Contratados: A Rendição - Capítulo 19

Um conto erótico de M.J. Mander
Categoria: Gay
Contém 6534 palavras
Data: 24/07/2024 19:24:03
Assuntos: Amor, Barco, Gay, Homossexual, Sexo

Olá, gente! Estou voltando a postar os contos que ficaram inacabados. Todo dia irei postar um de cada então se liguem no meu perfil para não perder nenhum.

E não deixem de comentar e dar estrelas, assim saberei se estão gostando ou não.

Obrigado! Vamos para mais um capítulo.

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CAPÍTULO 19

*** MARCOS VALENTE ***

A respiração ritmada de Anthony é a única coisa que me tranquiliza em meio ao verdadeiro caos que minha cabeça e coração se tornaram quando ele começou a chorar. Alguma coisa não está certa e é uma merda não saber o que é. É um caralho estar tão impotente. Uma porra ter que vê-lo chorar sem poder fazer nada para mudar isso.

Aperto seu corpo ainda mais em meus braços e beijo sua testa. Olho para ele, que apesar de adormecido, ainda não tem no rosto aquela expressão pacífica característica dos despreocupados. E eu quero que ele tenha. Não só quando estiver dormindo, mas quando estiver acordado também.

Quero que o rosto de Anthony não conheça qualquer expressão além de felicidade. Sei que é prepotência da minha parte desejar tanto, mas isso não impede que a vontade tome conta de mim e me enlouqueça pela sua impossibilidade e pela sua simples existência.

Eu sabia que Isabella e seu pai vinham despertando em mim, ao longo dos meses, sentimentos nunca antes experimentados. Começou ainda naquela manhã no hospital. Eu não pude suportar o desespero de Anthony ainda que eu não tivesse noção de sua dimensão. A necessidade de cuidar dele me fez invadir aquela recepção e conseguir a informação de que ele precisava, o paradeiro da filha.

Depois, me fez montar guarda na porta da enfermaria infantil, conversar com o médico e passar o dia inteiro encostado à uma parede apenas para ter certeza de que os dois seriam minimamente bem tratados. O mesmo sentimento me levou até o apartamento minúsculo que viviam e me trouxe até aqui. Eu deveria ter sabido melhor, não deveria?

Eu deveria ter sido capaz de entender que a proximidade com Anthony não faria com que essa necessidade de protegê-lo diminuísse, mas faria exatamente o extremo oposto disso. A tornaria tão insuportavelmente grande, que sua dor seria minha dor.

E se ontem fui capaz de fugir do desejo que se descortinou diante dos meus olhos como um verdadeiro espetáculo, que Anthony seja meu marido, hoje eu já não sou mais. No entanto, conhecer e saber o que fazer com são coisas completamente diferentes. E a única coisa que me faz me sentir mais impotente do que a tristeza de Anthony neste momento, é minha própria ignorância.

*** ANTHONY RODRIGUES ***

Uma brisa morna balança o tecido leve da minha roupa e eu olho uma última vez para o telefone na palma da minha mão. “A caminho e muito ansioso pra saber o que tudo isso significa.” Diz a mensagem de Marcos. Suspiro e levanto a cabeça, inclinando-a para trás e deixando que meus olhos se percam no céu. A qualquer momento agora.

A noite está quente, há uma lua imensa tomando conta da imensidão azul escura, meu coração está acelerado, minha boca está seca e minhas mãos estão trêmulas. No fim das contas, Grazi estava certa. Levei quase sete dias para me preparar para esse momento, mas eles não foram o suficiente.

Afundo os dentes no lábio inferior quando o som das hélices surge ao longe. Está chegando. Ao meu redor, a Marina em Guarulhos se movimenta como um organismo vivo. Pessoas, barcos e carros transitam continuamente e só na última meia hora, enquanto espero a chegada de Marcos, três helicópteros já pousaram e decolaram logo depois.

Alguns dias atrás, antes mesmo do aniversário de Isabella, ele me disse que certa vez, em Viena, na Itália, esteve em algo muito parecido com um Cinema drive in, só que de barcos.

Achei a ideia interessante e depois de pesquisar uma única vez sobre isso, comecei a ser perseguido virtualmente pelo anúncio de um evento semelhante em Guarulhos. A princípio, não me interessei no nível de querer vir. Mas depois que descobri que o filme em exibição seria O poderoso chefão, foi impossível não querer fazer uma surpresa para Marcos e aqui estamos. Quer dizer, estou. Meu marido ainda não chegou.

É sexta à noite e ele está vindo de helicóptero direto do escritório em São Paulo para cá. Organizei tudo e apenas lhe mandei uma mensagem dizendo a que horas o piloto estaria a sua espera. Ele tentou, de todas as formas possíveis, me fazer dizer o que estava planejando, mas eu me recusei a estragar a surpresa. Eu estaria muito mais animado se o filme fosse a única surpresa que planejo para esta noite.

