<<<<Gabi>>>>
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O que eu não queria aconteceu, Fabi não quis nem se quer me ouvir. Eu sinceramente não estava esperando aquela reação dela. Sei o quanto ela é orgulhosa e eu dei motivos para ela não querer falar comigo, mas ela estava com muita raiva. Até me ameaçar ela ameaçou. Eu achei melhor não insistir para não causar um problema maior. Medo da Fabi eu nunca tive, até porque se tem algo que ela não sabe é brigar. Nos tempos de escola era sempre eu que tinha que resolver as confusões porque ela não atacava nada tadinha. Mas eu não queria problemas e muito menos sair no tapa com ela.
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Mas eu não iria desistir de tentar recuperar sua amizade. Eu não a amava mais, não como mulher. Mas sua amizade eu queria muito ter de volta e como foi eu que estraguei tudo, eu iria sim tentar recuperar. Não sou orgulhosa como ela, ainda mais eu estando errada. É sim, hoje eu admito que errei, porém não me arrependo porque até hoje eu não consigo enxergar o que eu poderia ter feito a não ser ir embora e deixar ela ser feliz. Eu também nunca mais queria sentir a dor que eu senti quando vi aquele beijo. Aquilo quase me destruiu por dentro.
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Mas não foi só isso que aconteceu naquela praça. Eu pude ver mesmo que rápido a nova amiga da Fabi. Mesmo rápido deu para ver que ela era realmente muito linda. Mas não foi só sua beleza que me chamou a atenção. Enquanto Fabi me falava as últimas palavras ela fez um pequeno sinal com a mão pedindo para eu ir, e depois juntou as mão como se estivesse rezando . Eu que entendi o recado, de todo jeito eu iria sair dali mas achei legal da parte dela. Além de linda ela me pareceu ser uma pessoa sensata naquele momento. Ela em vez de atiçar mais a discussão, ela tentou ponderar. Gostei dela.
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Eu saí dali com os olhos marejados. Dali eu resolvi ir no posto de gasolina para abastecer a moto. Não vi o carro da polícia na praça , eu iria dar uma volta na cidade e depois voltaria ali para ver se encontrava Marcelo. Assim que cheguei no posto vi que não precisaria mais procurar Marcelo. O carro da polícia estava estacionado lá e vi Marcelo saindo da loja de conveniência. Parei a moto perto da bomba de gasolina e pedi ao frentista para completar. Desci e fui até o carro da Polícia. Quando Marcelo me viu, ele me reconheceu na hora. Abriu um sorriso e veio me dar um abração. Fiquei muito feliz, pelo menos a amizade dele eu não tinha perdido.
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Aquele abraço durou um bom tempo. Quando nos soltamos a primeira coisa que fiz foi pedir desculpas a ele. Mas ele disse que eu não precisava me desculpar. Que se eu fui embora e fiz o que fiz é porque eu tinha motivos. Ele disse que o importante é que eu estava de volta. Eu disse a ele que eu tinha motivos sim e iria lhe contar, mas com tempo. Ele disse que adoraria me receber na sua casa para um almoço ou jantar. Que poderia ser no outro dia se eu pudesse porque ele estaria de folga. Eu disse que poderia ser um almoço já que eu preferia não andar de moto à noite. Ele concordou e foi olhar minha moto. Disse que era linda. Eu concordei com ele, claro. Logo o outro policial o chamou e ele teve que sair, mas antes me deu outro abraço.
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Eu voltei muito feliz para casa por ter encontrado Marcelo, porém triste pelo fato de Fabi ter criado uma raiva enorme de mim. Eu meio que já esperava que com Marcelo fosse tranquilo já que meu encontro com Carla em SP deixou isso meio óbvio. Eu imaginei que Fabi poderia ter ficado magoada comigo, e que me aproximar dela seria difícil. Mas não imaginei que ela tivesse criado tanta raiva de mim, mas até era compreensível. Com esses pensamentos na cabeça eu retornei ao meu lar. Dessa vez passei o mais rápido possível na frente da casa da Fabi. Eu não queria dar mais nenhum motivo para ela ter raiva de mim.
