Paguei o mecânico com minhas pregas anais
Eu ia completar 20 anos naquele verão e, como presente de aniversário, pude desfrutá-lo na costa mediterrânea da Espanha com cinco amigos, a Liv, a Amelie, o Otis, o Manou e o Julien. Charleroi, nossa cidade natal na Bélgica, não é propriamente o lugar mais aprazível para se passar o verão, especialmente quando se é jovem e disposto a curtir baladas. Já Alicante na costa oriental da Península Ibérica tem os verões quentes e ensolarados e uma infinidade de praias onde as baladas varam a madrugada agitando a galera jovem.
Empreendemos a viagem de carro no dia seguinte ao dos resultados das provas finais na faculdade. Apesar dos meus pais acharem uma temeridade encarar os 1.800 quilômetros de estradas em praticamente 18 horas de viagem, e terem insistido juntamente com os pais da Liv e da Amelie que fossemos de avião, o Manou e o Otis, que costumavam determinar todos os nossos programas como uma espécie de líderes, haviam encasquetado que queriam ir da carro para curtir as paisagens e fazer as paradas onde julgássemos mais confortáveis. No fundo, queriam estar mais próximos da Liv e da Amelie com quem estavam ficando e podiam boliná-las o tempo todo com aquelas mãos safadas sem estarem sob o olhar de estranhos. De vez em quando, sobrava até para mim, após eu ter me assumido gay há dois anos. O instinto de macho predador funcionava tão bem com elas quanto comigo, embora eu fosse bem mais arredio do que elas e costumasse rechaçá-los com alguns socos inócuos quando apalpavam descaradamente minhas nádegas ou tentavam me roubar uns beijos lascivos. A exceção era o Julien, ele não dava em cima delas e muito menos de mim. Nelas talvez por não as achar atraentes o bastante para despertar sua libido e eu, obviamente por ser gay, algo que não cabia em seu cardápio. Independente disso, ele mantinha uma boa e sincera amizade comigo e, desde quando o conheci, ficou claro que nunca ia rolar nada entre nós, além dessa amizade. Ele faz o tipo macho viril que não precisa alardear seus atributos, bastava olhar para seu físico atlético, o rosto angulado que expressava pouco do que se passava em seu íntimo e, que tinha um riso controlado e, logicamente, o prodigioso volume que havia entre suas pernas musculosas. Por mais lindo e sedutor que o achasse, jamais me insinuei ou disse qualquer coisa a respeito de sua masculinidade latente. Por alguma razão desconhecida, eu não me via tendo intimidades com ele. Ele fazia o mesmo comigo. Sei que me acha bonito e atraente, talvez até já tenham lhe passado pela mente algumas sacanagens com a minha bunda roliça, mas que estava destinada a outros, não a ele, por mera convicção. Nas baladas, quando ele sumia de repente, era certo que estava metendo o caralhão nalguma garota que lhe deu bola, num canto discreto qualquer. Ele não tinha dificuldade alguma em arranjar uma foda, bastava elas o virem para ficarem com as vaginas molhadas implorando pela virilidade dele.
- O Matis ficou com o cuzinho piscando no dia em que viu o tamanho da rola do Julien no vestiário da faculdade. Conta como foi, Matis, ficou com vontade de dar uma mamada nela? – revelou indiscreto o Otis numa ocasião em que estávamos num barzinho. O Julien me encarou sem falar nada, embora tenha ficado lisonjeado por eu ter admirado seu falo.
- Você é um otário ou o quê, Otis? Que conversa mais sem propósito! – revidei de pronto, com o rosto todo corado quando todos estavam olhando para mim.
- Vai negar que o tamanho da pica dele não te impressionou! Se fez o comentário é porque sentiu alguma coisa. – continuou ele, me deixando numa situação vexatória.
- Cala a boca, Otis! Onde pretende chegar com isso?
- Em lugar algum! Mas é bom o Julien saber que tem gente de olho na verga privilegiada dele.
