Cartas para uma adúltera

Um conto erótico de Marido da Mar
Categoria: Heterossexual
Contém 1991 palavras
Data: 19/08/2024 01:04:59
Última revisão: 20/08/2024 00:09:01

Cartas para uma adúltera

I - Esta noite tive um pesadelo, mas quando acordei só aumentou

Esta noite acordei com um pesadelo em que vocês se beijavam. Acordei e fiquei ao teu lado te olhando, mas me sentia mal, como se alguma coisa me dissesse que não era por acaso que eu tinha sonhado aquilo. Não consegui mais ficar ao teu lado, me levantei e resolvi procurar no computador. Tu és tão descuidada ou, sei lá, vai ver que queria mesmo que eu soubesse, que deixou o nome do teu amante como senha de e-mail. E aí eu li todos os não sei quantos e-mails que vocês vinham trocando desde maio do ano passado.

Nunca imaginei que poderia me decepcionar tanto contigo. Nunca imaginei que poderias me trair tão descaradamente. E nesse meio tempo ainda me disse mais de uma vez que era só minha. Vinha me traindo há um ano e fazia cena de ciúmes alegando coisas que eu nunca fiz enquanto ficava combinando esquemas com teu amante para ir para motel e hotel, trocando de carro, se encontrando em bar de interior. Foi o bom o hotel? E o motel, o mesmo que tu tiveste cara de pau de ir comigo, tomar vinho, transar na banheira. Trepou na banheira com ele também? Ele enfiou o pau dele na tua buceta? Tu gozaste com ele te comendo? Deixaste ele te enrabar? Destes para ele o cuzinho que sempre me negaste?

Em nossas discussões dissestes que não me admira mais. Realmente não tem como tu possas me admirar, eu não passei de um trouxa, de um corno manso, e a tua preocupação este tempo todo sempre foi o talarico ficar bem na foto. E se eu falar para a mulher dele, a tua amiga íntima, o que te parece isso? Ficas pedindo para ele deletar os teus e-mails porque não tens estrutura para um conflito com ela. Pensasse nisto antes de trepar com homem casado com tua amiga.

Obviamente estou muito triste com a traição. Mas ainda mais estou decepcionado por ver que não és a mulher que eu admirava, de quem que eu tinha orgulho, que era honesta, verdadeira. Não passas de uma qualquer, traindo o marido há mais de um ano. Sim, há mais de um ano, não foi uma vez ou duas, não foi só um beijo como me mentistes. E tu ainda escreveu para ele “ficar frio”, que tu me conhecias e que isso ia passar. E como dissestes para o teu amante que tinha me mentido, entendi que a cumplicidade e a intimidade eram entre vocês. Comigo é só mentira e traição.

II - Eu já sabia.

Eu já sabia. Sim, eu sabia que vocês não tinham parado de se encontrar. E isso me incomodava muito e me fazia sofrer. Todos os dias, todos os dias. Viver sabendo que está sendo enganado e não fazer nada é horrível. Me dava ciúmes, raiva e tristeza. Por que eu me conformei, por que eu aceitei? Por que eu não te confrontei? Não é ser traído o que dói mais, é não ter coragem de tomar uma atitude. Conformado, complacente, corno manso. É horrível saber que se é isso.

Como eu sabia, mesmo sem ter certeza, não foi um choque pra mim quando me contaste. Talvez por isso consegui ontem me controlar tanto e ser racional e ter uma conversa franca. Claro mesmo querendo ser racional vem um turbilhão de pensamentos e emoções, não é tranquilo lidar com essa revelação. É duro, porque mesmo sabendo, como não tinha confirmação e tu negavas, eu ficava sempre com uma ponta de esperança de que fosse coisa da minha cabeça, da minha paranoia, sempre tinha uma pontinha de esperança de que eu estivesse alucinando. E isso me deixava ruim também e uma coisa juntava noutra e sempre tive essa tristeza me acompanhando esses anos todos, mais de dez.

Sempre soube que vocês continuaram depois que eu descobri os e-mails. Mais ainda, sempre soube que tu nunca me contaste a verdade sobre a relação de vocês. Tem um e-mail em que tu dizes pra ele que só me contou sobre um beijo, ficando claro que teve muito mais. Te lembras? Foi no dia sete de maio.

“Quero e preciso deixar mais claro o que o meu marido sabe sobre nós: que uma noite, em março deste ano confundimos nossos sentimentos e desejamos um beijo. E é isso. E, pela intimidade e cumplicidade que eu e tu tivemos, preciso dizer que não tive coragem de revelar mais nada a ele e que peço que não fiques preocupado nem triste com o que aconteceu. Tudo passa.

Mar”

Hipócrita, falsa, mentirosa, adúltera. Morro de raiva e de ciúmes cada vez que me lembro. E me lembro todos os dias. Apesar do ciúme e do ego ferido, vocês transarem, terem sexo, nunca seria um problema pra mim, já tive casamentos abertos, tu sabes, mas vocês namorarem, tu te apaixonares por ele, ter cumplicidade com ele e não comigo, esconder de mim teus sentimentos, isso sim me dói muito.

