Capítulo revisado. Esta é a versão definitiva.
“Revisar este capítulo foi um verdadeiro desafio para mim. O capítulo mais complexo e difícil, até agora. É gratificante finalmente vê-lo pronto. Espero que vocês sintam a intensidade e a emoção que eu experienciei ao escrevê-lo.”
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“O relato deste conto foi inspirado e derivado de fatos reais. Os nomes de todos os personagens são fictícios, inclusive do próprio narrador.”
Nota de conteúdo: Este capítulo contém experiências Chemsex, uma prática que combina o uso de substâncias químicas com a atividade sexual. É importante ressaltar que, embora a narrativa possa explorar aspectos sedutores e intrigantes dessa experiência, vamos lembrar que o Chemsex pode ser extremamente perigoso e trazer sérias consequências para a saúde física e mental.
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Ouvimos o som da porta da suíte se abrir, e Léo imediatamente se calou. Nossos olhares se voltaram simultaneamente para a porta, aberta repentinamente, por onde Caio apareceu, suado e agitado, com o corpo completamente à mostra. Ele aparentemente se sentia confortável em se expor.
Analisei rapidamente os aspectos de seu corpo; afinal, era ali a primeira vez que o vi despido. Senti um constrangimento apenas ao notar seu pênis, que parecia ter finalizado o coito há poucos segundos, uma vez que ainda escorria um líquido viscoso de sua glande. Calculei que seu pênis poderia ser maior que o meu, sem dúvida. Aquele pedaço de carne e nervos parecia um peso considerável para seu corpo ligeiramente definhado.
Seu corpo era diferente do que eu imaginava quando ele estava vestido. Seus cabelos longos, que chegavam aos ombros, eram meio ondulados, conferindo-lhe um ar despojado. Às vezes, ele os prendia em um coque despretensioso, acentuando ainda mais seu estilo peculiar. Seus olhos escuros, profundos e atentos, eram emoldurados por sobrancelhas grossas que destacavam sua expressão cínica. O rosto de Caio transmitia uma falta de pudor visível. Sua mandíbula bem definida e o leve sorriso no canto dos lábios sugeriam uma personalidade desprovida de escrúpulos. A pele bronzeada era marcada por algumas cicatrizes discretas.
Caio apresentava o físico característico de um ectomorfo, com membros longos e delgados. Embora seu corpo fosse fino, exibia músculos aparentes; estes, por sua vez, careciam de rigidez, tornando-os com o aspecto de atrofia. No entanto, suas nádegas tinham um volume considerável, contrastando com o resto de sua estrutura corporal. Suas mãos grandes e calejadas, resultado de anos de trabalho na oficina mecânica mencionada por Léo, eram uma prova visível de sua dedicação ao ofício.
Enquanto Caio sorria para mim de maneira sugestiva, senti meu rosto esquentar de embaraço. Léo, por outro lado, não tirava os olhos dele, como se quisesse desvendar suas intenções. A desconfiança era evidente em seu olhar enquanto se sentava na cama, observando cada movimento de Caio com uma expressão de julgamento.
— Falei com Luiz, ele disse que volta só pela hora do almoço. Dispenso ela agora? Vamos curtir? — Caio falou, dividindo o olhar entre nós dois.
Senti meu rosto reaquecer instantaneamente. Olhei para Léo, buscando algum tipo de apoio ou reação. Léo, por sua vez, parecia tenso, com os olhos fixos em Caio, uma expressão que misturava desconfiança e algo mais que eu não conseguia decifrar. Ele se mexeu desconfortavelmente na cama, claramente incomodado com a sugestão.
Não sabia exatamente o que estava acontecendo entre nós três, mas havia uma conexão entre mim e Léo que eu ainda não entendia completamente. Estar ao lado dele me fazia sentir bem, de uma maneira que eu não conseguia explicar a mim mesmo. No entanto, a presença de Caio e sua proposta deixavam tudo mais confuso.
Léo e eu trocamos um rápido olhar, ambos desejando negar a sugestão de Caio de imediato, mas sem saber exatamente como fazê-lo. Eu podia sentir meu coração batendo mais rápido, a confusão e o constrangimento crescendo dentro de mim. Em breves momentos, via tudo aquilo como uma grande "viadagem", mas sabia que estava um pouco distante disso. As últimas horas já tinham sido intensas demais para mim, e continuar algo seria romper meus limites recém-descobertos. Léo deveria me entender, pois respondeu.
— Não, mano... Vá lá... Dorme com a "boy". O Pedro já vai descer daqui a pouco e eu estou afim de encerrar.
Eu Balançava a cabeça, concordando tão sincronicamente que parecia uma reação amadora da minha parte. Caio não notou, pois logo bateu com a mão no batente da porta e saiu com um breve “Falooou”. Pareceu que ele já sabia a resposta que iria receber. Ouvimos a suíte ser trancada com um clique. Léo logo fechou a porta do quarto que estávamos.
Eu desliguei o televisor e o videogame. Léo, em seguida, apagou a luz mais intensa do quarto, deixando-o mal iluminado, com apenas uma lâmpada fraca no canto, próxima à cômoda, criando sombras nas paredes. Estávamos apenas nos movimentando e fazendo coisas aleatórias até descobrirmos o próximo passo. Olhei para o celular; já eram mais de três da madrugada.
