Escola de Dança I - CapítuloNão sei mentir para mamãe.
Demorei lá, usei um lenço umedecido e tirei batom, vesti o moletom, calcei o tênis e sai da sala, voltei ele estava com o pendrive na mão e falou.
– Salvei aqui as fotos, tirei elas do flash da máquina, e do computador, limpei os caches, é mais seguro, tá nesse pendrive azul, o preto tem as fotos da publicação da loja.
– Obrigado! Por favor, confio em você.
– Sim Ju, eu também, obrigado, tô indo pra casa.
– Quer que eu te leve?
– Não, vou passar num mercado e tals, obrigado, outro dia.
Nisso ele saiu, eu fechei a loja e fui pra casa, chegando lá mostrei o pendrive preto para mamãe, ela aprovou, falei que iria subir pra postar a primeira seção e depois voltava, pedi para não me atrapalharem. Apenas senti mamãe me olhando sair, olhou minha bunda, deu um sorriso e mandou um beijinho. Putz eu tinha dado bandeira? Será que marcou a bunda?
No quarto, fui direto pro computador, baixei todas as fotos do pendrive da loja, montei a primeira seção e publiquei, logo em seguida recebi já um aviso que mamãe havia visualizado, já tinha até gente comentando.
Abri o segundo pendrive, copiei pra nuvem, deletei do pendrive e desliguei a máquina, fui lá falar com mamãe.
– Oi mamãe, vi que já viu, olha ficaram lindas, já tem até gente perguntando do nr e tudo, mas depois queria ver com a senhora as outras, vou deixar prontas, depois é só publicar.
– Sim ficaram lindas, tiverem um trabalho e tanto hein.
– Pois é o Beto tá sendo esperto, acho que vai dar certo ficar com ele mamãe, ele manja muito de moda, tecnologia e principalmente de fotos.
– Sim, tenho percebido, mas este sorriso ai.
– Como assim? Estou feliz que ele está dando certo, não fico arrependido de deixar vocês, afinal era algo que me afligia mamãe.
– Sim sim, mas não é só isso, tem algo pra me dizer?
– Não é só isso.
– Tá, vai lá, tome um banho e cuidado, esta calcinha marca muito sua bunda filha.
Nossa ela ter falado isso, nem respondi, subi as pressas, martelando em minha cabeça, o FILHA, e a calcinha marcando, afinal passei o dia assim, se ela percebeu, mais gente deve ter percebido, bom na loja era só eu e Beto, agora entendo por que ele foi tão direto. Mas em casa papai e meu irmão me viram, será que eles perceberam, como irei saber.
Bom tomei banho, coloquei uma cueca e o pijama e desci, meu irmão estava na sala, mamãe também, papai pelo visto já havia mandado recado que iria demorar, pois mamãe já estava no celular pedindo iFood.
– Bom crianças, vamos de pizza?
– Vamos sim, peça uma grande que estou morrendo de fome, disse meu irmão.
– Peça então uma gigante, aí já aproveito e levo de manhã pra aula no clube, minha professora irá dar aula domingo, assim já comemos a pizza.
– Tá bom, mas vou pedir um refri zero, daqui a pouco ninguém mais vai caber nas roupas, disse mamãe me lançando um olhar interrogativo e provocativo.
Lanchamos, ou melhor, jantamos, meu irmão tinha marcado uma saída com os amigos e eram umas 22 horas e saiu, dizendo que voltava de madrugada, eu ia sair quando ela me falou:
– Filho, desculpe, não quis ser intrometida, mas foi a forma que eu achei em lhe dizer que deveria tomar cuidado com as roupas que sua, além do mais, não lhe dei permissão para usar as minhas, se quiser usar, vamos sair e comprar, afinal, imagino como dá pra perceber que suas cuecas estão quase explodindo, aí já vemos se vamos comprar cuecas novas ou calcinhas novas, o que me diz?
– Não mãe, realmente as cuecas estão apertadas, vamos comprar cuecas.
– Mas por que usou hoje a calcinha, na verdade, ontem quando fui organizar as coisas na lavanderia, senti a falta de um corpete e uma legging, mas depois eles apareceram, não tinha notada a falta ou o aparecimento da calcinha, tem algo a me dizer?
– Bom, não adianta mentir, depois que conversamos, eu quis ver se meu corpo realmente estava mudando, para algo feminino, então eu fui na lavanderia e retirei as roupas para passar sua legging, calcinha e corpete.
– E ..
– E o que?
– E vestiu e o que viu?
– Bom na verdade me assustei com o que vi, realmente tenho um corpo nada masculina né, mas devolvi. Acabei ficando com a calcinha, queria ver como ficava, queria ver se alguém reparava na verdade.