E se não tenho dúvida alguma de que Marcos vai adorar a primeira, na mesma medida, tenho certeza de que ele vai odiar a segunda. Eu poderia lhe contar a verdade sobre o meu ex a qualquer momento, é verdade. Honestamente, nem sei se é uma boa ideia fazer isso bem no meio do mar, talvez seja uma ideia estúpida, mas eu queria que esse momento significasse mais do que apenas a sensação de uma descoberta ruim para ele, então estou tentando equilibrar as coisas.

O helicóptero desponta ao longe e eu fixo meus olhos nele, acompanhando sua aproximação. Minutos se passam e meu coração não consegue decidir se horas ou meses estão correndo até que Marcos esteja descendo do gigante de ferro antes que as hélices estejam completamente paradas.

— Por que nós estamos em uma Marina? Você comprou um iate? Por favor, me diz que você não comprou um iate? — pede, caminhando em minha direção com o humor que só ele sabe ter e uma expressão divertidíssima no rosto. Se apenas vê-lo já não fosse o suficiente para colocar um sorriso em meu rosto, alerta de spoiler, é! A forma como ele está olhando para mim, apesar do meu nervosismo, seria.

— Não, Marcos! Eu não comprei um Iate!

— Graças a Deus! — Finge alívio e eu gargalho de toda a sua bobeira. Ele me toma nos braços no instante em que me alcança.

— Oi, lindo... — Cola a testa na minha e meu coração não sabe o que faz. Se corre uma maratona, ou se esconde-se, com medo.

— Oi, Marcos... — Um carinho em meu rosto, um beijo suave em meus lábios e meus olhos se fecham.

— O que nós estamos fazendo aqui? — O tom é sussurrante, gostoso. Acaricio seu rosto com o meu e puxo uma inspiração profunda antes de deixar que meus olhos se abram.

— É uma surpresa... Você já vai ver...

— Surpresa, é? Não é um iate, certo? Você tem certeza?

— Tenho! Tenho certeza absoluta! — Rio da insistência despropositada. Afinal, é lógico que eu não comprei um iate. Sua conta bancária saberia se eu o tivesse feito.

— Tudo bem! Vamos ver essa surpresa que não é um iate. — fala sorridente antes de afundar o nariz em meu pescoço.

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— Ok, o que ela está fazendo aqui? — Marcos pergunta assim que paramos diante do seu veleiro. Parada ao seu lado, viro o rosto para ele.

— Você sabe que barco é um substantivo masculino, certo? — Seus olhos me procuram e com uma expressão muito séria ele pergunta.

— Eu dei palpite no nome do seu consolo? — Ergue uma sobrancelha e eu abro a boca, ultrajado.

— Como você sabe que meu consolo tem um nome? — Agora ele inclina levemente a cabeça em um “sério?” silencioso e eu estalo a língua antes de rir.

— Eu pedi ajuda ao seu pai... Pra trazer o... — Minha fala é interrompida por um olhar enviesado de Marcos e eu reviro meus olhos. — A Molly, pra trazer a Molly até aqui... — Sorri satisfeito por eu ter aceitado seu argumento tosco.

— Unhum... — Acena com a cabeça e olha desconfiado entre eu e o barco, — E por que você a trouxe? — Estreito os olhos para ele.

— Você realmente ainda não descobriu? Quer dizer, nós passamos por pelo menos meia dúzia de cartazes do heliporto até aqui!

— Ah! — Balança a cabeça, concordando, só para me surpreender completamente depois, — Eu estava muito ocupado prestando atenção em uma visão muito mais interessante do que cartazes aleatórios. — Não resisto, agarro sua cintura e procuro sua boca com a minha, porque é de mim que ele está falando. Foi de mim que Marcos não desviou os olhos desde que desceu do helicóptero, — Nós vamos passar o fim de semana velejando pelados? Porque se essa for a surpresa, parabéns! Você superou o melhor presente que eu já tinha ganhado na vida!

— Ai, meu Deus, Marcos! Não! Não é isso! — Interrompo sua fala antes que ele tenha a chance de dizer que tal melhor presente foi esse, mas não consigo evitar as risadas com sua sugestão absurda.

— É uma sessão de cinema, como a que você foi em Viena... — A sobrancelhas se erguem em surpresa e lentamente um sorriso começa a se espalhar em seu rosto.

— Um drive in de barcos?

— Ou um Sail on, se você quiser usar o nome certo... — Ele se vira para mim com uma expressão divertida no rosto.

— E você trouxe a Molly até aqui só pra isso? — O sorriso no meu rosto se apaga lentamente.

— Você não gostou? — Pisco os olhos, decepcionado. Marcos leva as mãos até minhas bochechas e prende meu olhar no seu. Ele sorri imenso e mata todas as pessoas num raio de oitenta quilômetros. Não tenho dúvidas, eu sou o único sobrevivente e nem sei bem o porquê.

— Eu adorei, Thony! Adorei! — As palavras fazem meu coração saltar no peito, mas não mais do que a aproximação de seus lábios. Marcos me beija devagar, gostoso. Sua língua entra em minha boca com a intensidade já familiar, mas não há o desespero de sempre, hoje há tranquilidade, uma que eu quero muito, mas a que não posso me apegar.