Aquele papo parecia demorar mais do que o esperado. Eu estava ansioso por uma conclusão. Minha raiva momentânea já havia sido desfeita. Levantei-me em direção ao prato, como um metal sendo atraído por um ímã. Aspirei o pó duas vezes, sentindo o cheiro forte e químico invadir minhas narinas. Notei que estava com sede novamente.
Léo percebeu quando tentei verificar se havia água em uma garrafa térmica ao lado da cama de Marcelo. Ele saiu brevemente do quarto e voltou com uma garrafa PET cheia e copos descartáveis, deixando-os sobre a cômoda e voltando para garantir que a porta não permanecesse aberta.
— É bom tomar um suco depois. Você se alimentou bem? — falava enquanto fechava o quarto e dava meia volta para pegar novamente a garrafa. Eu estava travado do "teko", então não consegui responder de imediato, mas, por um momento, notei uma preocupação singela em relação a mim, refletida em seu tom de voz.
O som da água sendo derramada foi quase reconfortante e me hipnotizava pela sede que tinha. Um “glub, glub” se reproduzia em minha mente focada nos copos sendo preenchidos. Léo me olhava, identificando o que estava acontecendo com minha mente após o uso da cocaína. Eu desejava a água, mas não me lembrava dela.
— Sim, mano. Tô de boa. — respondi, depois de tomar dois grandes goles d'água. — Seu amigo não parece o irmão que você me falou — falei, tentando retomar a conversa, e finalmente destravado.
— Ele deixou de ser faz tempo... — Léo disse com uma expressão neutra, os olhos fixos em algum ponto distante. Parecia querer enrolar, mas notei sua aparência cansada, com olheiras profundas e ombros caídos.
— E o Luiz parece ser um cara perverso, pelo menos pelo jeito que você falou sobre como ele manipulou vocês — continuei observando cada reação de Léo.
— Se duvidar, até essa viagem pra cá faz parte de algum esquema maior dele. Achei que era inteligente, mas, depois de ter sido passado pra trás tantas vezes desde que conheci o Luiz, às vezes me sinto burro — comentou, sua voz carregada de frustração e desânimo.
— Como assim? O que essa viagem de vocês pra cá tem a ver com tudo isso? — já estava desconfiado. Não sei se era o efeito da droga, mas algumas falas dele me faziam perder a confiança. Sentia como se ele estivesse omitindo algo de mim.
— Nada demais — respondeu, mexendo o canudo no prato de forma distraída. — Só falei porque ele não é de confiança.
— Sei... Eu ouvi tudo, meu mano, mas é isso que vocês fazem? Programas? E por que queriam me envolver nisso? — falei, esquecendo da fragilidade de Léo naquele momento, minha voz saindo mais dura do que eu pretendia. Sentia meu humor alternar, o que descobriria depois que era mais um efeito da droga.
Nessa hora, Léo reagiu de forma defensiva, me olhando fixamente, seus olhos brilhando com uma mistura de raiva e mágoa.
— Ei! Eu não, viu! Foi o Caio que deu as ideias — respondeu, cortante. — E não faço programa... Não tenho certeza sobre o Caio... Eu garanto a você que não faço. Aquilo com Luiz não chegou a ser programa, né? — perguntou retoricamente.
— Tem razão… Foi mal... Mesmo assim, quero a história toda — disse, tentando suavizar a situação.
— Acho que já deu pra você sacar, né? — ele observou, sua voz agora mais calma, mas ainda carregada de tensão.
— E por que vocês fingem que esse Luiz é tio de vocês? — indaguei, tentando entender a lógica por trás da mentira. — Irmãos, você e Caio dá pra passar, mas por que dizer que ele é tio?
— Vamos dizer o quê? Que é pai? O cara é novo. Tem 32 anos só. Se disséssemos que somos amigos, talvez ficasse estranho — explicou, dando de ombros.
— E vocês fazem vídeos pra ele ainda? — perguntei, minha curiosidade crescendo.
— Não necessariamente pra ele. Ele é um “conector” — disse, enfatizando a palavra com um tom quase reverente. — É assim que ele se chama.
— Ainda não tô entendendo… — falei, sentindo-me cada vez mais confuso.
— Tu é lento, hein… — balançou a cabeça de um lado ao outro, aspirando um longo trago no prato. — Já que tu quer continuar, vamos lá pro meu quarto. Quero fumar um cigarro de verdade.
— Beleza, mas precisamos arrumar o quarto aqui primeiro.
— Deixa! Marcelo só vem mais tarde — respondeu, enquanto eu o encarava com dúvida. — Perguntei naquela hora que falei com ele, antes de você subir na segunda vez — notou minha desconfiança.
Eu realmente estava meio lento, mas percebia sempre alterações no tom dele quando eu duvidava dele ou quando seus princípios eram colocados em cheque.
Saímos do quarto, Léo com o kit de drogas na mão, enquanto eu recolocava a garrafa na geladeira. Fechei a porta do quarto de Marcelo, logo em seguida.
— Seria massa uma cerveja agora — falou Léo, enquanto abria uma das janelas do seu quarto. A brisa fresca que entrava me deu uma sensação de calafrio, mais intensa do que a habitual, me fazendo reagir com um tremor rápido e muito intenso.
