Me leve para a praia 2

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 1466 palavras
Data: 16/08/2024 23:51:15
Assuntos: Amigo, Gay, nerd

Cícero ligou a moto e o som do motor me deu uma baita susto, quase que automaticamente meus braços o envolveram em um abraço apertado, ele não reclamou e nem tirou minhas mãos, só mudou a marcha e saímos vagando entre os carros pelo trânsito caótico da nossa cidade, minha vontade é de fechar os olhos e ficar encolhido até chegarmos, estou mesmo com medo, mas preciso prestar atenção no caminho para orientá-lo de como chegar na minha casa.

Não moro tão longe assim da faculdade, o lance é que o ônibus dá uma volta maior, mas de carro é bem rápido, de moto então foi ainda mais rápido, levou meio segundo para perceber que chegamos é que preciso me soltar dele, estou com um misto de vergonha e resquícios da adrenalina de ter andado de moto pela primeira vez, isso me faz me embananar na hora de tirar o capacete, Cícero sorrindo se aproxima de mim e solta a presilha do capacete me ajudando a retirá-lo, agora estou duas vezes mais sem jeito.

— Então? — Ele me pergunta, mas não entendo o que ele espera que eu responda.

— O que?

— O que achou do meu serviço de moto uber? — Cícero fala rindo de mim.

— Você é um bom piloto, mas sua moto não parece ter sido feita para andar na rua — falei e ele parece ter gostado bastante do meu comentário — qual a graça?

— Nada, só que ainda quero correr com você na minha garupa, vai ser bem divertido — ele fala.

— Nem em um milhão de anos Cícero, acho até que nunca mais vou ter coragem de subir nisso.

— Que isso, vim bem direitinho para você não surtar — fala como se me adula–se para andar de moto com ele de novo.

— Bem obrigado — responde bem a tempo de minha mãe chegar do trabalho, ela olha para meu novo amigo e depois para mim.

— Bença mãe — falei.

— Deus te abençoe, quem é seu amigo?

— Mãe esse é o Cícero, ele estuda comigo, estou ajudando ele com a matéria depois da aula, ele se ofereceu para me trazer em casa — falei — Cícero essa é minha mãe dona Agatha.

— Prazer em conhecê-la, senhora Agatha — ele responde com uma perfeita educação que seus pais devem ter lhe dado.

— Só Agatha tá bom, Daniel convida seu amigo para entrar, tomar um café, Susana me deu um bolo de milho — Susana é a melhor amiga da minha mãe e atual namorada do meu pai, não me pergunte porque minha mãe ainda é amiga dela, porque nem eu sei responder essa.

— Ele já está indo embora mãe — falei, mas Cícero me interrompe e fala por si mesmo.

— Na realidade eu amo bolo de milho então acho que posso entrar e comer um pedaço se não for incomodar Agatha.

— Incomoda não, vamos entrar — ela fala indo na frente, lanço um olhar matador para Cícero que apenas rir da minha careta.

Minha mãe me pede para passar o café e servir a visita enquanto ela vai para o quarto, dá para ver que ela está muito cansada do plantão, então nem reclamo, sempre procuro fazer o máximo de coisa possível em casa, já que Isabel usa o fato de trabalhar como desculpa para não fazer nada em casa, além de gastar todo o salário dela com roupa e festas que ela vai todo fim de semana, essa garota é uma ingrata, mas mesmo assim meus pais dizem amém para tudo que ela fala.

Cícero toma o café e come o bolo feliz da vida, até elogiou meu café, quando ele acaba de comer me prepara para leva-lo até a porta, mas ele muda a rota de última hora e entra no meu quarto, segundo ele estava curioso para ver onde eu durmo, isso nem faz sentido para mim, mas deve ser isso que os amigos fazem quando vão nas casas uns dos outros, a última vez que estive nesse quarto com um amigo foi muito estranho e meio que desgraçou nossa amizade.

Estava na casa de Rick jogando videogame com ele, era difícil me concentrar com ele usando apenas um calção de futebol, eu estava deitado de bruços em sua cama enquanto ele estava sentado no chão escorado na cama, de onde estava tinha uma visão privilegiada de seu volume, por muitas vezes imaginei como seria segurar seu membro e fazer loucuras com ele, só de pensar meu pau dava sinais de vida, estava ficando cada vez mais difícil gostar dele em segredo, o desejava mais do que tudo e sempre que o via com sua namorada da vez ou com alguma ficante era uma noite de lágrimas com a cara enterrada no meu travesseiro.

— O que você tem Dan? — Rick começava a dar sinais de que percebia minha tentativa de afastamento.