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*** MARCOS VALENTE ***

Com os braços esticados e apoiados a minha frente, deixo que a água escorra pelo meu corpo. Os jatos são potentes e cumprem seu papel, relaxando os músculos depois de quase um dia inteiro sentado.

Não consigo tirar o sorriso do rosto. Meu plano era passar a noite de sexta com Thony assim como tem sido em todas as noites, para falar a verdade. Porque não importa quantas já tenham passado, continuo achando que não foram o suficiente.

O que definitivamente não estava nos meus planos era fazer isso a bordo da Molly. Balanço a cabeça para um lado e para o outro e deixo que meus olhos corram o banheiro da embarcação ainda sem poder acreditar que ele simplesmente transportou o veleiro da ilha até aqui sem que eu tivesse qualquer ideia sobre o que estava acontecendo.

Preciso ligar para o meu pai e agradecer. Mas isso vai significar uma conversa complicada sobre felicidade matrimonial, então é melhor não. Ou, talvez, seja exatamente do que preciso. Foda-se! Sabe do que não preciso? Pensar sobre isso agora, hoje é uma excelente noite para me dar folga do meu próprio caos interior!

Quando recebi a mensagem de Anthony, fiquei preocupado com o que seria a tal surpresa. Thony tem estado estranho desde a manhã seguinte ao aniversário de Isabella, praticamente há uma semana. Avoado, pensativo, parecendo triste e, definitivamente, mais escorregadio do que nunca quando se trata de assuntos sobre os quais ele não quer falar. Uma porra.

Entramos no barco e Anthony se perdeu na cozinha depois de me entregar um mapa sobre para onde nos conduzir. Passamos o caminho da Marina até aqui, o ponto onde a sessão de cinema vai acontecer, bem no meio do mar, separados, e ao chegarmos, ele me despachou para o banho depois de apenas um beijo.

Desligo o chuveiro e estico a mão para alcançar uma toalha pendurada. Me seco e saio do box com ela enrolada na cintura. Atravesso o espaço pequeno até o quarto e sem muita preocupação, escolho uma bermuda e uma camiseta no armário, ansioso para ter meu esposo em meus braços outra vez.

De volta à superfície, encontro Anthony sentado no futon que cobre a proa do barco. Lindo. Fodidamente lindo. Incapaz de me mover, tomo algum tempo apenas olhando para ele. Na posição e distância em que está, tudo o que posso ver é seu perfil iluminado pela circunferência branca e brilhante no céu.

A imagem é do caralho. Cercado por dezenas de outras embarcações e diante de uma imensa tela de projeção apoiada em um Iate, Anthony parece impresso na lua. O rosto tem a pele limpa e, ainda assim, os lábios cheios e rosados se sobressaem. Os cabelos curtos estão soltos e a brisa morna os balança um pouco.

Tenho quase certeza de que sua mente está muito longe daqui. Seus olhos se fecham e ele suspira. Uma expressão angustiada toma conta do seu rosto e isso me faz andar.

Thony se vira em minha direção assim que ouve meus passos e sorri. Mas não é o sorriso que eu quero em seu rosto todos os dias. É um sorriso triste. Um sorriso que não merece aqueles lábios. Meus lábios.

Sento-me atrás dele, cerco seu corpo com minhas pernas e sua cintura com meus braços. Afundo o nariz em seu pescoço, aspirando seu cheiro gostoso e fecho os olhos brevemente, aproveitando a sensação que inunda minhas veias a cada vez que faço isso. Meu esposo deita a cabeça inclinado em meu ombro, me dando mais acesso e descansando o corpo contra o meu.

Dou beijos suaves em sua pele antes de sussurrar em seu ouvido.

— Um doce pelos seus pensamentos...

— Não há nada que valha um doce neles... Desculpe... — pede baixinho e eu distancio meu rosto do seu o suficiente para olhar seus olhos com clareza.

— O que está acontecendo, Anthony? — Uma de minhas mãos alcança sua bochecha, garantindo que seu olhar não fuja. Ele nega com a cabeça, mas não tem a audácia de fazer o mesmo com as palavras, —Você me conta até o fim da noite? — Agora sua cabeça se movimenta para cima e para baixo, concordando, e eu faço o mesmo.

Expiro com mais força do que o normal e apoio o queixo no ombro de Anthony. Diante de nós, há uma toalha e uma cesta de piquenique. Sorrio, ele pensou em tudo.

Tiro o celular do bolso e com o queixo ainda apoiado em seu ombro, desbloqueio a tela, encontro o que quero e o estendo para Anthony.

— Olha. — Ele encaixa a mão embaixo da minha, trazendo-a junto com o celular para mais perto dos olhos.

— A entrevista! Saiu! — Morde o lábio e faz uma cara engraçada, ansioso.

— Unhum. — Concordo e beijo outra vez seu pescoço enquanto ele lê a publicação na revista online, — A impressa também foi publicada hoje. Comprei uma, achei que Isabella ia gostar de ver o pai numa revista.