– Em partes, né, pois acabou dormindo e saindo com a calcinha pra encontrar o Beto, e olha, se ele foi um mínimo de esperto, deve ter percebido você de calcinha, acho melhor ver isso e se ele viu, conversar com ele, antes que saia espalhando coisa que não existe não é?
– Espalhando o que?
– Bom, então vai mais uma, as mulheres quando usam batom, ele acaba marcando mais os lábios, por mais que limpamos, fica um resíduo a pele sensível do lábio fica mais avermelhada, como a sua hoje quando lhe encontrei, então, pra ser direta e você ser direto comigo, estou errada?
– Bom, sem chances né mamãe?
– Sim, podemos ter essa conversa agora, ou arriscar ter ela outro dia e ser tarde demais não acha?
– Tarde demais?
– Sim, seu pai ver, seu irmão perceber ou o Beto, querer algo mais?
– Não foi só hoje!
– E o que então foi só hoje? Conseguiu ver, ou melhor, Beto reparou e o batom onde entrou.
– Ai mamãe, quer saber.
Peguei o celular, abri a página do Drive, na nuvem, coloquei a primeira foto vestindo roupa feminina e mostrei para mamãe, mostrei mais duas e parei, evitei as sensualizadas.
– Hum, e foi ele que fotografou?
– Sim.
– Ele te chantageou ou te obrigou?
– Não, eu que decidi, queria ver como ficava, se realmente estava com um corpo feminino.
– E o batom?
– Bom o batom, salto, foi meio que da minha cabeça, pra compor o look, bem como o sutiã, sei lá a senhora sabe eu sou vaidoso, não ia ser diferente agora.
– Sim, quanto a isso realmente, vem no automático, mas eu olhando bem aí nas fotos, vi que você realmente tem um seio pequeno, nem é feminino, mas com esse cabelo, batom e tudo mais fica bem feminino, realmente fica feminina e ele o que achou?
– Bom ele me achou feminina e disse que gostou?
– E você, gostou?
– Não sei, fiquei bonita, isso eu achei?
– Tá vou entrar em seu joguinho, e você se sentiu feminina?
– Sim.
– Ele comentou algo a mais?
– Que minha já achava minha bunda linda.
– Achava, hum, e algo a mais?
– Aonde quer chegar mamãe?
– Até onde você foi, o que mais.
– Tá bom, eu acabei beijando ele, mas foi só um beijo, longo, mas logo em seguida me vesti e vim para casa.
– Estava nua na frente dele?
– Não, a sequência foi, beijei, pedi licença, fui pro vestiário, me limpei do batom, vesti minhas roupas e vim para casa, troquei a roupa feminina pela masculina, que a senhora viu eu entrando.
– E gostou?
– Sim, já falei que achei bonita.
– Não eu digo, gostou do beijo?
Bom aí eu parei, me senti mal, comecei a chorar e abracei mamãe. Ficamos um tempo assim até ela me acalmar, ai ela disse.
– Não se preocupe, tudo bem, vamos manter isso entre nós, mas amanhã, converse com o Beto, mantenha isso no passado, depois a tarde, vamos dar uma saída para conversar melhor, seu pai deve estar chegando, vá durma e se te fizer bem, pode dormir com uma calcinha minha lá da lavanderia, das limpas, não irei lhe proibir, mas amanhã daremos sequência a conversa ok, filho.
– Ok mamãe, não pensar em o que colocar, estou confuso tanto quanto a senhora, mas curioso e gostando da sensação.
– Filho, ok, tudo bem, se quiser também, tudo bem posso lhe chamar de filha quando estiver assim de menina?
– Não mãe, filho, está tudo confuso.
– Ta filho, mas se quiser, você sabe, só pegar.
– Bom gostei, se quer saber, a resposta é gostei, por enquanto, não sei se irei usar, acho que vou só até aqui, embora confuso, embora loucura, me senti bem, se recuar agora será mais maluco ainda, na verdade mãe, é tudo novo.
– Tá bom, tudo bem, obrigada por ser honesta.
– Honesto né mamãe!
– Tá, eu errei, honesto, vamos manter essa linha, honestidade e respeito ao que cada um decidir ok, filho.
– Ok, mãe, te amo.
– Ok filho também te amo.
Bom por um lado me senti bem com a conversa com mamãe, me assustou como me comportei, o que eu disse no final e o fato de ter assumido que gostei de beijar Beto, isso não estava até então em minha mente, sai da sala, ia subir, resolvi passar na lavanderia.
