Meu Desejo - Capítulo Treze

Da série Meu Desejo
Um conto erótico de M.J. Mander
Categoria: Gay
Contém 6987 palavras
Data: 28/07/2024 11:03:16
Assuntos: Beijo, Gay, Homossexual, Sexo

CAPÍTULO TREZE

*** PEDRO FERNANDES ***

Fecho os olhos e deixo a minha cabeça pender para trás no banco traseiro quando o motorista do Uber dá partida no carro, encerrando, oficialmente, a brincadeira de pique-esconde com Hugo da quarta-feira. Metade da semana já foi. Agora eu só preciso continuar fugindo por mais dois dias, duas semanas e cinco meses. Rio de desespero.

De quem mesmo foi a ideia genial de provocar o homem? Ah, claro! Do Pedro com tesão! Porque todo mundo tem excelentes ideias quando está totalmente sob o controle do desejo por sexo. Deus, que estúpido! Bato a mão sobre o rosto e choramingo baixinho, arrependido até a morte, não do beijo, mas de ter achado que fugir seria fácil e ainda ter esfregado isso na cara do Hugo.

Talvez, se não fosse pelo segundo, o primeiro não fosse tão difícil. Quando entrei em casa no domingo à noite, todo o meu corpo estava aceso, vivo, e eu me sentia o homem mais poderoso do mundo por ter arrancado de Hugo Maldonado algo semelhante à promessa de me caçar.

Cada segundo desde o momento em que nos sentamos na areia da praia foi emocionante, mas os minutos que passamos dentro do carro estacionado na porta da vila, Deus do céu! Eletrizantes não seria uma palavra boa o suficiente para descrevê-los.

Encostei-me na porta fechada com a cabeça zonza e um sorriso bobo no rosto, mal podendo acreditar que eu havia me rendido tão devastadoramente daquela maneira. As palavras de Hugo ainda ecoavam em meus pensamentos, dizendo que só não me foderia naquele carro, porque tinha mais autocontrole do que isso.

Era uma vergonha, eu sabia, mas o meu lamento que ele tivesse foi sincero. Eu certamente não tinha, e, se ele tivesse tentado, eu teria deixado. Aquela era a minha última chance de culpar a irracionalidade do momento. Porque eu poderia ainda não saber como faria isso, mas também fui sincero quando disse que aquele momento não se repetiria.

Uma vez que eu colocasse meu pé para fora daquele carro, teria a chance de pensar sobre o tamanho daquele erro e decidir não cometê-lo. Eu gostaria, pelo menos, que ele tivesse sido maior. Assim eu me arrependeria apenas por tê-lo cometido.

Dito e feito. Não levou duas horas e minha cabeça já cozinhava a incredulidade sobre o que eu havia feito. A racionalidade brigando ferrenhamente com a vontade de reviver, uma vez atrás da outra, todas as sensações provocadas pelas mãos e boca de Hugo.

Eu tive certeza de que havia perdido a cabeça e essa sensação só piorou nos últimos dias. A cada vez que o corpo alto e musculoso de Hugo Maldonado esteve no mesmo ambiente que o meu, desejei que não houvesse distância entre nós, que pudéssemos estar tão colados um ao outro quanto estivemos naquele carro, dessa vez, de preferência, sem roupas entre nós.

Como o predador paciente que é, o bastardo arrogante não fez qualquer movimento, dizendo-me, sem pronunciar qualquer palavra, que sabe que eu não vou resistir para sempre. Nos últimos três dias, não me permiti ficar sozinho naquela casa nem por um minuto.

Quando não estava com Beatrice, procurava a companhia de qualquer outra pessoa, apenas para garantir que eu não esbarraria em Hugo, tropeçaria e cairia nu, sentado em seu colo, atrás de um porta fechada. Que grande vexame.

Coço a cabeça e, precisando falar sobre isso, enfio a mão em minha bolsa e pego o celular.

Pedro: Beijei Hugo Maldonado.

Ped4o: Duas vezes.

Olha para a tela, ansioso. A última visualização foi há quase vinte minutos, mas não leva nem mesmo um inteiro para que os símbolos de mensagem recebida fiquem azuis, indicando que elas foram visualizadas.

Matheus: O QUÊ?!

Matheus: QUANDO?

Matheus: Espera! Vou te ligar!

Pedro: Não! Não posso falar! Tô no Uber!

Pedro: Beijei! E apalpei também, no domingo!

Matheus: DOMINGO? DOMINGO? E você só me conta agora? Seu cretino!

Matheus: E você colocou a mão no pau dele?

Pedro: Quem me dera! Se arrependimento matasse...

Ped4o: E eu sabia que você ia surtar, por isso não contei. Eu não estava pronto.

Matheus: Tudo bem! Conta tudo!

Pedro: Não tem muito o que contar. Argh! Que homem gostoso, Matt! Sabe tudo aquilo que eu sempre disse que eu queria sentir quando um homem me tocasse? Porra! Multiplica por um milhão!

Matheus: E quando vocês vão transar?

Pedro: Não vamos, Matt. Ele é gostoso, mas ainda é o pai da minha aluna, pior, na atual condição, ele é meu chefe!

Matheus: Ele está se aproveitando de você?

Pedro: Tudo o que eu queria era que ele tivesse se aproveitando de mim, Matt. Mas o homem é controlado demais até pra me foder num carro.

Matheus: Onde estava o carro?

Pedro: Na porta da minha casa?

Matheus: E por que você não o convidou pra te foder lá dentro?

