Minha esposa riu meio encabulada, mas não discordou. Eu fiquei em silêncio pensando e o Alvarenga, notando a minha condição, pediu para a esposa se controlar. Ela acabou se recostando e ficando em silêncio também, mas o dela era diferente do meu: no meu caso, estava introspectivo por pensar em todos os seus argumentos que, confesso, tinham a sua razão de ser; no dela, era pura invocação comigo mesmo, chateação até, tanto que ela pouco depois puxou o Alvarenga e foram dançar numa pista improvisada, onde outros casais já se arriscavam. E a noite estava só começando...
[CONTINUANDO]
A Andressa ficava bebericando em silêncio, olhando para as pessoas e para o ambiente festivo. Às vezes, me olhava de soslaio, curiosa, mas certamente preocupada com alguma reação negativa da minha parte, já que me conhecia tão bem e sabia que aquele assunto não me agradava tanto. Depois de terminar a minha bebida, olhei para ela e disse:
- Quer dançar?
Surpresa pelo convite, ela me olhava com aqueles lindos olhos negros, mas acenou positivamente já com um belo sorriso nos lábios. Tocava uma seleção de músicas românticas que calharia bem para acalmar os nossos ânimos. Entramos na pista e eu a abracei, colando o seu corpo no meu, enquanto ela envolvia os seus braços no meu pescoço e repousava a sua cabeça no meu ombro, olhando para fora, para longe da gente. De repente, uma música dos Bee Gees, “How Deep is you love”, começou a tocar e eu me perdi em um momento ouvindo sua doce melodia:
/
I know your eyes in the morning Sun (Conheço seus olhos no Sol da manhã)
I feel you touch me in the pouring rain (Sinto você me tocar na tempestade)
And the moment that you wander far from me (E no momento que você vagueia pra longe de mim)
I wanna feel you in my arms again (Eu quero sentir você em meus braços novamente)
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And you come to me on a summer breeze (E você vem a mim numa brisa de verão)
Keep me warm in your love, then you softly leave (Me mantém aquecido com o seu amor, depois suavemente parte)
And it's me you need to show (E é para mim que você precisa mostrar)
How deep is your love (Quão profundo é seu amor)
/
How deep is your love, how deep is your love? (Quão profundo é seu amor, quão profundo é seu amor?)
I really mean to learn (Eu realmente quero saber)
'Cause we're living in a world of fools (Porque nós vivemos num mundo de insensatos)
Breaking us down (Nos rebaixando)
When they all should let us be (Quando deveriam nos deixar ser)
We belong to you and me (Nós pertencemos um ao outro)
/
Aquela letra, aquelas palavras, pareciam estar sendo cantadas especialmente para mim, até o momento em que a minha vida estava convergia nelas. Os argumentos da Adriana pareciam fazer mais sentido ainda. Será que eu era o louco insensato, o ciumento sem razão? Teria eu medo de que o amor que ela dizia sentir por mim não fosse suficiente? Ou será que eu próprio não a amava tanto, não o suficiente? Com a voz levemente embargada pela emoção que o medo da possibilidade de perder a Andressa me causava, sussurrei em seu ouvido:
- Eu te amo, ouviu? Eu não quero que você viva infeliz ao meu lado, mas é que eu… acho só que… tenho medo… de perder você.
Ela me encarou com olhos arregalados pela surpresa daquela confissão e me beijou a boca com uma urgência, com uma necessidade de transmitir algo que palavras não seriam capazes. A sua entrega naquele momento foi tamanha que palavras não seriam necessárias, pois eu parecia sentir a sua energia passar para o meu corpo através dos nossos lábios. Quando nossos lábios se separaram ela me encarou com os olhos levemente marejados pela emoção e com um sorriso tímido nos lábios, disse:
- Esquece aquela doida, amor! Ela só bebeu demais. Nossa vida é maravilhosa e não precisa mudar um tiquinho sequer.
- Você sabe que isso não é totalmente verdade, né, baixinha!? Não adianta a gente esconder de nós mesmos o que sentimos.
- Esconder… o que, exatamente?
- Vou responder com uma pergunta e preciso que você me responda sincera e definitivamente, ok? Desculpa se isso te ofende, mas Dre... – Suspirei fundo e continuei: - Você tem vontade de ficar com outro cara? Sei lá... Você quer... Você sente necessidade de algo que eu não estou conseguindo suprir?
Ela desviou o olhar de mim, encabulada e disse um simples “Nossa!”, repousando a sua cabeça no meu peito sem coragem de me encarar. Eu insisti:
- Por favor, Andressa, eu só quero saber o que se passa na sua cabeça. Prometo que não vou discutir, brigar, achar ruim, nada, mas, por favor, se abre comigo.