No início cheguei a acreditar que tinhas mesmo terminado com ele, que era caso superado e vida que segue. Depois, vendo vocês na casa deles, nos bares, nas festas da turma, vendo a intimidade, o entrosamento na dança, a alegria na escolha das músicas, ficou claro que o caso de vocês continuava e que vocês não iriam parar. Me doeu, morri de ciúmes, tive muita raiva, mas depois me conformei, afinal o que fazer, se não quero me separar de ti.

E então fui aceitando, me acostumando, processando as ideias e os fatos e deixei mesmo de ter ciúmes ou de me preocupar com vocês dois. Não é problema para mim, desde que nosso casamento continue, desde que nós dois possamos viver juntos com respeito, carinho e felicidade. Não tenho ciúmes de vocês, embora sinta uma tristeza enorme por saber que preferes ele no sexo.

Para mim tua liberdade de fazer o que quiser e ficar com quem quiser sempre foi muito presente. O que me dói é a mentira. É tu teres com alguém uma relação que escondes de mim.

Eu te disse ontem que nada muda, que eu já sabia. Na verdade, muda sim, tira o peso da mentira, tira a dor de saber que a mulher que eu amo acha aceitável mentir para mim, seja pelo motivo que for. Tira a sensação de ser feito de bobo, de ser achado um trouxa que não enxerga, embora eu continue sendo um corno manso.

Então, teres me contado foi muito importante, me deixou feliz. Muito estranho usar essa palavra nessa situação, mas enfim, que bom poder voltar a ter confiança, poder voltar a acreditar. Por favor, te peço, tenha confiança em mim, eu estou do teu lado, eu te amo mais, muito mais do que qualquer homem, qualquer mulher, qualquer “Ricardão” possa sonhar em te amar.

Acredite nisso. Confie em mim. Vamos seguir com nosso casamento. Me ame, porque eu te amo mais do que tudo e não consigo nem pensar em ter que seguir minha vida sozinho. Não quero seguir sozinho, não quero seguir sem você. A vida perde o sentido.

III - Não tá tranquilo.

Sinto tanta falta do teu beijo. Sinto saudade de beijar tua boca, me enroscar na tua língua, me esquecer da vida no teu beijo. Sinto tanta falta. Beijar teus seios, lamber, chupar, roçar os dentes nos teus mamilos. Beijar tua buceta, sentir teu cheiro, teu gosto, passar horas beijando tua buceta. Sinto tanta falta.

Já te disse que entendo e aceito e que nada muda entre nós no nosso casamento. Sim, é isso, é o que penso, é o que quero que aconteça. Mas não consigo evitar ciúmes, raiva e tristeza. Entendo e aceito, mas não queria que tivesse acontecido. Entendo e aceito que vocês vão continuar, mas não deixo de ficar triste. Não é tranquilo. Na verdade, o que dói mesmo, não é saber que vocês vão continuar "ficando", como tu disse que ficaram em novembro. O que me aperta o coração é saber que vocês nunca pararam, que eu fui enganado por anos, mais de dez.

Eu achava que não tinha nada de mais tu saíres sozinha, encontrar amigos, ficar bebendo no bar, mas na verdade depois disso tudo tu ias "ficar" com o Ricardão. Isso tá difícil, saber que tu me mentiste sei lá quantas vezes me contando como tinha sido a noite, aonde tinhas ido, quem estava lá. E eu sempre acreditei, não sei como pude ser tão tapado.

Quando tu me contaste que tinham ido no motel e “tido sexo”, eu disse que já sabia. Mas não, eu sabia que vocês tinham “uma história”, gostavam de “ouvir música” e “dançar”, não sabia que estavam indo a motel trepar nos fins de noite. Não sabia que continuavas a te oferecer para ele, a chamá-lo de delícia e de tesão, Foi horrível ler isso. Com certeza te lembras desta mensagem de novembro:

“Neste momento escuto o cd de tangos, fumo um e viajo nas lembranças da nossa madrugada. Te quero. Mais, muito mais. Tu és uma delícia. Sinto um tesão imenso por ti.

Beijos

Mar.”

Mandastes esse e-mail pra ele nem uma hora depois de teres gozado com a minha boca devorando tua buceta suculenta enquanto dizias que eras minha, só minha. Estou com raiva. Fico com raiva quando me lembro. Não gosto nem tenho orgulho. Queria não sentir isso, queria ser racional. Não sei se vou conseguir, não tá tranquilo.

IV - A vida é tua, o amor é teu. Viva, ame.

Se queres namorar, ter um caso, uma amizade com sexo ou sexo casual, é tu que sabe. Eu não tenho palpites, conselhos ou pedidos. Eu não tenho o direito de te impedir, nem de te pedir que não faça. Eu quero continuar contigo, casado contigo, vivendo contigo, rindo e tendo prazer contigo. É só o que quero, é tudo que quero.