Pedro: Porque eu não sou tão desesperado assim!

Matheus: Então quem é que tava chorando ainda agora por não ter sido fodido num carro?

Pedro: Cala a boca, Matheus!

Matheus: Tá, e agora?

Pedro: E agora eu tô fugindo dele!

Matheus: Mas você não trabalha na casa dele?

Pedro: Trabalho

Pedro: E ele não tá fazendo nenhum esforço, mesmo depois de ter praticamente prometido me caçar. Eu não sei o que me irrita mais, se a certeza absoluta do cretino de que eu não vou aguentar ou o fato de, aparentemente, ele estar certo.

Matheus: Bem, olhando pelo lado positivo, se ele tem tanta certeza de que você não vai aguentar, é porque ele também não vai.

Pedro: E como isso me ajuda?

Matheus: Não ajuda

Matheus: Mas pelo menos você vai transar do jeito que sempre quis.

Pedro: ELE É O PAI DA MINHA ALUNA! EU NÃO VOU TRANSAR COM ELE!

Pedro: Você devia estar me ajudando!

Matheus: Hum... Tá...

Matheus: Calma, tô pensando...

Pedro: Tô esperando...

Matheus: E se você resolver seu problema em outro lugar?

Pedro: Como assim?

Matheus: Transar com outra pessoa, Ped4o. E se você transar com outra pessoa?

Pedro: Eu não quero transar com outra pessoa, Matheus.

Matheus: E eu não acho que seu corpo se importe com isso. É por isso que não se pode deixar cães raivosos com fome por dias (e porque seria maus-tratos aos animais) Mas a moral da história é, se você os deixa dias sem comer, quando forem soltos, eles vão comer qualquer coisa que estiver pela frente, até seres humanos. Se você deixa sua libido faminta, ela vai exigir ser alimentada ao primeiro sinal de sexo, agora, você que lute.

Pedro: Você tá comparando minha libido com um cachorro faminto?

Matheus: Basicamente.

Pedro: Eu não sei porque eu ainda tento conversar com você sobre assuntos sérios.

Matheus: E o que você vai fazer?

Pedro: Não sei, mas vou descobrir. Eu tô falando sério, Matt. Eu não posso transar com ele. Eu ainda tenho cinco meses, duas semanas e dois dias de trabalho. A Be não merece que eu peça demissão porque transei com o pai dela e em algum momento as coisas pararam de funcionar.

Matheus: Olhando por esse lado...

Matheus: Você até que tem razão.

Pedro: Eu sei.

Pedro: Vamos esperar que em algum momento, Hugo perceba isso também. E vamos esperar que seja rápido.

Matheus: Ou o quê? Que eu me lembre, você não pode pedir demissão sem contrair uma dívida impossível de pagar.

Pedro: Ou então eu vou precisar dizer isso pra ele, e algo me diz que ele não vai gostar de ouvir.

Matheus: Hum, e aí vocês vão brigar?

Pedro: Provavelmente.

Matheus: Mas não foi brigando que vocês chegaram onde estão?

Leio a mensagem pelo menos cinco vezes, tentando descobrir a resposta para a pergunta. Não descubro.

Pedro: Você tá dizendo que eu não tenho saída?

Matheus: Não, eu to dizendo que você dizer pra ele que ele está agindo contra o bem-estar da filha não é uma saída.

Matheus: Eu sei, amigo. Eu sei. É realmente um problema muito grave ter um gostoso doido pra te comer! Dá ele pra mim e o problema tá resolvido!

Pedro: Matheus!

Pedro: Você é incorrigível!

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*** HUGO MALDONADO ***

Aperto os dentes na tentativa de conter a sensação de que cada músculo do meu corpo está prestes a sofrer um estiramento enquanto mantenho a ponte por quase três minutos. O telefone toca.

Olho para a tela do relógio inteligente em meu pulso e grunho ao ver a foto do meu irmão brilhando ali, pedindo por uma chamada de vídeo. Ignoro, me mantendo firme no exercício e me sinto aliviado quando o som da chamada morre.

Meu alívio não dura muito, porque o toque infernal recomeça segundos depois. Isso acontece por mais cinco vezes antes de eu me dar por vencido, soltar o peso do corpo no chão, me virar de costas e atender a chamada.

— Por que você está malhando a essa hora? — A testa de Breno se enruga imediatamente e ele move os olhos para cima. — São onze e vinte e oito da noite.

— O que você quer, Breno?

— Falar com você? Você anda evitando minhas ligações há quase uma semana. A última vez que nos falamos foi no almoço de domingo, hoje é quinta.

— Não ando evitando você, Breno. Eu ando ocupado. Só isso.

— É por isso que liguei a essa hora, você não tem desculpas.

— Caso você não tenha notado, eu estou ocupado.

— Conversa fiada. Então... Pedro vai estar no almoço de domingo? — Vai direto ao ponto com sua cara de cachorro.

— Foi pra isso que você me ligou? Sério?

— O quê? Eu só estou curioso, ué!

— Curioso sobre o quê?

— Sobre o que ele vai estar vestindo essa semana... — diz sorridente e eu explodo.

— Ah, Breno! Caralho! Tenha a santa paciência! — Impulsiono o corpo para cima, me sentando. Irritado com a pergunta, porque ela acaba com todo o propósito da porra do exercício a essa hora da noite, tirar Pedro da minha cabeça.

Como prometido, o Bela Armadilha não fez nada além de fugir de mim a semana inteira. De segunda até hoje, não o encontrei sozinho em nenhum momento e sei que não foi coincidência. Deixei que ele agisse como queria, porque não acho que isso vá durar muito tempo.

