O Vizinho - Capítulo XVII

Da série O Vizinho
Um conto erótico de M.J. Mander
Categoria: Gay
Contém 6369 palavras
Data: 31/07/2024 23:14:53
Última revisão: 02/08/2024 00:16:17
Assuntos: Amor, Gay, Homossexual, Sexo

CAPÍTULO XVII

*** ERIC VIANA ***

– O que acha desse? -Lívia pergunta, mostrando-me um terno azul. Me aproximo dela, deslizo a mão pelo tecido macio e brilhante, até alcançar a etiqueta, e minha irmã revira os olhos. Doze mil reais é o que diz e eu solto a peça mais rápido do que um ladrão em fuga.

– Caro! -Um som de desgosto sai de sua boca enquanto ela devolve a roupa à arara, deixando-o em meio a tantos outros, lindíssimos e caríssimos... Ela para ao meu lado, e, segurando meu pulso, aproxima a boca do meu ouvido.

– Não é você quem vai pagar! -Sussurra.

– Não, não sou! É Gustavo, o que só torna a situação pior. Eu não vou pagar em uma roupa, um terço do valor de entrada do apartamento que eu pretendia comprar, Lívia! -Sua expressão passa de irritação à surpresa e, então, à investigativa.

– Pretendia? -pergunta, e só então me dou conta do que falei. Respiro fundo, decidido a não lhe dar corda, pelo menos, não agora, não antes da conversa.

– Nós não vamos conversar sobre isso... - Aviso, me dirigindo à sessão de peças em promoção da loja para a qual minha irmã me arrastou e, de onde já estou planejando sair muito em breve, porque dificilmente encontrarei alguma coisa adequada à minha situação financeira aqui.

Lívia se empolgou quando eu disse que a empresa arcaria com os custos da minha produção para o evento, dada a contratação em cima da hora, disse que conhecia o lugar onde eu encontraria a roupa perfeita, e eu, tolo, acreditei. Me pergunto como é que ela chegou a essa conclusão. Quer dizer, esse é o tipo de loja do qual, normalmente, Lívia, mesmo com seu bom salário, precisaria passar na porta a cada cinco anos, e olhe lá. O que foi que deu a ela a ideia equivocada de que eu encontraria o que preciso aqui?

Franzo as sobrancelhas para minha irmã, uma vendedora se aproxima dela chamando-a pelo nome, e a percepção me atinge.

– Você já esteve aqui... E, pelo jeito, mais de uma vez... -Seu rosto fica vermelho, me dizendo que estou certo e que o fato de eu saber, por alguma razão, a envergonha. Não preciso pensar muito, Téo... Essa história fica cada vez mais estranha. O quê? Agora ele veste minha irmã?

– Nós não vamos falar sobre isso... -devolve minhas palavras em um tão cortante quanto o que usei.

– Ótimo! Agora você sabe exatamente qual é a sensação! — Respondo enquanto vasculho a arara promocional, olhando, ao invés dos modelos dos vestidos, suas etiquetas de preço. Até encontro alguns dentro do orçamento que eu mesmo estabeleci, já que Gustavo não me deu um, mas ou são pequenos demais, ou grandes demais, ou nada a ver comigo demais.

— Não é a mesma coisa! -resmunga.

— E você quer conversar comigo sobre o porquê de ser diferente? Eu realmente adoraria ouvir seus motivos...- Ergo o rosto, encarando-a, e com cara de pouquíssimos ou nenhum amigo, ela praticamente rosna um não.

— Ótimo! - volto a me concentrar nas etiquetas de preço e encontro um outro dentro do meu orçamento. Ao puxá-lo para fora da arara, surpreendo-me, porque é lindíssimo.

Ergo o cabide, mostrando para Lívia e sua boca abre levemente em admiração à peça. Realmente, muito bonito. Diferente de mim, Lívia não se importa em olhar o preço, ela apenas tira o cabide de minha mão e o entrega à vendedora.

— Parece que temos um vencedor, é hora de experimentar.

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Expiro, deixando que o ar escape pelos lábios entreabertos pintados em um tom escuro de vermelho. Pego a bolsinha sobre a penteadeira do meu quarto e no meio do caminho até a sala, batidas soam na porta. Não tenho dúvidas sobre quem seja, e, honestamente, não sei se estou preparado para a visão de Gustavo em um smoking.

Eu nunca o vi nem mesmo em um terno completo, e, tenho certeza de que se o visse, minha cueca estaria arruinada ainda mais rápido do que é constantemente estragada por seu olhar. O que a visão que me aguarda do outro lado da porta fará comigo?

Sem saber o tamanho do impacto, mas ciente de que ele existirá, giro a maçaneta, e puta merda! Mesmo que eu soubesse, nunca poderia me preparar para isso. Deuses nórdicos deveriam ser proibidos de vestir roupas formais, porque se eles parecem lindos suados e pelados, vestidos assim, minha mãe do céu. É impossível de lidar.

