Karina deixava o bloco D após mais um dia de aula, ansiosa por estar com sua família. Após a invasão à sua casa, a sensação de estar sendo vigiada não parecia tão absurda e agora ela deveria ter atenção redobrar em relação às pessoas à sua volta.
Ao sair da sala dos professores tomou a direção do estacionamento de forma rápida, sem olhar para os lados. Ela só queria chegar à segurança de seu carro, mas sentiu o frio na espinha ao ouvir passos logo atrás dela. Todos os músculos de seu corpo congelaram e ela foi incapaz de dar o próximo passo para tentar fugir. Fechou os olhos por alguns segundos torcendo para que estivesse enganada e fosse apenas Bernardo, seu amado aluno, que viera lhe oferecer a segurança de seus braços.
— Karina! — não era a voz de Bernardo que a chamava.
Seu coração acelerou e suas pernas trêmulas a fizeram vacilar no equilíbrio, sendo amparada por Victor.
— Karina, está tudo bem? — perguntou o professor chegando por trás e a segurando firme pelos braços — Você está mais pálida do que de costume. Quer que eu te leve pra enfermaria?
— Não,... Não,... Foi só um susto — disse se acalmando e recobrando as forças nas pernas e braços — não vi que era você.
— Deixe-me acompanhá-la até seu carro.
Karina olhou ao redor. Poucas pessoas ainda circulavam pelo campus que ficava cada vez mais vazio.
— Está tudo bem, Victor. Eu posso ir sozinha.
— Acho melhor não.
— Como é? — questionou ela subindo o tom de voz.
— A invasão à sua casa foi assunto de burburinho hoje no Fórum. Eu só queria garantir que você está segura.
— Me desculpe. Isso está mexendo muito comigo.
— Vamos, então?
Ambos caminharam juntos até o carro de Karina quando o ronco familiar da moto de Bernardo se aproximando acelerou de emoção e conflito o coração da professora. Ele diminuiu a velocidade e manobrou a moto com precisão, parando-a a poucos metros dos dois e após tirar o capacete enquanto ele olhava fixamente para Victor, um brilho desafiador em seus olhos elevou a tensão entre eles.
— Victor, esse é o Bernardo — disse ela com um misto de orgulho de seu aluno e medo do que poderia resultar aquele encontro inesperado.
— Bernardo! Finalmente. A Karina fala muito de você.
— Fala é? — disse ele relaxando os ombros carregados de tensão.
— E esse é o Victor, ele é promotor de justiça e professor aqui na faculdade.
— Prazer.
O desconforto entre os três era palpável e o silêncio se estabeleceu por alguns segundos até que Karina, que parecia mais apreensiva, decidiu se despedir e entrar no carro. Enquanto Victor observava o carro saindo pelos portões da faculdade, resmungou para Bernardo sem o tom habitual de humor, mas de seriedade:
— Seja lá o que estiver rolando entre você eu sugiro que acabe.
— Nossa relação é puramente acadêmica, professor.
— Me importo demais com a Karina e detestaria vê-la destruir sua carreira por causa de um erro que poderia ter sido evitado.
Com um giro sutil de calcanhar, Victor voltou ao prédio principal da faculdade deixando Bernardo sozinho, com a sensação de ameaça pairando no ar.
A semana de provas se aproximava, o que significava que o convívio entre Bernardo e Karina seria interrompido até o início do próximo semestre, enquanto isso a comunicação através de mensagens ia se intensificando. O que começou com apenas questionamentos em relação ao conteúdo da matéria evoluiu para compartilhamentos de impressões sobre obras, indicações de livros e elogios até chegar ao foro íntimo.
🗨 BERNARDO: “O professor Victor sabe de alguma coisa”, escreveu assim que chegou em casa.
Bernardo subiu as escadas lentamente, as palavras de Victor ecoavam em sua mente. Ele entrou em seu quarto, fechando a porta atrás de si e se jogou na cama, olhando fixamente para o teto. A ameaça velada de Victor o deixara nervoso. Quanto ele sabia realmente? Como ele descobriu? O medo por Karina o corroía. Victor havia deixado claro que estava ciente de algo. Será que ele poderia prejudicar Karina de alguma forma?
🗨 KARINA: “Como assim?”.
🗨 BERNARDO: “Ele me mandou acabar com o que quer que tenhamos. Não sei o quanto ele sabe, mas ele suspeita de algo”.
