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Mas o murro não veio e as mãos de Betão pesadas e grossas deslizaram pelos lados da minha barriga provocando cócegas em mim. Eu arranhava o colchão com meus calcanhares sem conseguir sair de baixo das suas mãos.
- Ia gozar com a minha cara? Ia?
- Ai para por favor! - pedi doente de tanto rir.
- Ia me chamar de corno?
- Desculpe! Desculpe!
Ele enfim parou mas eu estava completamente sem fôlego.
- Você me lembra meu irmão - Betão disse se espreguiçando - os dois são gays e fracos para os meus dedos...
Betão movia as mãos na minha frente sacodindo os dedos em minha direção como um fantasma de desenho animado.
- Seu irmão é gay? - consegui perguntar segurando o travesseiro como um escudo.
Ele assentiu e sentou no chão com as costas apoiadas na cama dele. Eu deslizei para a beirada da minha, ainda com o travesseiro nas mãos.
- Pelo visto você lida bem com isso.
- Super de boa, - ele sorriu coçando o peito. - Mas meu irmão é meio... como posso dizer...
- Afeminado?
- Não. Ao contrário.
Ele ficou pensando nas palavras que queria dizer e para meu desassossego um corpo nu e saboroso do jeito que eu gosto arreganhou a porta se revelando para nós.
Pedro estava completamente pelado com a toalha nos ombros secando os cabelos com ela.
- Pegou a porra do meu fila de novo? - ele esbravejou para o Betão.
Havia um par de sapatos embaixo da cama de Betão.
- Cara para, tô mauzão.
Pedro arqueou as sobrancelhas, impiedoso, ele zombou da situação:
- Mais um corno? Novidade.
- Seu filho da puta!
- Não pega o caralho das minhas coisas - Pedro disse - ainda mais sem me pedir.
- Estão aí - Betão apontou nos pés da cama.
- Melados ainda por cima.
Eu só tinha olhos para a virilha linda daquele macho! Ele tinha pelos pretos mas aparados na altura do pau com umas bolas grandes e o pau pendia sobre os colhões. Mexendo-se enquanto seu dono falava.
Era como se o pênis do Pedro tivesse vontade própria e na minha cabeça foi meio como se ele tivesse dizendo "cai de boca" a cada balanço que dava.
- Bocó! - Betão me acusou. - Está doido para mamar o cara né?
Eu atirei o travesseiro contra o Betão mas minha cara queimava como se tivesse caído óleo quente!
- Fica pra próxima Yuri, - Pedro disse olhando o par de sapados. - Tenho que limpar esta merda!
Eu engolia em seco sem conseguir uir as palavras a um pensamento coeso, e negava com a cabeça.
- Eu não... eu não... bem você é bem gostoso mas eu não...
- Fica sussa, - Pedro respondeu - se tivesse galhudo a gente resolvia isso agora.
Betão soltou um rosnado.
- É impressão minha ou isso é uma cena de viadagem?
- É impressão minha ou isso são um par de chifres na sua testa? Otário. - Pedro disse e se virou para sair.
Betão arremessou o meu travesseiro contra a porta por onde Pedro passou.
Nós deixando com a linda visão dos pingos de água ainda nos ombros cheios de sardas e na linha bem definida das costas descendo até a altura do cóccix.
- Vocês são de outro mundo! - eu disse e caí para trás batendo a cabeça na parede. Betão se contraiu inteiro de tanto rir.
O fato de ter levado vários cornos ao longo da vida. Segundo Betão era um atestado de seu fracasso em relacionamentos. Ele parecia querer resolver isso trazendo mulheres para dentro de casa.
- Não vou perdoar mulher nenhuma - ele disse orgulhoso - o que cair na rede é peixe.
Naquela mesma noite ele deu início ao Kamikaze de roladas nas xoxotas que encontrava pela frente.
O quarto começou a ficar com murrinha de sexo.