Ela respirou profundamente, tentando se controlar e certamente procurando a melhor forma de me contar, confessar o que se passava dentro de si mesma. Foram segundos que pareceram horas e a angústia que eu vinha sentindo aumentava exponencialmente nesse ínterim. Após um tempo que eu não sei quantificar porque havia me perdido em minhas próprias dúvidas e incertezas, ela me encarou e sorriu novamente antes de falar:
- Olha... Você é um homem maravilhoso, é tudo o que eu sempre sonhei ter e muito mais. Você me faz completamente feliz e falo isso do fundo do meu coração. – Falava com uma mão acariciando a minha face, sem desviar o seu olhar do meu: - Mas eu não posso negar que depois que a Adriana começou a me falar das suas aventuras, eu tenha sentido uma coisa estranha, algo do tipo... não sei bem se é essa a expressão, mas é como uma inveja branca, sabe? E eu comecei a nos imaginar nessas situações, eu e você, sempre nós, juntos, como sempre deve ser. Então... Ah, Túlio, eu não sei! É tudo muito confuso. Minha única certeza é que não quero fazer nada que possa nos prejudicar como casal, como uma família.
- Que bom ouvir isso de você. – Falei, com um sorriso imenso no rosto.
- Qual parte? Falei tanta coisa.
- Tudo! Principalmente a parte que você não quer nos prejudicar como casal e família. Isso é tudo o que eu espero de você, porque penso exatamente assim.
Ela sorriu feliz pela minha resposta, mas eu tinha mais a falar:
- Também fico feliz de você sempre me incluir nas suas fantasias, mesmo nessas que ainda acho não fazem muito o meu perfil.
Aquele lindo sorriso meio encabulado, tímido, brotou novamente de seus lábios e nos beijamos em seguida. Assim que nossos lábios se separaram, ela recostou sua cabeça em meu ombro, agora com o rosto virado para mim e decidi ousar um pouco:
- Como assim nos imaginar nessas situações? Quando a gente transa, você fica pensando nisso, até na nossa cama?
Ela deu uma risadinha sapeca e não fugiu de responder:
- Ué, também! Na cama, no sofá, na mesa da cozinha, porque são os lugares onde normalmente a gente faz amor.
- No carro…
- É… também. - Ela concordou.
- Então, eu não estou mesmo sendo suficiente para te satisfazer. Por isso, você precisa pensar em outros...
- Ah não, amor, para! Não faça isso com você. - Ela me acariciou o rosto, olhando preocupada: - Já falei, você é tudo o que eu sempre sonhei, mas… sei lá… acho que ela tem uma certa razão em dizer que mesmo amando demais o nosso parceiro, nós podemos nos sentir atraídos por outras pessoas. A questão é vale a pena transformar a fantasia em realidade? Essa é a grande pergunta.
Houve um breve silêncio e ela insistiu:
- Vai me dizer que você nunca se imaginou comendo o bundão da Carla Perez ou da Sheila Carvalho na época em que o “É o Tchan” fazia sucesso? Eu du-vi-do, mocinho! - Disse e riu.
Sorri de imediato e não neguei, afinal, isso realmente já havia acontecido, quem nunca, não é? Mas expliquei:
- Mas elas são mulheres inalcançáveis, tudo começa e acaba na imaginação…
- Concordo! Então, seguindo esse raciocínio, não haveria problema algum se eu, por exemplo, me imaginasse transando com o Cauã Reymond, correto?
Concordei com um movimento de cabeça e ela continuou:
- Que bom! Porque eu vi ele fazendo um comercial hoje e me deu um comichão na xereca… - Caiu numa gostosa risada, levando-me no embalo e complementou: - Com o Valentim foi a mesma coisa. Só me imaginei com ele num momento de intimidade com você, mas no fundo eu sabia que era sempre você ali comigo. Não fica chateado com isso, né?
Neguei com um movimento de cabeça e continuamos dançando em silêncio por um instante, mas surgiu uma dúvida:
- Certo! Na imaginação podemos tudo... Mas sabemos que quando a Adriana fala, ela não diz apenas no hipotético, no campo da fantasia, afinal, ela já partiu para o real.
- É, mas isso é ela... eles, né! Não é porque eles vivem assim e gostam que nós precisamos fazer o mesmo, não é? Eles são eles, nós somos nós. Se na fantasia está bom para a gente, então pronto!
Gostei da resposta dela e dei por encerrada a questão com um beijo intenso, feliz de ter encontrado na minha esposa a pessoa que eu tanto esperava.
