria: Heterossexual
Contém 3975 palavras
Data: 17/06/2024 15:29:44

Dei uma olhada nos documentos restantes. Eram informações vantajosas para chantagear ou coagir possíveis desafetos que o meu pai mantinha guardadas. Além de uma apólice de seguro que me indicava como beneficiário em caso de falecimento do meu pai por morte não natural.

Joguei tudo que poderia causar a ruína dos meus concorrentes no picotador de papel, já que, diferente do meu pai, eu acredito na livre concorrência e na qualidade dos nossos produtos, mantendo apenas a apólice de seguros, já que ela parecia ser verdadeira.

Aquela apólice, de valor bem alto, me deu uma ideia. Mas antes, eu precisava conversar com a Maitê e saber sua opinião. Talvez, aquele dinheiro pudesse me ajudar a dar um sentido para as vidas das vítimas que meu pai destruiu. Talvez fosse uma forma de encerramento, e mesmo que não fosse justiça, poderia significar um recomeço e um novo propósito para aquelas mulheres.

Mas antes de qualquer coisa, fiquei assustado por saber da existência daquele cofre, e que, mesmo morto, meu pai ainda conseguia inspirar terror nas pessoas. Herdar a sala que fora dele não me parecia mais um sinônimo de liderança na empresa, e sim, uma constante lembrança da podridão em minha árvore genealógica. Era hora de mudanças. Pelo menos, no mínimo, uma reforma completa, para que nenhum segredo ainda se mantivesse oculto.

Procurei o Sr. Eugênio, que além de concordar com a reforma, me fez uma sugestão:

— Porque não transformamos a minha antiga fábrica num novo local de pesquisa e desenvolvimento? Podemos também mandar para lá toda a parte de vendas e suporte. Mantemos aqui apenas a produção e o administrativo. Derrubamos toda aquela área e aumentamos a linha de produção.

Enquanto eu refletia sobre aquela ideia, muito boa por sinal, ele completou:

— Ao invés de modernizar aquela planta industrial, reformamos para a criação de protótipos dos novos produtos. Os escritórios lá já são ótimos, foram reformados há poucos anos.

Era um plano sólido, eficiente, e eu apenas concordei. Naquela mesma tarde levamos a ideia ao conselho. A aprovação foi rápida e unânime. Seria eu o responsável por acompanhar a reforma da antiga empresa do Sr. Eugênio, agora o novo setor de pesquisa e desenvolvimento. Ele faria o mesmo, só que na área que antes era a sala do meu pai.

O próprio Sr. Eugênio indicou uma empresa de sua confiança para ambos os serviços. Em breve, eles entregariam projetos para as duas áreas.

No final daquele dia, antes de voltar para casa, ainda passei em uma concessionária e comprei um segundo carro. Um modelo mais simples, de entrada, para deixar de reserva. Tanto Maitê quanto Olívia poderiam se beneficiar do veículo. Assim, ninguém ficaria mais tão dependente do outro.

Cheguei em casa mais cedo do que eu imaginava e como deixei meu carro com a Olívia e a Vanessa, elas chegaram antes de mim. Mesmo com todos reunidos, eu precisava falar com o Carlos e a Maitê.

Primeiro, contei sobre a apólice de seguro que eu encontrei no escritório, mas sem dar muitos detalhes ou falar sobre o pai da Tina. Entreguei o documento ao Carlos e pedi para ele começar os procedimentos para receber o dinheiro.

Depois, surpreendi a Maitê:

— Eu quero, com esse dinheiro, criar um local seguro, onde mulheres vítimas de abusos possam encontrar a ajuda de que tanto precisam.

Ela me olhava sem entender nada. Expliquei:

— Nenhuma de vocês teve a justiça que merecia, mas ainda precisam de ajuda. Sei que isso não apaga o que aconteceu, mas pode ajudar a trazer um pouco de conforto e, quem sabe, até um encerramento definitivo? Talvez uma ONG, um instituto para apoio humano e psicológico.

Carlos aprovou minha idéia:

— A Dra. Ester era a advogada de todas. Sei que nenhuma delas ainda conseguiu voltar ao mercado de trabalho. Por que não as contratamos? Sei que todas são da área administrativa e podem gerenciar essa ONG. Seria importante que colocássemos a doutora como a mediadora da situação. Com ela falando em seu nome, acredito que sua intenção não seria deturpada.