Meu celular tocou exatamente na hora em que eu limpava a sujeira, estranhando a ausência de camisinhas "será que o louco está transando sem proteção?". Meu celular voltou a tocar.
Era o Maicon.
- Oi Yuri!
Maicon elevava a voz para falar acima dos pancadões que vinham do lugar de onde ele estava ligando.
- Oi - respondi tapando uma das orelhas para ouvi-lo melhor.
- Ansioso para amanhã?
- Cara - suspirei - já ruí a unhas das mãos, já esvaziei uma garrafa de café e agora, estou limpando um quarto coletivo.
- Vem conhecer uma galera aqui na minha casa - uma voz mais grossa falou algo bem próximo a ele, não deu para ouvir direito mas soou como um "mais uma das bichas".
- Eu não sei não... - respondi.
- Vem por favor... Acho que você vai se divertir.
Era domingo.
Minhas roupas resumiam-se a bermudas, calças jeans, e camisas, polos e regatas. Mesmo assim fiquei em dúvida sobre o que vestir.
Maicon disse que a casa em que estava tinha piscina e rolaria umas cervejas uns comes e bebes. Antes de sair procurei alguém pela casa para deixar avisado.
Fabrício retirou um dos fones do ouvido enquanto se debruçava sobre os livros e assentiu.
Minhas mãos transpiravam de ansiedade e deu uma vontade imensa de encher a cara.
- Bem vindo! - Maicon veio me receber.
A casa era impressionante. Ela ficava em uma região realmente arborizada e de longos planos. Sem as malditas ladeiras. A casa onde Maicon vivia era como um rancho ou seria melhor dizer chácara? Ficava na cidade mas era cercada por verde.
Eu interfonei do portão e ele veio me receber de short, chinelo, e um chapeuzinho menor que sua cabeça.
- Tá aberto, - sorriu - seja bem vindo.
- Nossa isso tudo é seu?
- Herança. É uma longa história.
Enquanto subíamos em direção a área da piscina. Maicon explicou em poucas palavras que vivia uma guerra com o primo. A casa era uma herança de um tio que forçou os dois a viverem sobre o mesmo teto.
- Tem coisa mais casa dos contos eróticos que isso? - eu falei.
- Tem, - ele sorriu - isso aqui...
A visão era peculiar e deliciosa ao mesmo tempo. A piscina retangular estava coalhada por machos dos mais diversos tipos. Não eram tantos mas um em específico identifiquei imediatamente.
- O policial daquele dia... - falei baixo.
- Ele mesmo, - Maicon disse com orgulho. - Burro e gostoso, as vezes agressivo, uma combinação não muito recomendável.
Em uma das espreguiçadeiras debaixo de um sombreiro um rapaz loiro usando óculos de sol, uma camisa listrada de botões, e um chapéu panamá, assistia a algazarra. Tinha o porte elegante. Os traços finos.
- Aquele ali, - Maicon disse entre dentes - é o meu priminho querido. Está de vigia para que ninguém danifique nada.
Um homem de pele bronzeada, cabelo militar, uma tatuagem no peitoral e no braço esquerdo, com os gominhos da barriga visíveis desenhando o caminho da felicidade até o cós da sunga se aproximou de nós.
- Maicon, preciso da grana agora cara, - suspirou - tá ligado que estou devendo uns meses já na pensão onde estou caindo.
- Yuri, esse espécime aqui é Otávio, - Maicon cruzou os braços - o combinado foi no final do dia.
Maicon encostou o queixo no peito como uma senhora reclamando o filho. Eu sorri mas com a aproximação do policial, vindo em nossa direção, dei um passo para trás, ele parecia pronto para matar a qualquer momento.
Embora estivesse de short e o peitoral nu "ainda é intimidador" constatei e involuntariamente passei a língua entre os lábios "se controla porra, ele é o macho do seu amigo!"Obrigado a todos pelos comentários!