A noite seguiu e num momento qualquer, Adriana e o Alvarenga vieram pedir para trocarmos de parceiros. Estranhei aquilo porque nunca havia acontecido antes, mas como éramos amigos e a Andressa não se opôs, não vi problema algum. Assim que abracei respeitosamente a Adriana e o Alvarenga já se afastou, rodopiando com a minha esposa, ela começou:
- Eu queria te pedir desculpas. Acho que exagerei.
- Está tudo bem. Você só falou o que pensa com base no que vive com o Alvarenga. Não se preocupe.
- Eu sei, mas ainda assim posso ter dado a entender que você... – Ela fez um biquinho, típico de pessoa quando está chateada: - Não seja suficiente para a Dre, e não é isso, Túlio, não mesmo!
Eu a olhei nos olhos e ela parecia estar sendo sincera. Ela continuou:
- Caras, ela te ama demais, muito mesmo e não tem dúvida alguma quanto a isso. Eu só acho que… Poxa! Ela é tão jovem, bonita, por que não deixá-la aproveitar um pouco mais a vida?
- Porque a pandemia nos prendeu em casa, Adriana… - Falei e dei uma risada.
- Sem essa, né!? Você me entendeu. - Ela se aproximou um pouco mais do meu ouvido e disse: - Vou te contar uma coisa, mas você tem que me prometer que nunca irá revelar isso para ela. Foi algo que ela me falou em confiança, mas acho que seria interessante você saber. Posso confiar na sua discrição?
“Pronto! O que será que a Andressa aprontou?”, pensei, engolindo a seco e jurei guardar o segredo. Ela voltou a falar:
- Ela me disse, no dia seguinte àquele em que nos encontramos com os meninos no shopping, que se você confiasse de verdade nos sentimentos dela a ponto de deixá-la ter uma certa liberdade, ela teria ido naquele mesmo dia com o Valentim para um motel.
- Ela te falou isso!?
- Falou, mas me fez prometer que eu nunca iria te contar, porque ela te ama demais e deixou claro que nunca faria nada que criasse uma problema entre vocês. - Então me encarou seriamente e pediu: - E você me prometeu, hein? Pelo amor de Deus, não conta para ela que eu te falei que você acaba com a nossa amizade e eu nunca mais olho na tua cara!
Dançamos um pouco em silêncio e após algum tempo, perguntei:
- Por que você me contou essa história da Andressa?
- Para você saber que, embora ela te ame sem dúvida alguma dos seus sentimentos, ela tem desejos que podem não incluir você diretamente, mas que certamente não irão prejudicar em nada o seu casamento. Acho até que pode apimentá-lo muito mais…
- Tá... Vamos dizer que eu concorde que ela tenha uma experiência dessas… Naturalmente, eu também vou poder, não vou?
- Não tenho essa resposta. Os limites e o formato de cada relacionamento, é o casal que define. Se ela concordar com isso, sim; se ela não concordar, então não.
- E por que eu concordaria em dar essa liberdade para ela se aventurar, se ela não vai me dar o mesmo?
- Como eu disse, os limites e o formato, é decisão do próprio casal. Quer um exemplo? Euzinha e o meu Vavá! Eu posso brincar com outros, mas ele só pode brincar comigo e é simplesmente ma-ra-vi-lho-so assim! Eu sei que ele poderia se divertir com outras, mas eu sou muito insegura e ele sacou isso porque nem toca no assunto, e além disso, eu simplesmente faço de tudo... tudo, tudo, tudo, tudinho mesmo para satisfazê-lo. O que ele me pedir, eu faço! Pode até demorar um pouquinho, mas eu faço.
- Não acho que isso seja muito justo... Se ela tiver o direito, eu também quero!
- E eu espero que ela concorde com isso, porque euzinha mesma seria forte candidata a te iniciar nesse mundinho maravilhoso das brincadeiras adultas.
Após essa insinuação, preferi não dar sequência a essa conversa e o meu silêncio serviu para encerrar aquele assunto. O Alvarenga e a Andressa logo retornaram rindo de alguma coisa e voltamos para a nossa mesa. Ali ela me contou do que riram, mas é uma besteira que não vem ao caso. Pouco depois, nos despedimos de todos e partimos para a nossa casa. Após um banho, deitados em nossa cama e sem sinal algum de que iríamos transar, pois ela parecia já estar se ajeitando para dormir, eu falei:
- Eu queria fazer uma coisa diferente…
Ela me olhou curiosa e perguntou:
- Você!? Noooossa! – Deu uma risada divertida e perguntou: - Diferente como, amor?
- Éééé... Então! Pensei em a gente ir num... clube de swing.
- Como é que é!? Clube de swing! Mas que novidade é essa, senhor Túlio? Logo você, todo ciumento porque eu fantasiei outro, querendo me levar para uma suruba? Só pode ter bebido demais… Dorme aí, amor, amanhã, a gente conversa.