Deixei o Carlos agir como bem quisesse, pois aquela era a área dele e de seus patrões. Maitê ainda não estava convencida:

— Eu já estou tendo a ajuda que preciso. Não quero nada que venha daquele homem.

Entrando de sola na conversa, Vanessa disse:

— A maioria das vítimas de predadores sexuais são mulheres humildes, de baixa renda. A oportunidade acaba dando coragem a esses marginais. É realmente uma ideia incrível.

Mesmo com Olívia atenta aos meus movimentos, abracei a Maitê e expliquei:

— O dinheiro é meu, não dele. Assim como a ideia de criar essa ONG. Sou eu que estou fazendo isso, não ele. Eu gostaria que você também se envolvesse. Sendo mais direto, eu quero que você seja a responsável.

Maitê retribuiu ao meu abraço, mas logo se separou de mim, indo se sentar com as meninas:

— Eu vou pensar. Não posso responder agora. Isso veio do nada. De qualquer forma, obrigada por pensar em mim, por cuidar de mim. Não sei se mereço tanto.

Olívia finalmente falou, enquanto incentivava a Maitê:

— É claro que você merece. Se precisar de ajuda, conte comigo.

Vanessa novamente:

— Com a gente. Tô nessa também.

Olívia abraçou a Maitê carinhosamente:

— Somos administradoras e podemos lhe ensinar o básico, para que você mantenha tudo sob controle.

Maitê ainda estava indecisa:

— Mas gente … eu sempre sonhei em ser médica, em ajudar as pessoas …

Vanessa aproveitou a deixa, interrompendo:

— Você vai fazer exatamente isso, ajudar as pessoas. Com o apoio financeiro do Rafa e se mais alguns empresários se associarem, pode até ser criada uma coisa extraordinária, uma ONG com atendimento médico também, não só psicológico, para as mulheres que precisam.

Elas ainda estenderam a conversa por um longo tempo e Maitê começou a se contagiar. Seu interesse crescia rapidamente.

Dia após dia, a vida, aos poucos, começava a ganhar alguma normalidade. Vanessa e Olívia começaram a tratar a Maitê como membro definitivo daquela mini fraternidade feminina. As obras na empresa, nas duas áreas, avançaram rapidamente e a Dra. Ester, sem muito esforço, conseguiu fechar um acordo com as outras três mulheres. Elas fizeram questão de marcar uma reunião na firma de advocacia para me agradecerem pessoalmente.

A reforma do apartamento do Carlos também estava quase finalizada após algumas semanas. Móveis, cozinha planejada, piso novo de madeira … o local estava muito bonito.

Maitê já tinha ideia do que queria e começou as pesquisas de preços para a compra do enxoval do nosso filho. Foi devagar, estranho e, após um mês, já tínhamos recuperado muito da intimidade de quando ainda éramos noivos. Não voltamos a transar ou coisa do gênero, mas alguns beijos roubados, carícias e momentos a dois, aconteciam constantemente.

Já com Olívia, como não poderia deixar de ser, as coisas eram bem diferentes. Transávamos de duas a três vezes na semana. Geralmente na hora do almoço, em motéis próximos da região. Eram sempre encontros rápidos, de no máximo uma hora, mas que eram intensos, diria até, transcendentais. Aquela putinha era incrível e eu não conseguia mais abrir mão.

Amo a Maitê e não é pouco. Sempre amei e acho que jamais deixaria de amar. Mas também, tenho a certeza de que amo a Olívia da mesma forma e com a mesma intensidade. Infelizmente, para mim, eu precisaria, mais cedo ou mais tarde, fazer uma escolha. Nenhuma das duas me esperaria para sempre. A espera desgasta o amor, o enfraquece.

Com a venda da mansão, os esforços para a criação da ONG foram acelerados. A Dra. Ester encontrou um ótimo imóvel, bem no centro, um antigo casarão reformado, perfeito para o estabelecimento da ONG. Além de parceiros dispostos a doar seu tempo. Psicólogos, terapeutas, até manicures e cabeleireiras se dispuseram a participar.

O Dr. Mathias também embarcou no projeto, trazendo consigo dois empresários amigos dispostos a dividir comigo as despesas para a manutenção da ONG. Se suas intenções eram genuínas, não me importava, pois sei que eles estavam de olho na boa reputação que criariam ao embarcar no projeto. Tudo saía do papel rapidamente.