🗨 KARINA: “Precisamos nos encontrar antes da semana de provas. Tem algo que preciso falar com você”
Bernardo sentiu seu coração apertado. Karina poderia estar com medo de ter sido descoberta e estivesse planejando dar um fim em tudo antes que as coisas ficassem mais sérias. Ficar sem ela era algo que perturbava o rapaz trazendo-lhe uma angústia e uma ansiedade que ele jamais pensou que teria.
🗨 BERNARDO: “Podemos nos encontrar na Praça Tiradentes após as aulas”.
🗨 KARINA: “Combinado”.
Karina chegou à Praça Tiradentes pontualmente, sentindo uma mistura de ansiedade e expectativa. Ela escolheu um banco próximo à catedral, onde podia observar o movimento ao redor e ao mesmo tempo ter uma visão ampla das proximidades cuidando que ninguém a tivesse seguido. O céu noturno estava claro, com algumas estrelas visíveis, e a iluminação da praça criava um ambiente acolhedor e íntimo. A professora sentiu seu coração bater mais rápido, uma sensação de calor se espalhando por seu corpo quando ouviu o ronco da moto de Bernardo se aproximando. A ansiedade não a permitiu ficar sentada esperando e rapidamente ela correu até o estacionamento onde o rapaz havia parado. Um beijo tímido, mas carregado de significado foi compartilhado antes de qualquer palavra.
— Como você está? — perguntou Bernardo acariciando o rosto apreensivo de Karina.
— Já faz algumas semanas que tenho a sensação de estar sendo seguida.
Bernardo verificou os arredores se certificando que estavam sozinhos, ou pelo menos não perto o suficiente para ouví-los.
— Quando você me disse que o Victor pode saber de alguma coisa, eu me desesperei.
— Acha que ele pode estar te vigiando?
— Não sei, eu não tenho certeza. Ele sempre foi uma pessoa muito correta. Não acho que ele seria capaz de me espreitar às escondidas ou invadir minha casa.
— Invadir sua casa?
— Sim. Ontem, com a intromissão dele, não tivemos tempo de nos falar. Minha casa foi invadida na noite anterior, mas não levaram nada. Nem jóias, nem eletrônicos ou qualquer coisa de valor. A casa não foi revirada, tudo estava como deixamos. Só sabemos que invadiram porque a câmera de vigilância da entrada o flagrou. Ele entrou e saiu de mãos vazias.
— E não foi possível identificá-lo?
— Não, ele usava uma toca ninja e um casaco com capuz.
— E você acha que pode ser a mesma pessoa?
— Eu não sei. Não tenho certeza de nada. Eu só estou assustada, com medo e confusa — seus lábios se comprimiam e os olhos enchiam de lágrimas — eu temo pela minha família.
A angústia crescente foi contida com o abraço protetor de Bernardo. Karina sentiu o calor do corpo de Bernardo contra o seu, um contraste reconfortante contra a frieza da noite. O som constante do seu coração batendo ajudava a acalmar seus próprios batimentos acelerados. Ela respirou profundamente, tentando absorver toda a força e segurança que ele estava oferecendo. Bernardo, por sua vez, sentiu uma mistura de determinação e carinho. A vulnerabilidade de Karina despertava nele um desejo intenso de protegê-la a qualquer custo. O peso de sua responsabilidade o afetava profundamente, ele estava decidido a estar ao lado dela, independentemente das circunstâncias.
— Não vou permitir que nada aconteça com você, Karina.
— Obrigada, Bernardo.
Algumas pessoas lançavam olhares ao casal em frente a igreja aumentando as desconfianças como se todos estivessem prestes a acusá-los e apedrejá-los. A sensação de estarem sendo seguidos não os deixava em paz.
— Vamos pra outro local? Não me sinto segura aqui — sugeriu Karina.
— Podemos ir pra minha casa. Lá ninguém irá nos perturbar — disse Bernardo impulsionado pelo desejo de tê-la mais perto dele e a necessidade de protegê-la — Eu trouxe um capacete extra. Se estivermos sendo seguidos será mais fácil despistar.
Eles saíram rapidamente da Praça Tiradentes, a moto cortando o ar frio da noite. As ruas de Curitiba passavam em um borrão de luzes e sombras, a velocidade proporcionando uma sensação de liberdade e de fuga dos temores recentes. Enquanto percorriam as ruas, Karina sentiu a tensão se dissipar lentamente. O vento frio em seu rosto, o ronco constante do motor e a sensação de segurança proporcionada por Bernardo ajudaram a acalmar seus nervos. Ela se apertou um pouco mais contra ele, encontrando conforto na proximidade.