— Relaxa, o frio é mais forte as vezes, mas passa logo — ele acrescentou, notando a minha reação e obviamente se referindo a cocaína em meu sangue que potencializava a sensação. Era intrigante como Léo percebia cada detalhe. Sua observação penetrante me fazia pensar que ele me conhecia melhor do que eu mesmo.
— Esse homem quer? Tenho lá embaixo. Aliás, meu pai nunca deixa faltar - falei, inocentemente, querendo conquistar sua amizade e no fundo mais tempo com ele.
— Vá lá, então — respondeu, enquanto acendia um cigarro à beira da janela. O cheiro do tabaco queimado começou a se espalhar pelo ambiente, misturando-se com a brisa fresca.
Com um aceno nervoso, desci rapidamente. Atravessar a casa até a cozinha era um desafio, já que meus pensamentos se concentravam constantemente em Léo. Tentava me esquivar dessa associação, mas a verdade era que eu só queria voltar para perto dele. Ele me transmitia uma segurança inesperada, mesmo que a cocaína dificultasse a confiança plena em suas intenções. Meus sentidos ficavam em constante ebulição, dando vida à confusão que habitava minha mente.
No caminho, peguei rapidamente uma camisa no meu quarto, mas não a vesti. Apenas a coloquei no ombro, como um símbolo da vulnerabilidade que sentia ao não saber o que esperar. Subi com a caixinha de cerveja na mão, ansioso para retornar. Ao chegar, percebi a porta do quarto de Marcelo entreaberta, e a luz acesa, enquanto o quarto de Léo permanecia na penumbra, enigmático e acolhedor.
Atravessando o espaço entre o topo da escada e o quarto de Léo, olhei para trás, tentando entender o que se passava.
— Pra não ter que ligar a luz daqui — ele respondeu antes mesmo que eu houvesse feito a pergunta. Uma vez mais se antecipando aos meus pensamentos.
Léo estava certo. Os vizinhos poderiam, de fato, perceber movimentos estranhos pelas janelas. Além disso, a atmosfera noturna conspirava para que tudo se tornasse mais íntimo e seguro. De forma automática, me virei e, ao sair do quarto, deslizei em direção à geladeira para guardar as cervejas.
Quando voltei, trouxe duas. Léo abriu rapidamente a sua com um “psit” característico e disse que ia explicar por que hoje, Caio e ele eram tão diferentes um do outro. Com uma voz mais suave, quase um sussurro, ele parecia se preparar para revelar mais um aspecto da sua relação com Caio que eu ainda não conhecia.
***
PENHASCO
Depois da comemoração, Léo decidiu voltar para casa. Passou o pagamento pelo Pix referente à parte de Caio e seguiu para terminar seu descanso. Naquele dia, Léo não trabalhou e o mesmo se repetiu pelo resto da semana. Os dois amigos passaram a frequentar a praça dos esportes, onde desfrutavam do tempo livre.
Quando a sexta-feira chegou, ambos estavam com vontade de tomar algumas cervejas, mas não tinham contato de nenhum traficante para comprar o "remédio". Decidiram, então, investigar na praça. “Lá tem gente de todo tipo”, dizia Caio, tentando se consolar. No entanto, sem sucesso, ele sugeriu que Léo enviasse uma mensagem para Luiz.
Luiz passou um contato e orientou que o chamasse de Golfinho, instruindo que Léo se identificasse como um conhecido dele. Seguindo todas as recomendações, Léo fez o contato. Após meia hora de espera, um entregador apareceu na praça. Para a surpresa de Léo, era um dos conhecidos de delivery que usava a bolsa de entregas como disfarce para o tráfico. Ele o cumprimentou brevemente e entregou a mercadoria sem mais delongas, já que Léo havia pago por Pix.
Na sequência, os dois amigos se dirigiram a um bar próximo, onde uma banda local tocava. A atmosfera era vibrante, e enquanto bebiam, faziam idas e vindas ao banheiro. Léo se surpreendeu ao perceber que o uso de drogas era muito mais comum do que imaginava. Era normal ver dois caras adentrando as cabines para se drogar. Quando se está de fora, certas coisas passam despercebidas; porém, ao entrar pela primeira vez, o radar de Léo se calibrava para novas realidades.
Após algum tempo, decidiram ir para a casa de Caio, onde poderiam se sentir mais à vontade. Para eles, estava se tornando muito sem graça todo aquele vaivém no banheiro. Afinal, o intuito não era apenas beber, mas se drogar.
Era compreensível que o vício de Caio já estivesse se manifestando, enquanto Léo via a experiência apenas como algo recreativo. Seu pensamento estava focado em lidar com o compromisso do dia seguinte, na esperança de poder diminuir o ritmo. Ele não acreditava que esse hábito fosse durar muito tempo; era algo passageiro.
Ao chegarem à casa de Caio, perceberam que os pais dele ainda estavam acordados. Léo deu um cordial "boa noite", enquanto Caio apenas fez um sinal de “legal” para seus pais. Caminharam para a cozinha para guardarem as cervejas e se dirigiram ao quarto nos fundos do quintal. Caio havia comprado uma caixinha de som e, ao ligá-la, um brega funk começou a tocar. Os amigos resenharam por um bom tempo, jogaram baralho e logo o assunto sobre o sábado, no dia seguinte, veio à tona.