Ela deu uma bela gargalhada, confirmando que não me levou a sério mesmo, pois logo se ajeitou sobre o meu peito e rapidamente dormiu, mas não sem antes dar umas duas ou três risadas. Eu não estava bêbado, pelo menos não o suficiente para não entender o significado do meu próprio convite. Adormeci um tempo depois, ainda em dúvida se havia tomado a melhor decisão.
No dia seguinte, na mesa do café, ela começou a rir sozinha e quando lhe perguntei “qual era a graça?”, ela me perguntou, sorrindo e com os olhos levemente marejados de tanto rir:
- Ok, ok… Vamos hoje mesmo?
- Ao clube de swing? - Perguntei, encarando-a sem um sorriso no rosto.
O seu sorriso murchou na hora. Talvez ela imaginasse que eu estava tão bêbado que não lembraria do que havia falado, mas quando lhe perguntei seriamente, ela entendeu que o convite era para valer e se calou. Eu continuei:
- Olha, se formos hoje talvez não aproveitemos muito. Então, pensei na próxima semana. Assim teríamos mais tempo para escolher onde e saber um pouco como funciona todo o “esquema”.
Ela agora me olhava desconfiada, surpresa no mínimo, e não concordou ou recusou o convite, mas quis entender de onde surgiu aquela ideia. Então, expliquei:
- Já faz algum tempo, li um artigo na internet, mas nunca me imaginei num ambiente desses. Depois que descobrimos que os nossos amigos são liberais e depois das nossas conversas, acabei ficando curioso.
A Andressa me olhava com as bochechas levemente coradas, meio escondida atrás de baita copo de iogurte natural, mas com os olhos e ouvidos bem atentos. Eu continuei:
- Pelo que eu entendi, a maioria dos clubes tem uma parte mais social, com pista de dança, mesas e bar, como uma discoteca normal, e outra parte mais intimista, onde a “coisa” acontece... - Falei fazendo aspas com os dedos, mas não aguentei e, rindo da cara dela, falei: - Entendeu, né? Onde a putaria corre solta...
Ela tomou um baita gole de seu iogurte natural, com as sobrancelhas levantadas em sinal de surpresa. Depois fez um biquinho e disse:
- E você quer ir num lugar desses para que?
- Conhecer! Ver o lugar, o ambiente, as pessoas interagindo, talvez interagir… Sei lá! Quero me situar melhor nesse negócio de meio liberal sem depender só da opinião dos nossos amigos, entende? Acho que é isso…
- Você está achando que eu vou chegar num lugar desses e sair transando com qualquer um? - Ela me perguntou meio invocada.
- Claro que não, aliás, nem quero! Nem pensei nisso... Só quero ir para conhecer e me divertir com você.
- A maluca da Adriana tem alguma coisa a ver com essa sua ideia, Túlio?
- Não! Aliás, eu quero ir com você, só nós dois. Não quero levar ninguém a tiracolo, principalmente aqueles dois safados. Ali a opinião já está formada... Por eles, você já tinha rodado na mão do Valentim há tempos.
Ela seguiu me olhando desconfiada, mas nada respondeu e o assunto morreu ali após uma promessa de que ela iria pensar no assunto. Por ser sábado, eu não trabalharia, nem ela, que trocou apenas algumas mensagens com alguém no ZAP. No início da noite, ela veio se sentar ao meu lado, na sala de estar e disse:
- Eu topo, mas tem que ser hoje!
- Hoje!? Por que hoje? E o Juninho?
- Para eu não ter tempo de me arrepender e desistir, claro. Mas, olha, não vamos fazer nada, ok? Só vamos beber, dançar, no máximo brincar entre a gente e se for num quarto isolado e bem limpinho, tá bom? - Falou e sorriu vermelha de vergonha: - E o Juninho vai sair daqui a pouco para o aniversário do Felipe do Ítalo, e já avisou que irá dormir por lá.
- Bom, então… tá!
- Tá nada! Para onde? Você já sabe onde ir?
- Sei. Já pesquisei na internet e quero conhecer uma tal de “Inner”.
- Tá bom. E o que eu devo vestir?
Peguei meu celular e acessei o site da casa, indo para o link que indicava o que vestir. Ela leu e seguiu navegando no site, vendo as fotos do lugar e pareceu ter gostado do que viu. No final, me devolveu o celular e avisou que iria tomar um banho e se arrumar para “swingar”:
- Você não tinha falado só entre a gente? - Perguntei, sorrindo.
- É, né? Mas quem sabe… - Sorriu maliciosamente e piscou um olho, gargalhando enquanto saía para a área reservada.