Após alguns minutos de viagem, eles chegam à casa de Bernardo, situada em um bairro tranquilo de Curitiba. Após descerem da moto, o rapaz abriu o portão de ferro e empurrou a moto para dentro, recostando-a no jardim da frente. Era uma área compartilhada entre os moradores do modesto sobrado de três andares, com uma fachada simples em tons de bege e marrom.
— Bem vinda à minha humilde residência.
Bernardo abriu a porta e entrou primeiro, acendendo as luzes e torcendo que Karina não ligasse para a simplicidade do lugar, sendo esposa de um juiz acostumada com o conforto de uma casa ampla e bem decorada.
Karina, por sua vez, observava tudo com encanto, e apreciando o acolhimento, sentiu-se à vontade para se sentar no único sofá que havia no meio da sala, dividindo o pequeno espaço com uma mesa de centro e um painel onde ficava pendurada a televisão, mas todo o aconchego do pequeno apartamento não afastava os fantasmas que perturbavam sua mente.
— Eu não esperava ninguém, então… não tenho nada pra oferecer — disse Bernardo torcendo as mãos — mas posso preparar um café se quiser.
— Eu iria adorar.
O rapaz correu para a cozinha e colocou a chaleira com água sobre a chama do pequeno fogão de quatro bocas.
— Açúcar no café? — perguntou desde a cozinha. Com um apartamento pequeno era possível uma conversa natural sem estarem no mesmo ambiente.
— Pouco, por favor.
Karinha aproximou-se do painel, onde havia uma foto em um porta-retrato de um casal com uma criança entre eles. O homem de rosto angular e sobrancelhas grossas parecia o próprio Bernardo com 20 anos a mais, enquanto a mulher que apesar do sorriso apresentava olhos fundos e sem brilho. A expressão daquela família imortalizada pela câmera de algum fotógrafo levantou questionamentos em sua mente sobre o passado de Bernardo.
— Gostou? — perguntou o rapaz recostando-se no portal que separa a sala da cozinha.
— É sua família?
— É sim — disse após um suspiro profundo.
— Onde eles estão agora?
Bernardo sentou-se pesadamente no sofá ao lado de Karina como se todo seu passado estivesse nas suas costas.
— Não é uma história bonita. Meu pai foi para a cadeia e minha mãe cometeu suicídio logo depois. Fui criado pelos meus avós desde a adolescência.
— Eu sinto muito — disse Karina, encarando o rapaz com olhar sereno — Fico feliz que apesar de tudo você se tornou um homem fascinante.
Uma demorada troca de olhares fazia seus corações acelerarem. A sala estava silenciosa, exceto pelo som distante do trânsito e alguns murmúrios de vozes dos vizinhos. O ambiente acolhedor contrastava com a turbulência interna de Karina. A proximidade de Bernardo, tanto física quanto emocional, intensificava cada uma de suas emoções. Seus olhos, grandes e expressivos, refletiam a batalha interna que estava travando. Ela sentia o peso da culpa, o medo da traição e a confusão do desejo.
Bernardo, percebendo a batalha interna de Karina, se inclinou ligeiramente, seus olhos buscando os dela com uma intensidade que a fez tremer. Ele levou uma mão delicadamente ao rosto dela e seu polegar acariciando sua bochecha enquanto a envolvia em um abraço por trás de seus ombros. Ele entendia a gravidade da situação. Sabia que estava se envolvendo com uma mulher casada, mãe de uma criança pequena, e que a relação deles poderia destruir tudo o que ela tinha construído. Mas, ao mesmo tempo, ele via nos olhos de Karina a mesma chama que queimava dentro dele. Uma chama que não podia ser apagada.
— Sinto que estou traindo tudo em que acredito — sussurrou ela sentindo os espasmos de seu corpo à medida que seus rostos ficavam mais próximos.
— Quero que saiba… — sussurrou em resposta —... que nunca faria nada para te prejudicar — ele fez uma pausa e deslizou seu dedo indicador pelos cabelos de Karina até atrás de sua orelha — O que você desperta em mim, nunca senti por ninguém.
— Cada vez que estamos juntos, sinto que me perco em você. E ao mesmo tempo, isso me assusta.
— Não vamos decidir nada agora, só vamos viver o momento.