Maitê se decidiu e, com a ajuda da Vanessa e da Olívia, aos finais de semana, já com a barriga bem aparente, ela começou a acumular conhecimento para dirigir o projeto. Já na primeira semana de funcionamento, a procura foi intensa. A violência contra a mulher estava em alta no país.

As reformas na empresa, nos dois locais, foram concluídas e minha equipe, já contratada, criava, desenvolvia novos projetos e melhorava o que já tínhamos. Com a nova linha de produção, maior e atualizada, os pedidos entravam sem parar e nossa capacidade de produção rapidamente chegou ao limite. Crescíamos bem e de forma sustentável.

Carlos e Vanessa se mudaram e começaram sua vida de casal, deixando eu, Maitê e Olívia naquela situação estranha, que logo traria novas e surpreendentes situações.

Minha mãe e o Cirilo acabaram se decidindo por permanecer na nossa cidade natal. Cumprindo a minha promessa, montei para ele o maior e mais completo Car Center da região. Na nossa cidade natal mesmo, já que era lá que eles queriam permanecer. Também presenteei o meu avô com sua tão sonhada terrinha e ele se mudou para lá já no dia seguinte, colocando sua casa para alugar poucos dias depois.

Até a Tina cumpriu sua promessa, e mesmo que tenha demorado um pouco, ela finalmente entrou em contato. Estava feliz na Itália, estudando e de namorado novo. Prometi a ela que assim que o bebê tivesse idade suficiente para viajar, iríamos visitá-la.

Ela e Maitê também voltaram a ser amigas e começaram a se falar com frequência. Foi numa conversa com a Tina, por chamada de vídeo, que meus instintos começaram a piscar novamente:

— Quem é essa Olívia? Que mulher incrível é essa que a Maitê não sabe falar de outra coisa? Sabe, meu amigo, abre o olho. Tem caroço nesse angu.

A situação estava tão cômoda para mim, com tudo se ajeitando, Maitê voltando a ser a mesma de antes, Olívia e eu numa relação benéfica para os dois lados, que eu acabei surfando a onda, relaxando e não me decidindo, deixando tudo como estava. Nenhuma das duas me cobraram absolutamente nada. Maitê melhorava na velocidade da luz e, sem perceber, quatro meses haviam se passado num piscar de olhos.

Minha relação com a Maitê crescia, pois voltamos à fase do cortejo. Como eu disse antes, nossa intimidade se recuperava e de forma inconsciente, mesmo sem uma relação física, nós nos namorávamos. Pequenos gestos diários de carinho trocados, mãos que se roçam, corpos que se esbarram, como se fossem magneticamente atraídos.

Com Olívia, tínhamos o envolvimento físico, consistente, mas também, nada acordado. Apenas vivíamos o momento. Sempre que a vontade batia, fazíamos amor. Não era marcado e muito menos obrigatório. Apenas acontecia.

Voltando a falar da Tina, ou melhor, do pai dela, o que era previsível aconteceu. Com o fim das investigações, a polícia conseguiu chegar à cadeia de comando da organização criminosa que o meu pai fazia parte. Nenhuma surpresa, pelo menos para mim, ao ver o nome do German nas páginas policiais e nos programas sensacionalistas do final da tarde. A reportagem dizia:

“German Figueroa, o mandante do assassinato do empresário e ex comparsa, Angelo Albuquerque, teve seu pedido de prisão preventiva emitido pelas autoridades. A polícia informou que o crime foi uma tentativa de queima de arquivo, já que a vítima, empresário influente na cidade, até então, se envolveu em diversos outros problemas, com sérias acusações de crimes sexuais. A vítima, sabe-se agora, foi morta por ter aceitado cooperar com a polícia para desmantelar a organização da qual fazia parte.

O também empresário e magnata da construção, German Figueroa, conseguiu enganar as equipes que cumpriam o mandado de prisão e fugiu para o seu país de origem, a Argentina. A fuga bem sucedida obriga as autoridades a trabalharem com a justiça do país vizinho, a fim de conseguir a extradição do criminoso para que ele responda por seus crimes.”