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Cheguei na minha casa e fui almoçar, meu tio já tinha esquentado a comida. Eu sentei com ele e fiz um monte de perguntas sobre a plantação de café. Comecei a dar uns conselhos técnicos para ele e logo ele começou a me dar mais atenção. No fim do papo as coisas tinham mudado e ele que estava me fazendo perguntas. Quando ele saiu ele disse para eu andar na lavoura depois para dar uma olhada. Eu falei com ele que iria sim com certeza. Seria bom me ambientar de novo às lavouras. Queria também ver os produtos usados pelo meu tio na sua lavoura.
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Troquei de roupa e depois de lavar as louças fui até as lavouras do meu tio a pé mesmo. O sol estava bem quente, então fiz duas tranças no cabelo e coloquei um boné. Coloquei meus fones de ouvidos. Conectei no bluetooth do celular. Coloquei o reprodutor de música para tocar e saí pelo sítio. Eu fui olhando das lavouras mais novas ao redor da casa até chegar nas do fundo do sítio. As lavouras estavam todas bem cuidadas e a maioria já na sua segunda carga de flores. Pelo que pude ver meu tio iria ter outra bela colheita no ano.
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Voltei para casa e depois fui até o galpão de armazenamento. Lá encontrei meu tio e mais 5 homens que ajudavam ele na lavoura. Três deles eu conhecia desde sempre. Trabalharam muito tempo com meu pai e meu tio na fazenda da Fabi. Os cumprimentei e fui com meu tio ver os adubos e produtos que ele usava na lavoura. Depois de olhar, passei para ele o nome de cinco produtos que poderiam substituir oito que ele usava e sairia 40% mais barato. Falei para ele testar em uma pequena parte da lavoura. Se funcionasse ele poderia usar na lavoura toda. Ele disse que iria testar sim. A gente foi até minha casa, ele pegou sua caminhonete para ir embora. Eu fui tomar um banho e fazer uma janta e fiquei esperando minha mãe para jantarmos juntas.
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No outro dia depois de uma bela noite de sono eu saí de casa às dez da manhã e segui para a cidade para almoçar com Marcelo. Quando fui passar em frente a casa da Fabi vi a amiga dela atravessando a estrada com o celular no ouvido. Provavelmente saiu para atender uma ligação. Diminui um pouco e fui passando. Ela me olhou e deu um belo sorriso e acenou com a mão. Retribui o aceno e segui meu caminho, mas não tinha como não reparar na beleza daquela mulher. Como ela estava andando, deu para ver melhor seu corpo. Era perfeito, o sorriso então era lindo. Ela era realmente um pedaço de mau caminho.
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Cheguei cedo na casa de Marcelo. Fui muito bem recebida por ele e por Carla que não foi trabalhar para poder preparar o almoço para nós. Como cheguei mais cedo, o almoço ainda não estava pronto. Fiquei na sala conversando com Marcelo e contei a ele sobre meu encontro com Fabi. Ele disse que no início ela ficou muito triste por eu ter ido embora. Que ficou ao lado dela por um bom tempo e viu ela chorar várias vezes por não entender porque eu tinha ido sem me despedir e bloqueado os dois em todo lugar. Eu fui abrir a boca para contar o motivo, mas fui interrompida por Carla que nos chamou para ir almoçar.
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Já na cozinha durante o almoço não falamos mais sobre minha partida. Conversamos sobre meus estudos. Sobre o curso para ser policial que Marcelo fez. Sobre como ele e Carla começaram a namorar e acabaram decidindo se casar. Eu já estava pensando em ir embora quando Marcelo voltou com o assunto. Ele com certeza estava curioso em saber o motivo da minha partida.