O que não significa que eu não tenha passado cada minuto livre ou ocupado da minha semana repassando os toques das minhas mãos e boca naquele corpo tentador. Honestamente, não sei se a adrenalina e a emoção intoxicando meu corpo são fruto da atração inegável por Pedro, ou apenas um reflexo da minha mente, mergulhando por completo em algo, depois de tantos anos sem a sensação de realmente desejar alguma coisa.

É como se uma parte de mim, há muito adormecida, estivesse sendo despertada pelo homem pequeno e atrevido. Desde a vontade impossível de ignorar de irritá-lo a cada oportunidade até a determinação, cada vez maior, de ter Pedro em minha cama.

— Que cara é essa? — Meu irmão interrompe meus pensamentos e quando volto a prestar atenção nele, seus olhos estão estreitados.

— A única que eu tenho.

— Mas não é mesmo! — Ele inclina a cabeça, desconfiado. — No que você estava pensando?

— Em nada que seja da sua conta. — A resposta tem o efeito inverso ao desejado e eu quero me xingar por estar distraído o suficiente para não prever isso. Porra, Pedro!

— Puta que pariu! — Breno exclama, um sorriso do tamanho do mundo inteiro se escancarando em seu rosto. Fecho os olhos e suspiro. — PUTA QUE PARIU! — Agora ele grita e eu deixo que meu corpo caia deitado, outra vez.

— Por que?

— Eu conheço esse olhar! — Breno está tão animado que eu me forço a abrir os olhos para encará-lo.

— Me mata, Deus. Por favor.

— Homem! Você está interessado num homem! — Meu irmão passa a mão que não segura o telefone pelos cabelos e gira o rosto, evidentemente excitado com a notícia que ninguém lhe deu.

— Eu realmente queria entender…

— Vai se foder, Hugo! Você pode fingir que não o quanto quiser, mas eu te conheço! Não precisa me contar, não me importo. — Ergue a mão livre, espalmada para frente, em um sinal meia boca de rendição. — Eu sei! Aliás, agora faz todo sentido você estar malhando a essa hora! — De repente, seus olhos se arregalam. — PUTA QUE PARIU! — grita outra vez o palavrão. — Você tá caçando! — Preciso de um esforço real para não sorrir. Sim, meu irmão me conhece.

— Você acabou com a brincadeira de imaginar?

— Quem é ele?

— Breno…

— Tudo bem, tudo bem! — me interrompe — Não precisa me contar.

— Beatrice andou… — começo, mas sou interrompido outra vez.

— Mas só pra registro, essa é uma coisa casual ou estamos falando de algo com potencial pra ser sério?

— Breno! — digo entre dentes e meu irmão solta um suspiro, passa a mão pelos cabelos novamente e deixa os ombros caírem.

— O que tem a Be? — Se conforma.

— Andou perguntando quando vocês vêm visitá-la. A situação por aqui precisa de mais atenção do que eu imaginava e eu devo precisar trabalhar nos próximos finais de semana. Não devo conseguir ir ao Rio por pelo menos um mês.

— Mamãe estava falando em ir no mês que vem. Mas talvez você possa mandá-la pra cá por um fim de semana?

— Talvez.

— E você a conheceu aí? Ou ele é daqui?

— Eu vou desligar o telefone.

— Tudo bem! Se você não quer falar do cara por quem está interessado, vamos falar do Ped4o. — Rio, sem humor, porque parece piada.

— Breno, o que você está fazendo?

— Conversando com você.

— Antes. O que você estava fazendo antes de me ligar?

— Trabalhando.

— E por que parou?

— Porque eu queria falar com você.

— Aí é que está o problema. Eu estava malhando, parei porque você me ligou, mas eu não quero falar com você.

— Você é ranzinza pra caralho, hein ?

— E você é inconveniente pra caralho!

— Eu sou um irmão mais novo, ser inconveniente para você é basicamente a razão número um da minha existência — declara e eu esfrego a mão no rosto suado de baixo para cima, até deslizá-la pelos meus cabelos. — Eu só quero conversar sobre a sua proibição ao professor da Beatrice. Você o viu. Você está convivendo com ele. Você precisa entender a minha insistência. O cara é lindo pra caralho e aquele jeitinho? Porra, eu adoro os tímidos! — Tímido? Quase gargalho, porque nenhuma descrição estaria mais distante da personalidade de Pedro do que essa.

— Você gosta de qualquer coisa que use cueca, Breno.

— Justo. — Ele meneia a cabeça. — Mas não é só por isso que eu quero permissão pra me aproximar do Pedro — insiste, exatamente como Beatrice quando lhe digo não sobre alguma coisa. Talvez Pedro devesse ensinar algo sobre administrar frustrações ao Breno também.

— Não acho que ele esteja interessado em ser assediado pelo tio da aluna. — Hipócrita! Pelo pai da aluna tudo bem? Minha consciência alfineta, mas eu a ignoro. Meu irmão expulsa o ar por entre os lábios fazendo com que tremam e dispensa meu comentário com um aceno desdenhoso.

— Você não sabe do que está falando! Quem resiste a esse rostinho? — Aponta para si mesmo. — E a essa personalidade? — Ele pode até não estar interessada agora, mas depois que me conhecer...

— Não acho que vá acontecer.

— Então você não deveria ver problemas em me deixar tentar.

— Breno, o homem está morando a mais de mil quilômetros de distância de você, pelo amor de Deus. Deixe-o em paz!

