Estações - Capítulo IV: O Florescer

Um conto erótico de Teça
Categoria: Lésbicas
Contém 934 palavras
Data: 23/07/2024 16:54:59

O florescimento de uma flor é o sussurro de um feitiço na sinfonia da natureza. Quando os primeiros raios de sol acariciam seus botões, eles se abrem para a vida, revelando inúmeras belezas. Eu me senti exatamente assim depois de ter a amizade de Fernanda. Nos dias que se seguiram passávamos nossas refeições e horários livres juntas. A noite, após a checagem, era comum uma ir para a cama da outra, nada poderia estar melhor.

Até que um dia Fernanda saiu mais cedo ao acordar e não passou nenhuma das refeições ao meu lado, decidi esperar a noite para conversarmos. Após a checagem ela não veio para a minha cama, percebi que algo estava errado, decidi então ir até sua cama.

Oi Feh, o que foi contigo? Não te vi o dia todo.

Hoje não quero conversar Bibi, e talvez tudo tenha sido um erro.

Como assim Feh?

Fernanda que estava até então sem expressão começou a chorar. Ela envolta em lágrimas, deixou sua alma exibida para o mundo. Eu poderia fingir que não me importava e voltar para a minha cama, mas preferi ser presente e permiti-la chorar junto a mim, a tomei em meus braços e a abracei. Ali naquele momento o conforto físico e o silêncio de minha parte foram tudo, ou até mais do que ela precisava. Fernanda acabou dormindo ali em meus braços, pensei em sair e ir para a minha cama depois de alguns minutos, porém quando me movimentei ela acordou.

Bibi, fica aqui?

Fico, só me deixa desligar o abajur.

Voltei para sua cama e dormimos ali, no outro dia tudo estava normal, Fernanda parecia ela mesma novamente. Por ser sexta às nossas atividades estavam mais limitadas, então ao fim da manhã, recebi um papelzinho com as seguintes palavras:

"Acho que está na hora de saber nossos segredos, me encontre ao entardecer na antiga capela. Te esperarei, F."

Organizei todas as minhas tarefas restantes para estar livre no fim de semana, como sempre faço, mas tudo parecia mais tedioso que o normal, estava ansiosa pelo fim da tarde. Quando o sol estava se pondo e algumas alunas já se recolhiam ou iam em direção a biblioteca eu fui para a antiga capela. Um tesouro escondido dentro do internato naquela pequena capela antiga. Paredes de pedra, envelhecidas e desgastadas pelo vento, pelas estações, quantas histórias podem ser contadas ali. A luz do sol, filtrada pelos vitrais, pinta um jogo de cores no interior. Um aroma fraco de incenso flutua no ar, discreto e íntimo, misturado ao cheiro de madeira velha. Um altar de pedra simples e bancos de madeira escura.

Ao entrar vejo ela sentada no primeiro banco, me sento ao lado dela em silêncio.

Bibi, eu acho que posso confiar em você, mas quero saber com certeza. Por isso queria pedir que me conte o que te trouxe para esse internato.

Feh, eu preciso ter certeza que estamos a sós, não quero que ninguém escute nossa conversa.

Me levantei e olhei em todos os cômodos da capela, ao confirmar que não havia ninguém ali, sentei novamente ao lado de Fernanda.

Feh, desculpa a precaução, mas se eu tivesse feito isso no Brasil, talvez não estivesse aqui.

Contei a Fernanda toda a história com Gabriela, e no fim eu estava em lágrimas. Senti um abraço e apenas chorei até me acalmar. Quando consegui me recompor, olhei nos olhos dela e segurei suas mãos.

Feh, espero que agora você possa confiar em mim.

Eu já confiava Bibi, só queria saber se você confiava em mim. Mas agora é a minha vez de te contar meu segredo e o motivo de eu estar aqui.

Narração Fernanda

Há alguns meses eu estava na minha cidade natal Mirandela, a cidade é agradável e rural localizada no distrito de Bragança no nordeste de Portugal. Só por saber que é rural já dá pra entender que meus pais são mais conservadores, bom ai que começa o problema, meu pai morava na fazenda e eu e minha mãe fomos para Bragança para que eu pudesse estudar em uma escola melhor, como dizia meu pai. Mas eu comecei a ver as coisas um pouco mais diferentes do que eu via na fazenda e quis viver essa diferença. Foi aí que pintei o cabelo e mudei minhas roupas.

Meus pais não viram essa mudança com bons olhos, mas ainda não haviam feito ou dito nada sobre, acho que entenderam como uma rebeldia adolescente. As coisas pioraram uns quatro meses depois disso, quando eu percebi que gostava de alguém, eu sentia borboletas no estômago sempre que via seu sorriso, conversamos sempre e me sentia feliz. Só que eu não sabia como dizer isso para os meus pais, e o maior empecilho era essa pessoa ser uma mulher. Então decidi que era melhor não contar, segui assim por duas semanas, porém em um dia a mãe dessa menina foi no colégio e me viu junto dela, me falou várias coisas pra mim devido as roupas que eu usava e o meu jeito e foi atrás da minha mãe.

Ali o estrago tava feito, eu nunca disse a ninguém o que sentia, mas ela disse pra mãe que gostava de mim, a mãe dela achou que era influência minha e contou pra minha mãe. Que ligou pro meu pai. Muito choro, palavras deferidas e brigas depois ficou decidido que eu não estudaria na mesma escola mais, mas também não voltaria para a minha cidade. Iria estudar em outra cidade em um internato. Só que eu pensei que o sentimento seria algo de uma vez só, até estar com você Bibi.

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Comentários

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Muito boa a história, parece que agora vai ficar mais interessante ainda!

Ficou muito bom como sempre! Parabéns!

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