Meu esposo ergue os olhos, interrompendo sua leitura apenas por tempo o suficiente para deixar que eu a veja revirá-los.

— O pai dela e o Marcos... — Estala a língua logo depois de dizer meu nome e minhas sobrancelhas se erguem em uma surpresa muito divertida.

— Tá com ciúmes? — Rio da bobeira.

— Não... — responde seco e volta a ler a tela em minha mão. Estreito os olhos, infiltro meus dedos por baixo do tecido de sua camisa e aliso a pele quente antes de apertar levemente.

— Você está com ciúmes de mim e Isabella?

— Já disse que não! — A declaração é tão mentirosa que até mesmo uma pessoa que não conhece Anthony teria dificuldades em acreditar.

— Ah, amor! Para com isso, vai! Eu sou irresistível! Eu causo esse efeito nas pessoas, não importa qual seja a idade delas! — Roubo-lhe outra vez a atenção e, agora, consigo mantê-la. Anthony se vira com ultraje estampado no rosto.

— Você não está planejando me matar e me jogar no mar, certo? — Finjo preocupação com a expressão quase assassina em seu rosto.

— Talvez! — Inclina o corpo contra o meu, obrigando-me a deitar e eu realmente não me importo. — Um conquistador? — pergunta, esticado sobre mim com meu corpo entre suas pernas.

— Definitivamente! — Sorrio imenso ao ver seus olhos estreitados, — E o que você vai fazer sobre isso? Em?

Anthony balança a cabeça de um lado para o outro, negando, meu sorriso se amplia.

— Não sei... Talvez o melhor castigo pra você seja eu não fazer absolutamente nada. Eu fiquei todo bobão procurando maneiras de te deixar feliz, organizei tudo isso e você tem a cara de pau de dizer que tem um efeito conquistador por aí? Ah, não! Você merece meu desprezo! — O tom é de brincadeira, mas Anthony ensaia se levantar, eu não deixo. Nos giro sobre a superfície acolchoada e em um piscar de olhos, sou eu quem está em cima dele.

— Onde você pensa que vai?

— Te ignorar!

— E você acha que é capaz?

— Sou!

— Tem certeza?

— Não! — responde imediatamente, mesmo que sua resposta deponha contra seus próprios planos e nós dois gargalhamos. Devagar, solto meu peso sobre o corpo dele enquanto brinco com meu rosto em sua pele.

É um momento tão incrível que quando a clareza que venho buscando incansavelmente há dias me atinge, não vem como uma onda gigante, como um terremoto ou como um ciclone, apesar de tomar conta da minha mente e coração com a força de um fenômeno da natureza.

— Eu quero você... — Minha voz é baixa. Não sei a quem estou mais preocupado em assustar. Se a ele ou a mim mesmo. A risada de Anthony volta a soar alta.

— Aqui? No meio de toda essa gente? Definitivamente, é um nível superior de exibicionismo. — Sou eu quem ri agora. Muito perto, olhos escuros e brilhantes estão silenciosos e eu fico grato por isso. Não sei se poderia lidar com qualquer som além da confusão em minha cabeça e das batidas alucinadas do meu próprio coração nesse momento.

Felicidade. Eu era feliz antes de Anthony entrar em minha vida. Eu tinha planos, desejos, não passava vontades. Então porque essa palavra nunca fez tanto sentido antes quanto faz agora? De repente, todas as dúvidas e questionamentos que cultivei ao longo da semana se espalham em minha cabeça como a água ao nosso redor.

Eu era feliz? Sim, eu era. Sempre fui. Mas, se há algo sobre o qual não tenho dúvidas é de que agora eu sou mais, muito mais. Nunca fui incompleto, mas eu precisaria ser muito estúpido para não reconhecer que nos últimos meses minha definição de felicidade mudou.

Não são mais as noites regadas a uísque e sexo que colocam sorrisos em meu rosto. São manhãs e tardes de pensamentos incontroláveis no homem que está embaixo de mim e boa parte deles envolve a nós dois completamente vestidos. Não é louco?

São madrugadas de conversas bobas sobre assuntos aleatórios que não servem para nada além de me fazer sorrir. São minutos incontáveis em que eu desejo que o tempo vá mais devagar sempre que uma garotinha me conta como foi seu dia. São horas infinitas assistindo ao mesmo filme, de novo, de novo e de novo.

Uma risada curta e surpresa deixa meus lábios, minhas sobrancelhas se erguem, pisco e abaixo a cabeça apenas por um momento antes de voltar a me concentrar no homem que me olha sorridente. Então, eu sorrio. Sorrio e beijo seus lábios, seu nariz, seus olhos.

Sorrio, porque em um momento bobo e completamente aleatório, acabo de perceber que todas as dúvidas que me atormentaram desde que eu desejei internamente que Anthony fosse meu homem não passam de bobagem. Eu não sei quando aconteceu, mas em algum momento, Isabella e seu pai serem parte fundamental da minha felicidade se tornou uma certeza.