A reportagem tinha muito mais conteúdo, mas eu fechei a aba do navegador. Eu já estava cansado daquele assunto e queria virar aquela página de vez. Depois do que aconteceu meses atrás no antigo escritório, onde aquele cofre foi encontrado, eu reforcei minha segurança e até contratei uma empresa de monitoramento. Blindei meu carro também e contratei homens para cuidar da Maitê e da Olívia, sem que elas soubessem, lógico. Era o melhor que eu podia fazer, sem privá-las de sua liberdade individual.

Como cumpri minha parte do acordo e estava em excelentes termos com a Tina, eu não acreditava que ele pudesse me fazer mal. Ele não tinha motivos para tal. Acabei perdendo o medo e, aos poucos, me sentindo mais seguro, vendo que a vida continuava normalmente, fui abrindo mão de toda a segurança adicional.

Com a mudança de Carlos e Vanessa, a dinâmica da casa mudou completamente. O quarto vago imediatamente se transformou no projeto da Maitê e da minha mãe, que mesmo em outra cidade, participava ativamente de tudo. Cada dia, um pouquinho, geralmente quando chegava da ONG, Maitê passava algum tempo decidindo o que iria comprar e como queria que o quarto ficasse.

A verdade é que elas, Maitê e Olívia, continuaram dividindo o outro quarto e não parecia haver nenhuma vontade de se separarem.

Nossa rotina até que era comum. Cozinhávamos juntos, sendo que a Maitê, por ser a melhor cozinheira, acabava ficando com o poder da palavra final. Revezávamos para lavar a louça e eu acabei contratando uma diarista, que vinha às terças e sextas, apenas para a faxina mais pesada e para manter a casa em ordem.

Maitê e Olívia não se desgrudaram mais. Assistiam a séries juntas à noite, enquanto eu trabalhava no notebook, caminhavam pelo bairro, iam ao shopping … de vez em quando, até a Vanessa dava o ar da graça. A proximidade das duas era notória e só aumentava. Confesso que cheguei a pensar que havia algo mais do que amizade ali e acabei começando a prestar mais atenção.

Maitê entrou no sétimo mês de gravidez e a proximidade entre ela e a Olívia já estava muito além de uma simples amizade. Foi num sábado que as coisas começaram a se revelar mais claramente para mim e eu acabei me lembrando da conversa com a Tina, algumas semanas atrás, quando ela disse que Maitê era só elogios à Olívia.

Naquele sábado, tive que ir à empresa e como a Olívia sabia da minha agenda, ela achou que eu demoraria a voltar. Acabamos tendo alguns problemas em um protótipo e decidimos dar um tempo, reavaliar o projeto. Liberei minha equipe e voltei para casa muito mais cedo do que o programado.

Entrei em meu apartamento e até achei que estava sozinho, que as duas tinham saído ou algo do gênero, mas assim que passei pela sala, entrando no corredor, acabei ouvindo a conversa entre elas. Maitê disse:

— Isso está começando a fugir ao meu controle. Eu sei que vocês estão transando, e não é isso que está me deixando agoniada. Não brinque comigo, Olívia. Nós combinamos de ser honestas uma com a outra.

Olívia estava rindo, mas parecia ser de nervoso:

— Mas criatura, se você não se abrir comigo, não for honesta, como eu posso responder a qualquer dúvida que você tenha? Por que eu estaria brincando com você? Tudo o que a Vanessa contou é verdade. Eu sou assim, não posso mudar. Só seja direta, isso é o mais importante. Como vamos falar com o Rafa se você continua sem saber o que quer?

Eu sei que é errado espionar a conversa dos outros e até me senti mal por invadir a privacidade delas daquela maneira. Mas que opção eu tinha? Não ouvir? Sair de casa e fingir que não escutei? A curiosidade já tinha tomado conta de mim, não havia como retroceder e parar de ouvir.

Após alguns segundos de silêncio, Maitê voltou a falar:

— Eu não sei, Olívia. Eu quero, mas tenho medo. É tudo muito novo para mim. Eu não sou você, nem a Vanessa. Eu sou amaldiçoada, tudo o que eu faço dá errado. O que eu faço?