— Eu acho que vou ter que trocar de cueca... -murmuro baixinho e Gustavo gargalha alto. Ele dá dois passos para frente, abraça meu corpo ainda atordoado, e afunda o rosto em meu pescoço exposto. Seu nariz inspira meu cheiro profundamente, arrepiando minha pele e lembrando-me de que possuo membros, apenas porque eles amolecem diante da carícia.

— Eu sou a favor de você ficar sem, amor... Assim, quando eu tirar essa sua roupa mais tarde, você já vai estar totalmente pronto pra mim... -As palavras me atingem como chicotes em partes diferentes do corpo e alma.

“Amor”, de repente, a palavra a qual passei a atribuir nenhuma importância, pela insistência de Gustavo em usá-la, se agigantou e passou a fazer meu coração tremer a cada vez que a ouço em sua voz. E, como se os saltos e cambalhotas dados por meu coração após ouvi-la não fossem o suficiente, meu corpo inteiro estremece, minha pele aquece e meu cu palpita com a simples menção que ele faz de tirar mais tarde.

Como é possível? Depois de todo esse tempo, eu já deveria estar acostumado. Mas a quem eu estou querendo enganar? Se não sou capaz de me acostumar a vê-lo, eu nunca vou ser capaz de me acostumar ao quão delicioso é tê-lo me tocando, me desejando, e definitivamente, me fodendo, sim!

Envolvo seu corpo em meus braços e aproveito para tirar dele tantas casquinhas quanto ele está tirando de mim. Cheiro a curva de seu ombro e pescoço, aproveito o calor da sua pele, o cheiro, e tudo o que isso faz com meu corpo, com minha cabeça, Deus, é bom! É bom demais.

— Nós podemos cancelar a ida a festa? -pergunta, agarrado ao meu corpo, fazendo-me gargalhar.

— Eu acho que não iam gostar muito se você e o intérprete desaparecessem... Provavelmente, os investidores desistiriam e, aí, adeus condomínio ilha nova... -digo as palavras como brincadeira, mas ao ne dar conta da verdade contida nelas, minhas pernas bambeiam, desequilibrando-me. Agarro os ombros de Gustavo para me manter em pé. Seu rosto busca o meu, primeiro, preocupado, mas, então, percebendo o que foi que me causou o choque.

Seus dedos sobem para o meu rosto e brincam com a minha pele em uma carícia lenta, seus olhos mergulham nos meus, dizendo-me que está tudo bem, e nada nunca foi tão sincero quanto seu olhar.

— Tem certeza de que quer fazer isso, amor? -Me dá a chance de desistir, mas desistir do que quê? Com minha tenção fixada em seu rosto lindo, tomado por uma expressão séria, não gosto da resposta à pergunta que eu mesma me fiz.

— E se eu desistisse...?

— Estaria tudo bem... -responde sem vacilar, com a mão ainda acariciando meu rosto. Inclino a cabeça na direção do seu toque.

— E nós ainda teríamos aquela conversa mais tarde?

— Se você desistisse, amor, nós poderíamos ter ela agora mesmo, porque não haveria nada pra mim naquela festa...

— Você ainda poderia tentar convencer os investidores...

— Eles não importariam, não se você não estivesse lá comigo...

— Gustavo...

— Eric... -seu cenho se franze, como se ele estivesse tendo dificuldades em descobrir como dizer o que pretende: ͞ Não importa o que você decidir, nada muda... Nada!

— Tudo muda...

— Não o que importa... -Suas palavras me libertam da minha própria batalha interior. Eu não sou a porra de um medroso, e estou para lá de exausto de buscar justificativas e argumentos contra as minhas próprias vontades.

— Nós temos uma festa pra ir... -Digo, olhando em seus olhos e seu sorriso fica imenso.

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Entreabro os lábios e controlo minha respiração quando, de braços dados com Gustavo, entro no salão em que o evento se desenrola.

Primeiro, meu estômago aperta, depois, quero rir, porque evento é um imenso eufemismo. É uma festa, uma festa ridiculamente grande como aqueles eventos beneficentes que os ricos dos livros sempre fazem, ou, como vira e mexe, vemos na televisão ou em sites de fofocas sobre famosos.

Incrível nem começa a descrever a decoração toda em tons de azul, branco e prata. Flores lindas, de pétalas brancas, e caules grossos e verdes, estão espalhadas por todos os lugares, e me fazem pensar que, provavelmente, apenas o que foi gasto em flores, esta noite, seria o equivalente ao mesmo um terço das minhas economias que me recusei a gastar em uma roupa.

— Tio Eric! -a vozinha de criança soa gritada, atraindo minha atenção. A próxima coisa que ouço é a repreensão de Camilla. Olho para Gustavo, lhe cobrando por não ter me dito que sua família também estaria aqui e ele deve ler a acusação em meu olhar, porque sem que eu diga uma palavra, se justifica.

— Desculpa, amor, esqueci! -Antes que eu possa responder, braços infantis envolvem minha cintura e eu solto a mão de Gustavo para retribuir ao abraço da melhor maneira que posso. As irmãs me abraçam, uma após a outra, e Gustavo resmunga algo que se parece muito com “Eu costumava ser o tio preferido e ser abraçado primeiro...” fazendo-me rir.