Sim, tenho ciúmes, tenho medo, sofro, sei que tudo pode acontecer. Mas a tua vida é tua e tudo que quero é que vivas e sejas feliz com quem tu quiseres (e comigo junto).

Eu te amo. E te desejo. E sofro por não me desejares e não gostares mais do meu toque.

O seu amor (Gilberto Gil) e Nosso estranho amor (Caetano Veloso) são duas canções que expressam muito bem como sempre pensei e busquei realizar nas minhas relações amorosas desde a adolescência até me apaixonar por ti e passar a te amar: total liberdade, total transparência, lealdade, verdade. Nossa relação se constituiu com outras regras. Um casamento monogâmico, só nós dois, um pacto muito claro a respeito de terceiras pessoas: não desejar, não olhar, não tocar, não se envolver. É uma relação fechada, baseada em fidelidade e exclusividade.

Mas aí tu desejou, olhou, tocou, beijou outra pessoa. Se envolveu, amou. E não me contou. Sem lealdade, sem fidelidade, sem exclusividade, sem transparência, sem verdade, sem "nós dois". E quando descobri tu minimizou, não me contou toda a verdade, disse que tinha sido só um beijo, que fora um impulso. E continuou me enganando durante dez anos ou mais. E nesse tempo me azucrinou com ciúmes de amigas, colegas, alunas, quase toda mulher que se aproximasse de mim.

Eu quero que sejas feliz, que tenhas amor, que tenhas prazer, que digas o que sentes e pensas. E quero muuuiiitooo que fiques comigo, que me tenhas amor, que continues dividindo comigo a aventura de estar vivo e amar na velhice. Quero muito envelhecer contigo. Quero muito que continues me amando.

Tu dizes que teu caso é passado, que foi um engano, que vistes como o teu amante é um canalha, um traste, que tudo terminou, que não queres mais vê-lo. Terminou? É passado? Será? Enfim. Mas e o futuro como será? Como serão nossos próximos 10 anos? Teremos mais 10 anos? Teremos futuro? Não terás outro engano? As vezes eu penso que desistir é melhor. Morrer seria melhor?

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Comentários

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Cometário sobre a terceira e últiam carta - As citações de Caetano e Gil, são fantasticas. Mas morrer, não é pra tanto... chame a Már e abra para ela seu coração, quequeres na verdade participar de sua vida, de seu prazer; mesmo que não seja você a dar esse prazer, mas vê-la sentindo esse prazer... peça para ir assitir, para filmar e assistirem depois juntos... quem sabe isso não reaviva a chama de vocês, como você mesmo cita... lhes falta cumplicidade. Na verdade amigo és apenas CORNO, e essa é uam posição muito ruim, pois é o último a saber. Ser CORNO MANSO é poder compartilhar com a mulher suas aventuras, mesmo que seja apenas ela contando o que o ocorreu ou voê presenciando in locu... e vê-la sentir prazer, por tanto amor que sente por ela, sentir prazer também... PENSE NISSO.

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Comentário sobre a segund carta: "Não é ser traído o que dói mais, é não ter coragem de tomar uma atitude. Conformado, complacente, corno manso. É horrível saber que se é isso." - Esse trecho é altamente explicativo, se consegue superar o ciúmes, sugiro que peça a ela uma ponta de prazer em tudo isso e lhe conte as venturas, pois ao menos numa imagem mental, poderá tê-la e se tocar e por ela ainda sentir prazer.

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Comentário sobre a primeria carta: percebo sua dor e creio que de fato, se não lhe faz bem ser CORNO da sua esposa, deves separte, mesmo que lhe cause dor; pois não é fácil esse papel de ser enganado, perdoar e aceitar os recorrentes erros do futuro, pois pelo que lei deves compreender que a dinâmica de quem trai é como a de um vício e digo-lhe; este vício não é necessariamente pelo prazer sexual, mas por todo arcaboço envolvido na própria prática do aultério: desde a adrenalina de ser pego, à trama dos encontros, as juras de paixão e o dissimular diante de quem é enganado. Há homens que sente prazer em estar nesse papel, mesmo que seja humilhante, como também é o da submissão ou do masoquista que sente prazer e mser dispresado, punido ou humilhado.

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Credo quanto sofrimento separa vai viver deicha esses dois se comer procura terapia mais faz alguma coisa so para de se humilhar desse geito

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Como uma opinião pessoal, por situações assim que não vejo com bons olhos um relacionamento aberto, pois para mim, a cumplicidade deveria ser entre o casal, a verdade deveria ser entre o casal e não com o amante. No caso descrito é pura traição...

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Triste. O autor da carta vive uma relação tóxica, argumenta que vai levando por não imaginar a vida sem a esposa, não percebe que ela não é mais sua esposa, simplesmente dividem a mesma casa mas não os afetos. Falta amor próprio ao autor da carta para sepultar o cadáver do seu casamento ao invés de sentir o cheiro de sua putrefação todo dia.

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Descrição perfeita, não pode nem ser chamado de relacionamento aberto,pois ele não pode aproveitar também...

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