No auge da revolução feminina, aquela financeira trabalhou, até onde deu, só com mulheres. A gerente, e “bonitona” Míriam, ainda aguardava a invenção de uma máquina que só funcionasse em mãos femininas. Por exemplo, para se ter paz, foi necessário pôr um guarda na porta, e sacudo, como mandam as recomendações.
No ano de 2012, a crise da bolsa despontava, ao mesmo tempo em que os aplicativos eletrônicos estavam sendo desenvolvidos. Tinham bancos se precavendo, e aproveitando o “crescimento feminino” no mercado, os homens começaram uma certa reação. E em comum acordo, veio um representante para evitar a falência. Era Marcos Ladeira, da maior agência da América Latina.
Míriam foi a primeira a falar com ele, e era de se esperar que confessasse. Mas não confessou; não disse que veio por causa dela. Esse grilo ficou cantando atrás da orelha da gerente prepotente. Ainda mais quando viu, o analista de finanças tomando um cafezinho com a copeira. Um ciúme insuportável já atacava a gerente, e foi falar com dona Joelma. Foi o medo de perder um “pretendente” para uma serviçal, que levou-a a se descuidar com as falácias. “Homem não consegue fazer duas coisas ao mesmo tempo” foi a da vez, quando foi intimar a copeira Joelma, enquanto Marcos Ladeira estava digitando no notebook. Dizia ela:
− Ele veio salvar essa empresa da falência. Então, só deve falar comigo.
Foi Ladeira quem respondeu, apesar de continuar escrevendo, e mantendo o telefone no queixo:
− Preciso falar com todas vocês, e prepara-las para o Tsunami de informações que haverá de vir.
Míriam não se intimidava, e foi por o pé sobre uma cadeira, com um ângulo favorável ao Economista, no que se refere à posições sexys. Marcos Ladeira olhou para a forquilha do rachado da saia executiva, enquanto a mulher de 32 dizia:
− É tudo um blefe das agências milionárias! Não me venha com aquela de que CAFÉ é o que tem que ser feito, e...
Marcos girou a cadeira nos 90 graus, e num passe de Michael Jackson, levantou-se e envolveu Míriam nos braços, apenas para dizer:
− Preciso te potencializar!
Falando isso, sentou na mesa com a escriturária Lúcia, uma loira de óculos, que já se “sentia bem” com a presença do figurão. Quase pegou na mão dela, mas foi que deixou sobre o mouse, de propósito. Ele ia mostrando quais endereços precisavam estar na “barra de favoritos”, e quando arcou para examinar o feixe de cabos, praticamente encaixou a cabeça no colo da moça.
Dali a pouco, voltou a falar com Míriam, e a cara dela já não era a mesma, mas ruborizada. E perguntou:
− Senhor Decida, o que exatamente, é o seu trabalho? Investigação?
Ele encostou ao ouvido dela, quando a gerente arrepiou-se, e respondeu:
− É Ladeira! E eu não sou um espião.
Estavam na sacada com vista para a cidade, e ela o empurrou para a namoradeira, quando esbravejou:
− Esse discurso apocalíptico está estranho. E daqui a pouco, vou te pegar recebendo uma chupeta no banheiro, com a Virgínia.
Virgínia era a inspetora peituda do corredor do prédio, que se aproximava sem Míriam perceber. Marcos Ladeira perguntou:
− Então ela faz isso?
Míriam fez biquinho e ajoelhou-se sobre a namoradeira, já colocando uma mão no ombro dele, quando a Virgínia chamou:
− O almoço já está nos trâmites.
Ladeira levantou-se, e deixou Míriam “à desejar” na poltrona dupla, e nem ouviu o que ela disse, se encaminhando ao andar de baixo, e ao restaurante coletivo. Ela balbuciava:
− Seu Declive, por que está fazendo isso...
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À tarde, Marcos Ladeira dizia para Míriam:
− Um banco inteligente consegue emprestar dinheiro para os ricos.
− Ok, eu me demito. – respondeu Míriam já apresentando a sua rabugem.
Mas aquele homem de 34, além de bonito, era experiente. Pegou na mão dela, e já comandava a questão. Conduziu-a para o carro, mas antes deu as coordenadas para a inspetora Virgínia, acerca de fechamento da loja. Passou em uma farmácia, e comprou um lencinho para secar a testa da financista. Com ela ainda inclinada no banco do carro, perguntou:
− Sabe quem sou eu?
− Não sei. – respondeu Míriam.
Ele dizia naturalmente:
− Eu sou o diretor, e a senhora é a atriz protagonista. Qual é o seu quarto?
Míriam subiu com ele até o quarto do casal. Quando passou pelo marido, só disse que iria ser submetida a uma consultoria. Dali a pouco, o marido, homem de 56, consultava com os ouvidos na porta:
• A gemeção era condizente com uma metida espetacular;
• Estava frio, e como pedisse para ligar o ar, significava que não havia nada em crise;
• Em um momento, Míriam gritava “Não pára, não pára!”, em que o marido interpretou que as aplicações estavam sendo bem feitas;
• “Há, há, há, seu Ladeira! Agora estou por cima!”, escutou o marido durante a cavalgada da esposa ao amante executivo. Daí ele constatou que estava tudo bem;
• “Finalmente acertou, Cacarota!”, respondia ele, quando o marido ficou orgulhoso da esposa.
Afastou-se da porta, e pensou: “Essas mulheres ainda vão dominar o Mundo! Sorte minha, que já tenho a minha dominadora particular”. Ainda disse em voz alta, na direção da empregada, que olhava admirada:
− Gostei desse cara!