XX
Betão retomava o controle de si mesmo e das suas coisas, já não ficava o dia e a noite na cama e por vezes chegamos em casa juntos no final da noite.
- O que faz aqui fora?
Eu perguntei num desses dias.
- Ouvindo o Lulu, - ele indicou com o queixo a casa da frente.
O som estava tocando "como eu quero" do Kid Abelha na voz da Paula Toller "diz pra ficar muda faz cara de mistério".
- Legal, Lulu tem excelente gosto para música.
- Ele foi carnavalesco de escola de samba sabia?
- Não fazia ideia, parece boa pessoa.
- Excelente, ouve - ele disse erguendo o indicador - pouca gente entende essa musica.
- É bem romântica, - eu falei me encolhendo de frio.
- Aí é que tá, não é...
Eu dei um saltinho.
- Como assim?
- Presta atenção na letra.
"Eu quero você como eu quero!"
- Ela está dizendo que quer muito a pessoa não? - falei.
- Não cabeção - ele respondeu rindo - ela está dizendo que quer a pessoa do jeito que ELA quer, entendeu?
Eu franzi as sobrancelhas entendendo o papo da música mas sem compreender se havia algo a mais além disso.
Betão não falava nas doenças que descobriu com os exames nem fui indiscreto em perguntar embora uma dúvida pairasse.
"Será que ele tem HIV?", o Duval garantia que não, e espalhou camisinhas por vários cantos da casa. Aliás, ele começava a encher o meu saco!
Duval me pegou saindo do quarto de Juarez, eu tinha acabado de beber porra, e abrir um sorriso para a cara do Duval, ele segurou meu antebraço e me empurrou para meu quarto, fechou a porta e começou:
- Sei que você está trepando com os meninos - disse enfático
- Não estou não - afirmei com a boca dura.
Um pinguço sóbrio é tão perigoso quanto um embriagado, nem todos mas mentem como respiram.
- Está sim senhor - ele furou meu peito com o indicador apontando para mim - só quero que tomem cuidado. Eles estão usando você. Mas acho que sabe muito bem disso, né?
- Você já parou para pensar que eu estou usando eles também?
Duval acertou a palma da mão na própria testa como um norte americano desses de série fariam, e rindo disse:
- Eles é que te procuram quando querem aliviar - colocou a mão entre as pernas enchendo com o volume - eu conheço esses caras, vão usar você até o pó, e depois eu que vou ter que te recolher com uma pá e uma vassoura.
- Quanto drama... Foram só algumas vezes...
- Eu não estou nem aí para quantas vezes foram ou vão ser. Vocês são adultos. Só não quero mais um infectado em casa.
Betão estava na porta olhando para nós dois, Duval não sabia onde enfiar a cara, e eu senti meu estomago se dobrar como um envelope. Eu encarava aquilo como uma confissão de que Betão era soro positivo.
Ele nem olhava na nossa cara e eu não sabia para onde direcionar os meus.
- Podem continuar, - Betão disse - esqueci minha carteira.
Eu encarei o Duval a espera de uma atitude dele, ele simplesmente coçou as entradas dos cabelos como eu, não sabia como reagir. Betão pegou o bolo de cartas dele e saiu do quarto. Era a deixa perfeita para eu me livrar do esporro.
- Viu o que você fez? - falei aproveitando a situação.
Eu escapei porta a fora fugindo dos sermões de Duval, não tinha dado nem uns quatro passos direito em direção a sala, senti uma mão se fechar em meu antebraço e me puxar para dentro.
Era a primeira vez que eu entrava no quarto do Fabrício.
Haviam livros espalhados por todos os cantos. Ele estava sem camisa e cheirando a suor mas não fedia apesar de visivelmente ter acabado de fazer barra. O seu peitoral estava inchado assim como os braços mas era magro.
- Eu soube que você... - ele começou - depois desse boato de que o Betão tá infectado, nenhuma mulher aceita vim para cá.
Ele disse isso de um sorvo só.
- É maldoso... a gente nem sabe o que ele tem e todo esse alarde...
Fabrício agiu discretamente enfiou o polegar por dentro do cós e foi abaixando. A mesma medida que meu queixo batia no meu peito e assim de boca aberta eu nem sabia o que dizer.
- Estou podre de tesão - ele confessou vermelho - preciso aliviar em alguém.
Eu continuava olhando para o cós do short esperando pelo que viria dali, pensando em que terminaria aquela estrada de pelos que aparecia por cima da roupa em direção ao umbigo cada vez mais pretos ao pé da barriga.
- Eu nunca fiz com homem - Fabrício disse - mas estou numa seca desgraçada. A mulher que eu pegava... Tenho um monte de coisa pra estudar não posso tá saindo saca? Mas estou galhudão há dias pô...
Eu nem esperei ele terminar, estava doido para cair de boca e não me fiz de tímido, avancei, esquecendo todas as palavras de Duval, ajoelhei diante do Fabrício, e terminei de puxar seu short.
A taca saltou para fora e bateu na minha bochecha, quente, untada, e de cabeça pontuda como uma faca daquelas de açougueiro.
- Que lindo... - eu disse olhando para cima.
Ele sorriu sem graça e com as mãos na cintura soltou o ar do peito e continuou olhando para mim. Eu engoli a cabeça e forcei para dentro mamando de leve. Mas a porta abriu justo quando eu avançava mais na mamada. Olhei por cima do ombro apoiando o caralho de Fabrício nos lábios:
- Usem camisinha! - Duval disse.
O pobre do Fabrício puxou o pau da minha boca e deu uns passos para trás.
"Seu empata foda dos infernos!"