Ouvi um som de beijo. Mas não era um beijo romântico. Parecia um beijo no rosto, ou na testa, o estalado comum de um beijo carinhoso. Olivia respondeu:

— Já falei para você parar com isso, não falei? Você não é amaldiçoada. Apenas foi usada por pessoas ruins. Você é uma mulher forte, guerreira, linda, doce, gentil … nunca mais repita isso. Você não está sozinha e nunca mais estará. Nós queremos a mesma coisa, amamos o mesmo homem e não precisamos forçar ou impor nada. O Rafa ama você, isso é óbvio e nós temos todo o tempo do mundo. Você só precisa fazer alguma coisa quando se sentir pronta. Eu estou aqui, com você, e tenho certeza de que o Rafa pensa a mesma coisa.

Maitê, meio chorosa, insistiu em se diminuir:

— Mas eu quero voltar a ser a mulher dele também. Eu preciso voltar a ser. Por favor, me ajuda. Eu estou em conflito, não sei o que fazer. Eu tenho medo de querer demais e acabar sem nada.

Olívia foi direta:

— Tá com medo de acabar sem nada ou apavorada por poder ter tudo e ser medrosa demais para dar o primeiro passo?

Maitê não respondeu e aquele silêncio no quarto começou a me deixar preocupado. Parecia que a conversa acabou e Olívia apenas a consolava no momento. Eu corria o risco de ser descoberto e achei melhor sair dali. Voltei até a porta da frente e fiz barulho com o chaveiro, fingindo que estava chegando naquele momento, alertando sobre a minha presença.

Olívia veio me receber. Ela era uma verdadeira atriz, totalmente normal, sem parecer que acabara de ter uma conversa tensa com a Maitê:

— Chegou cedo. Está com fome? Acabamos de almoçar. Conseguiram resolver o problema?

Aceitei a oferta, muito gentil, e Olívia acabou esquentando a comida para mim.

— Voltamos ao projeto. Ao início. Alguma coisa não está certa. Vamos revisar tudo.

Maitê apareceu pouco depois. Seu rosto não mentia, pois a tensão estava estampada nele.

— Rafa? Achei que ia passar o dia todo na empresa.

Disfarcei o melhor que pude, pois sabia que não adiantaria perguntar nada. Quando se sentissem prontas, elas falariam comigo. Acabei tendo uma ideia:

— Acho que vou até o Carlos. Tenho assuntos a tratar com ele. E vocês? Tem algum plano?

Olívia respondeu pelas duas:

— Estávamos pensando em terminar uma série que começamos ontem. Com esse barrigão, Maitê se cansa facilmente. Acho que vamos ficar em casa mesmo. Você vai demorar?

Maitê concordou com ela e eu respondi:

— Não! Em no máximo umas duas horas, estarei de volta.

Eu sabia muito bem quem seria honesto comigo e me contaria a verdade. Eu queria mesmo era falar com a Vanessa, não com o Carlos, mas a desculpa era perfeita.

Terminei de comer, troquei de roupa, me despedi das duas e fui até a casa do Carlos e da Vanessa. Mandei mensagem antes de chegar, para não atrapalhar nada e nem chegar de surpresa.

Inicialmente, tomamos algumas cervejas e conversamos amenidades. Eu percebi que Vanessa queria me dizer alguma coisa, mas a oportunidade acabava passando, já que Carlos estava empolgado contando sobre seus dias no tribunal.

Quando ele precisou ir ao banheiro, eu aproveitei a chance e joguei verde pra cima da Vanessa, brincando:

— É, amiga, acho que quem vai acabar sobrando sou eu …

Ela não entendeu de primeira. Ou fingiu que não:

— O que você quer dizer? Sobrando? Como assim?

Fui mais direto:

— Olívia e Maitê. Acho que tem alguma coisa acontecendo.

Vanessa deu uma risada animada, alta, mas logo se recompôs:

— Ah, isso … não, não aconteceu nada entre as duas. Ainda …

Eu sabia que tinha coisa:

— Ainda? Então quer dizer que vai acontecer?

Vanessa deu a volta na mesa e veio se sentar ao meu lado:

— Lembra o que eu disse? Sobre a curiosidade? Que quando ela se instala, não tem mais volta?

Eu a encarava, mas sem lembrar do que ela falava:

— Eu fiz o que disse que iria fazer. Meio que sem querer, acabei criando a situação para a Maitê descobrir que somos liberais. Só que, acabei falando demais e contei tudo. Ela sabe que todos nós brincávamos juntos e que, inclusive, Olívia é bissexual. Acho que o mosquitinho do desejo picou mais uma.