Achei estranho que agora estavam amontoadas em quatro pilhas, roupas minhas e de meu irmão, roupas de papai e roupas de mamãe, realmente ela havia olhado, mas o que era engraçado, é que no início das pilhas nossas eram tudo misturado e na dela, vinham camisas, depois calças, depois uma saia, um baby-doll e algumas calcinhas com seus sutiãs , mas quando fui mexer naquele dia, saia e baby-doll não estavam, ali era coisa de minha mãe. Bom eu olhei as calcinhas, tinha uma vermelha, pequena, sutiã e peguei, mas não peguei de imediato o baby-doll, afinal se mamãe sabia, se ela deixou as coisas assim na lavanderia, aonde dificilmente papai e Fabi entravam, então ela tinha uma intenção, quer saber, peguei o baby-doll e assobiando subi.
Assobiei até para deixar claro para mamãe que demorei pra subir, ela iria com certeza na lavanderia, saberia o que levei, bom confiava nela e assim que entrei no quarto, tranquei a porta, peguei as coisas e deixei no armário, peguei uma toalha e sai para o banho, de lá ouvi papai chegando de carro, depois ouvi ele se dirigindo para cozinha, ou sala.
Ao chegar no quarto, a porta estava fechada, não trancada, abri, nisso ouvi mamãe conversando com ele na sala, entrei e fechei a porta, fui me secar melhor e aí percebi, na minha escrivaninha tinha, um pequeno estojo e uma sacolinha pequena de feltro, no estojo havia um pote de outro creme, um perfume, um batom, um rímel, e dois esmaltes. Na sacolinha havia uma gargantilha, três anéis, duas pulseiras e dois brincos, um de pressão pingente e outro de pressão de pedra.
Bom como eu havia premeditado, ela foi na lavanderia, viu que escolhi, e o que escolhi, acho que isso no quarto, era uma resposta a minha decisão hoje, a porta fechada era para evitar que alguém mais visse, bom, não pensei duas vezes, fui me vestir.
Sentei na cama, peguei o novo pote de creme, li e vi que era para suavizar a pele, passei e senti minha pele lisa e cheirosa, coloquei a calcinha, mas agora o ritual era muito mais lento e prazeroso, lógico que o pênis não escondia nem com reza, de tão duro, então deixei ele meio de lado, vesti o sutiã, retirei, ajustei e coloquei de novo, os seios ficaram mais juntos, fizeram um pequeno bojo, vesti o baby-doll, coloquei a pulseira, a gargantilha e escolhi o pingente.
Mexi no cabelo de forma a deixar ele mesmo molhado, mas de lado, suavemente passei o batom, tentei o rímel, não deu certo, peguei o celular e rapidamente vi um tutorial, tentei, não ficou expressivo, mas deu o toque. O esmalte era para outra fase, não agora, tinha aula amanhã, imagina minha professora vendo meus pés pintados. Deste jeito levantei, dei uns giros e me vi feminina, muito mais do que virá até então, mas tinha minha masculinidade ali, apontando, na verdade marcando completamente a calcinha, o baby-doll, e isso não me incomodava, me sentia bem, me vendo feminina e vendo meu membro ereto.
Fiz giros, passo, andei, descalça mesmo, na ponta dos pés, até me atrevi a uns passos que sabia serem femininos e me senti plena.
Parei quando ouvi barulho de meus pais subindo, mamãe sempre atenta, fez um barulho a mais, que me alertou, embora não fizesse barulho, poderiam ouvir algo pois já eram quase meia noite, aguardei ouvir ela fechar a porta de seu quarto e me deitei, me alisando, me sentindo.
Foi inevitável pensar em Beto, puxei a calcinha ao lado, me masturbei me olhando, fiz de um jeito que tudo escorreu para cima da mão, não na palma , mas no dorso, com a outra mão, ou melhor o dedo, deixei tudo junto e num impulso, sorvi todo meu esperma.
Primeiro brinquei com ele na boca, nos lábios depois engoli, lambi com sofreguidão a mão e o dedo, devo ter sussurrado algo, sim eu sussurrei algo, era nítido no meu subconsciente que falei, Beto, depois disso me vi de novo ereta, agora me referia a mim no feminino, era impossível outro jeito, voltei a me masturbar, novo gozo, mas este deixei cair na palma da mão, de joelhos, e logo, tão logo eu gozei, engoli. Já cansada, fui, lavei as mãos, o pênis e vesti a calcinha, agora o pênis estava menor, puxei para trás, me olhei no espelho, ia escovar os dentes, mas o gosto me excitava, retirei bijus, limpei make, e me preparei pra dormir logo depois, me senti feliz, amanhã com certeza mamãe iria me perguntar, e se eu queria realmente ser feliz, não poderia mentir para ela, se mentisse tudo acabava e não era isso que eu queria ainda, queria ver o limite de onde iria.