PREMEDITAÇÃO
— Ei, mano! Como vai ser amanhã, hein? Tô meio sem saber como começar — disse Caio, com uma expressão de incerteza no rosto.
— Não pensei nada sobre — respondeu Léo, dando de ombros.
— Será que ele vai querer uma gravação da gente de novo? — perguntou Caio, franzindo a testa.
— Não foi esse o combinado, né? A filmagem ele já tem — Léo respondeu, enquanto exalava uma baforada de fumaça do cigarro que acabara de acender.
— Mesmo assim, eu comprei um negócio pra gente — disse Caio, esboçando um sorriso misterioso.
Léo fixou o olhar em Caio, sem entender do que se tratava. O amigo dirigiu-se até o quarto e voltou com um saco pequeno. Ao abrir, revelou duas peças de tecido. Léo estendeu a mão, pegando uma das balaclavas pretas que estavam escondidas no interior do saco. A ideia de cobrir o rosto o fascinou. Observando Caio colocar a balaclava, Léo o imitou. Caio ajustou o celular para o modo selfie, ansiosos para ver como ficariam. Decidiram então tirar as camisas, e os dois se entreolharam, avaliando o novo visual.
— Ficou massa, mas fica ruim pra respirar e, usando pó, é pior ainda — comentou Léo, enquanto ajustava a balaclava.
— A gente pode adaptar com um rasgão — sugeriu Caio, pensativo.
— Se a gente for pedir a alguma costureira, ela vai achar estranho — ponderou Léo, exibindo uma expressão de dúvida.
— Minha mãe sabe fazer. Vou dizer que é para os treinos de patins. Ela não entende, então vai fazer — afirmou Caio, demonstrando confiança.
— Então dá bom — concordou Léo, removendo a balaclava e soltando um suspiro de alívio.
Após um tempo em silêncio, Caio rompeu a quietude:
— Mano… estava pensando aqui numa forma de arrancar mais dinheiro do cara.
— Diz aí — respondeu Léo, curioso.
— E se a gente fizesse um oral... tipo... um no outro?
Era evidente que Caio estava alterado. Léo fez uma cara de negação, mexendo a boca para o lado, e levantou-se para acender, novamente, um cigarro. Ele permaneceu calado, mergulhado em seus pensamentos.
— Coisa de “viado”, né, parceiro? — provocou Caio; para se sobressair do comentário, para ele, mal sucedido.
Léo tragava o cigarro lentamente, sua expressão refletia um nervosismo crescente. Caio, por sua vez, permanecia sem resposta, observando cada movimento do amigo.
— Só dei a ideia porquê… — começou Caio, tentando justificar-se.
— Eu topo — interrompeu Léo, jogando o cigarro pela metade pela janela e dirigindo-se até o prato. Com destreza, fez duas fileiras grossas do pó enquanto Caio se aproximava, curioso. Os raios estavam feitos, mas nenhum dos dois os destruiu pelas narinas. Apenas os olhava, como respostas enfileiradas num prato mágico.
— Como vai ser, meu fi? — perguntou Caio, os olhos brilhando de expectativa.
— Sei não. Vamos ficar muito doido aqui e ver se essa parada vai dar certo. Se a gente vai fazer, tem que treinar logo hoje pra não fazer feio amanhã — respondeu Léo, determinado.
Caio percebia a hesitação de Léo, mas um sorriso safado se formava em seu rosto enquanto ele já começava a apalpar-se.
— Pera! Vou pegar mais cervejas — disse Caio, antes de sair do quarto, em busca do que poderia animar ainda mais a noite.
SEXO QUÍMICO
Quando Caio voltou, Leo estava em pé em cima do colchão que ficava encostado ao chão e só de cueca enquanto se acariciava com uma mão. A outra segurava firme o celular que reproduzia alto um pornô heterossexual. Em um de seus lados estava duas cadeiras, ao qual uma usavam pra apoiar o prato com a cocaína e a outra as cervejas. Caio viu que ele tinha aspirado as duas listas que tinha feito.
Ao notar que o parceiro estava alto, pois estava visível em seu comportamento, Caio logo abriu uma das cervejas. Secou a latinha em dois longos goles e logo foi fazer sua porção de pó. Léo parecia hipnotizado com o vídeo, mas Caio conseguiu notar o olhar dele, mirando o prato. Caio formava suas fileiras tão grossas quanto as que Léo havia consumido. Assim que Caio usou. A pancada veio rápido. Levantou-se rapidamente e encostou a porta e apagou a luz.
O quarto não ficou totalmente no escuro por causa da iluminação natural externa, que entrava pelas frestas que se comunicavam com o lado de fora. O visor do celular de Léo também iluminava o local. Ao contrário de Léo, Caio tirou toda a roupa e foi em direção a Léo, já com o pau "bombado", removendo sua cueca sem tentar olhar nos olhos do parceiro, que deixou o celular cair em sua ação imediatista. O visor atingiu o chão, deixando o quarto quase na penumbra.