— Mas eu vou te visitar o tempo todo e…

— Ele é hétero, Breno. — A justificativa passa pela minha garganta antes que eu possa impedi-la e eu digo para mim mesmo que a única razão disso é minha exaustão com a insistência de Breno. Meu irmão ainda está com a boca aberta, pronto para continuar a argumentação, mas quando sua mente processa o significado das minhas palavras, ele a fecha e finalmente é capaz de ficar em silêncio. No entanto, não dura muito.

— Tem certeza? Quer dizer, você já o viu…

— Eu disse que ele é hétero, Breno. Não que ele está em um relacionamento.

— Mas se você não o viu, como pode ter tanta certeza?

— Ele e a Lia andam conversando... — minto descaradamente.

— Merda! Lia sortuda!

— É, não dá pra ganhar todas. — Finjo solidariedade e meu irmão balança a cabeça, conformado.

— Não dá — suspira — Vou deixar você voltar a malhar.

— Obrigado por isso — agradeço, mesmo que minha primeira vontade seja a de reclamar por, agora que o assunto Pedro está definitivamente fora da mesa, sua vontade de falar comigo tenha subitamente desaparecido.

— Boa noite, irmão.

— Boa noite.

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Abro os olhos e a boca antes de puxar uma grande quantidade de ar para os pulmões. Puta merda. O coração acelerado no peito e a fina camada de suor revestindo minha pele são evidências de que o sonho descabido realmente interrompeu o meu sono. Há quanto tempo eu não sonhava? Meses? Anos?

Pisco, tentando me adaptar à escuridão e a cada cerrar de pálpebras, imagens vividas flutuam em minha mente ainda bêbada de sono. Imagens de um Pedro nu, gemendo para mim enquanto eu lambia e chupava seu cuzinho gostoso para caralho. Puta merda!

Olho para o lado, reconhecendo a sala de televisão. Dormi enquanto assistia a um filme. Porra. A energia nervosa percorrendo meu corpo exige que eu me levante. Aviso ao meu cérebro dopado de testosterona sobre a necessidade.

Esfrego as mãos no rosto e coloco as pernas em movimento, na direção das portas duplas de acesso à varanda. Lentamente, deslizo as portas de correr para o lado e o vento frio da noite me atinge como um soco.

Fecho a porta ao passar e me apoio no guarda-corpo. Deixo que o ar gelado me desperte, acalme minha pele quente e a ereção dolorida. Eu me recuso a me masturbar quando minha excitação tem dono. Não. Eu posso esperar, adiar a gratificação, porque quando Pedro finalmente ceder, ele vai me pagar por cada minuto de espera desnecessária com juros e correção monetária.

Ah, Bela Armadilha! Você não perde por esperar!

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*** PEDRO FERNANDES ***

Olhos castanhos e pequenos me encaram piscando sem parar assim que passam pela porta da biblioteca, e eu sei que Beatrice está prestes a me fazer um pedido. Sentado, diante da mesa que usamos para nossas aulas, aguardo pacientemente que ela cruze o espaço entre nós.

A menininha está vestida por uma calça preta e um moletom apropriados para o tempo frio que subitamente se instalou em Florianópolis. Be se aproxima e, ao invés de sentar na cadeira, procura o meu colo.

— Comeu as verduras? — pergunto naturalmente, porque desde que descobri que Beatrice não gosta delas, passei a monitorar seu almoço. Isso aconteceu muito antes de a mudança para cá se tornar uma possibilidade. Ela torce o nariz antes de responder.

— Comi, professor Pedro. Mas eu não gosto de repolho. Por que eu tenho que comer? — Faz a pergunta da qual já sabe a resposta.

— Por que você tem que comer?

— Pra ficar forte — suspira.

— Isso aí.

— Professor Pedro, eu comi toda a verdura, podemos ter aula lá fora hoje? — Faz o pedido e eu olho para as janelas fechadas. O tempo frio não seria uma boa ideia mesmo que não estivesse chovendo.

— Está frio, Be.

— Mas eu tô quentinha.

— Sim, amor. E vamos continuar assim. Quando o sol voltar, podemos ter aulas lá fora, tudo bem?

— Por favor, professor Pedro. — Tenta me convencer com olhinhos tristes e se eu não soubesse que isso não passa de manipulação, talvez ela tivesse sucesso.

— Não, Be. Hoje não — nego mais uma vez e Beatrice abaixa a cabeça e salta para fora do meu colo com a mesma facilidade que o escalou. Ela dá a volta na mesa e senta-se, cabisbaixa. — Beatrice — chamo, e a menina ergue os olhos. — O que o professor Pedro já conversou com você sobre ele dizer não às vezes.

— Que não é porque ele não gosta de mim.

— Então, por que você está triste?

— Porque eu queria ter aulas lá fora.

— E eu disse que hoje não dá, mas quando o sol voltar, teremos.

— E ele vai demorar muito? — pergunta com o cenho franzido.

— Não sei, Be.

— A gente pode pedir pra ele voltar logo antes de a aula começar? — O pedido coloca um sorriso em meu rosto.

— Pode, Be. Pode sim.

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As gotas gordas e constantes açoitam as janelas de vidro transparente da cozinha. Depois de um dia inteiro de chuva ininterrupta, era de se esperar que no fim do dia ela desse alguma trégua, mas não aconteceu. A chuva continua caindo forte, como se tivesse algum objetivo específico do qual não é capaz de abrir mão.