- Babaca! Já a sua é minúscula, por isso tem inveja e fica falando o que não deve! – retruquei zangado por ele ter revelado um comentário que eu havia feito tempos antes.
- Você sabe que não é minúscula, também já me viu nu e só está dizendo isso por que ficou com vergonha do Julien saber que você gostou do cacetão dele. A minha pode ser um pouco menor que a dele, mas se quiser eu te provo que é tão eficiente quanto. – sentenciou ele, levando aquele assunto ao extremo.
- Idiota! Para mim já deu, estou indo para casa. Com esse babaca enchendo meu saco, a noitada terminou para mim! – exclamei, deixando a galera no barzinho.
- Espera, Matis! Não fique assim, é só uma brincadeira, você sabe que o Otis exagera depois de uns goles. Que mal há em você ter feito um comentário sobre o pau do Julien? Meninas, vocês não teriam feito o mesmo se vissem a jeba do Julien ao vivo e a cores? – interveio o Manou, procurando me deter.
- Claro Matis! Você deu sorte, quisera eu ter visto o Julien nu em pelo! – exclamou a Liv, também tentando salvar a situação.
- Chega! Não tenho saco para ficar ouvindo essas baboseiras! Tchau!
- Não deixe ele ir, Julien! Fala alguma coisa, cara! – pediu a Liv.
- Cara, na boa, se você for se incomodar com todas as besteiras que o Otis fala, nunca vai curtir nada. – disse o Julien, o que só me deixou ainda mais envergonhado.
Depois desse episódio fiquei ainda mais cauteloso em relação ao Julien, evitando qualquer comentário e até de olhar demasiado em sua direção para não gerar suspeitas. Não queria que aquele homem me achasse um gay vulgar que não se controla na presença de um macho como ele. No final das contas, ficou o dito pelo não dito, o comentário caiu no esquecimento e nossa amizade seguiu adiante.
Em dois carros, o Renault Grand Koleos da mãe do Manou e o Peugeot 5008 GT do pai da Amelie, o Otis, Manou e Julien foram se revezando ao volante nos dois longos dias da viagem cruzando a França e descendo o litoral mediterrâneo da Espanha. Não me deixaram pegar no volante, segundo o Manou e o Otis, eu era um péssimo motorista, o que efetivamente não era verdade, apenas uma maneira de dizer que um gay não tinha as mesmas habilidades ao volante que um macho. Eu sempre ficava puto com essas observações descabidas, uma vez que quase diariamente era eu quem lhes dava carona para a faculdade.
A primeira noite numa pousada em Bèziers, na França, a pouca distância dos Pireneus e da fronteira com a Espanha, foi constrangedora. O Manou dividiu o quarto com a Amelie, o Otis com a Liv e eu e o Julien ficamos num terceiro. Eu não havia previsto essa situação até ela se apresentar. Devia ter sido mais esperto e sacado que os dois não iam perder a chance de se enfiar na mesma cama com as garotas. Ainda tentei modificar o arranjo das coisas na recepção diante da mulher de meia idade empolada e sem um pingo de paciência para ficar assistindo à discussão que se formou quando propus que as duas garotas ficassem com um quarto e nós três num outro. A desgraçada logicamente estava contente de ter três quartos ocupados ao invés de dois. Por fim, venceram eles no voto, o que me deixou puto.
- Com medo de encarar o cacetão do Julien outra vez, Matis? – indagou irônico o Otis.
- Vai à merda, Otis! – respondi furioso. Para ser sincero, eu estava mesmo. Não digo com medo, mas desconfortável por ter que compartilhar um quarto e banheiro com o Julien.
- Está tudo bem para você? – perguntou-me ele, ao se dar conta de como as coisas ficaram. – Não me importo de ficar noutro quarto. – afirmou.
- Só temos essas três suítes disponíveis, a pousada está lotada! – avisou a velha num tom áspero com sua voz rouca de fumante inveterada. Fuzilei-a com o olhar, ela soube que, no meu íntimo, tinha a mandado à puta que a pariu. Porém, resolvi não criar caso, podia mesmo parecer que eu temia a proximidade com o Julien.