Os dois sem saber como continuar a experiência, deixaram seus membros se tocarem por um tempo. Léo puxou Caio pelo quadril e sarravam ritmicamente. O contato ainda estava meio tímido, mesmo a escuridão escondendo parcialmente o contato visual um do outro. A velocidade do movimento dos quadris entre os dois foi aumentando, acompanhados de sussurros baixos. A respiração dos dois aumentavam aos poucos. A droga estava os liberando cada segundo mais. Caio perguntava sussurrando ao ouvido de Léo se ele estava gostando. Léo foi se sentindo cada vez na posição de "homem" na situação.
O rosto um do outro estavam frente a frente, mas não permitiam se olhar ainda. Quando houve troca de olhares, e para surpresa de Caio, Léo estava muito mais chapado que ele e levou uma das mãos aos cabelos de Caio que nessa hora cobriam parte de sua face. Fez um leve 360 graus com o punho e vetorizou a cabeça do amigo pra baixo. Caio, sem Resistencia, desceu e segurou na cintura do amigo. Caio fingia provocar o amigo encostando o rosto e dando fortes fungadas nos pelos ralos de Léo.
Aquilo deixava a respiração de ambos mais ofegante à medida que a provocação aumentava.
Quando uma das mãos de Caio amarrou firme o membro pulsante em sua frente, Léo emitiu um “Ohh...” alto e forte.
-Chupa vai. Passe a língua aí na cabecinha, vai. - Léo incentivava emitindo sons mais abafados de prazer.
Caio ignorava os comandos, enquanto iniciava a punheta em si e no amigo. Leo não desistia e usava as mechas do cabelo de Caio como apoio pra sua intenção. Caio parecia estar ciente de como provocar Léo. Então levou a ponta sutilmente a ponta da vara que manipulava com destreza. Léo já soltava um fluido pré-gozo que Caio degustava de imediato enquanto deslizava seu lábios ainda mais pela extensão da glande.
- Vai puto! - Léo sussurrava, enquanto Caio trabalhava seu psicológico erótico. – Vai... Hmm... Eu sei... Hmm... Eu sei que você quer... Uhh... Vai, meu macho, devora vai... Engole... Ohh... Cai de boca, VAI!
Caio de imediato foi atingido pelos apelos sedentos; engoliu, com tanta vontade e velocidade, a pomba de Léo, que engasgou. Foi vários “gulps” fortes enquanto evitava a sensação desagradável que subia pela garganta. Léo parecia se sentir mais macho naquele momento, com sua mente entorpecida.
- Mete a boca nela vai... Chupa com jeito... Faz a moral aí pra seu mano - Leo incentivava, em tom sensualizado e acariciando levemente a cabeça de Caio enquanto ele se recompunha. Sua voz, alterada pelo pó, engrossava pra se manter como o dominante.
Quando Caio se recompôs, Léo agarrou sua face com as duas mãos, lentamente o conduzindo de volta a seu órgão dessa vez o conduzindo aos testículos, até então, não tocados.
Caio começou a chupar o saco todo enquanto se masturbava. Seus gemidos eram abafados pela boca preenchida. Léo dava chibatadas no rosto dele, se fazendo acreditar que havia uma puta ali lhe dando prazer. Caio demorou a falar, mas quando finalmente deixou livre sua boca, fez Léo enlouquecer:
- Fode... Vai... Fode minha boca, mano. - Falava desejando aquilo, conduzindo o pau a sua boca em movimentos rápidos de ida e volta, para poder dar impulso ao pedido.
Os movimentos aumentavam, mas Léo se controlava pra não fazer o amigo engasgar novamente. Quando perceberam que estavam fazendo hora extra, resolveram abastecer o sangue de pó. Dessa vez Léo que tomou a outra cerveja, que por sorte estava no isopor. Foi quando, depois de se lombrarem novamente, Léo reiniciou a loucura sexual entre eles.
- Agora mostra esse pau pra mim. – Léo falava se deixando permitir trocar o olhar com Caio. Ambos já estavam imersos no desejo, recém descoberto, entre eles. - Deixa eu mostrar como é ser chupado por um macho!
Léo ordenava, enquanto Caio manifestava seu desejo, mordendo seus lábios. A fissura entre os dois era gradativamente potencializada pela droga, e Léo era o condutor principal. Quando se ajoelhou pra seu amigo, não fez provocações, apenas engoliu com vontade e arrancou um “Grrr” de Caio. O som gutural que emitiu, foi o mais intenso e violento que havia sido reproduzido no quarto. A intensidade os fez acreditar que o som viajou por quilômetros.
-Agora geme gostoso... Vai... Enquanto eu mamo essa caceta, caralho. - Léo interrompia a mamada pra causar mais virilidade a sua posição. Seu pedido era um estimulante adicional para Caio. Cada Chupada, interrompida por verbalizações sacanas, transmitia igualdade de posição aos dois, naquele momento.
O tesão ali estava fora da curva. Era muita testosterona exalando o ambiente. O quarto de repente estava pequeno pra os dois. Enquanto Léo mamava seu amigo, suas mãos estavam conduzindo a bombeação com elas agarradas nos glúteos volumosos de Caio. Sentir aquele volume de carne em suas mãos, o fez maliciar o objetivo daquela experiência dos dois. Sua mente ordenou a seus dedos para irem em direção ao orifício do amigo. Ao investir, decepcionou-se com o afastamento sutil de Caio.