— Tio Eric! Nós trouxemos nossos diários! Queremos mostrar pra você! Escrevemos muitas coisas. -Alícia diz, como sempre, animada, e Camilla encontra meu olhar, desculpando-se silenciosamente, nego com a cabeça, dizendo, tão silenciosamente quanto, que ela não tem com o que se preocupar.

Ao voltar meus olhos para as duas bonecas de porcelana, vestidas impecavelmente por vestidos completamente diferentes, minhas sobrancelhas se erguem em surpresa, não apenas por elas estarem de fato usando os presentes que dei, como, também, por sentirem vontade de compartilhar comigo.

— Eu vou adorar lê-los mais tarde, meu bem!

— E eu? Também posso ver? -Gustavo pergunta, animado e enciumado, ao que Alice responde.

— Não, tio! É coisa nossa! -A expressão que toma o rosto do tio babão é impagável, e Rodrigo disfarça o riso com uma tosse. Me aproximo de Camilla, nós trocamos um abraço e cumprimentos, logo depois, é a vez do seu marido.

— Os investidores já chegaram... -Ele anuncia e Gustavo concorda, voltando a circular minha cintura com seu braço. Seus lábios beijam minha têmpora e ele me pergunta, com uma voz sussurrada, se estou pronto. Concordo, nos despedimos das meninas e de sua mãe, prometo a elas que antes de ir embora nos sentaremos para que eu leia seus diários. Deixando-as para trás, os irmãos Fortuna e eu nos dirigimos até a mesa dos investidores.

Não sou capaz de cumprir minha promessa. Quando Camilla deixa a festa com as meninas, por volta das dez da noite, eu estou muito longe de poder dar atenção a qualquer pessoa que não os três malditos investidores. Deus, é uma noite do cão. Nada de bebidas, danças ou glamour para mim. Apenas uma sucessão de palavras em três idiomas diferentes e a necessidade de tradução e interpretação simultânea de todas elas. Uma necessidade, diga-se de passagem, que me leva à exaustão e à beira da loucura também.

Havia um motivo para que eu não quisesse ser intérprete, e, se em algum momento duvidei dele, esta noite, com certeza, provou que ele estava certo de maneira que eu jamais poderei esquecer. E, às cinco da manhã, quando o último infeliz finalmente entra em sua limosine, eu quase choro de alívio e felicidade.

Tomo meu tempo no banheiro, porque passei a noite inteiro sem usá-lo. Não era uma obrigação. Mas quando se tem três pessoas dependendo de você para que consigam se comunicar, é muito difícil dizer “Por favor, fiquem quietinhos por cinco minutos, eu preciso fazer xixi.”

Sinceramente? Não acho que há dinheiro que pague por isso. Embora o contrato assinado entre a Galvani & Fortuna empreendimentos e eu seja muito vantajoso, não sei se existe algum valor que possa ser denominado como justo para a execução de um trabalho como o que eu fiz essa noite.

Paro em uma das muitas mesas de coquetel espalhadas pelo salão para observar o fim de festa. Os ricos não são muito diferentes dos pobres nesse sentido. Há os sóbrios, os alegrinhos, há os bêbados e, há, também, aqueles que estão passando vergonha. Nada novo sob o horizonte. Apesar do horário, um garçom passa com uma taça de espumante e eu finalmente me dou o prazer.

A bebida gelada explode em minha língua e eu gemo baixinho com o prazer. A primeira coisa que sinto é o calor de seu corpo se aproximando, depois, seu toque, seus braços rodeando-me e, por último, seu beijo em meus cabelos.

— Me perdoa? -pede, roçando o nariz em minha orelha e eu abandono peso do meu corpo em seu peito e fecho os olhos.

— Nunca! -Ele ri baixinho.

— Prometo que foi a primeira e a última vez, amor...

— Não precisa prometer nada não, Gustavo! Eu já prometi a mim mesmo que seria, eu te amo, mas não tanto assim! -Imediatamente depois que as palavras saem da minha boca, o tempo para, e eu esqueço completamente, de como é que se respira.

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*** GUSTAVO FORTUNA ***

O corpo inteiro de Eric torna-se duro como uma pedra.

— Respira, amor... -Sussurro em seu ouvido, virando-o para mim devagar, deslizando a mão por suas costas, querendo acalmá-lo, mesmo que eu não me sinta nada calmo.

Mesmo que a minha vontade seja a de gritar para o mundo que, porra! Eu sou o homem mais sortudo que existe na face da terra. Mesmo que todos os meus planos de fazer isso em um lugar que eu achava que seria especial tenham acabado de ser sumariamente arruinados. Meu coração não bate, ele corre no peito como um verdadeiro maratonista em sua ultima volta, dando o melhor e mais intenso de si.

Olho para o rosto do homem que virou minha vida e minha rotina de cabeça para baixo em uma manhã qualquer, transformando um esmurrar de porta em um grande momento, e é óbvio que ele não deixaria esse grande momento por menos, não é? Olhando para trás, vejo que nada entre nós foi planejado, e, quando foi, deu errado, acontecendo de uma maneira completamente aleatória depois, e sempre determinada por ele.