Havíamos alugado um sobrado a 200 metros da praia com um belo solário na cobertura com vista para o mar durante nove semanas em Alicante. As ruas próximas estavam lotadas de barzinhos onde rolavam festas animadas madrugada adentro, com DJs famosos e algumas bandas vindas de toda Espanha e até do exterior. O verão é a época em que o europeu vive seus melhores momentos junto à natureza, e nós estávamos dispostos a usufrui-lo ao máximo.
No primeiro dia depois de instalados, acordamos tarde devido ao cansaço da viagem. Havia passado do meio-dia e ninguém estava a fim de fazer o almoço, assim, resolvemos explorar os arredores e comer qualquer coisa pelo caminho. Foi um dia de preguiça.
À noite, e à medida que as horas avançavam, a orla começou a ganhar vida. Os clubes de praia e quiosques não paravam de ver os turistas chegando e se apinhando onde fosse possível, atraídos pelo som alto das músicas do momento. Também nos juntamos à galera, em sua grande maioria entre os 20 e 30 anos, para explorar as possibilidades. Um desfile extravagante de corpos malhados, ora cobertos com tatuagens, ora cheios de curvas sensuais, porém ainda desprovidos do bronzeado se balançavam ao som frenético que saía dos equipamentos de som, ou de alguma banda amadora que levava a moçada ao delírio em frente a um palco improvisado.
Após uma caminhada sendo refrescados pela brisa que soprava do mar, nos detivemos no La Plage del Sur, a pouco mais de uma centena de metros da areia fofa e ligeiramente amarelada que se estendia até se perder de vista, onde um DJ famoso em toda costa mediterrânea tocava uma seleção de músicas que chegava a penetrar no corpo fazendo-o movimentar-se ao ritmo delas. Duas fileiras de gazebos feitos de troncos e cobertos por telas retráteis abrigavam espreguiçadeiras e mesinhas defronte a um terraço com deque de madeira. Ainda conseguimos um dos últimos gazebos disponíveis de onde se avistava tanto as ondas do mar se quebrando em fileiras irregulares de espuma branca quanto o tablado sobre o qual o DJ se apresentava.
Os rapazes logo trataram de tirar as camisetas para exibir seus troncos másculos, enquanto a Liv e a Amelie gingavam seus corpos metidas em shorts curtos e crop tops de alcinhas que deixavam boa parte de seus seios à mostra, embora nenhuma das duas os tivesse tão volumosos quanto as garotas espanholas. Contudo, eram bem formados e bastavam para deixar os rapazes sonhando com suas mãos e bocas percorrendo seus contornos insinuantes. Mantive minha camiseta regata por puro pudor, meu torso branco leitoso não combinava com aquele ar praiano.
- Está parecendo uma freira! Não vai tirar essa camiseta? – perguntou o Manou
- Estou bem assim! Já vocês se parecem com lagartixas brancas. Quando pegar um bronzeado dispenso a camiseta. – respondi
- O verão acaba de começar, é natural que ainda estejamos com a pele à la Charleroi! – devolveu ele
- É bom mesmo que o Matis se mantenha o mais coberto possível, seria uma concorrência desleal conosco. – afirmou a Liv – Onde foi que você conseguiu essa bunda, Matis? Quisera eu ter pelo menos a metade dela. – acrescentou, extraindo risos dos demais, até mesmo um quase imperceptível do Julien.
- Engraçadinha! Não tem vergonha de falar isso na cara do seu namorado? – indaguei
- Meu namorado, o Otis? Ainda estou pensando se vou ficar com ele até o final do verão, vai que aparece um cara como aquele encostado no balcão do bar. – respondeu ela, nos fazendo virar o olhar em direção ao sujeito parrudo com cara de rato de academia tomando um mojito, e deixando o Otis puto.
- Ah é, sua vagaba! Ontem à noite você não reclamou do meu cacete na sua vagina, até virou os olhos enquanto te fodia. – escrachou ele, ofendido.