— Mentir pra crianças é feio, sabia? — A voz de Hugo quase me faz cuspir a água que eu bebo. Engasgo e tusso algumas vezes. Droga! Ele chegou mais cedo hoje.

Tudo bem, Pedro! Você consegue lidar com isso. Dois minutos de conversa e você pode ir embora. Seu horário de expediente já acabou. Dois minutos, e você pede o seu Uber.

— Eu não faço a menor ideia do que você está falando — minto, olhando para todos os lados, menos para ele, procurando uma saída rápida.

— Beatrice acabou de me dizer que você se recusou a almoçar com a gente no domingo. Disse que tinha outro compromisso. — A voz está se aproximando e eu fecho os olhos e respiro fundo, preparando-me para virar e afastá-lo, mas antes que eu tenha essa chance, o calor do corpo quente já está abraçando as minhas costas e a ponta do nariz está deslizando pelo meu ombro até alcançar o lado exposto do meu pescoço. Oh, Deus. — Eu sabia que você era covarde Pedro, mas mentiroso é uma novidade.

O efeito da combinação das palavras com a sua proximidade pressiona um lugar íntimo dentro de mim, e meu cérebro imediatamente ativa o modo Alerta Hugo Maldonado. O coração acelera, a pele esquenta e o meu corpo inteiro arrepia.

— Isso é jogo sujo — reclamo.

— Jogo sujo é você se esconder durante todo o tempo em que eu estou na casa e sair correndo antes que eu volte do trabalho. — Seus lábios tocam a pele sensível do meu pescoço e eu estou pronto para implorar pelo toque das suas mãos. Ridiculamente fácil assim.

No entanto, com a mesma velocidade com que se aproximou, Hugo se afasta, deixando-me quente, duro e abandonado, depois da simples sugestão do seu desejo. É isso que me faz girar o corpo e ficar de frente para ele. Com os quadris apoiados na ilha da cozinha diante de mim, Hugo veste uma versão menos montada da sua roupa de trabalho habitual.

A única peça que ainda está inteiramente alinhada é a calça, porque o paletó ficou em algum lugar pelo caminho e a camisa azul escura está com as mangas dobradas na altura dos cotovelos e os dois primeiros botões estão abertos. Lindo. Deveria ser proibido um homem ser lindo desse jeito. Estreito os olhos e não resisto à provocação.

— Dia difícil, é?

— Porra... — Hugo passa as mãos pelos cabelos, confirmando minha teoria. — Um dia de merda, na verdade. — Morde o lábio. — Esse olhar é jogo limpo? — pergunta. Desvio os olhos e tomo o último gole da minha água antes de deixar o copo dentro da pia. — Mas está prestes a ficar muito melhor. — Me recuso a cair na armadilha de perguntar como.

— Eu estou indo — aviso, e o sorriso no rosto do pai de Beatrice assume aquela forma ferina que mais do que qualquer uma das suas expressões cotidianas, me preocupa.

— Você não viu as notícias?

— Eu acho que você sabe a resposta pra essa pergunta. — É claro que eu não vi as notícias. Beatrice é um trabalho de tempo integral.

Não é como se em algum momento, entre conduzir suas aulas e dar toda a atenção que a menina demanda, houvesse algum tempo para olhar o Twitter. Talvez nas pausas para ir ao banheiro, mas geralmente eu só aproveito o silêncio. Hugo ri, entendendo exatamente a que me refiro.

— Ela é uma criança afetuosa. — Sua expressão predadora é naturalmente substituída por um sorriso verdadeiro ao pensar na filha e eu deixo passar o fato de que a palavra que ele deveria ter usado é carente, não afetuosa.

Não que Beatrice não o seja, mas ela é as duas coisas, em igual medida, acho. O que, dadas as circunstâncias, é perfeitamente compreensível. Por mais que Hugo tente, ele não pode ser tudo o que a filha precisa e ela vai buscar suprir as necessidades restantes em outros lugares.

— As notícias? — pergunto, voltando ao assunto com pressa de sair daqui antes que a conversa mude de rumo outra vez. Esse é o problema da coisa com Hugo. O ar muda de repente, sem dar chance para fuga. O rei do autocontrole me encara com olhos sorridentes.

— A chuva, você viu?

— Sério? — Estalo a língua e seus olhos caem para os meus lábios. Viu só? Repentinamente, o cômodo se torna mais quente.

— Está chovendo canivetes lá fora.

— Chovendo canivetes? — repito a expressão, divertido. Quem fala uma coisa dessas?

— Chovendo muito.

— Eu sei o que significa, Hugo. Só fazia muito tempo que não ouvia ninguém falar isso. — Ele inclina a cabeça, pensativo. Mas logo a ponderação some do seu rosto.

— Choveu hoje o que estava previsto para o mês inteiro. — Ergo as sobrancelhas em surpresa.

— Tudo isso? — Viro-me para a janela, conferindo a chuva. — Tem certeza? Eu não percebi.

— Algumas partes da ilha estão alagadas.

— Meu Deus! — Pisco, preocupado.

Alagamentos nunca são bons sinais. Eles geralmente vêm acompanhados de outros desastres, como deslizamentos. Além disso, só Deus sabe o que pode fazer com o nível do mar e, bem, Florianópolis é uma ilha.

— Exatamente. A ilha está em estado de alerta. — Balanço a cabeça, concordando.

— Obrigada por avisar, eu imaginei que fosse demorar para conseguir um Uber. Em dias chuvosos é sempre mais difícil. — Desvio os olhos, relutando em dizer minhas próximas palavras, mas acabo cedendo. Afinal, não faz sentido eu tirar um carro de aplicativo de alguém que realmente precisa, se há um motorista à minha disposição. — Talvez hoje você possa permitir que o Jorge me leve até o Ribeirão?