Léo reconhecera, brevemente que Caio não estaria tão “loucão” assim pra deixa-lo prosseguir. Isso não o fez desistir e tentou outra abordagem. Usando os "dons" da cocaína, pra externalizar uma máscara de safadeza, direcionou seu olhar transmitindo seu desejo; ambos só conseguiam distinguir partes dos rostos um do outro na posição em que estavam naquele momento.
- Deita aí, parceiro. Quero mamar essa piroca de outro jeito. – Léo recalculou a rota.
- Gostou de mamar meu cacete foi, seu puto? - Caio falava se achando no domínio da situação.
- Massa, mano. Deixa eu chupar esse pirocão de macho, deixa? - Léo incentivava o amigo enquanto ele se deitava já imerso na ideia que ia gozar em sua boca.
- Mama parceiro, mas vai punhetando, que quero ver tu gozar com a boca atolada no meu pau. Vai... Hmm... chupa... chupa... PORRA! - Caio já no pico da sua lombra, não percebeu que Léo já não mais chupava seu pau, mas também a região em volta. A estratégia de Léo se consolidava à medida que Caio abria mais as pernas, pois sentia que Léo estava com dificuldade em colocar seu saco na boca.
Léo catalisou o movimento de abertura com as mãos e usou sua força pra inclinar o corpo de Léo e conseguir atingir a parte inferior do escroto. Sua língua ao chegar, sorrateiramente, no ânus do amigo, fez Caio relaxar e se entregar a nova posição. Léo, apesar de não gostar do que estava fazendo, entedia como um investimento pra o que objetivava. Caio aparentemente descobrira o prazer anal naquele momento.
- Mano... Hmm... que massa... Uhh... dá linguada nesse cu, vai... chupa esse cuzinho, parceiro... continua... Para não! – Implorava, sem baixar a guarda da sua masculinidade.
- Tá gostando, tá? - Léo perguntava diminuindo seu movimento da língua no órgão, enquanto Caio concordava com seus sons bem entendidos por Léo.
-Fica de quatro pra mim fica - Léo falava manso, mas ainda em tom imperativo.
-Fico agora, porra! – Caio respondia enquanto se posicionava.
Leo notava o pau de Caio duro como pedra enquanto retomava o beijo grego no amigo. Iniciou um punheta nele entre suas pernas abertas de quatro pra ele. Caio gemia ofegante de tanto tesão.
Caio coletou a peteca de pó e após usar, para reabastecer o desejo potenciado pela droga, passou a Léo que logo o usou com o mesmo intuito; daquele sexo com a coca no sangue.
Léo coletou uma pequena quantidade do pó na ponta de seu dedo e passou na entrada de Caio que sentiu uma leve temperatura subindo. Léo lambeu e cuspiu para esperar o desejo momentâneo de Caio se verbalizar.
-Brinca com seu pau... Hmm... aqui no cuzinho do seu brother, vai... - Caio gemia já com a voz perdendo a resistência ao controle.
Leo, já esperando o pedido, ficou pincelando com sua pica, a linha entre nádegas de Caio enquanto cuspia e se punhetava, mas não forçava a penetração. Queria que tudo fosse ordem dele. Seu pensamento era deque tudo fosse consentido, apesar de manipulado.
-Mete a cabecinha, vai. Veja se seu macho aguenta essa vara veiúda e gostosa. - Caio já não deixava mais escolha pra Léo adiar.
-Aguenta... Vou meter só a cabecinha. - Léo falava com atitude de quem não pretendia seguir moral alguma, a partir dali.
Leo forçava, mas estava difícil aquilo. O amigo era cabaço, apesar de estar incorporado no papel de uma puta naquela hora. Depois de muito cuspe, Leo conseguiu enfiar a cabeça, mas logo Caio contraiu e expulsou o membro pra fora. Se virou e deu um grito baixo.
-Porra, parceiro. Dói demais essa porra.
- Quer tentar de novo? -Léo perguntava sem pressão, mas sabendo que o amigo já estava caído na dele.
Caio levantou-se, calado, e acendeu um cigarro. Voltou pra cama com um leve empurrão em Léo. Conduzindo-o a se deitar. Leo entendendo a situação, não cedeu completamente, pois ainda queria estar no controle, pois qualquer falha dele, poderia mudar a pintura do quadro. Resolveu se escorar parcialmente na parede, nem deitado nem sentado completamente.
Deixou o amigo a vontade pra poder seguir. Caio com o cigarro ainda na boca puxou Léo um pouco pelas pernas e subiu em cima dele depois de uma chupada intensa, seguida de várias cuspidas.
Recomeçaram, mas dessa vez Caio pediu pra Léo não forçar nada que ele ia tentar ir no tempo dele. Leo cheio de tesão de ver seu amigo fazendo careta enquanto tentava sentar na sua piroca e tragava o cigarro sem tira-lo da boca, pegou o saco de pó e aspirou uma quantidade e levou outra ao nariz de Caio. Quando a lombra bateu, Caio pressionou a bunda contra o pau de Léo que entrou além da cabeça. Caio gritou por um breve instante enquanto Léo, o punhetava, pra ajudar a não fraquejar na tentativa.
