O primeiro boqueteiro

Um conto erótico de Paulino Peralta
Categoria: Gay
Contém 836 palavras
Data: 13/08/2024 10:41:09
Última revisão: 13/08/2024 11:17:12

Era só o que eu temia: que eles não soubessem guardar segredo. Mas acho que é da natureza masculina não apenas meter mas fazer todo mundo saber que meteu. Talvez isso explique porque os homens são tão possessivos. Querem sempre marcar território, e naquela etapa o território mais fácil pra fincar o mastro da bandeira era eu.

Igualmente inexperiente, tudo que eu queria era sentir-me desejada. Ainda que naquela época eu não soubesse o que me tornaria, já havia algo de feminino em mim que buscava em outros homens a confirmação de minha versão putinha, o reconhecimento de minha capacidade de fazer seus falos enrijecerem. Mais do que ser penetrada, eu buscava a confirmação de que eu podia ser a mulher que eles ainda não eram capazes de conquistar.

Quando Carlos Eduardo pediu desculpas eu já sabia do que se tratava. No dia anterior Afonso, um garoto da oitava, havia me cercado no banheiro e sem cerimônia ou conversa anterior tirou seu pinto pra fora do uniforme e me empurrou pra um reservado. Não precisei de muito pra entender que ele sabia o que havia acontecido anteriormente. Ninguém teria tanta coragem, mesmo sendo mais forte que eu, pra me colocar em situação assim. Eu tenho certeza de que ele sabia que eu não reclamaria. E não reclamei.

Balbuciei 'não'. Mas ele sequer insistiu que sim. Apenas fez pressão em meus ombros e abaixei. Abri a boca. Ele não estava com tesão em mim. Estava com tesão até antes de me encontrar. Hoje eu sei que um pinto só fica naquele estado de rigidez se o tesão é muito, e longo.

Não sei se por inexperiência ou excesso de hormônios a primeira cutucada já afundou na garganta. Não entendo quem diz que não consegue fazer garganta profunda: é menos um dom do passivo e mais uma determinação de quem está comendo sua boca. Basta querer encontrar o caminho. Afonso parecia conhecer o caminho. Segurava minha cabeça, determinado, como se já fôssemos amigos de longa data e ele não me devesse explicações para agora estar tapando minha garganta com a cabeça de seu pinto.

Eu sentia suas bolas com a ponta dos dedos, tentando determinar quanto de pinto ainda podia existir fora da boca, quando ele disse a única coisa que escutei naquele banheiro: tira a mão da minha bunda.

Eu nem de longe passei perto de sua bunda. Hoje compreendo o medo do rapaz. Só ele sabe quanta coragem ou tesão atrasado foram necessários para ele me cercar e me usar no banheiro da escola. Ele não poderia permitir que eu cogitasse, ainda que de modo remoto, que ele queria ser tocado abaixo do saco.

E eu não queria. Já sabia quais partes do corpo masculino me atraíam e era só ali que me concentrava.

E assim segui, tentando não usar as mãos, ao mesmo tempo satisfeita por sentir mais um macho me desejando e preocupada porque estava certa que havia sido Carlos Eduardo e me expor. Quem mais saberia?

E eu sempre me culpava. Me perguntava se eu deveria reagir, negar, dizer que não queria. Mas esse sempre foi e ainda é meu ponto fraco: diante de um pinto exposto não sei olhar pra outro lado. Eles percebem. Talvez seja a própria natureza humana regendo nossas vidas: eles sentem o cheiro de um passivo capaz de lhes acalmar. E nós passivos sabemos que o chamado de um pinto duro não é algo que se consiga desconsiderar com facilidade.

Eu nunca me esforcei pra evitar. Sempre me pareceu que se o pinto estava exposto meu papel seria ajoelhar e escondê-lo, até para que talvez ninguém mais o visse. Resquícios da escola dominical? Não sei se era culpa que eu sentia. Eu sabia que eu queria e eu queria querer. Só tinha medo de até aonde aquilo me levaria. Medo de ser exposta. Medo e vontade de que todos os outros machos me olhassem e já soubessem o que eu era capaz de fazer com a boca.

Foi assim meu contrato com Afonso: depois que ele gozou e não se importou em agradecer pelo boquete, o vi fechar o zíper da calça e me olhar com algo que não era gratidão mas também não era descaso. Quase um olhar cúmplice? Sabíamos nosso papel. Havia algo de fraterno na ação de dois caras que sabiam que não se deviam agradecimento ou desculpas.

Todas as outras vezes que ele passava por mim durante o recreio e seguia para o banheiro as coisas se davam mais ou menos da mesma forma. Com o tempo ele foi ganhando confiança e já me permitia fazer massagem em suas bolas enquanto ele ganhava o boquete. Em momentos de maior excitação ele segurava minha cabeça com firmeza, de modo a conseguir realizar repetidas penetrações em minha garganta. Quando eu esgasgava ele arregalava os olhos, tirando o pinto de minha boca, como que a pedir desculpas sem palavras. Ele era um cara legal. Talvez hoje ainda se lembre do que deve ter sido seu primeiro boqueteiro.

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