A expressão predadora de Hugo se acentua e meu coração dá um giro de trezentos e sessenta graus antes de começar a bater no sentido anti-horário. Isso é possível? Porque é exatamente o que eu sinto que aconteceu.

— Eu não acho que você tenha entendido, Pedro. — O sorriso ferino está de volta. — Não há como voltar para o Ribeirão da ilha. Algumas partes do caminho estão alagadas. — Oh, não! Não, não, não! — Eu receio que enquanto essa chuva não passar, você não vai poder voltar para casa.

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*** HUGO MALDONADO ***

Ele é muito melhor contando histórias do que eu. Admito para mim mesmo enquanto observo Pedro fazer caras, bocas e vozes diferentes para cada um dos personagens. Ainda assim, a sensação de ter sido colocado de lado é incômoda.

Eu precisei de um esforço considerável para esconder o meu ultraje quando, durante o jantar, Beatrice pediu que fosse Pedro quem lhe contasse a história antes de ela dormir. Se a perspectiva do professor preso em nossa casa até que a chuva passe me animou, eu não sei dizer o que isso fez com a minha filha.

Be praticamente soltou fogos e deu cambalhotas antes de começar a fazer um milhão de planos sobre tudo o que eles poderiam fazer durante o fim de semana. E, foi além. Na hora de se preparar para dormir, ela veio direto para o próprio quarto, escolhendo hoje como a primeira noite em que dormirá sozinha desde que nos mudamos, há quase duas semanas.

Pedro não fez nada além de aceitar seu destino com graça. Tanta que foi impossível não me perguntar se ele realmente não se sentia incomodado. Por mais que já tenha ficado claro que Pedro ama ser professor, o fim de semana deveria ser seu momento de descanso. Então por que ele pareceu tão animado em passá-lo com a última pessoa que deveria ocupar seu tempo nos próximos dois dias?

— Como o porquinho dá boa noite? — A voz imitando uma boneca pergunta e Beatrice responde com um Oinc-oinc. — E o gato? — Miau-miau — minha filha diz e a performance continua, abrangendo todos os animais domésticos e selvagens que Ped4o consegue se lembrar entre gargalhadas e eu me perco no papel de expectador da cena, até ser lembrado de que faço parte dela pela voz sonolenta de minha filha.

— Boa noite, papai — Beatrice diz e boceja. Me desgrudo do batente da porta, caminho até sua cama e me curvo sobre o seu corpinho pequeno, vestido por um pijama com estampa de fadas e duendes.

O quarto, revestido com papel de paredes de estrelas, parece mais vivo hoje do que em qualquer outro dia e eu tenho a impressão de que Beatrice ter decidido dormir nele não é a única causa disso.

— Boa noite, Be — respondo e deixo um beijo em sua testa.

— Boa noite, professor Pedro.

— Boa noite, meu amor. — O professor, sentado na cama, também se curva sobre Beatrice para deixar um beijo em sua bochecha antes de se pôr de pé.

Estendo a mão para que ele vá na frente e apago as luzes antes de sair do quarto e fechar a porta. Uma sensação estranha, desconhecida, inunda meu peito e eu passo quase um minuto inteiro, olhando para o chão, perdido nela, tentando entendê-la. Mas quando não consigo, me expresso da única maneira que parece apropriada, mesmo que eu não ache que a palavra seja o suficiente.

— Obrigado. — Pedro pisca algumas vezes, como se minha voz a tivesse despertado da sua própria reflexão silenciosa e balança a cabeça, negando. Seu rosto é uma mistura de confusão e satisfação.

— Não tem de quê. De verdade. Não tem de quê — diz, antes dos seus olhos se desanuviarem e ela soltar um suspiro. — Boa noite, Hugo.

— Boa noite. — Bela Armadilha se vira e entra na porta alguns metros adiante, no quarto de hóspedes.

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— Então você é do tipo que assalta a geladeira de madrugada? Eu deveria ter desconfiado. — Surpreendo Pedro na cozinha pela segunda vez no dia. Ou, talvez, seja a primeira de um novo dia, já que passou da meia-noite.

Ele solta um gritinho, assustado, e faz um malabarismo admirável para não deixar a maçã que tinha nas mãos cair.

— Droga, Hugo! Está tentando me matar do coração? — reclama, antes de virar-se, soltando a porta da geladeira que se fecha.

Bela Armadilha leva a mão ao peito, atraindo minha atenção para as roupas que veste. Não preciso de mais do que um segundo para ficar duro. Ele está vestindo roupas minhas, uma camiseta que nele mais parece um vestido e calças de moletom com as barras enroladas.

O corpo pequeno é praticamente engolido pelas peças muito maiores do que ele, mas puta que pariu! Eu nunca vi nada mais sexy. Os passos que dou até Pedro são completamente guiados por uma necessidade cega de tocá-lo e não percebo que eliminei a distância entre nós até que o calor do seu corpo atinja o meu pela proximidade. Esse é o segundo sinal de que estou muito perto da borda.

O primeiro foi que em todas as vezes que eu disse ao meu cérebro que Pedro é o professor da minha filha e por isso era proibido, ele se recusou terminantemente a ouvir a voz da razão. Pedro é mais do que um desafio, ele é um buraco negro que suga toda a minha racionalidade e me rouba o controle que sempre me orgulhei de exercer sobre tudo.