A cocaína neutralizava a dor absurdamente e junto ao tesão a penetração foi facilitada. Aos poucos Caio descia com gritos baixos, mas sendo transformados em gemidos enquanto a penetração se completava.
Léo gemeu quando sentiu sua pomba enterrada completamente na bunda de Caio, que parou na posição final e deu três "chapuletada" com seu pau no tanquinho do ativo; passando o cigarro pra ele. Enquanto Léo olhava seu amigo e tragava, Caio começava uma leve cavalgada. Muito Lento, mas que causava uma sensação triplicada aos dois; devido ao uso da cocaína.
- Caralho, mano isso dói - Caio gemia, tornando sua fala um paradoxo.
- Quer tirar? - Léo perguntava enquanto gemia e se hipnotizava com pau balançando solto batendo em seu abdômen devido aos movimentos de Caio, cada vez mais viris na sentada.
- Quero não. Dói, mas tá gostoso, parceiro. - Caio ia gemendo enquanto seus movimentos iam se transformando. - Pega no meu pau, vai. Toca um punhetão pra mim, macho. - Léo agarrou de imediato, iniciando a mão amiga.
A situação ali tinha passado do ensaio geral de um simples sexo oral e foi para as vias de fato. Caio estava transformado. O cara era o maior marrento e naquela hora lá, cavalgando pra seu parceiro de esporte, com mais vontade que todas as putas que ele já comeu, deixava Léo com o desejo subindo a cada pancada na penetração. O tesão estava alto demais e nenhum dos dois estava aguentando segurar o gozo.
- Vou gozar no seu cu, mano. Vou encher esse rabo de leite. Vou melar de porra esse cu de macho... Vou gozar porra... Ahh.. ahh... tô gozando porra... Fode meu pau, vai! – e Caio sentava com uma intensidade proporcional ao tesão de ambos naquele ápice. Simultaneamente ao orgasmo de Léo, Caio já conduzia sua própria masturbação.
- Quer que eu leite essa barriga, caralho? – Caio gemia e pulava ouvindo os gemidos de prazer total de Léo. - Toma leite, toma. Vai porra!
Os berros de prazer do orgasmo, de ambos, foram altos e intensos. Era o fim do sexo, não previsto, entre os dois “irmãos”.
RESSACA
Léo estava com o rosto, abdômen e peito cobertos pelo esperma de Caio escorrendo. Este, por sua vez, ao se levantar, sentiu um grande volume de sêmen escorrer entre os glúteos e descer, por gravidade, entre suas pernas doloridas pelos movimentos executados. Ambos se olharam brevemente, reagindo ao pós-coito. Sentiam-se estranhos e logo começaram a se mover, evitando os olhares um do outro. Limparam-se com pedaços de pano e, em seguida, tragaram longos goles d'água, buscando talvez desvanecer a intensidade do momento, como se a pureza do líquido pudesse lavar o que acabara de acontecer.
Léo, visivelmente exaurido, entregou-se ao sono, fechando os olhos rapidamente, como se quisesse escapar daquela realidade. Caio, encolhido com as costas contra a parede, ao lado de Léo, com as pernas cruzadas no colchão, fixou o olhar na porta do quarto, que se abria aos caprichos de um vento frio e traiçoeiro. Lutava para concentrar os pensamentos em meio à frenética euforia da cocaína que ainda pulsava em suas veias. Cada batida do coração parecia um aviso inconsciente. A escuridão da noite se infiltrava pelo vão, refletindo as turbulências de seu interior confuso, enquanto tentava compreender a profundidade do que haviam feito, como um eco de sussurros anunciando a ruína de uma amizade.
RUÍNA
Antes que o sono o dominasse, Caio levantou-se e foi verificar se todas as luzes da casa estavam apagadas e se, de fato, seus pais estavam dormindo. Ao sair pela porta do quartinho, foi surpreendido ao ver, à distância, seu pai sentado no alpendre, fumando um cigarro. Caio sabia do hábito do pai de acordar no meio da noite para fumar, mas considerou aquela coincidência um tanto estranha.
Hesitou, temendo ter sido, de alguma forma, flagrado pelo próprio pai, mesmo que apenas pelos sons que o quarto havia feito há pouco tempo. Não se sentia preparado para argumentar ou para revelar toda a verdade. No entanto, antes que pudesse concluir seus pensamentos, percebeu que seu pai não o estava vendo. Teve certeza disso ao observá-lo olhar de um lado para o outro, como se estivesse perdido em meditação. Caio lembrou que, do fundo do quintal, era fácil ver quem estava na casa, mas o oposto não era verdade. A penumbra do quintal, repleta de plantas e galhos, tornava impossível distinguir qualquer vulto, além do fato de que o quintal era longo o suficiente para se perder na escuridão.
Com cautela, Caio começou a caminhar em direção à casa. Sentia que deveria conversar com o pai para sondar se ele ouvira algo, mas sua mente confusa ainda não conseguia distinguir se essa possibilidade era real.
O quintal, que antes parecia acolhedor, agora se transformava em uma prisão. As sombras das árvores, projetadas no chão, pareciam se contorcer como serpentes, aprisionando-o. O vento ujava entre os galhos, assoprando uma melodia sinistra. Caio, com os cabelos longos e ondulados balançando ao vento, parecia um fantasma.