Algum tempo depois, fui levar o meu filho na casa do colega onde seria a tal festa de aniversário e ele foi me avisando durante todo o trajeto que já havia combinado de dormir por lá. Estranhei o interesse e a insistência com que ele falava, e o pressionei. Resultado: menina na parada! Assim que ele desceu do carro, falei através da janela:
- Juízo, hein, moleque! Amanhã teremos uma conversinha de homem para homem, certo?
- Conversa!? Que conversa?
- Gravidez, camisinha, consentimento inequívoco… coisinhas que você precisa dominar agora que está se tornando um “hominho”.
- “Qualé”, pai!? Já domino essas parada aí, maluco!
- Fala comigo de novo como se fosse um mulambento para ver eu ficar maluco de verdade, fala...
- Desculpa, pai. Só tô brincando, véio.
- Eu sei, seu bobo. Vai lá e se divirta, mas com responsabilidade. Amanhã, depois que eu acordar, venho te buscar.
Ele entrou e eu zarpei para a minha casa. Chegando, fui direto para a minha suíte, mas antes de eu entrar e para a minha surpresa, a Andressa conversava animadamente com alguém ao telefone, no viva-voz, e logo reconheci a outra pessoa: Adriana. Temi que ela tivesse contado do nosso programinha, mas não parecia ser o caso:
- Não dá, amiga, desculpa. Hoje vou fazer um programinha de casal com o meu marido.
- Sacanagem, hein, Dre! Pensei que ia rolar uma noite da pizza aqui em casa, só nós quatro. Vem para cá, vai!
- Mas vai rolar ainda: entre você e o seu maridão! Já a minha será beeeeem diferente. - Disse e riu.
- Ah é!? Como assim? Conta aí. Agora fiquei curiosa.
- Agora não. Aliás, eu tenho que me arrumar, Dri. A gente se fala amanhã, pode ser?
- Ah... Sério!? Vai me deixar no vácuo? E a minha ansiedade, como fica?
- Fica aí com você. Preciso mesmo ir, amiga. A gente se fala.
- Tá bom, chata.
Desligaram. Entrei no quarto como se tivesse acabado de chegar e ela me narrou o conteúdo do telefonema com a amiga sem omitir nada e isso só reforçava a confiança que eu já tinha nela. Enquanto eu me despia para um merecido banho, notei que ela havia depilado uma certa área de interesse com o pente zero, gilete mesmo. Ambos estávamos nus e naturalmente fui me esfregar o meu pau meia bomba naquele corpo cheiroso, macio e excitado de mulher. Ela me deu um selinho, mas me empurrou gentilmente, toda encabulada:
- Nãããão mesmo, mocinho! Eu acabei de passar creme. Não vai esfregar esse pau mijado em mim, não.
- Toma um banho comigo!
- Nã-na-ni-na-NÃO! - Disse e mostrou o rosto já maquiado, dando uma gargalhada antes de prosseguir: - Vou arrumar os cabelos ainda. Além do mais, eu quero arrasar os coraçõeszinhos solitários de lá.
Ri da sua cara sapeca e entrei no chuveiro. Depois aparei a barba e saí para me vestir. A Andressa estava terminando de se arrumar e estava simplesmente divina. Usava uma meia calça preta com um vestido preto bem justo ao seu corpo e meio curto, pouco acima dos seus joelhos. O que impressionava nesse traje era o decote dianteiro, que quase lhe alcançava o umbigo. Eu me lembrava bem de quando ela comprou aquele modelo num shopping, mas, ao chegar em casa e vesti-lo novamente, ela própria acabou ficando escandalizada e nunca o usou. Hoje seria o seu “debut”.
Vesti uma calça social, com um corte mais justo e uma camisa polo, além de sapatos esportivos. Por fim, coloquei um relógio, um perfume que gosto bastante e estava pronto para a noitada. Ela terminava de colocar os brincos e agora se borrifava com um perfume que eu simplesmente adorava. Terminada, como toda mulher, ela parou à minha frente e me encarou. Eu peguei em sua mão e a rodopiei, orgulhoso do monumento que era a minha mulher:
- Estou quase desistindo…
- Depois de todo o trabalho que eu tive para me arrumar!? Nem a pau, Juvenal! - Gargalhou e me deu uma olhada de cima abaixo: - Olha… Você tá um gatinho também, sabia? Acho que caprichou demais até! Tá pensando em se enroscar com alguma piriguete, é isso?
- Sabe que é… - Falei e ela fez um biquinho invocado, mas a abracei em seguida, dando uma cheirada em seu pescoço e falei: - Ela está na minha frente, agorinha mesmo.
- U-Uiiii… Para, bobo! Se eu soubesse que você iria ficar todo acesinho assim, já tinha vestido essa camisola antes…
- Camisola!?