Depois da sua provocação descarada no carro, eu não deveria tocá-lo antes que ele estivesse me implorando por isso, ainda assim, aqui estou eu.

— Você está? — sussurro, enrolando um braço ao redor da sua cintura e infiltrando os dedos em seus cabelos. — Porque te encontrar de madrugada, na minha cozinha, vestindo as minhas roupas, é um excelente método. — Ele se movimenta como um gato quando eu massageio seu couro cabeludo com as pontas dos dedos.

— Nada disso é uma permissão pra você me tocar desse jeito. — A boca desafia, mesmo que o corpo já tenha cedido.

— Você está me pedindo pra parar, Bela Armadilha?

— Não se atreva — ronrona, me arrancando uma risada baixa e rouca. — Achei essas no armário do quarto de hóspedes e fui obrigado a me libertar — explica, com os olhos fechados, rendido ao toque em seus cabelos e eu faço uma anotação mental sobre essa ser uma excelente forma de quebrar sua resistência. — Eu não tinha qualquer intenção de te matar, só estava tentando não morrer sufocado. Qual é a sua desculpa? — pergunta e abre os olhos.

As pupilas dilatadas me dizem que satisfação com a carícia não é a única coisa que Pedro está sentindo.

— Não consegui dormir sabendo que você estava a apenas algumas portas de distância — admito. — Uma taça de vinho pareceu uma boa ideia.

— Parece uma ideia melhor do que uma maçã — murmura, com os olhos se fixando em meus lábios quando ele ergue a fruta no ar, exibindo-a para mim.

— Eu tenho uma ainda melhor.

— É mesmo?

— Uhum.

— Qual?

Eu o beijo. Começo com um encaixar sutil de lábios, experimentando a maciez dos seus e sendo dominado pelo prazer de senti-la segundos depois.

Pedro se entrega. Sua boca se abre para mim e eu aproveito imediatamente a abertura, enfio minha língua e exploro o seu sabor, percebendo imediatamente que eu não estava tão no controle da caçada quanto achei que estivesse até que minhas roupas em seu corpo apertassem um gatilho para a minha urgência. Porra, eu estava desesperado para sentir seu gosto outra vez.

Bela Armadilha fica na ponta dos pés, um baque surdo anuncia que ele deixou a maçã cair e eu sinto suas mãos agarrarem meu pescoço enquanto ele esfrega o corpo pequeno em mim. Mesmo que a quantidade absurda de tecido sobrando entre nós dificulte um contato mais íntimo, o simples fato de ele estar procurando por ele me enlouquece.

Fecho os dedos nas raízes dos seus cabelos, apertando-os em uma das minhas mãos e infiltro a outra sob o tecido da sua camiseta. A pele nua é quente sob o meu toque conforme avanço, deslizando-o por suas costas e adorando a sensação.

Um gemido baixo preenche os meus ouvidos, continuando o esforço de me descontrolar, e eu deixo os cabelos de Pedro para espalmar as duas mãos em sua bunda e erguer seu corpo no ar.

Bela Armadilha cruza as pernas ao redor da minha cintura e se esfrega ainda mais em mim, dessa vez, conseguindo um pouco mais de contato e me arrancando um grunhido necessitado.

Com dois passos, alcanço a ilha da cozinha e o sento sobre a pedra fria. Afasto-me da boca gostosa que agora já está inchada e ainda mais vermelha do que é naturalmente e, fixando as mãos na pele da sua cintura sob a camiseta, vou pressionando as palmas para cima, revelando cada centímetro do corpo macio à medida que traço o meu caminho de subida, levando o tecido junto.

A roupa se acumula, embolada, sobre o dorso das minhas mãos. O umbigo é revelado, depois a parte superior do abdômen.

Olho para Pedro que tem a respiração ofegante e o rosto avermelhado. Com o olhar fixo no dele. Bela Armadilha abre os lábios para deixar sair um gemido alto e ressoante que quase me faz explodir, ainda que eu mal o tenha tocado de verdade.

Massageio, belisco e aperto os mamilos de Ped4o sem vê-los e a cabeça castanha pende para trás com os lábios entreabertos, suspirando de prazer. Me inclino, planto um beijo em seu pescoço e pulo para o seu umbigo, antes de lamber ao redor dele e arrastar a minha língua para cima, babando sua pele.

Pedro geme, concentrando com os sons deliciosos todo o sangue do meu corpo na ereção latejante entre minhas pernas. Minhas bolas pesam a cada contração. Paro quando meus lábios alcançam o limite entre a pele já revelada e aquela ainda coberta.

— Olha pra mim. — Uma voz tão rouca que sequer parece minha exige e Pedro o faz. O desejo parece prestes a implodir o meu interior.

Ele abaixa a cabeça e foca os olhos grandes nos movimentos da minha boca. Empurro a camiseta um pouco mais para cima e o tórax é revelado. Porra, ele é uma delícia e eu sei que depois de vê-lo, nada seria capaz de me impedir de sentir seu gosto.

Não demoro a satisfazer os nossos desejos. Abocanho um mamilo e Pedro fecha os olhos apenas por um segundo antes de se lembrar da minha ordem e abri-los. Bom garoto.

Circulo a língua ao redor do bico túrgido como recompensa e desço as mãos pelo corpo até alcançar seus quadris e puxá-los mais para a borda do balcão, forçando as pernas de Pedro a se abrirem mais e impulsionando minha pélvis para frente. O movimento não provoca nada além de um contato leve graças à posição e à calça de moletom grosso que ele veste.