— Eu quero você. — repito as palavras, — Aqui, lá dentro, em casa, na ilha e em qualquer outro lugar, eu só quero você... — Minha voz sai baixa, rouca. As palavras escorrem por ela lentamente. O rosto de Anthony vai se transformando à medida que ele percebe que eu não estou brincando ou apenas falando de sexo, o sorriso é substituindo por lábios entreabertos, seus olhos se arregalam levemente, piscando várias vezes em sequência e sua garganta se move devagar, engolindo com dificuldade. — Desde que você entrou na minha vida, eu venho descobrindo formas e mais formas de felicidade que eu nunca achei que um dia sentiria... Só... Só olhar pra você me faz feliz, Anthony. Você é uma coisa traiçoeira que chegou querendo se aproveitar do que eu oferecia e, ao invés disso, mudou completamente meu conceito de felicidade. Um dia depois do outro você e Isabella têm me dado muito mais do que tomam... — Minha mão sobe por sua bochecha e eu a acaricio com o polegar.

— Marcos... — sussurra.

— Eu sei... — Balanço a cabeça em negativa, rindo de mim mesmo. — Eu sei que não era esse o plano... Eu sei que estou quebrando todas as regras que nós nunca dissemos... — Sua respiração toca meus lábios e ele passa a língua sobre os dele. — Mas eu não consigo parar de pensar, “E se?” Você merece mais do que eu, Thony... — Rio, agora, sem humor algum. — Você merece muito mais do que eu, aqui, todo confuso, me embolando com as palavras, eu só... — expiro forte, morrendo de vontade de engolir o que está na ponta da minha língua e, ao mesmo tempo, louco de vontade de deixar que cada palavra ganhe o mundo.

Anthony espera por elas com olhos ansiosos, respiração descontrolada e lábios entreabertos. Fecho os olhos, colo minha testa na sua e tomo a decisão.

— Eu quero você... Nunca achei que eu diria isso... Nunca achei que eu ia querer isso, mas eu quero poder escolher você. Eu quero você. Inteiro, Anthony... Meu... E se estou falando agora, é porque não tenho certeza de se ou quando vou ter outro surto de coragem como esse. Eu quero mais do que noites roubadas, dúvidas sobre se ou quando você conhecer outra pessoa, eu quero você todo... — Ofego como se tivesse acabado de nadar cem metros e não abro os olhos, preocupado com o que vou encontrar no rosto do meu esposo ao olhar para ele. Entretanto, antes que eu seja capaz de criar coragem, sinto sua boca na minha.

Os lábios de Anthony me tocam sem delicadeza alguma. É um beijo urgente, intenso, em que nossas línguas procuram uma pela outra quase com desespero. Um gemido escapa da minha garganta no instante em que elas se encontram. É um beijo diferente de qualquer outro e, ainda assim, como todos os outros que já trocamos. Gostoso, quente, extraordinário. Só que dessa vez, desejo não é o único sentimento ao qual ele responde.

Há outros e não quero dar nome a eles. Por hora quero apenas a sensação da boca de Anthony na minha. De minhas mãos em seu corpo e seus dedos em minha pele. Quero seu cheiro dominando meus sentidos, minha saliva espalhando-se por cada centímetro dele que eu puder alcançar.

Quero o calor do seu corpo e o roçar dos seus contornos. Quero a vibração do nosso encontro. O torpor dos nossos sons. A cadência dos nossos gemidos misturados. A explosão da nossa essência depois que tudo é paz e encontro. Quero tudo e nada. Quero a ele. E quero já. De todas as formas que o puder ter. De todo jeito que o puder alcançar.

O beijo acaba apenas porque a necessidade de respirar nos obriga a parar.

— Em uma escala de zero a dez, o quanto você quer ver esse filme? — sussurro com a boca ainda colada na sua.

— Menos dois. — Sorrio e aperto os olhos, mantendo-os assim por algum tempo.

— O que você está fazendo?

— Tentando mover o barco com a força do pensamento pra não precisar parar de te tocar! — Anthony gargalha alto com a minha resposta e meu coração dá três saltos mortais, um depois do outro.

— Tira a gente daqui, eu prometo que não vou a lugar algum. — responde e beija minha boca com delicadeza. Aspiro seu pescoço uma última vez antes de me levantar e caminhar na direção do leme. — Marcos... — chama quando já estou a alguns passos de distância e eu me viro.

— Eu também quero você. — Nada nunca foi tão lindo quanto o sorriso em seu rosto ao me dizer essas palavras.

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Nunca na vida manobrei um barco tão rápido quanto esta noite e sabia exatamente para onde ir com ele. Em um tempo digno do Guinness Book ancoro o veleiro próximo à Ilha do Cardoso, a mais bonita das redondezas e completamente deserta, acessível apenas por embarcações.

Quando termino todos os procedimentos, Anthony está de pé, observando a praia diante de nós. Alcanço-o por trás e grudo suas costas em meu peito.

— Se a noite esse lugar é lindo desse jeito, eu nem imagino como não deve ser de dia...