- É quase! Tô me sentindo praticamente nua.
- Por falar em “nua”, não estou vendo a marca da sua calcinha…
- É!? Nossa! Que coisa, né? Acho que a gente tem que ir. Vamos? - Disse com um sorriso malicioso no rosto.
Saímos e em menos de 30 minutos, estávamos rodando na frente do tal clube. Como ainda não estava funcionando, decidi passear um pouco com ela num shopping próximo. Ela é que pareceu não gostar:
- Nem brinca assim, Túlio. Eu tô pelada… Não quero sair assim.
- Relaxa, amor. Vamos estar juntos. Ninguém vai mexer com você.
- Talvez, mas e se a gente encontrar com algum conhecido, sei lá…
- Não estamos fazendo nada de errado. Se isso acontecer, somos só um casal bem produzido, passeando antes de pegar um cinema.
- Produzido para um filme pornô... – Ela resmungou, rindo na sequência e ainda complementou: - Cinema quase às 21:00, Túlio!? Desculpinha fraca, hein?
Rodei pelo estacionamento, mas estava difícil achar vaga. Então, tive a ideia de deixá-la na entrada principal, enquanto eu estacionava mais longe, afinal, ela estava de salto alto. Mesmo assim, levei quase dez minutos para achar uma vaga e quando retornei, ela havia entrado e olhava curiosa a maquete de um prédio de apartamento. Isso não seria nada demais, caso eu não tivesse notado um grupinho de três homens a olhando a não mais que cinco metros dela. Quando pensei em me aproximar de vez, um deles se desgarrou do grupo e foi na sua direção. Fiquei onde estava e até me escondi atrás de uma coluna, pois queria ver como ela reagiria.
Ao primeiro contato, ela deu um passo para trás, mas o carinha devia ser bom de lábia, pois ela logo já sorria para ele, aparentemente agradecendo algo, certamente um elogio. Entretanto, quando ele tentou colocar uma mão sobre a dela, vi que ela puxou a mão para trás e fez questão de mostrar a sua aliança de casada. Como ele não pareceu se abalar, decidi me aproximar. Ela seguia atenta às tentativas de aproximação dele e não me viu chegar. Quando eu estava bem próximo, ainda escutei ele falar:
- Se o problema for esse, eu falo com o seu marido.
Foi a minha deixa:
- Falar o que, exatamente?
Ele me encarou e deu uma olhada de cima a baixo em mim. Como éramos praticamente da mesma altura e eu não desviei o olhar, ele não tentou se impor e estendeu a mão:
- Sou o Fabrício. É um prazer.
Correspondi, pegando em sua mão e ele prosseguiu:
- Eu estava aqui falando o quão linda é a sua esposa e que sonho seria conhecê-la melhor, quando ela me disse que isso seria muito difícil por ser casada. Então, eu disse que o problema fosse esse, eu pediria para o marido dela, no caso, você.
- Tá! Pediria o quê? Ainda não entendi bem…
- Ué!? Eu… é… Eu gostaria de conhecê-la melhor.
- Você, um homem solteiro…
- Divorciado! - Ele me corrigiu.
- Que seja… Você, um homem divorciado, quer conhecer melhor a Andressa, uma mulher casada? E com o marido do lado? Realmente eu não entendi…
- Não é que… bem… eu imaginei que vocês… sei lá… têm toda uma pinta de um casal mais... moderno.
- Moderno em que sentido? Liberal, é o que está dizendo?
- Isso!
- Nós!? E como você concluiu isso?
- Ué!? Pelas roupas, pela aparência, pela atitude, por ela estar sozinha até você chegar…
- Amigo, veja bem... Você está enganado, não somos, e conhecê-la melhor está fora de cogitação, ok?
Despedimo-nos e saímos a andar pelo shopping de mãos dadas. A Andressa me olhava curiosamente surpresa, mas bastante feliz:
- O quê? - Perguntei.
- Ai… Adorei me sentir protegida, sabia? Deu até um arrepio!
- Só isso?
- Como assim?
- Só protegida ou também desejada?
Acho que ela não esperava por essa invertida e acabou ficando quieta, mas não tirou um sorrisinho de legítima felicidade dos lábios por um momento sequer, sempre me olhando de soslaio. Sentamo-nos num restaurante que mantinha algumas mesinhas do lado de fora e ela aproveitou para tomar uma taça de vinho, enquanto eu, motorista da vez, fiquei apenas na água tônica. Notei que ela estava meio aérea e perguntei o que acontecia:
- A sua pergunta… - Disse e me olhou, como se me analisasse: - Acho que as duas coisas: me sentir desejada por ele foi muito bom, mas me sentir protegida e sei que desejada por você também, foi o máximo!