Ouvir seus gemidos e me tornar obcecado pelo dono deles antes mesmo de já ter visto seu rosto, nosso primeiro encontro, a necessidade de tê-lo, apresenta-lo às minhas sobrinhas, nossa primeira transa, me apaixonar... Eu não planejei nada disso, eu não queria nada disso, não até que seus punhos quase colocassem minha porta abaixo e ele invadisse minha vida como o verdadeiro furacão que é.

Ele engole com dificuldade e tem os olhos arregalados quando finalmente me olha.

— Eu...Eu... -Gagueja, e não consegue dizer uma frase completa.

— Finalmente achou que era a hora de me dizer também? — pergunto com a boca perto o suficiente da sua para que meu hálito aqueça seus lábios e uma expressão confusa toma seu rosto.

— Te dizer também?

— Eu digo que você é meu amor desde a primeira vez que te vi... Àquela altura, eu só não sabia que era verdade ainda... Mas já faz um tempo que eu venho descobrindo... -Sua boa se abre e a confusão é substituída por uma mistura de alívio e surpresa.

— Gustavo, eu...

— Você...

— Oh, Deus! Isso é tão difícil...-murmura para si mesmo, fazendo-me gargalhar. Eu abraço seu corpo, colando-o ao meu.

— Eu sou um cafajeste reabilitado, lembra?

— Não existe isso, Gustavo... Gustavo... Eu... -Seu nervosismo e confusão me divertem, porque parece que eu disse tudo o que ele não esperava ouvir.

— Você o quê, amor? -Sussurro a palavra em seu ouvido, arrastando-a, sentindo uma liberdade maior em dizê-la do que nada jamais me deu.

Sem saber o que dizer, Eric fecha os olhos e suspira, encostando a cabeça em meu peito.

— Nós dois somos péssimos nisso, né? -Rio, beijando sua testa: ͞ Eu preparei uma surpresa linda pra você lá em casa... E, agora, a gente estraga tudo tendo essa conversa no meio de um fim de festa, rodeados por gente bêbada, com você exausto, depois de uma noite de merda...

— Oh, Deus nós somos um casal de merda, não somos? Pergunta, erguendo a cabeça, e olhando em meus olhos.

— Somos! -concordo, colo a testa na sua: ͞ E de perdedores também... -Concluo, mas o sorriso em meu rosto conta uma história muito diferente das palavras que saem da minha boca.

— E agora, Gustavo? -Pergunta, com o lábio preso entre os dentes.

— Agora, a gente comemora a derrota!

— Comemora, amor! Mas só depois que eu acordar, porque eu tô exausto! – choraminga e eu gargalho.

— Eu sei meu bem... Eu sei... Vamos pra casa... - Beijo sua testa, a ponta do seu nariz e, por último, sua boca.

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Segurando um prato com uma fatia de cheesecake, olho o homem em minha cama, como já fiz tantas vezes antes e, ao mesmo tempo, como nunca fiz. Eric certamente não é o primeiro a dormir em minha casa, mas essa é, com certeza, a primeira vez em que eu fico ansioso para que o homem em minha cama acorde, a ponto de tentar despertá-lo com o cheiro de sua sobremesa preferida

Completamente espalhado pela imensa King Size, o corpo gostoso está envolto em lençóis e cobertores, dormindo um sono abandonado, definitivamente, exausto. Preparei um café da manhã para ele e trouxe para o quarto, ele não acordou, arruinando meus planos de surpreendê-lo romanticamente. Tudo bem, eu pensei, ele está cansado.

Me empenhei no almoço. Pedi que entregassem sua cheesecake aqui em casa, queria agradá-lo com a sobremesa. Ao meio dia, eu tinha tudo pronto, mas Eric ainda dormia, e a uma da tarde também, e às duas, às três, às quatro e, agora, quando já são quase seis da noite, me pergunto se é possível que ele tenha entrado em coma. Mas ele se mexe, rolando na cama, provando que minha teoria absurda está errada.

Não consigo evitar, rio, e o som parece incomodá-lo, porque Eric resmunga. Isso me dá uma ideia. Eu sou um filho da puta, eu sei! Mas não se faz isso com um homem. O homem não pode simplesmente dizer que me ama e depois hibernar até o próximo inverno, não é justo com meu pobre, inexperiente e carente coração. Além do quê, ele já está dormindo há quase doze horas. É o suficiente, não é? Deveria ser, porra. E, normalmente, ele não costuma dormir tanto...

Forço uma risada um pouco mais alta, seu resmungo se transforma em um choramingo incomodado. Aproximo-me da cama e sento-me nela. Com as pernas esticadas, recosto-me na cabeceira e apoio o prato sobre as pernas. Dessa vez, deixo a timidez de lado e gargalho.

— Huuum... -Reclama, mas continua de olhos fechados e puxa o cobertor sobre a cabeça.

