VI
Eu despertei no escuro entre grunhidos e sussurros a cama ao lado rangia como uma carroça de boi.
Virei a cabeça para a direção dos barulhos, e vi os vultos, as curvas de mulher e o que eu imaginava ser Betão deitado na cama.
"Não é possível" pensei comigo "dormi com a cabeça cheia de putaria e estou vendo coisas" mas os grunhidos e os beijos prolongando-se em carícias mútuas não deixavam dúvidas!
A mulher estava sentada em cima do meu colega de quarto. A luz externa entrava pela janela na parede acima das cabeceiras das nossas camas, bruxuleante e azulada revelava a parte esquerda do torso da mulher.
- Xiii - ela sussurrou - seu amigo pode acordar.
Betão serpenteava com as mãos por sobre o dorso da mulher e as preenchia com os peitos dela, enquanto a ajudava a montá-lo.
A mulher apoiava-se no peitoral de Betão, cavalgando, descendo e subindo, ignorava as macetadas da cabeceira contra a parede.
Os parafusos da cama chiavam debaixo das fricções de ambos.
"Fabrício está certíssimo isso é o inferno", eu pensei cruzando as pernas, com a bexiga cheia, doido para mijar.
Eles não terminavam nunca e eu pensava se seria correto levantar e interromper a foda.
- Ai vou gozar... - ela anunciou.
"Nunca imaginei que ficaria feliz ouvindo uma mulher dizer que vai gozar tão perto de mim", pensei enquanto retorcia os joelhos um no outro novamente.
- Goza safada,- disse o Betão - goza gostoso no meu caralho... putinha...
Os barulhos de "pa-pa-pa-pa" como palmadas ritmadas se seguiram as arfadas.
- Me fode gostoso... ai...ai... continua...
Betão a virou de barriga para cima na cama e avançou sobre a mulher como um cavalo. A cama pareceu romper as vigas pelo barulho que fez como se estivesse quebrado.
Betão fodia a mulher segurando as pernas dela pela parte de baixo do joelho, imaginava eu, era difícil afirmar. Ele apoiava uma perna no chão e o joelho na cama.
O corpo malhado de Betão era visível mesmo no escuro e com apenas a faixa de luz da lua sobre parte do braço e do peitoral. Ele arfava enquanto movia o tronco contra o corpo da mulher.
Era a primeira vez que eu via uma cena de sexo ao vivo! No motel que conheci por morar perto a gente não ouvia nada. Mas sexo em que eu não estivesse, era o primeiro!
Quando eu estava quase mijando nas calças, os dois gemeram mais um pouco e pararam, depois cochicharam, se ergueram e saíram.
- Finalmente, - eu disse e levantei de uma vez.
"O que é isso?", eu tinha pisado em algo melado, como plástico, quando coloquei a mão "porra!", era o cheiro inesquecível de sêmen, cheiro de macho, cheiro da pica de Betão "filho da mãe!".
Eu estava com a sola do pé podre de gala tive que sair como um saci pulando de um pé com o outro sujo de gala.
Apenas a luz do banheiro em frente a nosso quarto estava acessa e por conseguinte iluminando a curvatura das costas e da bunda nua de Betão no banheiro. Ele olhou por cima do ombro para mim.
O safado usava a mão direita para segurar o pau na pia e apoiava a outra na cintura. O joelho da mulher aparecia perto da perna de Betão. Ela estava sentada no sanitário ao lado. Eu corri para o outro banheiro.
Foi só o tempo de abaixar o short com cueca e tudo "que porra literalmente!", ainda consegui dar umas risadas contendo o riso para não acordar mais ninguém, enquanto enfiava o pé sujo debaixo do chuveiro.
Eu voltei para o quarto na ponta dos pés, a luz do banheiro em frente estava apagada e do quarto também, eu conseguia vê-los deitados juntos na cama de solteiro. Betão deitado de lado com as costas para minha cama.
Eu puxei o edredom em cima de mim e retirei o short por baixo jogando ao pé da cama, senti um soco no meu ombro.
- Ei cara, - disse Betão - foi mal aí, não queríamos te acordar.
- É, - disse a menina - desculpa.
Eu abaixei um pouco o edredom e murmurei um "tudo bem". O meu sono foi agitado e cheio de sonhos com espadas!
Seria constrangedor acordar com os dois na minha frente e por sorte, eles já haviam ido embora quando levantei. Nem os vi saindo. A casa estava com um barulho de som e algazarra.
- Meu camarada é um time da série B! - dizia Duval.
Eu passei para o banheiro e ouvi Duval dizendo isso para alguém. Havia duas camisinhas na lixeira ao lado do vaso. Escovei os dentes, e voltei para o quarto "com essas duas são três, é um cavalo".
A cama dos pombinhos ainda estava desarrumada e nem sinal deles.
- Yuri meu camarada.
Duval entrou no quarto de supetão. Eu estava passando a toalha no rego.
- Mas que bonitinho não mudou nada.
Fui obrigado a ouvir de Duval que segurando nos joelhos se abaixou na altura do meu cu.
- Vai se foder! - eu disse.
- Tá mau humorado com o quê donzelo?
- Carai! Teu amigo e a nega dele treparam aqui do meu lado ontem.
Duval sacodiu os ombros e passando as mãos uma na outra uma mania que ele tinha para demonstrar satisfação, disse:
- Não me agradeça ainda, tem muito mais, isso aqui é uma escola, é a vida real meu jovem - ele segurou meu ombro.
Afastei com um tapinha fraco. Eu estava pelado mas não sentia nem um pingo de vergonha porque tínhamos intimidade.
- Agradecer? - respirei fundo. - Eu agradeço. Mas ter que presenciar isso é constrangedor. E esse Betão deve ser um idiota maior do que eu imaginava.
- Qual é Yuri! Cresce caralho! A nega é namorada dele há uns tempos já.
- Achei um desrespeito com ela o que ele fez.
- Ele fez, eles treparam, os dois, ele não fez nada sozinho e isso não é nada demais - Duval argumentou - daqui a pouco você vai ver.
- Acho que já estou vendo.
Duval estapeou meu bumbum depois de eu ter colocado a cueca e sorrindo como se tivesse acabado de lembrar de alguma coisa anunciou:
- Vai ter um churrasco aqui perto, topa?
"Aqui perto?" ergui minhas sobrancelhas porque duvidava muito que fosse perto mesmo. Mas estava doido para espairecer, então aceitei. Antes de sair do quarto pisei em cima da cueca do Betão "aquele idiota!".