De longe, seu pai o avistou. Caio sentiu um arrepio percorrer sua espinha. O olhar do pai, fixo em seus olhos, era como um raio, desnudando sua alma, como se pudesse enxergar cada um de seus medos e desejos mais profundos. Ele engoliu em seco ao ouvir a voz do pai.
— Ainda está acordado, Caio?
— É, velho. Perdi o sono — respondeu Caio.
— Perdeu o sono, foi? Ou são essas coisas que você anda usando?
O pai o encarava firmemente. Caio identificava o olhar dele; era familiar, mas agora carregava um peso que o deixava paralisado. Lembrou-se das histórias que a mãe contava sobre o passado do pai, de um homem capaz de qualquer coisa para proteger o que era seu.
— Que isso, pai? Não uso nada não... — tentou manter a voz firme. — Me dá um cigarro aí — pediu, tentando desviar a atenção e mudar de assunto.
O pai de Caio levantou-se lentamente, sem responder de imediato, e estendeu o braço com o maço de cigarros.
— Fica com esse aí. Vou voltar a dormir.
Caio pegou o maço da mão do pai e agradeceu com um “valeu, velho”. Virou-se de costas, sentindo um alívio momentâneo por seu pai não desconfiar de nada além do uso de drogas. Mas, quando deu o primeiro passo para se afastar, seu coração gelou. A voz grave de seu pai cortou o silêncio da noite como uma navalha:
— Outra coisa, garoto. Não me tome por otário. Já fui jovem um dia e já fiz coisas parecidas com o que você faz com seu amigo. Isso é normal nessa idade.
Caio, estático, visualizava o quintal, que parecia mais profundo do que o normal na escuridão. As sombras das árvores o aterrorizavam, tal como a voz irredutível do pai. Aquele menino bobo, que sempre se escondia atrás de uma máscara de descontração, naquele momento parecia mais vulnerável do que nunca.
— Cresceu rápido, não é, filho? — A voz, normalmente calma, agora carregava um tom irônico que gelava o sangue de Caio. Ele não conseguiu responder, apenas assentiu com a cabeça.
— Pai... — tentou falar algo sem se virar, mas foi interrompido.
— Não vou dizer pra você parar com isso, porque quando a pessoa quer, faz. Mas vou pedir, rapaz, que diminua essa droga e não deixe sua mãe saber. — O pai de Caio respirou, como se pensasse em como continuar. — Quanto a ficar brincando com o “pau” um do outro, aí com seu amigo, pode ficar à vontade. Logo, logo você volta a trazer mulher pra cá.
Caio inclinou levemente a cabeça quando seu pai decaiu um pouco o tom da voz. Entendeu a oscilação da voz do pai como algo difícil para ele falar. O silêncio voltou por alguns segundos. Caio desviou a direção de sua visão para baixo, com sinais de lágrimas prestes a brotar, mas, se cedesse aos seus impulsos de vergonha e se deixasse despejar lágrimas, acreditava que tudo pioraria. Seu pai recuperou a voz e continuou.
— Só tentem ser mais discretos. Pode incomodar os vizinhos. A gente já tem problema demais para ter que lidar com mais um. — Logo em seguida, despediu-se com um "boa noite" com tanta naturalidade que Caio permaneceu imóvel, sem conseguir responder.
O pai entrou em casa e, quando a porta bateu, Caio encolheu os ombros. Ao voltar a si, ele percebeu que não tinha o que fazer. Deveria esperar o tempo dar as respostas. Com passos hesitantes, voltou ao quarto.
Ao rememorar as palavras do pai, uma paranoia começou a se instigar em sua mente, como uma sombra que o envolvia e o deixava profundamente desconfortável. Para fugir daquela sensação opressiva, decidiu minimizar o que fizera, deitando-se com a cabeça na outra ponta da cama. Dormir lado a lado do amigo, naquela fração de tempo que parecia eterna, tornava-se um fardo, como se cada momento compartilhado estivesse coberto por um véu de culpa.
O fato era que o medo se instalava em seu coração, como um sussurro insuportável de suas escolhas, assombrando-o com a possibilidade de que nada seria como antes.
***
Escorado em uma das janelas, Léo segurava uma lata de cerveja, enquanto o silêncio preenchia o pequeno quarto no primeiro andar. Ele soltou um suspiro profundo ao mencionar que só ficou sabendo daquele diálogo entre Caio e seu pai, semanas depois. Ao tragar o cigarro, revelou que, entre as inúmeras falhas que cometeram, a decisão de transar foi a que trouxe mais dor para ele, e que, a seu ver, essa sensação também estava presente em Caio. Eles aparentemente carregavam uma conexão frágil, como um fio prestes a se romper.
Havia algo maior por trás das cortinas desse passado e percebia que Léo talvez ainda estivesse guardando algum detalhe, algum medo de contar, como se o peso daquela verdade pudesse afetar não só ele, mas também a relação que estávamos construindo ao longo daquela noite. Os indícios deixados por Léo se moviam sem harmonia em minha mente imatura, provocando uma inquietação semelhante ao sussurrar de folhas mortas.
Enquanto a madrugada se arrastava como um manto escuro, minhas dúvidas e incertezas eram ofuscadas pelas de Léo, que, aos poucos, nos conduzia violentamente ao fim da noite.
***
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