ROÇARES

Um conto erótico de ClaudioNewgromont
Categoria: Grupal
Contém 824 palavras
Data: 06/07/2024 07:22:26
Assuntos: Grupal

Em dias de cio muito, acordo em riste. Mas não atendo à súplica de gozo do meu falo pulsante. Prevejo e pressinto dia de intenso e agoniado prazer: qualquer movimento, imagem qualquer, lembrança que seja – tudo me excitará. Um corpo em roupa mais ousada, uma publicidade insinuante, um texto mais picante – tudo me provocará ondas de lubricidade.

Assim é e assim será durante todo o dia. O membro teso, acomodado na apenas bermuda; o mamilo rígido na blusa cavada; a axila exposta, suave e lisa; os pelos de braços e pernas eriçados por nada. Sinto o carinho da brisa como um afago carinhoso, sutil e insinuante da pessoa amada – ou de qualquer pessoa, que o corpo não requer amor para se estimular.

Um banho frio na confluência do final da tarde com o começo da noite, roupas cheirando a limpo, o tesão em nível próximo ao incontrolável – lanço-me à rua e saio a vagar, na hora mesma em que mais corpos desfilam displicentes e oferecidos a minha visão, por passeios, praças e parques. Esfrego, acintosamente, meu guloso olhar sobre eles, finco meus olhos nos olhos que encontro, fixo lances de pele expostos pela sumária vestimenta. Gotículas de sereno diamantizam-se nas suaves epidermes, alheias ao frígido ar que envolve as pessoas.

Ouço som de música e me encaminho, por ele atraído, qual Ulisses pelo canto das sereias. O show de um grupo alternativo, para uma pequena mas seleta multidão, compacta numa concha acústica, apertada sob um enorme toldo – que a chuva começava a se fazer acentuar. A sumária e feérica iluminação apenas no palco, realçando as silhuetas cantantes. A plateia remexe-se, na semiescuridão.

Eu me aproximo e me integro àquela massa humana. Gostoso calor emana daqueles corpos semidançantes. A música deliciosa eleva-nos a nirvanas. Percebo despretensiosas carícias, corpos abraçados em rítmicos movimentos sugeridos pela música, casais juntinhos, um que outro beijo breve ou mais prolongado.

Repentino aumento da chuva provoca involuntária agitação humana nas bordas sob a proteção plástica, e mais se compacta a multidão. Sinto corpos encostarem-se ao meu e me extasio ao notar insistente roçar atrás. No balançar suave da canção, sinto seios nas costas. Em minha plena rigidez fálica, meu corpo roça suavemente em glúteos proeminentes, mas masculinos, à minha frente. Ele também não se incomoda e me deixo levar pelo roçar de recheio de sanduíche que sou, naquele momento.

A densa floresta de corpos que acompanha a apresentação musical, em seus sinuosos e discretos volteios, parece só a esta dar atenção e acompanhar. Há como uma generalizada permissividade implícita de roçares, que ganham ares de despretensiosos: friccionam-se mutuamente os corpos bailantes, mas como se fosse mera consequência da musicalidade, uma grande massa dançante, em que o prazer físico, sensual é simplesmente consequência da música.

Meu pênis hirto faz-se atrevido no encostar das nádegas a minha frente – sinto-lhe a maciez com a sensibilidade da minha glande, pressinto-lhe o prazer de sentir-se levemente encoxado, ao ritmo da música. Também os seios que pressionam minhas costas e coxas desnudas que sinto roçarem nas minhas, deixam-me em êxtase.

Na semiescuridão compacta de corpos, agora u’a mão roça em meu pênis e o acaricia, pega-o por sobre a bermuda, aperta-o suavemente e o solta, ainda mais rochoso; não posso conter o gemido, logo abafado pelo som da canção. A tal implícita permissividade gera a liberdade, a mão que me acaricia o falo resvala e captura minha própria mão, pressionando-a, enquanto o corpo de um belo rapaz vira-se para mim, olhos mergulhados de desejo, lábios ávidos de lábios, e nos beijamos longamente, linguamente, nada importando se apenas dois desconhecidos somos – nossos corpos já parecem se conhecer há séculos seculorum.

Dedos incisivos invadem minha retaguarda e meu requebro sinuoso garantem a liberação a esse avanço. Ondas de energia percorrem meu corpo a partir do ânus visitado digitalmente; sinto a umidade do meu falo. Ato contínuo, um corpo feminino me abraça por trás (os seios voltam a se imprensar em minhas costas), as duas mãos agora me rodeiam o tronco e acariciam minha pele arrepiada, enquanto lábios molhados roçam em minha nuca.

Todos esses movimentos são como instigados pelo ritmo da música que emana do palco e se mistura àqueles corpos, e portanto fazem-se efêmeros. Não se demoram as carícias e roçares; é o tempo de um arrepio ou um gemer, e logo os corpos se desgrudam e se deslocam para outros corpos, outros sentires. Às vezes retornam, mas aí não são mais os mesmos, pois, embora pertencentes à mesma pessoa, chegam com vestígios de outros corpos a que visitou.

Não tenho mais como conter o incontível e me sinto explodir, meu corpo todo vibrando em descontrolado esgar de prazer. Sinto meu tesão líquido se derramar pelas minhas pernas, empapando a bermuda. Retiro-me sutilmente, silenciosamente – mas ao ritmo da música – e ganho a praça, onde a forte chuva me encharca e disfarça a grande mancha da bermuda, fazendo-a toda uma só poça pingante, de água e (de)leite.

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