— Nada, estou de boas — falei com o melhor tom que consegui, mas nem a mim mesmo era capaz de convencer, mas ele pausou o jogo e olhou para mim e tentou de novo.

— Eu te conheço a muito tempo, cê tá estranho, o que aconteceu?

— Nada Rick, é só que eu queria saber como é — falei por fim tremendo de medo.

— Como é o que? — Ele perguntou sem entender.

— Como é ser beijado, como é transar essas coisas — abri o jogo com ele, quer dizer não totalmente, ainda sim fui honesto como não havia sido há um bom tempo.

— Ah cara só isso, você me deu um susto, mais olha a Soraya tá afim de ti, tu é o único muleque da turma que não passou a pica nela, não vai ser romântico, mas ela se garante é uma piranha de qualidade e vai cuidar muito bem de ti na tua primeira vez — ele fala com naturalidade, porém me arrepio todo só de pensar em chegar perto da Soraya corrimão.

— Deixa pra lá — falei num tom meio ríspido e frustrado.

— O que foi cara, primeiro você fala que quer perder a porra do cabaço, agora tá puto porque sugeri que tu perdesse com a Soraia.

— Não é isso — falei.

— O que é então, cara ela é de boas, não vai sair espalhando nada não, ela descabaçou nossos amigos quase todos, inclusive eu — doi no meu peito lembrar que ela foi a primeira pessoa a tocar nele do jeito que sempre quis tocar.

— Você não entendi Rick, eu não quero a Soraia — falei segurando as lagrimas, então me levanto da cama indo em direção da porta, mas ele me segura.

— Me explica então cara — ele fala preocupado.

— É você Ricardo.

— Eu o que? — Ele realmente não sabe.

— É com você que quero minha primeira vez, meu primeiro beijo e tudo mais — ele me solta, porém não diz nada.

Rick senta na cama com a boca meio aberta e sorri como se eu tivesse contado uma piada, só que eu continuo com uma cara de choro, sua expressão vai se tornando sombria e indecifrável, não aguento a ansiedade de esperar que ele me bata ou me expulse, então eu mesmo resolvo sair correndo de sua casa, só paro de correr depois que chego em casa.

No meu quarto Cícero varre com olhos cada pequeno detalhe, brinca com o fato do meu quarto ser sem personalidade, e do fato da minha cocha de cama ser a bandeira do Leão, ele parece se divertir e estranhamente estou me divertindo também com suas piadas bestas, Cícero não é tão ruim quanto pensei que ele fosse, entretanto esse pensamento a seu respeito acende uma grande bandeira vermelha na minha cabeça, não posso me aproximar tanto assim dele ou vou sofrer tudo de novo que sofri com Rick.

Não é que eu não ache que consigo ser amigo dele, é mais pelo fato de que Cícero é muito lindo, engraçado e inteligente, me sinto muito atraído por ele mesmo sem conhecê-lo, tenho medo de que se deixar que ele chegue muito perto não consegue mais diferenciar as coisas de novo, todos esses pensamentos na minha cabeça me deixam até meio zonzo.

— Vou te dar uma colcha de cama do Vozão — ele fala ainda me zuando.

— Sem problemas eu posso dar para o meu pai.

— Seu pai é Vozão e ainda sim você é Leão, qual sentido? — ele pergunta com seu habitual sorriso.

— Gosto das cores do Leão e também não vejo graça ver um jogo com alguém que está torcendo para o mesmo time que eu, isso estraga a emoção da competição.

— Até que faz sentido, lá em casa meu pai e eu somos Vozão, acho que ele me deserda se eu torcer por outro time — só de pensar na hipótese já é suficiente para lhe arrancar mais uma gargalhada gostosa e contagiante.

— Você é um palhaço Cícero — falei rindo.

— E você é uma figura, por isso vamos ser grandes amigos — ele fala dando um soquinho no meu ombro.

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Comentários

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O drama do amigo hetero , mas é as bi,pan, que curte mulher, como no nosso imaginário todo.mundo é hetero e difícil não internalizar esse sentimento, o conto está mara.

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Rafa, gostei desse capítulo! A fórmula pra amizade já está aí, e pra desgraça tb rs...mais um apaixonado pelo amigo hétero, e como a gente gosta desse tema né? Hahaha

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Eu não gosto. Tenho pavor! Muitas experiências péssimas colecionadas.

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Tá na hora de contar essas experiências, coloca pra fora! Nem que seja só pra mim, num cantinho escuro 😈

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Amando o conto mas pelo amor de Deus, o que é Vozão e que time é o leão? É o sport?

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Vozão=time do Ceará, Leão=time do Fortaleza.

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