Acordei diferente, as roupas femininas mexeram com meu psicológico, fui pro banho, me lavei, vesti um moletom novamente, era a roupa que usava para ir pra aula, por baixo uma meia calça de dança, em cima um collant masculino. Desci e no café apenas mamãe estava ali, papai ainda dormia e meu irmão havia ligado dizendo que voltaria depois do almoço.
Mamãe me fez uma pergunta.
– Você vai para aula e sai que horas?
– Vamos das 9h30 às 11h30 por que?
– Bom, seu pai vai acordar daqui a pouco e ontem combinou comigo de ir pro churrasco dos fornecedores, preparação para feira da moda na capital, vamos expor desta vez, então eu ficarei livre, posso te pegar para fazermos compras.
Ela falou isso sorrindo, de uma forma tão feliz e carinhosa que concordei, afinal já havíamos falado de que minhas roupas estavam apertadas, tinha basicamente só os moletons e as malhas de dança agora, precisava de calças, cuecas, camisas e era pra ontem já.
Bom cheguei no clube, fui direto pra academia de dança, era um local reservado, cheio de espelhos e com música, luzes e tudo mais que uma academia tem, pois ali faziam-se testes, ensaios e tudo mais relacionado a dança, música e apresentações.
Assim que começamos, minha professora falou:
– Ju, ela sempre me chamava assim, bom estamos na fase final, estive estudando algumas provas práticas e estamos praticamente perfeitos em todas os itens que eles costumam pedir, mas eu queria um algo a mais que tenho certeza que irá fazer uma diferença, se você topar, podemos iniciar o treino e teremos tempo suficiente para aprimorar, você topa?
– Bom se isso vai me ajudar na nota, não vejo por que não? Mas por que esse melindre, ela é muito difícil?
– Não, na verdade é no mesmo grau que os que já executamos, na verdade, até agora fizemos os passos e os padrões internacionais masculinos, eu queria fazer com você dois passos e movimentos femininos, isso irá demonstrar uma diversidade a mais em sua dança, possibilidades e verem você com mais atenção para papéis que possam exigir força e doçura.
– Mas não entendi, qual o problema professora, vamos fazer então.
– É que, espere um momento.
Ela foi até sua bolsa, trouxe um salto nr 5, e olhando nos meus olhos falou.
– Vamos precisar que você suba neste salto, pois os passos requerem primeiramente equilíbrio e depois velocidade e versatilidade que não lhe faltam, você topa. Mas não ache que acaba aqui, vamos chegar até o salto 12 ou 15.
– Mas é necessário o salto?
– Sem ele o passo fica comum, digamos não demonstra toda a técnica.
– Mas como isso será feito no dia da apresentação, da prova prática.
– Bom, eles pedem quatro estilos, já fizemos todos eles, é um destes 9 que testamos, mas é sorteado 3 deles, no momento, e o quarto é livre, é nesse momento que faremos esta apresentação.
– Isso em quanto tempo.
– Cada estilo de um dos 3 sorteios tem 3 minutos, o livre 6 minutos.
Bom olhei para ela, para a sandália e não tinha nada a perder, então fui e coloquei, era um pouco desconfortável, era acima do que já havia feito dançando em ponta dos pés ou sapatilha, mas gastamos meia hora não dançando, ela foi me mostrando o andar, os passos, os movimentos, disse que isso seria parte da coreografia, pois viria andando, até os juízes, faria uma reverencia e depois dirigindo-me ao centro iniciaria a dança.
Tive uns leves deslocamentos tortos, me recompus em cada um e fui mantendo cada vez mais o tempo nos saldos, em 1 hora já estava andando, com gestos e tudo mais, faltava agora os passos.
Ela foi me conduzindo e eu fui fazendo, nos outros 30 minutos ela me explicou toda a sequência, mas dividiu ela em 5 partes, focamos a primeira e fomos testando, gastamos o resto da manhã nisto, quando cansei ela pediu para fazermos 30 minutos finais de movimentos e andar, trouxe uma cadeira, uma mesa e puxou um sofá que existia ali e foi me mostrando posições, pois ela estava com um salto igual, e fez os movimentos e eu repetia, a diferença que ela estava de saia longa e eu de shorts, collant e meia, mas simulei.
Não entendia alguns, mas ela explicou que era difícil de entender afinal não estava de saia, mas isso era pra pensar depois, me elogiou nos passos e muito mais na desenvoltura, aconteceu que eu já estava com trejeitos e um andar feminino.
Pediu para eu retirar, e me vestir que minha mãe estava pra chegar, fiz isso, mas quando ia sair ela falou, leve o calçado pra testar em casa, verá que será excelente.