Eu sorri para ela que veio me dar um suave selinho, sempre sorrindo, feliz com a noite que só começava. Ficamos conversando até por volta das 22:00 e decidimos ir para onde queríamos na verdade. Fomos diretamente para lá e usei o estacionamento do local. Ambos estávamos tímidos, principalmente a Andressa que não largava a minha mão, parecendo ter medo que eu sumisse na noite. Perguntei para a recepcionista como funcionava o local e ela sacou de imediato:
- Primeira vez, não é?
- Sim!
- Então venham comigo, queridos. Será um prazer apresentar a casa para vocês.
Ela fez um tour conosco que não deve ter durado mais que entre dez a quinze minutos, mas que foi o suficiente para ver a Andressa ficar roxa algumas vezes, principalmente quando entramos na área reservada do local, onde já havia alguns casais se pegando mais ativamente:
- Túlio, olha aquilo! - Cochichou certa hora no meu ouvido, virando a minha cabeça para uma loira que, de quatro, transava com dois homens, um atrás e outro na frente.
- Que loiraça, né?
- É mesmo, né... O quê!? NÃÃÃO! Ah, para, safado! - Disse, dando-me um tapa e uma risada na sequência.
Voltamos ao salão principal e ela já foi me pedindo alguma coisa para beber, pois estava tensa. Fui até o bar e trouxe uma batidinha que sabia que ela adorava, aprovada no primeiro gole:
- Não acredito que você achou Espanhola aqui… Delícia!
Eu seguia na minha política de não ingerir álcool, mas ela seguia bebendo e observando a tudo e todos. Nesse momento, o movimento já era relativamente bom e decidimos dançar um pouco, sempre nas proximidades da nossa mesa. Ela começava a se soltar, mas só se soltou de vez após três doses da batidinha. Dançamos bastante até o primeiro show da noite ser anunciado, o strip-tease de uma modelo.
Cara, que mulher… Linda, bombada, gostosa e safada para caramba! Ela interagia com todos ao seu redor, dançando, beijando, simulando carícias e acariciando algumas mulheres de verdade! Ela inclusive tentou fazer o mesmo com a Andressa, pois estávamos de cara para a pista, mas não conseguiu tirá-la. Eu preferi não insistir. Após duas rodopiadas pela pista, ela voltou à nossa mesa e quando a Andressa já se preparava para negar novamente, ela me convidou. A Andressa me encarou invocada e eu agradeci a gentileza para não arrumar confusão:
- Credo, gente, relaxem! Vamos nos divertir. - Propôs a moça, mas nada da minha querida esposa relaxar.
Assim que ela saiu, Andressa não se aguentou:
- Viu que safada!? Eu sabia que ela queria aprontar. Eu vi ela te olhando. Me levar nada! Ela queria levar você, sempre quis! Querendo te levar para o mal caminho, isso sim…
- É, né…
- É né, o quê, Túlio? Pode parar, hein!
Comecei a rir da sua cara e logo lhe dei um beijo, solucionando a situação. Assistimos depois mais dois shows de strippers, um masculino e outro feminino, novamente negando os convites que surgiram. Dançamos mais um pouco e demos mais umas voltas na parte reservada do local que, naquela hora, já estava fervendo. Vários casais se pegando nos corredores, nas salinhas, além de numa imensa cama coletiva, onde um grupo variado, variavam as posições e os parceiros. Neste local, inclusive, paramos para assistir um pouco as performances e uma mulata chegou a puxar a Andressa para a cama, mas sem sucesso. Um homem que assistia tudo de um sofá de canto, vendo as nossas reações, se aproximou, apresentando-se como Sandoval e perguntando se não queríamos sentar com ele para assistir a performance da sua esposa com os demais. Naturalmente, a Andressa se antecipou, recusou e me convidou para irmos embora. Ele insistiu:
- São novos na casa, não é? Fiquem tranquilos. Se quiserem assistir, apenas assistir, ninguém irá incomodá-los. Uma das coisas mais importantes num bom clube de swing é o respeito que deve haver entre todos. Aqui não é não e talvez também é não. Só o sim abre portas.
Ainda assim ela agradeceu e recusou, mas me convidou para tomarmos mais um drink, apenas nós dois, naturalmente. Após isso e dançarmos uma última música, saímos dali para a nossa casa e a Andressa assim que pegamos a Avenida das Nações, soltou o seu cinto de segurança e se debruçou sobre o meu colo. Eu ainda tentei falar algo, mas ela estava fora de si:
- Por favor, eu pres-s-ci-ciso…
- Você está bêbada, Andressa!?