— Ele não é mais lindo que você. — Ele se vira de frente para mim, um sorriso nasce no canto de seus lábios e se espalha por todo o seu rosto, alcançando até mesmo os olhos.

— Cuidado, Marcos, ou eu vou começar a achar que você é um alienígena e que o verdadeiro Marcos babaca foi abduzido... — Estala a língua, — Não tem um limite de palavras doces que você é capaz de dizer antes do seu corpo começar a convulsionar? — Inclino a cabeça de lado e sorrio também antes de negar e puxar seu corpo ainda mais contra o meu, enfiar minhas mãos em seus cabelos e puxar sua cabeça para trás. O sorriso em seu rosto fica ainda maior.

— Minhas palavras doces estão te deixando enjoado, Anthony? — ele nega com a cabeça.

— Só estou preocupado de você morrer de hiperglicemia e eu ficar aqui, completamente sozinho e a deriva. — Explica, me fazendo gargalhar.

— Vem cá, vem! Deixa eu te mostrar que ainda tem uma grande parte de mim que não é nada doce.

— Promete? — pergunta já com os lábios tocando os meus. Puxo seus cabelos com um pouco mais de força e ele geme.

— Dança comigo? — peço e as sobrancelhas de Anthony se erguem em surpresa.

— Dançar? — Balanço a cabeça devagar, concordando e começando a me mover lentamente.

— Parece que estão sempre interrompendo nossas danças...

— Mas nós só dançamos duas vezes! — Anthony ri.

— E fomos interrompidos nas duas. Na primeira eu levantei as mãos pro céu, porque se eu tivesse que ficar tão perto de você por mais um minuto, ia ser impossível esconder minha ereção e nós estávamos na porra de um evento beneficente. — Ele gargalha com o rosto colado ao meu e o som é toda a música que eu preciso, — Depois, no nosso casamento... — Um silêncio estranhamente bem-vindo se segue as palavras. Nós dois sabemos quem interrompeu nossa dança em nossa festa de casamento e nenhum de nós dois está disposto a pensar sobre isso agora. Olhos castanhos, escuros e brilhantes investigam os meus e eu me deixo ser completamente virado do avesso por eles.

Nossa dança é muito mais um balançar de corpos no ritmo das ondas do que qualquer outra coisa. O mar dança por nós e tudo o que fazemos é segui-lo sem nem mesmo tirar os pés do chão. Brinco com meu rosto no de Anthony e ele abre a boca parecendo prestes a dizer alguma coisa, mas desiste.

— O que foi, amor? O que está te incomodando?

— Agora não... Agora, nada! Amanhã! — declara e me beija com uma urgência sem medida. Anthony assalta minha boca, massageando minha língua e suas mãos agarram minha cintura com força. Nada em Anthony é delicado e eu adoro isso para caralho.

— Tá se sentindo exibicionista hoje, amor? — pergunto assim que o beijo acaba, segundos antes de lamber seus lábios devagar.

— Talvez... — sussurra transformando o momento carinhoso que vivíamos em uma bola de fogo que rola pela minha pele até atingir meu pau, fazendo-o pulsar com a simples ideia de Anthony vestindo nada além da luz da lua.

— Você está vestido demais até pra um talvez... — repito em sua boca as palavras que disse dias atrás na varanda do meu quarto e ouço sua risada. Mas, esta noite, não lhe dou tempo para se afastar e me torturar se despindo lentamente.

Beijo seu ombro antes de passear as mãos por seu corpo, agarrar a barra da sua camisa e em um movimento rápido, jogá-lo sobre o chão do veleiro. Estalo a língua ao encontrar os mamilos completamente nus e não perco tempo. Arrasto minha boca pelo seu queixo e pescoço, lambo seu colo até alcançar um dos seus bicos duros e lambê-lo devagar. A resposta de Anthony é um gemido baixo e olhos completamente embriagados de tesão.

Seu gosto inunda minha língua e meu pau se contrai dolorosamente, deixando claro que meu corpo está louco para sentir muito mais do que isso. Suas mãos imediatamente agarram meus cabelos e empurram minha cabeça na direção de seu corpo ao mesmo tempo em que ele empina o tórax na direção do meu rosto.

Passo a língua devagar de cima para baixo e de baixo para cima antes de abocanhar o mamilo excitado e mamar com gosto. A sensação da pele gostosa em minha boca é perfeita e se torna ainda melhor quando os gemidos de Anthony se juntam a ele. Levanto os olhos e ainda com os lábio muito próximos de sua pele, pergunto.

— Quer entrar, amor? Porque eu estou muito perto de não conseguir mais parar de te tocar. — Mordendo o lábio, ele balança a cabeça em uma negativa silenciosa e um calafrio gostoso percorre minha espinha.

Afundo meus dedos em seus quadris antes de deslizá-los para a bunda redonda, gostosa e enlouquecedora que minha esposa tem. Acaricio suas curvas até que meus dedos médios estejam posicionados bem embaixo delas, na junção com suas coxas, e volto a mamar.