Estalo a língua. O homem é teimoso até para acordar. Gargalho ainda mais alto e, dessa vez, palavras coerentes saem de sua bom em uma voz enrouquecida pelo sono.

— Porra, Gustavo! Cala a boca! Eu to tentando dormir! Reclama em alto e bom som e eu preciso me esforçar muito para não gargalhar de verdade de seu mau humor. Nota mental: Nunca mais fazer Eric trabalhar para mim, MESMO!

— Amor, desculpa! Te acordei? Foi sem querer... Eu tava vendo um vídeo no tik tok... -Minto descaradamente, porque nem com o celular por perto estou.

— Shiu! -exige silêncio, fazendo com que eu queira rir dele, com que eu queira beijá-lo, e com que eu queira matá-lo, tudo ao mesmo tempo!

—Derrubo, propositalmente, a colher que estava no prato de cheesecake no chão, fazendo um barulho incômodo e Eric se vira para mim com olhos estreitos e uma fúria que eu ainda não tinha visto em seu rosto. Mas ela não dura nada, ou melhor, quase nada. No momento em que seus olhos avistam a fatia de cheesecake sobre minhas penas, subitamente, ele desperta e eu não consigo mais me segurar, gargalho. Alto, escandalosamente, mas meu namorado pouco se importa.

Ele senta na cama, retira o prato de cima das minhas pernas, e com um esticar de pescoço, encontra a colher, caída no chão. Isso não o intimida. Eric estica-se sobre mim, pouco se importando comigo. Pega a colher jogada no chão e começar a comer sua fatia de torta enquanto eu quase caio na cama de tanto rir. No entanto, o mais incrível é o que ele faz depois. Depois de levar o último pedaço a boca, Eric deixa o prato vazio exatamente onde o havia pegado quando cheio, sobre minhas pernas. Então, puxa os cobertores sobre o corpo, vira-se para o outro lado, e dorme. Se é que ele acordou...

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*** ERIC VIANA ***

Rolo na cama macia, esticando-me ao limite e enrolando-me, sem querer, ainda mais na roupa de cama ao meu redor. O cheiro de amaciante me lembra de que não estou em casa e a lembrança de onde estou, imediatamente, me arranca do meu torpor pós sono.

— Deus, eu disse que o amo! E nem foi bonitinho! -Choramingo, sentando-me e levando as mãos ao rosto, mesmo que eu ainda não tenha aberto os olhos.

— Eu achei muito bonitinho! -A voz de Gustavo quase faz minha alma sair do corpo, tamanho é o susto que levo.

— Porra, Gustavo!

— Tão romântico... -Sussurra já ao pé do meu ouvido, acendendo a luz amarelada na cabeceira da cama. Respiro profundamente algumas vezes, acalmando minha respiração, e apoia a cabeça no ombro nu a minha frente. O cheiro da pele quente inunda meu nariz, ele me abraça e eu não me faço de rogado, me aninho nele.

— Ah, não, amor! Você não vai dormir de novo, vai? -Levanto a cabeça, encontrando não um sorriso, uma cara de cachorro perdido que me faz franzir a sobrancelha.

— Eu dormi muito é?

— Pra caralho! -Rio pela ênfase que ele dá à resposta.

— Que horas tem?

— Nove da noite...

— Hum... Eu não presto pra perder noite de sono não, se me deixar, eu durmo o dia seguinte todindo mesmo...

— Muito obrigado por me avisar com antecedência... -Rio da sua rabugice.

— Isso tudo é saudade de mim, é?

— Não, amor... -Sua bochecha roça na minha, acariciando, e sua voz é suave. Ele morde a pontinha da minha orelha, depois, desce a língua, lambendo meu pescoço: ͞ É vontade de te foder... sussurra provocante no meu ouvido e eu explodo em risos.

— Você é um cretino!

— Eu nunca disse que não era...

— Nunca, e eu estúpido, me apaixonei mesmo assim! Que tipo de homem estúpido sou eu?

— Um muito inteligente... -mordisca meu lábio inferior e puxando-o para si.

— Tô com fome... -aviso.

— Eu também... -Sua língua passa sobre os meus lábios, provocando-os, e suas mãos se infiltram por baixo da blusa do meu pijama de ovelhinhas.

— Amor... Eu preciso alimentar a outra fome primeiro... -Digo, mas suas mãos não param as carícias, e eu começo a me sentir quente. Mas falar em alimentar, me lembra de algo: ͞ Gustavo, sonhei com você!!! -Isso o para, ele se afasta de mim o suficiente para que possa ver meu rosto e me encara com uma sobrancelha arqueada, desconfiado.

— Hum... -encoraja e eu gargalho, Deus! Foi um sonho tão absurdo!

— Foi um sonho sem pé nem cabeça!

— Hum...

— Sonhei que eu tava dormindo, daí você aparecia com uma fatia de cheesecake, mas a colher caia... -A medida que vou narrando, seu rosto vai mudando de confusão para diversão e eu não o julgo, porque foi mesmo um sonho muito engraçado: ͞ O barulho me acordava, eu via a cheesecake, pegava de você, pegava a colher no chão, comia tudo e, depois, voltava a dormir. -Rio de mim mesmo, mas Gustavo surpreende-me com uma gargalhada explosivo. Tudo bem, foi engraçado, mas não tanto assim...