— Hugo! — Meu nome é um lamento, completamente entorpecido. Mamo o mamilo gostoso e os gemidos de um Pedro, tão perdido no momento quanto eu, vão se tornando cada vez mais frequentes e altos.

Eu sei que deveria me importar com o fato de estarmos expostos, na cozinha da casa. Mas foda-se! Beatrice tem o sono pesado, não vai acordar. E os funcionários estão longe demais, no anexo, para que eu precise me preocupar.

Aperto o mamilo esquerdo de Pedro entre o polegar e o indicador, desço a língua pelo peito, umbigo e cintura até chegar aos ossos proeminentes dos seus quadris, ansioso para ser recompensado com mais gemidos, mais arfadas e chamados do meu nome sussurrado.

— Será que você goza assim? — murmuro, arrastando os lábios de volta para a direção do peito que ainda não foi lambido e chupado.

— Eu preciso de mais — pede em uma respiração rasa e um calafrio gostoso percorre a minha espinha.

— Do que você precisa? — Lambo Paloma abafar o próprio grito com o braço.

— Eu preciso dos seus dedos em mim — geme e eu rio em sua pele, completamente aceso.

— Meus dedos já estão em você — provoco, porque sou um filho da puta masoquista. — Onde, Pedro? Onde você quer meus dedos? — Resvalo a mão que antes estava em sua cintura pelo limite do elástico da sua calça, aproximando-me centímetro a centímetro do tecido que cobre o seu sexo. A espera a angustiando tanto quanto me excita.

— No meu cuzinho, Hugo. Eu preciso deles bem fundo no meu cu! — pede, me fazendo explodir de tesão de uma maneira que eu não me lembro de ter sentido antes, e tornando as coisas muito mais intensas e até violentas.

Não há delicadeza em minha invasão na calça de moletom e um grunhido faminto abandona meus lábios quando não encontro cueca onde deveria haver uma.

— Puta que pariu, Pedro! Você está, sim, tentando me matar! — Meus dedos escorregam pelo pau depilado levanto sua bunda e se infiltram entre as nádegas. Não seguro o gemido de prazer quando procuro pelos olhos de Pedro e os encontro bêbados de tesão.

A boca aberta libera gemidos arrastados que ele não se importa mais em abafar e eu me delicio com cada um deles. Gostosos pra caralho como o homem inteiro. Seu cu é quente, macia, enlouquecedor sob meu toque. Deslizo dois dedos dentro dele e sou recepcionado por músculos apertados pra caralho. Decido que embora meus dedos sejam o suficiente para ele, não são para mim.

Ele perde a voz quando espalmo seu abdômen, obrigando o seu corpo a deitar sobre a ilha da cozinha. Apesar dos protestos da minha própria pele, afasto os dedos de dentro de Pedro para enganchar as duas mãos nas laterais da sua calça. Seus quadris se erguem para mim sem qualquer resistência, tão embriagado pela necessidade de mais quanto eu.

A cada centímetro de pele revelado, eu me torno impossivelmente mais duro, e quando o pau aparece completamente descoberto diante dos meus olhos, eu salivo. Largo a calça sem me importar com seu destino e agarro as coxas grossas, escancarando-as. O pau rosinha, duro, chama meu nome e esse é um chamado impossível de recusar.

Me inclino sobre ele e mergulho a língua de baixo para cima em uma lambida longa. O sabor delicioso se espalha em minhas papilas gustativas, dominando meu corpo e me transformando num animal descontrolado que lambe, chupa e fode o cu apertado com a língua sem se importar com nada além do gosto que não parece o suficiente, não importa o quanto eu o tome.

Os gritos e gemidos abafados de Pedro alimentam meu desespero. Caralho! Sinto o gozo ansioso para esporrar em minha calça e é difícil me concentrar em controlá-lo ao mesmo tempo em que minha mente é bombardeada pelo prazer de ter Bela Armadilha tão entregue em minhas mãos, de ter seu pau e cuzinho em minha boca, seus gemidos preenchendo meus ouvidos e seu cheiro impregnando cada um dos meus sentidos.

Sua excitação é a droga mais viciante do que qualquer outra coisa que eu já tenha experimentado na vida, e eu não paro, mesmo depois que espasmos arrasam o corpo pequeno.

Continuo lambendo, arrasto a língua para baixo, lambo o cu apertado que se contrai sob a exploração da minha língua determinada antes que ela volte para cima e eu me concentre no pau palpitante. Eu o chupo uma, duas, três vezes e Pedro explode de novo, abafando um grito com meu nome.

Só então, eu me levanto. Procuro sua boca e compartilho com ele seu próprio gosto, seu gozo e meu prazer por ter sido o responsável pelos dois primeiros.

O beijo é selvagem. Pedro ergue o tronco seminu e estica os braços pelas minhas costas, arrastando as unhas por elas enquanto rebola os quadris em minha cintura depois de cruzar as pernas outra vez em minha bunda.

— Uma vez — diz. — Só uma vez — repete a palavra que não se decide entre pedido e exigência e eu rio, porque eu precisaria ser um idiota para concordar com isso.

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Comentários

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Que maldade, isso não se faz com esse pobre e velho leitor. Como pode parar assim? E a ansiedade como fica até a próxima publicação. Seus contos e me refiro a todos, deveriam ser proibidos de serem publicados em capítulos. Ou lança um livro ou publica um textão completo. Não paro de ler porque além de adorar e ser viciado em seus testos sou também um fã incondicional. Parabéns e obrigado.

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