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Marcelo: Gabi, desculpe te perguntar, mas esses anos todos eu tentei entender o motivo de você ter ido embora. Sinceramente não cheguei a nenhuma conclusão. Será que você poderia me contar? Se você puder, claro.
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Gabi: Claro que posso. Hoje não tenho mais motivos para esconder isso de você. Eu até pensei em te ligar a algum tempo atrás. Mas achei melhor deixar para te contar pessoalmente. Foi por causa de um coração partido Marcelo. No dia da festa eu vi o beijo entre você e Fabi. Ali meu mundo despedaçou. Eu não podia ficar aqui depois de ver aquilo, iria ser muito dolorido para mim ver vocês juntos, então resolvi ir embora. Desculpe, eu sei que errei, mas eu precisava ir.
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Marcelo: Então Fabi tinha mesmo razão? Você era apaixonada por mim? Isso não faz muito sentido.
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Gabi: kkkkk Não Marcelo, você entendeu errado. Não era por você, era por Fabi.
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Nessa hora Marcelo fez uma cara de espanto. Antes que ele falasse algo eu continuei e contei a ele toda a verdade. Sobre eu ser apaixonada por Fabi desde a minha adolescência. Sobre tudo que aconteceu naquela noite. Não escondi nada. Contei cada detalhe que ele não sabia. Enquanto eu falava ele e Carla nem piscavam direito prestando atenção no que eu estava falando. Quando terminei ele me contou algo que eu não sabia.
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Marcelo disse que eu tinha ido embora atoa. Que nunca houve nada entre ele e Fabi. Ele me explicou o porquê do beijo e eu realmente não esperava por aquilo. Mas expliquei que mesmo assim minha presença aqui não iria ajudar muito. Ficou claro que no fim da noite mesmo sem aquele beijo eu estaria arrasada. Fabi com certeza era hétero, ficou claro pelo motivo do beijo. Então ela iria me rejeitar da mesma forma e no fim provavelmente eu tomaria a mesma decisão. Talvez de forma diferente, mas tomaria.
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Quando terminamos a conversa falei que eu ser lésbica não era um segredo porque minha família sabia. Mas pedi para os dois não comentarem com ninguém. Cidade pequena é meio complicado e isso poderia atrapalhar eu até arrumar um trabalho. Os dois disseram que não teria problema, que não iria comentar. Marcelo disse que Fabi depois de tanto ficar triste de não ter notícias minhas acabou ficando com raiva de mim, mas que provavelmente eu conseguiria reconquistar sua amizade com o tempo porque apesar de muito orgulhosa ela gostava muito de mim.
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Pedi para Marcelo não contar para Fabi sobre o que contei a eles, que eu queria eu mesmo contar e me explicar. Eu ainda tinha esperança de voltar pelo menos a falar com ela nos próximos meses e quem sabe no futuro reconquistar sua amizade. Ele disse que não iria contar, que seria melhor eu mesmo fazer isso. Ficamos ali conversando mais um tempo e Carla me pareceu ser mesmo uma boa pessoa. Até me ofereceu uma vaga na loja da sua mãe como vendedora. Eu a agradeci, mas disse que iria tentar trabalhar na minha área ou quem sabe em uma das lojas agropecuárias da cidade. Mas se nada desse certo no futuro, quem sabe eu não aceitaria o trabalho se ainda estivesse disponível.
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Naquele dia voltei para casa bem mais leve por ter esclarecido as coisas com Marcelo. A noite liguei para Suelen e ficamos conversando um bom tempo. Depois liguei para Cinthia e Sophia. Falei com cada uma um pouco para saber como elas estavam. A gente tinha um grupo onde trocávamos msg, mas eu sempre gostava de ligar para falar um pouco com elas. Pensei em ligar para meu pai e minha madrasta, mas já estava um pouco tarde e resolvi deixar para o dia seguinte. Resolvi ir dormir, eu estava cansada. Melhor repor as energias para o dia seguinte.
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão: Whisper