Observo enquanto chega a se contorcer de tanto rir e decido perguntar.

— Isso tudo é por causa do sonho? -Ele toma inspirações curtas para controlar a respiração.

— Não amor... Isso tudo é por que não foi sonho!! -Diz com um sorriso ainda pendurado em seu rosto e eu estreito os olhos para ele.

— Você tá me dizendo que tem cheesecake?

Ele explode em uma nova onde de gargalhadas.

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— E, agora, eu vou te apresentar o quarto... -Gustavo me diz, encerrando o tour que me deu pela casa, depois de jantarmos.

Casa é gentileza minha. Uma mini mansão, talvez? Digo mini, porque, diferente das muitas que visitamos dias atrás, a de Gustavo tem uma menor quantidade de cômodos e de metros quadrados. Então, sim, acho que mini mansão é um bom nome.

— Eu já conheço o quarto, Gustavo... -desdenho enquanto caminhamos na direção dele.

— Não... Você conhece a cama, mas não faz ideia das minhas habilidades nela... -sussurra em meu ouvido e, logo depois, cola o peito às minhas costas. Deito a cabeça em seu ombro e suas mãos tocam minha pele por baixo da roupa.

— Sua pele é tão macia, tão gostosa, amor... E o seu cheiro ... O nariz desliza pela curva do meu pescoço provocando-me, arrepiando-me.

Viro-me, ficando de frente para Gustavo e prendendo meus olhos aos seus. Nos olhamos pelo que parece uma eternidade e, ao mesmo tempo, não parece o suficiente. Não tivemos o momento da conversa, depois dessa manhã, ela se tornou desnecessária, mas ainda há algo importante a ser dito com todas as letras, e, roubando-me a oportunidade, é Gustavo quem diz as palavras primeiro.

— Eu me apaixonei por você, Eric... Não sei quando... Mas eu não tenho dúvidas do porquê... Você é o homem mais incrível que eu já conheci... -Ele sorri, fazendo-me sorrir também: ͞ Você me fez desejar ser incrível pra você, amor... Todo dia, toda hora, eu só quero ser incrível pra você...

Colo minha testa à sua e fecho os olhos.

— Nós somos um casal de merda, amor... -Sussurro em sua boca: ͞ A gente não presta nem pra se declarar na cama. Estamos no meio do corredor... Faltavam só alguns passos... -Sua mão sobe para o meu rosto e ele desliza os dedos lentamente pela minha bochecha. Seu nariz acaricia o meu.

— Eu te digo aqui, lá, e em qualquer outro lugar, Eric...

— Eu te amo... -falo as palavras, dessa vez, completamente consciente do que estou fazendo. Não por distração, impulso ou cansaço, mas porque quero dizer.

Não é um momento armado, dramático, ou digno de uma novela mexicana. É, apenas, o nosso momento. Inesperado, não planejado, impulsivo e intenso, exatamente como nós dois somos, e quando ele sussurra as três palavras em meu ouvido, de novo, de novo e de novo, meu coração, que já bate acelerado no peito, parece que vai se desmanchar em uma felicidade que até agora eu não sabia que queria.

Seu rosto volta a ficar na frente do meu e ele me olha por instantes, antes de sua boca tomar a minha de forma intensa, exploradora e gostosa, como sempre. É um beijo quente, que acende meu corpo inteiro, mas que, ao mesmo tempo, acaricia meu coração. É um beijo cuidadoso, lento, e eu não quero que ele acabe nunca.

Dou passos para trás, caminhando na direção da porta até que minhas costas batam nela e Gustavo pressione seu corpo contra o meu. Nos beijamos sem parar, quando o ar falta, levamos apenas alguns instantes com as bocas abertas, uma sobre a outra, recuperando-nos, antes de voltarmos a nos devorar.

As mãos estão por todos os lugares. Acariciando, apalpando, apertando. As roupas vão sendo arrancadas aqui mesmo. Minha blusa, a dele, meu short, a calça dele, minha cueca, a cueca dele. Peça a peça nos despimos, até que estejamos completamente nus de tecido como nos tornamos de quaisquer dúvidas, minutos atrás. Deus, eu amo esse homem. Não queria. Não o maldito fodedor, invasor de sonhos e ladrão de apartamentos duramente conquistados.

Sua mão resvala pela minha bunda e eu gemo baixinho.

͞ Isso, amor... Geme pra mim... Eu adoro te ouvir gemer... Adoro... Mesmo quando eles não eram meus, você me deixava louco, Eric... Maluco... Geme pra mim...

E, olhando em seus olhos, suas palavras me atingem e despertam em mim a vontade de fazer o que eu jurei que nunca faria, contar para ele.

— Eram seus...

— O quê? -pergunta, e todos os toques param ao mesmo tempo enquanto ele me observa atentamente.

— Não tinha ninguém comigo, eu tava sonhando, com você... Eu gemia pra você... Mesmo não sabendo que era você...