A cabeça de Anthony se move devagar para trás e ele geme, aproveitando o toque suave que alcança seu pau. A dor em minhas bolas é quase insuportável e dessa vez impulsiono meus quadris para frente, esfregando-os contra a barriga de Anthony. Ele retribui, esfregando-se de volta.

— Gostoso... — murmuro em sua pele e mordo seu mamilo, — Todo gostoso! — repito antes de enganchar meus dedos nas laterais da curca e puxá-la para cima, esfregando-a no pau duro e provocando-o, ao atolar o tecido entre sua bunda.

Anthony geme alto e cada pelo do meu corpo se arrepia com o som. Procuro o mamilo até agora intocado e sem parar de manipular o tecido entre sua bunda, o sugo com força. Provocando espasmos de prazer no corpo quente, mantenho uma mão esfregando a cueca em seu cu e a outra passeio pelo corpo dele sem qualquer delicadeza.

— Marcos... — geme meu nome, manhoso. Beirando o descontrole, me ajoelho, beijo e lambo não apenas seu peito, como também à sua barriga, uma e outra vez.

Puxo sua cueca pelos fundos, agora, para baixo, e o tecido se enrola nas laterais de seu corpo enquanto é arrastado pelas pernas, deixando um rastro avermelhado pelo toque rude na pele clara e macia.

Os dedos de meu esposo descem pelos meus ombros e ele afunda as unhas sobre o tecido da minha camiseta conforme as sensações a dominam. Meu pau lateja, ansioso para entrar na brincadeira, mas ainda não, mesmo que eu já esteja completamente ofegante.

Com a cueca jogada no chão, encaixo meus lábios na bunda gostosa e lambo seu cuzinho. O gosto, o cheiro, a maciez, tudo atinge meu corpo de uma única vez em um êxtase avassalador sem que eu nem mesmo tenha sido tocado. Puta que pariu! Caralho! Anthony grita, gostoso para uma porra em cada movimento, som, reação e meu sangue parece rugir em resposta.

Minha língua desliza para cima e para baixo, enfia-se em seu buraco. Bato seu pau já babando antes de voltar a concentrar toda a minha atenção no buraco sensível, apertado, delicioso.

— Marcos eu vou gozar, assim eu vou gozar! — anuncia entre gritos e gemidos e subo a boca pelo seu corpo até que eu esteja de pé.

— Não, amor. Você vai gozar com o meu pau bem enterrado dentro de você! — sussurro em sua orelha antes de lambê-la, espalhando saliva por seu maxilar, queixo, pescoço até alcançar os lábios.

Eu o beijo profundamente. Invado sua boca com lábios, língua e dentes. Mãos ansiosas arrancam minha camisa e eu riria se não estivesse beirando a insanidade a este ponto. A brisa morna da noite quente atinge minha pele imediatamente, mas não traz nenhum alívio, pelo contrário, parece tornar ainda maior a fogueira acesa ao nosso redor.

Anthony gruda o corpo no meu, nossas peles deslizam uma sobre a outra fodendo de vez meu juízo e acabando com meu autocontrole. Não satisfeito, ele enfia as mãos pelo elástico dos meus shorts, infiltrando-as dentro dele até tocar minha ereção.

Gemo com a sensação da palma quente, meu pau pulsa nela quando meu esposo o aperta e começa a masturbá-lo numa punheta fodida de tão gostosa. Seus olhos se ascendem, delirantes de prazer no instante em que minha boca começa a derramar um gemido depois do outro e eu seguro suas mãos, parando seus movimentos.

Tiro os shorts e volto a beijar a boca de Anthony em um beijo molhado, bagunçado, gostoso para porra. Ando de costas até a área acolchoada e me sento sobre ela. Outra vez, abocanho um mamilo e enquanto impulsiono o corpo para trás, não deixo de chupá-lo, esticando-o, fazendo um grito de prazer ecoar até que eu o solte.

Sentado bem no meio da proa, olho para ele. Seu tórax sobe e desce ofegante; seus lábios estão inchados e molhados pelos beijos; seu peito têm marcas avermelhadas, deixadas pela minha boca; seu corpo inteiro ostenta marcas de meus dedos e seus olhos, seus olhos escandalosos gritam duas palavras que eu terei todo prazer em obedecer: Me fode!

Lindo. Perfeito. E meu.

Anthony sobe de joelhos sobre o futon e se arrasta até mim. Quando ele está prestes a me montar, eu estalo a língua e balanço a cabeça. — De costas, amor... Eu quero olhar pra esse rabo gostoso enquanto fodo esse cu. Ele obedece, mas não antes de maltratar meu lábio inferior com uma mordida forte. Senta-se em meu colo e rebola, enlouquecendo a nós dois.

Nossos gemidos se misturam a cada movimento e sem que eu precise pensar, minhas mãos traçam seus próprios destinos. Uma se enfia na cabeça loira e a outra esmaga a bunda entre os dedos.