Karina sentiu uma mistura de alívio e desejo. Ela se inclinou para frente, segurando o rosto de Bernardo enquanto seus lábios encontraram os dele em um beijo suave e profundo. O calor da paixão incendiava seus corpos enquanto a intensidade do beijo aumentava, suas respirações se tornaram mais pesadas. Karina sentiu o calor do corpo de Bernardo contra o seu, uma sensação de segurança e excitação ao mesmo tempo.
Eles se dirigiram para o quarto, onde a intimidade entre eles se aprofundou ainda mais. Cada toque, cada beijo, é carregado de emoções reprimidas e desejo. A entrega era completa, e por um momento, todos os dilemas e medos desapareceram, deixando apenas a paixão e o amor que sentiam um pelo outro.
Após deitar-se na cama, Karina pôs as mãos sobre a camisa de Bernardo, que se inclinou para tirar a peça pela cabeça e a jogou para longe. Montado sobre ela, o rapaz arrastou seus lábios pelo seu pescoço e acariciou seus seios sobre a blusa antes de tirá-la. O fecho frontal do meu sutiã foi aberto e a peça foi embora em um piscar de olhos. Com os dedos, Bernardo traçou padrões pelo seu seio nu. Karina fechou os olhos e permitiu que ele a tocasse como nunca havia sido tocada antes, quase com reverência. Com os polegares, ele circundou os mamilos, beijando cada um deles e rodeando com a língua suas aréolas, enquanto Karina passava as unhas para cima e para baixo em suas costas longas, enrolando os dedos em seus cabelos. Bernardo tirou a calça e a calcinha ao mesmo tempo com facilidade e se posicionou entre suas pernas levantando uma delas e a beijando da panturrilha até a parte interna da coxa, bem próxima à sua boceta úmida. Ela se contorcia e mordiscava os lábios implorando por ele.
Lá dentro, a língua de Bernardo tocou deliciosamente a cada milímetro que pôde alcançar. Com polegar girou em seu clitóris enquanto ela batia as mãos na cama e agarrava os lençóis. Foi quando o orgasmo começou a se formar na base de sua coluna, se espalhando pelo corpo como uma trepadeira subindo a cerca, a envolvendo de maneira poderosa. Sem suportar mais, Karina gritou em êxtase se contorcendo enquanto ele a segurava.
Antes que ela pudesse se recuperar, Bernardo, após livrar-se de sua calça e cueca, a segurou pelos pulsos e penetrou todo seu comprimento dentro dela, que o abraçou com as pernas enquanto ele entrava e saía. Ela sentiu-se preenchida por seu membro grosso forçando a entrada de seu útero. O brilho de seu suor realçavam as curvas de seus seios fartos que acompanhavam saltitantes os movimentos de seu corpo. E nesse momento ele os levava para a beira do precipício de sensações, os lançando em um turbilhão de desejos e luxúria.
Finalmente, em um abraço apertado Bernardo sentiu eclodindo de seu pau uma torrente poderosa que preenchia a vagina de sua amada enquanto ambos gritavam em um ápice arrebatador. Ele a segurou ainda mais firme, pressionando os quadris em cima dela, até que os últimos tremores de prazer desaparecessem.
*****
A última semana letiva se findava e as últimas provas finalmente haviam sido aplicadas. Após isso, um bom e merecido recesso era esperado tanto por docentes quanto pelos universitários. Karina terminou de corrigir as provas e lançou as últimas notas no portal acadêmico. Uma sensação de alívio e ansiedade para deixar a faculdade e se encontrar com Bernardo no barzinho, que àquela hora devia estar lotado de alunos e professores.
Ao abrir seu armário na sala dos professores, um envelope pardo caiu em seus pés. Ela o pegou e o analisou. Sem remetente ou destinatário, selado com cola seca há não menos que algumas horas. Usando um extrator de grampo que estava por alí, conseguiu abrir o envelope sem danificar seu conteúdo.
O pânico apertou seu peito como um punho de ferro, sua mente girando em busca de uma explicação que não vinha. O ar parecia rarefeito, como se cada respiração exigisse um esforço consciente para ser puxada para dentro. Um nó em seu estômago se formava e sentiu seu corpo se arrepiando, Com uma das mãos, Karina se apoiou na cadeira à sua frente enquanto com a outra, trêmula e sem forças, seguravam a foto: ela e Bernardo estavam presos em um momento íntimo no barzinho, os lábios se tocando, capturados em um beijo de semanas atrás.