Seu cenho se franze, repleto de confusão e eu tenho vontade de rir, essa história é tão absurda. Deus, eu não podia ter escolhido uma hora melhor para contar isso?

— Amor... -chama, arrancando-me de meus devaneios.

— Eu te via correr todos os dias... A primeira vez aconteceu quando tinha mais ou menos três semanas que você estava no 605. Eu te vi por acaso, e só te ver me deixou duro... Depois desse dia, eu voltava todas as tardes pra te ver passar às 15:00hs. E, todas as tardes, você melava minha cueca sem nem saber que eu existia... -Suas sobrancelhas se erguem em surpresa e eu não consigo evitar, deixo que o riso irrompa pela minha garganta e balanço a cabeça, negando.

— E eu ouvia você todas as noites... isso me deixava enlouquecido, dolorido, amor, imaginar que eram pra mim os seus gemidos, os seus grunhidos... E aí, alguns dias depois que comecei a acompanhar suas corridas, sonhei pela primeira vez... Com você... O corredor... E, nos meus sonhos, era você o meu vizinho fodedor, e era a mim que você fodia loucamente, toda noite.

Um som surpreso escapa pelos seus lábios antes que as palavras venham.

— Você me via correr? -Aceno que sim com a cabeça.

— E ficava excitado me escutando? -Outro aceno.

— E sonhava comigo sem saber que eu era eu?

— Exatamente...

— Porra, Eric... -Seus lábios se entreabrem e seus olhos se movem sem parar, sem jamais se fixar em ponto algum. Até que, de repente, seu rosto muda, como se ele tivesse entendido alguma coisa.

— Foi por isso que você paralisou no dia em que nos conhecemos!

— Foi... Você era, ao mesmo tempo, o homem dos meus sonhos e dos meus pesadelos... Meu cérebro não conseguiu processar...Eu precisava de tempo e só Deus pode me julgar. -Rio. Que loucura, quem foi que planejou tudo isso, em @Deus?

Seu olhar se torna mais intenso à medida que ele processa cada uma das coisas que eu disse.

— Toda noite, você gemia pra mim?

— Toda noite... -Ele balança a cabeça, negando e, quando seu olhar volta a encontrar o meu, a incredulidade já não está mais lá. Pelo contrário, tudo o que há é certeza. Uma de suas mãos brinca com meus cabelos, ele aproxima nossos lábios e, com nossas bocas quase grudadas, fala, lentamente, quase sussurando.

— Uma vez você me perguntou qual era a minha história, porque eu nunca tive um namorado... Eu não sabia antes, Eric... Mas eu sei agora... Eu estava esperando você... Eu sei que eu estava... Nós somos um casal de merda... Mas eu não queria ser nada além disso com você...

Sorrio, alcanço sua bochecha e acaricio sua pele, os fios de sua barba.

— Eu te amo... -digo e o braço de Gustavo se apossa de minha cintura.

— Eu te amo... -Ele diz, gira a maçaneta, abrindo a porta do quarto, e eu circulo seu pescoço com meus braços.

— Eu te amo... -repito enquanto caminho de costas na direção da cama.

— Eu te amo... -ele fala outra vez, a parte de trás de meus joelhos bate na madeira e Gustavo me joga na cama.

Suas mãos voltam a explorar cada centímetro da minha pele, entrego-me aos seus toques e carícias, fecho os olhos, aproveitando as sensações e deixando que minha mente se perca por completo na névoa de prazer que se forma ao nosso redor.

Gustavo arrasta a língua para cima, subindo devagar, lambuzando tudo e ateando fogo na minha pele já arrepiada e excitada.

— Eu quero olhar pra você quando você gritar pra mim, amor... Diz e, segundos depois, sinto a invasão. Ele enfia os dedos no meu cu apertado, e eu grito. Tão delicioso... Gostoso, gostoso demais. Enfia e tira os dedos devagar, me torturando, prolongando meu prazer, arrastando minha excitação.

Arfo em expectativa, e ele continua com o toque agonizante, lento demais, leve demais.

— Gustavo...-Era para ser uma declaração, mas tudo o que deixa meus lábios é um choramingo.

— Você quer que eu foda esse rabinho, amor? Quer dar esse cuzinho gostoso pra mim?

— Quero... Quero... -levanto os quadris, esfregando-me em seu dedo.

— Fala pra mim, amor... O que é que você quer? -O cretino me provoca, mesmo sabendo que estou à beira de um colapso.

— Eu quero que você foda meu cu, Gustavo! Fode meu rabo, amor! Fode!

— Com todo prazer, lindo... -E se afasta de mim, fazendo com que eu me sinta abandonado. Não me dou ao trabalho de acompanhar seus passos com os olhos, mas muito mais rápido do que imaginei, ele está de volta e eu sei exatamente o que tem nas mãos sem nem mesmo precisar ver.

