Cachorro-quente delicioso, feito na chapa, sem melecar. Conheci a iguaria em uma pequena cidade de veraneio, em que estive recentemente. Era de noite e o céu sem estrelas e sem lua, o vento frio cortante, tudo prenunciava um aguaceiro para breve. Ainda assim, desci do hotel de bermuda e fui experimentar a novidade culinária, indicada pelo recepcionista. Afinal, era minha última noite.
Sucesso: praticamente todas mesas sob um toldo branco ocupadas. Somente uma, no canto, parece que a me esperar. Ocupei-a, fiz meu pedido e me dispus a aguardar, que havia muitos a minha frente. Chegou mais gente: agora duas mulheres, uma com seus 25 anos, blusa com decote entrelaçado tentando conter os pontudos seios, e um curto shorte esvoaçante, entregando uma bela visão de fornidas coxas; a outra passava dos trinta, vestia-se mais sobriamente, blusa fechada, bermuda de tecido, pouco acima do joelho. Não eram lindas, mas também não feias. Ficaram de pé, no aguardo de um lugar que vagasse.
Senti-me egoísta, ocupando sozinho uma mesa. Disse-lhes, após chamar-lhe a atenção com um sinal, que, se não se incomodassem, poderiam se acomodar na minha mesa. Não se incomodavam, sorriram, agradecidas. Cada uma ocupando um dos lados. “Cláudio”, apresentei-me, estendendo a mão à mais velha. “Rita”, respondeu, correspondendo ao cumprimento. “Clara”, disse, em riso simpático, a outra.
A conversa começou pela quantidade de gente. Sempre comiam ali? Sim, estamos passando o mês num apartamento de Airbnb, naquele prédio em frente. Faz uma semana que chegaram. A mais jovem falava pelos cotovelos, literalmente; cada movimento dos braços, permitia-me breves flagras de nesgas dos seios, marcados pelo apenas leve bronzeamento, que o sol não fora uma constante ultimamente. A mais velha parecia mais tímida, somente monossílabos.
Gotículas ensaiavam a chegada da chuva, e esta veio de mansinho, molhando um flanco de Clara, que fez um movimento mais generoso, e aí o seio inteiro mostrou-se a mim. A mais velha escolhera o lado da mesa que a protegia bem, igual a mim. Num outro rasgo de samaritanismo – embora agora já com intenções outras –, convidei a garota que se molhava a sentar do meu lado. Mesa pequena, espaço apertado, ficamos nos roçando de tão juntos – mas estávamos protegidos da chuva, afinal.
Chegando o lanche, nos dispomos a degustá-lo. De fato era uma delícia. Falei-lhes que estava conhecendo o prato, falaram-me que já haviam experimentado duas ou três versões do sanduíche. A conversa foi caminhando por aí, aos risos, despretensiosos toques dos braços e das pernas, nossas coxas encostadas. Meu pau revelava-se rígido, sob a bermuda.
Findo o lanche mas não a chuva, a conversa prosseguiu. Rita até falava mais e ensaiava sorrisos – seu mal era fome, brincou –, embora já tivesse percebido o clima que pintara entre Clara e eu. Não quis exclui-la, e por isso, sempre que possível, me dirigia a ela também. Não sei se voluntariamente ou não, Clara não perdia uma oportunidade de se aproximar mais de mim, até que, dramaticamente: “ai, que frio do caralho!” – braços cruzados sobre o peito, aumentando os seios sob leve pressão. Abracei-a, trazendo-a para mim e ela se aconchegou, dengosa: “Ah, agora sim, tá quentinho!” Ato contínuo, colocou a perna sobre a minha, e senti o macio de seu shorte e de sua pele sobre a minha coxa.
Em tom de brincadeira, mas com certo ressaibo de ciúme, Rita comentou: “Eita, mulher, tu vai foder aqui mesmo, é?” Clara estava com o rosto afogado em meu pescoço – riu, meio sem jeito, meio sacana. Resmunguei: “Eu queria conhecer o Airbnb de vocês! Me mostram?” Como eu falava no plural, claro estava que eu sugeria que as duas subissem comigo – afinal, e isso eu falei, não iria deixar a amiga sozinha aqui embaixo, não é?
Rita quis fazer cu doce: “E eu vou ficar de vela pra vocês, é?” Foi a vez de Clara atacar a amiga: “E eu não fiquei antes de ontem, enquanto tu transava com o boyzinho?” Argumento definitivo. Levantamo-nos, aproveitando que a chuva dera uma breve aliviada, pagamos nossas comandas e “maicamos carrêra”...
Agarrada a minha mão, atravessamos rapidamente a rua e eu não pude deixar de me lembrar dos versos de Caeiro que falam sobre “andar à chuva, quando o vento cresce e parece que chove mais”. Alcançamos a outra calçada e a porta do prédio cuja escada nos levaria aos aposentos das mulheres. Os pingos umedeciam nossas roupas, e procurávamos nos livrar deles, sacudindo as blusas.