Ela me olhou, mas os seus olhos meio fechados responderam a minha dúvida. Nas sequência, ela desafivelou o meu cinto, abriu a minha calça e puxou o meu pau para fora que, apesar de não estar duro, também não estava mole. Com segundos em sua boca quente e úmida, endureceu, e tive que me esmerar para não bater nos outros. Para minha sorte, praticamente não havia trânsito naquela hora. Ela estava tão alucinada que ficou de quatro e colou a sua bunda no vidro do carona, deixando à mostra para quem quisesse ver o que ela tanto tentou esconder naquele local:
- Porra! Para! Eu vou gozar se você continuar…
- Goza! Eu quero!
Eu não sei se ela havia visto alguma coisa na internet, ou aprendido alguma técnica com a safada da Adriana, mas o boquete estava diferente e em mais alguns poucos minutos, avisei que iria gozar e ela ainda fez questão de enfiá-lo todo na boa. Tive que parar junto ao meio fio e em mais alguns minutos, jorrei tudo o que tinha em sua boca. Foi uma das minhas maiores e melhores gozadas, tanto que fechei os meus olhos e fiquei alheio a tudo, curtindo os espasmos, os momentos e aquela gostosa sensação da língua ainda passeando pelo meu pau. Só retornei à Terra quando dois toques no meu lado do vidro chamaram a minha atenção:
- Andressa, a polícia! - Falei baixinho.
- Uhumm… - Ela resmungou sem tirar o meu pau da boca.
Abaixei uma fresta no meu lado do vidro e um facho de luz iluminou o meu rosto, mas quando o facho correu pelo corpo da Andressa, o guarda entendeu de imediato, dizendo algo para o parceiro e dando um sinal. Logo, um facho de luz do lado da Andressa, iluminava suas curvas novamente. O policial do meu lado perguntou o que estávamos fazendo parado ali àquelas horas e eu me expliquei da melhor forma possível:
- É que… eu… precisei parar, senão… poderia bater.
Ele novamente passou o facho de sua lanterna pelo rosto da Andressa que seguia com o meu pau na boca, agora parecendo cochilar e falou que aquilo não era exatamente seguro. Perguntou se era a minha esposa e eu confirmei. Por fim, perguntou se eu havia bebido e eu neguei:
- Estaria disposto a fazer o teste do etilômetro, cidadão?
- Faço, sem problemas.
Ele deu sinal para o parceiro que veio com o aparelho do meu lado, enquanto ele próprio foi para o outro. Ele me pediu que abaixasse mais o vidro e enquanto eu fazia o teste, notei que um facho de luz iluminava o lado da Andressa novamente, pelo policial que antes falava comigo. Negativo o resultado, o policial que fez o teste, perguntou:
- Estão indo para casa?
- Sim. - E indiquei a Andressa que já dormia: - Ela, inclusive, já embalou com chupeta na boca.
Ele não conseguiu evitar uma risada e orientou:
- Tudo bem então. Vocês parecem ser boas pessoas. Podem seguir, mas cuidado no trânsito porque a sua senhora está sem cinto.
- Sim, obrigado. Eu... Eu tomarei cuidado.
Fui direto para casa e tive que carregar a Andressa até a nossa cama. Ela só acordou no dia seguinte com uma imensa dor de cabeça e uma oportuna falta de memória. Conversando, chegamos até o ponto em que ela teve o “apagão”, coincidentemente após o último drink, mas fiz questão de contar tudo o que aconteceu depois, tim-tim por tim-tim. A cada revelação da nossa abordagem, ela corava, mas quando falei da sua posição na abordagem, ela ficou roxa e descrente, gargalhando de um jeito nervoso e sem tirar os olhos de mim. Como bom marido, fiz questão de registrar uma foto do momento em que chegamos em casa, com ela de quatro sobre o console central do carro, com a cabeça no meu colo, o meu pau em sua boca e a bunda desnuda virada para a janela do passageiro. Ela começou a chorar de vergonha:
- Ah! Da próxima vez, se for dar um show desse, pelo menos coloca uma calcinha. - Brinquei.
- Não acredito que fiz isso… Ai, que vergonha! Não saio de casa, NUNCA MAIS!
Subiu para a nossa suíte e se trancou lá, chorando por mais algum tempo. Depois, ela saiu e vendo que eu não estava nervoso, acabou se controlando. Eu, na realidade, passei o dia todo rindo, a todo o momento mesmo, divertindo-me com as lembranças. Nesse e nos dias seguintes, o nosso sexo foi mais intenso e libertino que o de costume. Ela tentava usar as situações de que se lembrava para me testar e eu fazia o mesmo com ela. Entretanto, numa das noites, ela veio com uma novidade:
- O Valentim me mandou mensagem outra vez…
[CONTINUA]
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.
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