O cu aberto encaixa perfeitamente meu pau, esfregando-se nele e deixando-o completamente lambuzado pela excitação que escorre pelo pau de Anthony enquanto seus cabelos balançam a cada movimento que ele faz. Olho, fissurado, para a bunda de Anthony em meu colo até que um de seus movimentos encaixa meu pau em sua entrada.

Ele brinca com a glande, movendo a bunda ao redor dela, penetrando alguns centímetros só para abandoná-la no instante seguinte e a sensação que eu tenho é que se eu não fodê-lo agora, vou me partir ao meio.

— Anthony... — Grunho, entredentes, e ele repete a tortura. Só preciso de um movimento e ele está gemendo arrastadamente quando o puxo para trás e impulsiono meus quadris para frente ao mesmo tempo, metendo fundo sem perder nenhum centímetro do cuzinho guloso me engolir inteiro, — Perfeito, caralho! Você é perfeito, porra! — Anthony se curva para frente, deixa a bunda empinada em meu colo completamente exibida, — Rebola amor, me deixa ver você me engolir inteiro, vai. — peço e ele deixa. Sobe e desce os quadris devagar, fode meu pau em uma velocidade torturante, geme alto a cada investida.

O barco balança levemente e cada sentada de Anthony me leva tão perto ápice que minha visão embaça. Os gemidos de Anthony se tornam mais altos até ficarem completamente descontrolados. Seu cu me aperta, anunciando o gozo eminente.

— Vira, amor. Eu quero ver você gozar... — Reúno todas as minhas forças para ser capaz de falar algo coerente. Ele ergue o corpo e em movimentos rápidos, muda de posição, tão desesperado quanto eu pelo orgasmo. Seus quadris descem, deslizam pelo meu pau. Com ele de frente para mim, chupo um de seus mamilos sem que meus olhos se desviem de seu rosto.

Sua expressão de prazer é deliciosa e eu não resisto, procuro pela sua boca. Beijo-o com os olhos abertos e seguro-o quando estou completamente enterrado em seu cu. Não nos movimentamos, o mar faz isso por nós, balançando o barco. É sutil, mas Anthony está tão apertado, nossos corpos estão tão suados e colados que porra! A menor movimentação provoca fricção.

Não sei quanto tempo ficamos parados, apenas nos olhando e respirando ofegantes, um sobre a boca do outro, antes de voltarmos a nos foder com desespero. A cada impulso que ele dá para baixo eu dou outro para cima, nos encaixamos em uma dança ritmada e em uma verdadeira sinfonia de gemidos e sons de sexo. Seus quadris batendo contra o meus; meu pau deslizando em seu cuzinho; seu tronco suado esfregando-se em mim. É gostoso demais, porra! Gostoso demais!

Volto a beijar sua boca, Anthony grita com os lábios colados aos meus e minha língua lambe tudo dele que alcança, seu queixo, maxilar, lábios abertos, fazendo uma bagunça deliciosa.

— Marcos! — grita meu nome uma última vez ao gozar puxando com sua voz bêbada meu próprio orgasmo. Meu corpo inteiro arrepia quando o primeiro jato de porra faz seu caminho, inundando o cu de Anthony e, puta que pariu! Continuo metendo fundo até que não haja uma gota sequer que não esteja exatamente onde deveria, no cuzinho quente, apertado e meu, todo meu!

Gozamos de olhos abertos, mergulhados um no outro, e se eu ainda tinha alguma dúvida, ela é completamente exterminada durante os segundos em que o mundo inteiro se desfaz, exceto por minha ligação com Anthony.

Entre peitos ofegantes e corações acelerados, respiramos o mesmo ar, confundimos nossos gostos e salivas e nossos olhares se desvendam em uma procissão de declarações gritadas em meio ao silêncio. Olhos escandalosos estão vidrados nos meus e eles me dizem tantas, tantas coisas, dentre elas, que há muitas outras que não estão sendo ditas.

É um momento de intimidade como eu jamais pensei que pudesse dividir com alguém e o fato de estar completamente enterrado em Anthony não tem nada a ver com isso. Eu estou muito além de fodidamente apaixonado. Eu amo esse homem. Como isso é possível? Como é que eu posso só me dar conta disso agora em que cheguei no ponto onde simplesmente não há como voltar atrás? No ponto em que estou pronto para abrir a boca e gritar aos quatro ventos essa informação para o mundo?

Principalmente porque os olhos de Anthony também estão gritando. Aqui, no meio do oceano, quando não existe nada além de nós dois, em gritos mudos eles me dizem que ele também me ama.

Que de alguma maneira, em algum momento, isso aconteceu e nós dois, tolos e arrogantes em nossas próprias certezas, não fomos capazes de entender, de tentar impedir e porra! Nunca fui tão grato pela minha própria estupidez.

No entanto, apesar de todas as palavras não ditas, mas tão claramente compreendidas, diferente de seus olhos, os lábios de Anthony não se movem. Eles continuam selados, resolutos em não deixar que qualquer palavra passe por eles. Colo minha testa na sua e deixo que meu olhar entregue a ele nove palavras antes de beijar sua boca: nós temos muito tempo. Temos todo tempo do mundo.

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