— Sobe um pouquinho, amor... Eu quero te foder olhando pra você... -Me arrasto pela cama até estar alinhado com a cabeceira e ajeito uma pilha de travesseiros na qual me recosto. Gustavo sobe de joelhos na cama e vem até mim. O sorriso de apreciação em seu rosto ao notar que já escolhi a posição, provoca arrepios deliciosos em minha espinha.

Ele se encaixa entre minhas pernas e despeja uma quantia generosa de lubrificante em sua mão. Depois, inclina-se sobre o meu corpo, lambendo e chupando toda a pele que sua boca alcança, ao mesmo tempo em que sua mão se perde em meu pau. Começa com uma carícia lenta, que me faz rebolar, o prazer já acumulado em meu ventre cresce ainda mais, deixando-me na beira do precipício.

Seu dedo rodeia novamente meu anel retesado e, quando acho que não vou aguentar mais, Gustavo introduz a ponta e gira o dedo dentro de mim. A boca de Gustavo encontra a minha, arrancando-o de entre meus dentes, lambendo-o e chupando. Sinto o calor molhado de sua língua direto no pau quando ele começa a fazer movimentos de entrada e saída em minha boca. Gemo. Perdido em prazeres em várias partes diferentes do corpo, sinto o dedo invasor se afundar cada vez mais profundamente em mim e quero empurrar de volta, mas sua outra mão me mantém firme no lugar.

— Calma, amor... Deixa eu fazer ser gostoso pra você...

— Eu quero mais, Gustavo... Quero mais...

— E eu vou te dar lindo... Mas devagar... -Em seus olhos fica claro o quanto essa lentidão está custando para ele, e eu sei que é só por mim que ele está fazendo isso, seu dedo sai e, quando a penetração recomeça, é mais intensa. Mais apertada. Dois dedos me penetram bem devagar e, em certo ponto, sem abrem dentro de mim, me alargando e esticando, me preparando para ele.

São minutos nessa tortura agonizante, sendo levado cada vez mais longe, enlouquecendo com as sensações até que ele finalmente me julgue pronto. De joelhos entre minhas pernas, apoia minha bunda em suas coxas e pincela minha bunda com o pau duro, escorrendo pré-gozo. O contato me tira de órbita. Fecho os olhos, gemendo, perdido, completamente perdido.

A glande esfrega-se em meu cu. Circulando, testando, ele força a cabeça larga e eu grito. Arde, queima, me incendeia de todas as formas.

— Calma amor, eu vou devagar...

— Não para... Não para...

— Eu não vou parar... Que cuzinho apertado amor... Porra... Você é todo gostoso...-Devagar, se introduz, centímetro a centímetro, parecendo me esticar ao limite com seu tamanho e grossura até finalmente estar todo dentro de mim.

Seu peito sobe e desce, gotas de suor escorrem pela sua testa, pescoço e tórax, seus dentes estão trincados e seu agarre em minha bunda é firme, deixando claro o esforço que está fazendo.

— Amor... Eu não vou devagar... -diz, entredentes, depois de já ter me dado tempo para me acostumar em tê-lo todo dentro de mim.

— Eu não quero devagar, Gustavo... Você já foi devagar por uma vida inteira.

Minha resposta é uma saída lenta e uma investida potente em minha bunda. Esqueço como se faz qualquer coisa que não seja gritar. Vogais, consoantes, seu nome, me agarro a todo e qualquer som que consiga me aliviar da agonia que é foda sem dó de Gustavo em meu rabo.

Depois de todas as palavras trocadas, de todas as revelações feitas, minha necessidade é de mais que prazer, é conexão e, do nosso jeito, ela é satisfeita. Eu não quero nada lento, ou apenas carinhoso, quero mais de nós dois, mais desse homem que despertou em mim meus piores e melhores instintos e fez com que, mais do que nunca, eu fosse eu mesma.

Gustavo disse que estava esperando por mim, que eu fiz com que ele quisesse ser incrível para mim, e a verdade é que ele me viu e me achou incrível, sendo exatamente quem eu sou e dando-me a liberdade de continuar sendo cada vez mais.

— Que rabo gostoso, porra! Eu vou querer comer esse rabo todo dia, amor! Todo dia! -Meu corpo é sacudido pela potência de suas arremetidas, mesmo que elas sejam curtas. Gustavo ergue minhas pernas. Apoiando-as em seus ombros, abraça as duas com um único braço e leva a outra mão até o meu pau dolorido, acertando uma tapa leve em meu pau e arremessando-me para fora da atmosfera.

As convulsões me atravessam sem parar, sem que eu tenha a chance de senti-las chegando. Sou tomado de assalto pelo gozo forte e completamente descontrolado. Gozo aos gritos, e mal sinto as investidas continuas de Gustavo, é apenas o som que me orienta de que ele ainda não acabou enquanto meu corpo e consciência existem em planos completamente separados.

E quando finalmente abro os olhos, é para encontrar aquele par de pedras verdes fixado em mim e o rosto de Gustavo completamente tomado pelo prazer enquanto ele goza e sua porra escorre pelas minhas pernas.

Não é doce.

Não é simples.

Não é como todos os outros.

É gostoso.

É incomum.

É perfeito.

Somos nós.

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