Vanessa estava se divertindo com a situação. Ela continuou:

— Mas sendo honesta, ela não é como nós. Na verdade, nem você é assim. Vou ser direta, amigo, como sempre fui: acho que nasceu um sentimento entre as duas. Mas um sentimento bem específico, com você sendo a raiz de tudo o que está acontecendo. Acho que vocês irão ficar bem.

Carlos voltou e Vanessa parou de falar. Não por causa da presença, pois ela ainda caçoou de mim:

— Já falei demais. Não quero estragar toda a surpresa. Confie nas duas, elas sabem o que estão fazendo. Olívia principalmente. Ela jamais magoaria a Maitê. Eu até fico com ciúme às vezes.

Puta que pariu! Com que cara eu iria entrar em casa e encarar as duas a partir daquele momento? A curiosidade fazia minhas entranhas queimarem. A ansiedade fazia meu estômago embrulhar. Ainda fiquei mais um pouco conversando com Vanessa e Carlos e quando começava a anoitecer, voltei para casa.

Assim como disseram, Olívia e Maitê passaram a tarde assistindo séries. Cheguei em casa e as duas dormiam no sofá, agarradinhas, com a televisão ligada no streaming de vídeos. Eu apenas cobri as duas, pois a noite estava fria. Ainda era cedo e eu não queria atrapalhar aquela cena linda. Fiquei apenas admirando, pensando em como poderia amar duas mulheres tão intensamente, com a mesma força.

Acabei indo para o quarto descansar e, para distrair a mente, comecei assistir alguns vídeos no celular, com os fones de ouvido. Nem sei quanto tempo se passou, mas sei que não foi muito, pois de repente, me pegando desprevenido, Olívia praticamente invadiu o quarto, com os olhos faiscando de desejo e se lançou sobre mim na cama:

— Eu não aguento mais esse negócio da gente ter que ficar escondido. Eu sou sua mulher, isso já é um fato.

Ela se virou para a porta:

— Vem, Maitê! Chega disso. Ninguém aguenta mais.

Enquanto Olívia praticamente arrancou minha roupa, Maitê veio em nossa direção. Apenas de camisola transparente, sem nada por baixo, exibindo aquele barrigão lindo. Ela se deitou ao meu lado e a cena seguinte fez o meu pau latejar: as duas mulheres da minha vida trocando um beijo quase obsceno. De puro desejo, carnal e intenso.

Nem sei como tudo aconteceu tão rápido, mas Olivia me cavalgava, enquanto Maitê, já sem a camisola, esfregava os peitinhos lindos, de biquinhos excitados, no meu rosto.

Lambi e mordisquei carinhosamente, beijando a boca da Maitê em seguida, ouvindo Olívia gemer:

— Pau gostoso … eu amo sentar em você … que tesão … tá indo bem fundo em mim …

Olívia veio me beijar também, trocando entre a minha boca e a da Maitê, dividindo os seios dela comigo.

Eu queria inverter as posições, ter aquelas duas bundas espetaculares de quatro para mim. Queria meter nas duas alternadamente, mas quando começava a tentar dominar a situação, acordei assustado, com batidas na porta:

— Rafa? Podemos entrar? Queremos falar com você.

Elas nem me esperaram responder e quando eu percebi a maçaneta da porta girar, pulei da cama em direção ao banheiro, sem saber muito bem porque me sentia envergonhado.

— Podem entrar. Estou no banheiro, mas já estou saindo.

“Caralho! Foi um sonho. Parecia tão real.” Pensei e lavei o rosto para me acalmar. É claro que elas viram que eu saí correndo, pois Maitê perguntou:

— Rafa, tá tudo bem? Por que entrou correndo no banheiro?

Olívia, tentando fazer graça, disse:

— Acho que ele estava se masturbando e ficou com vergonha.

As duas riram de se acabar.

Continua.

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Foto de perfil de Contos do LukinhaContos do LukinhaContos: 101Seguidores: 339Seguindo: 12Mensagem Comentários de teor homofóbico, sexista, misógino, preconceituoso e de pessoas que têm o costume de destratar autores e, principalmente, autoras, serão excluídos sem aviso prévio. Assim como os comentários são abertos, meu direito de excluir o que não me agrada, também é válido. Conservadores e monogâmicos radicais, desrespeitosos, terão qualquer comentário apagado, assim como leitores sem noção, independente de serem elogios ou críticas. Se você não se identifica com as regras desse perfil, melhor não ler e nem interagir.