Ao entrar no apartamento, entendi a extensão da reclamação de Rita. Era apenas uma suíte simples, com duas camas de solteirão. Enquanto Clara foi ao banheiro e Rita agarrou o celular e se plantou sentada em uma das camas, encostada à parede, olhos fixos na telinha azul, eu me aproximei da janela, para apreciar o temporal que voltara a cair com força. Podia ver a abundância das gotas no claro da luz do poste em frente.
Ao ouvir o barulho discreto da descarga e o característico ruído da porta sanfonada se abrindo e despejando no ambiente uma Clara lépida, fagueira e aliviada, eu próprio me dirigi ao banheiro. Ao sair, vislumbrei a minha ficante daquela noite, debruçada sobre a janela em que eu estava, admirando ela também a chuva, só que propositadamente com o corpo numa posição que empinava acintosamente a bunda.
Numa passagem d’olhos, constatei Rita vidrada no celular. Atravessei o aposento e encostei meu mastro duro entre as nádegas voluptuosas de Clara, enquanto minhas mãos subiam pela frente e finalmente agarravam os seios durinhos sob a blusa, e meus lábios roçavam em sua nuca. Ela gemeu, virou-se e ofereceu-me os lábios carnudos, e em seguida uma língua atrevida, enquanto as mãos, ainda mais atrevidas, despiam-me ansiosamente. Em pouco tempo eu retirara também sua roupa e estávamos os dois desnudos, eu a admirar o corpo quase perfeito que eu comeria (ou que me comeria) em seguida.
De fato, esquecemo-nos completamente que Rita ali estava, a poucos metros; jogamo-nos na cama e a batalha sexual fez-se intensa como a tempestade lá fora, e a buceta de Clara também chovia torrencialmente, principalmente ao receber minha tora a vasculhar completamente suas intimidades.
Clara era só gemidos e pornografia. O corpo fazia-se esguio e se amoldava completamente ao meu. Minha rola entrava e saía com suavidade e vigor daquela caverna encharcada. Depois a amazona cavalgou-me com sofreguidão, enquanto eu já colocava em prática todas as minhas estratégias de retardar o gozo.
Em meio ao barulho da chuva lá fora e aos ganidos de Clara cá dentro, aos meus próprios gemidos e leve ranger da cama, parecia-me ouvir ainda outro rumor naquele quarto. Joguei meus olhos sobre Rita e ei-la em plena siririca, zíper da bermuda abaixado, mão por dentro da calcinha, em vigorosa massagem e olhos vidrados na minha rola que entrava e saia aos impulsos da amiga.
Clara, então, empinou desmesuradamente o corpo, seus mamilos feito dois botões proeminentes e rígidos tremendo a minha frente... e gozou! Gozou com um bramir de leoa, enquanto seus quadris esfregavam-se descontroladamente em mim e movimentos desconexos a faziam tremer toda. Um grito vindo do lado e Rita também gozava em sua masturbação de voyeur, as pernas rígidas e trêmulas.
Após gozar, Clara deitou-se sobre meu peito, subindo e descendo, aos movimentos da ofegante respiração. Após gozar, Rita deixara o corpo pender de lado e mantinha a mão enfiada entre as coxas, que a prendiam fortemente, aos espasmos. Eu segurava meu gozo, o pau duríssimo, ainda enfiado na buceta de Clara, que o mastigava com apetite. Confesso que eu sonhava com o corpo das duas, queria sentir o fogo da coroa, ao menos me boquetando, mas entendi que havia uma espécie de acordo tácito entre as duas, que cada uma tinha seu homem exclusivamente para si. Resignei-me.
Clara levantou um pouco o corpo e meu falo escapou de sua caverna, com um barulho libertador, e, em seguida, ela dele se apoderou, aproveitou o quanto estava besuntado com seu líquido lubrificante e passou a punhetá-lo e depois a lamber e a sugar. Claro que Clara não precisou de muito tempo e em instantes eu explodia em jatos de intenso prazer, arrancados por aquela extraordinária amante.
O que se seguiu foi somente calmaria e estio. A noite voltava, aos poucos, ao soturno da hora. Minhas duas novas amigas entregavam-se suavemente aos braços de Morfeu; envolvi-as no lençol que encontrei ao pé da cama de cada uma, recolhi silenciosamente minhas vestes espalhadas pelo quarto e, pé-ante-pé, dirigi-me à porta, transpondo-a sem fazer qualquer barulho. Antes de fechar, dei mais uma olhada, e elas estavam lindas e satisfeitas, em seus respectivos sonos.
Vesti-me no patamar externo, no alto da escada, descendo-a em seguida, voltando a atravessar a rua agora deserta e fria, mas sem chuva, e enveredando pelo meu hotel, ávido por chegar ao meu quarto e também experimentar aquela sensação deliciosa de haver fodido tão gostoso. Experiência de ficante de uma noite: cedinho da manhã um uber me levaria ao aeroporto mais próximo.