XII
- Adriano é um amigo, - Maicon disse afinando a voz docemente ao dizer o nome "Adriano" era nítida a provocação.
- Amigo passa a mão do pau do outro? - o primo respondeu.
- Seu filho da... - Silverback começou.
Maicon respirou fundo e saiu do meio dos dois e veio até mim e segurou minha mão me puxando para cima.
- Aumentem a música! - ele gritou chacoalhando a mão acima da cabeça.
Maicon ignorou Silverback e o primo que se encaravam como aqueles lutadores de MMA que mais parecem amantes prontos a se chuparem do que dar porrada um no outro num ringue.
- Que loucura! - eu disse para ele. - O que você disse ao Silver... ao Adriano quando falou no ouvido dele?
Eu quis saber, aliviado por estar sendo conduzido pelo dono da casa para longe daqueles três brutamontes.
- Que daria minha virgindade a ele - e sorriu.
- Mas você não já? - eu estava confuso. - Mas naquele dia na faculdade...
- Eu te explico é uma outra longa história.
Nos caminhamos em direção a casa.
Na varanda ficavam uns sofás convidativos como uma obra de artesanato sobre as madeiras entrelaçadas. Maicon pegou uma cerveja fechada em um balde de gelo em cima de um mezanino e abriu para mim.
- Obrigado, - respondi sem querer beber porque perdia o controle fácil sob efeito de álcool.
- Foi meu primo... - ele confessou e engoliu em seco. - Estou morrendo de medo do Adriano descobrir que meu primo...
- Mas vocês não estão em guerra? - franzi as sobrancelhas.
Maicon retirou a lata de cerveja da minha mão e engoliu de gute gute com a sua vazia na outra.
- Entre a guerra e o amor...
A música não atrapalhava a nossa conversa e nós não ficamos a sós tempo suficiente para estender o assunto porque logo o primo dele apareceu e o Adriano vinha no encalço.
- Mas você gosta do Silverback?
Ele sorriu, erguendo-se, relaxou as mãos na cintura.
- Disfarça que eles vêm vindo aí - e chegando mais perto disse - ele odeia esse apelido, Silverback. Eu gosto como amigo mas Adriano nunca entenderia isso.
Eu dei uma gargalhada involuntária quase de nervoso. O policial, Silverback, ou melhor, Adriano, havia nos encurralado na parte de fora da faculdade, "mas quem tinha arregaçado o cuzinho do Maicon, foi o primão!".
- Seu primo fez um estrago em você... - eu disse. - Um baita estrago.
Eu direcionei meus olhos para o meio das pernas do cara, foi involuntário, eu juro que foi! Maicon suspirou cruzando os braços e olhando em direção ao primo, ele disse:
- Ele não tem experiência... Faz o tipo mineirinho, come pelas beiradas.
Maicon não percebeu meu olhar para o primo deflorador e roludo "não é possível que não seja, arregaçou o coitado" mas eu fisguei o brilho que os olhos de um passou para os do outro:
- Você ama seu primo, - eu afirmei.
Ele chegava justo nessa hora e suas bochechas ficaram rubras. Maicon respirou fundo e passou em direção a Adriano que o recebeu com uma péssima cara.
- Foi mal, - me disse o primo. - Eu te empurrei foi sem querer.
- Tudo bem.
- Frederico, - ele disse - prazer, e você é?
- Yuri.
- Fique a vontade Yuri, - ele suspirou - isso pra mim já deu.
A sobrancelha direita de Frederico estremecia em cima do olho, e nos minutos em que me cumprimentou não conseguia tirar os olhos do primo e do policial um pouco abaixo de nós.
Eu fiquei sozinho ali na varanda.
Na verdade, não tão sozinho porque saído não sem de onde, Otávio chegou trazendo mais uma latinha de Heineken na mão.
- Nossa marcou teu queixo hein, doi? - eu disse.
Maicon e o Adriano haviam desaparecido. Otávio ofereceu a bebida mas eu não virei na boca, embora estivesse salivando de vontade "só um golinho..."Vou publicar o capítulo 13 hoje também, porque amanhã não poderei colocar! Boa leitura!