Comentários

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Rapaz! Achei que fosse realidade!

Tá bom demais!

⭐⭐⭐💯

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Demorei mas li o resto dos capítulos postados.

Uma história "silples" de 3 capítulos se tornou uma saga ótima!

Tem tudo para ter um final épico.

Parabéns aos envolvidos!!!

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Opa, apareceu! Bom saber que está bem. Pega leve no serviço. Bom te ver de novo por aqui.

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Não sei porque a dúvida do Rafa,ele ama as duas de igual p igual, porque não se resolve logo e fica com as duas,como digo um pai,um bebê e duas mães,

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Ótimo capítulo e mais uma história que está se encerrando com chave de ouro. Interessante essa transformação da Maite e espero que ela tenha um final digno. Ela sofreu bastante e provou ser merecedora. De antemão, já sei que os três irão se resolver de alguma forma e que tudo vai sair bem, mas sempre fico com no um pé atrás, por causa do que a Vanessa disse. Que ela talvez não se encaixe nessa vida.

Abraços Lukinha e Id@. Parabéns.

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De qualquer forma, tudo irá se resolver mesmo, já que a próxima parte é a última.

Abraço, irmão.

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Então né, com certeza teremos muitas surpresas, o rumo que a história esta tomando, me surpreendeu muito.

"muito bom mesmo"... estou adorando.

grande abraço

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Mas Maitê sendo responsável pela ONG não perigoso para ela? Tendo contato com outras abusadas e desencadear traumas passados por ela e fora que corre o risco dos abusadores das vítimas querer descontar nela pela ajuda.

Maitê é tão frágil que pode se tornar vítima de um deles e piorar a situação psicológica dela.

Mudando de assunto o cara ficar só nos beijinhos com a Maitê e transar só duas ou três vezes com Olivia só na hora do almoço é muito pouco,tá pedindo para ser corno.

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Maitê vem de uma trauma. É normal esse distanciamento sexual. O próximo capítulo resolve tudo, aguarde.

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Hahahahah! Tu não podia deixar de judiar um pouco do personagem né? Kkkkkk

Agora só quero saber o que vai acontecer e torço para que nada em relação ao pai respingue no Rafa!!!

Excelente Luk e Ida! Parabéns como sempre!!!

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Vou dar um spoiler, mas só para que você leia a próxima parte corretamente:

O parte do pai já do resolvida. Não terá mais nada no texto sobre ele.

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Nossa, essa surpresa foi boa, Maitê que se descobre lésbica? O respeito muito, mas não poderia deixar de esportes minha opinião. Depois de todo rolo e confusão, a Maitê submissa descobriu que curte mulher e será capacho da Olívia que é bem ativa e controladora da relação. Decepcionado com o rumo do história. Para fugir de um trauma se assume lésbica ou bissexual e fica refém de um casal, porque não tem a segurança de um amor verdadeiro. Escrava emocional e sexual deles: a dona de casa, entretida com a administração de uma ONG importante, enquanto se divertem em motéis e trocam cumplicidades . Triste fim de Maitê...

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Eu queria dar uma resposta mais completa, mas como a próxima parte é a última, dessa vez me manterei em silêncio. Aguarde...

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Conclusão ..... equivocada !!!! Mas respeito a sua opinião !!!

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Desculpe, jamais intensão foi criar desconforto ou desrespeito. Só me senti a vontade em opinar, o que não quer dizer que seja o correto ou o certo. Apenas torci, por depois que tudo que passou a Maitê vivesse algo mais tranquilo, seja com Rafa ou até mesmo com outra pessoa seja homem ou mulher, mas sem tanta complexidade emocional como percebo numa relação entre trisal.

Repito, admiro muito os contos de vocês.

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Sem crise, querido! Gosto muito da sua participação em nossas séries. Se fomos meio secos, é porque estamos resistindo contra a vontade de responder e acabar dando algum spoiler. 😂😂😂

Comente e participe sempre que quiser. Você já é sócio por aqui.

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Concordo 100% com a resposta do Luquinha. Meus dedos formigaram para postar outra resposta. Rsrsrs !!!

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