- Falta de opções, Otis! Falta de opções! Mas não fique com essa cara seu tolinho, esse pau até que não é de se jogar fora! – tripudiou ela, afagando o rosto zangado dele.
- Putinha! – retrucou o Otis
- Machinho inseguro! – exclamou ela, beijando-o para consertar a situação.
Entre o Manou e a Amelie também rolava um clima de animosidade na conversa à meia boca que estavam tendo, pois o Manou quase chegava a babar secando as garotas que estavam no gazebo ao lado e que ficavam dirigindo risinhos em nossa direção. O Julien havia saído para uma caminhada, como nos informou, com uma delas logo que nos instalamos e antes mesmo de pedirmos uns drinques e petiscos. Não era preciso ser nenhum adivinho para saber que àquelas alturas o cacetão dele já estava no meio das pernas da garota num canto qualquer daquele emaranhado de construções à beira mar.
Comi um pouco e tomei um gim-tônica, pois estava varado de fome antes de me empenhar numa caminhada pela praia. Predestinado a passar o verão sem companhia uma vez que formávamos um grupo ímpar, pois o Julien não contava, não quis ficar segurando vela no meio deles. Já quanto ao Julien, ele estava à caça de algo de definitivamente não era do meu interesse, garotas dispostas a abrir as pernas para o maior número de machos possível. A noite estava linda, uma lua em quarto crescente dava um tom prateado à espuma das ondas. Cada um dos meus passos formava uma rodela molhada sob meus pés da água acumulada entre a areia dura deixando um rastro atrás de mim. Embora solitário, eu estava feliz por estar ali. Tinha sido um ano difícil na faculdade e também fora dela, pois perdi meu avô no início do ano em meio a um inverno rigoroso. Ele sempre foi um grande companheiro, a primeira pessoa com quem me abri falando da minha homossexualidade. Apesar de ser de uma geração conservadora, ele me incentivou a me abrir com meus pais no mesmo apoio irrestrito que sempre me dedicou. Recordar alguns momentos que tive ao lado dele me deixou um pouco abatido e triste, e voltei para o La Plage del Sur.
O meu pessoal havia sumido, eu me demorara demais na caminhada e passava das quatro da madrugada. Resolvi tomar um último mojito, talvez ele me ajudasse a pegar no sono mais rápido uma vez que me sentia um tanto quanto agitado. O bar continuava lotado e tive que me espremer no balcão entre ombros desnudos. O cara que veio me atender, depois de um bom tempo agitando os braços, abriu um sorriso assim que se aproximou.
- Um mojito, por favor! – pedi com um sotaque acentuado, o que não era nenhuma novidade naquelas bandas, pois a imensa maioria dos clientes eram turistas estrangeiros.
- É para já! – retrucou, passando a providenciar a bebida. – Cortesia da casa! – exclamou quando colocou o copo suado na minha mão.
- Obrigado! – devolvi com um sorriso. – E a que devo a cortesia?
- A esses olhos cinza azulados cativantes e a todo o resto! – exclamou atrevido. – Ángel, prazer!
- Matis, igualmente!
- Está sozinho?
- Estava com um grupo de amigos, mas creio que já foram embora.
- Um perigo deixar um garotão tão “hermoso” no meio de todos esses gaviões! – exclamou, jogando charme. – Posso me encarregar de sua segurança se puder me esperar por mais uma hora e meia quando fechamos o clube.
- Não preciso de seguranças, mas aceito a companhia! – ele tinha lá seu charme, sem camisa e com uma tatuagem tribal sobre um bíceps volumoso e um cavanhaque ao redor da boca sensual, era sexy ao estilo ibérico.
Descobri que ele era uma espécie de gerente do clube, encarregado de administrar os funcionários, providenciar as atrações musicais e assegurar que o clube se mantivesse lotado durante todo o verão, pois apenas exercia essa função durante a temporada. No mais, que era de Barcelona onde também fazia bicos como promoter de casas noturnas da cidade. Após fechar o clube caminhamos pela avenida costeira sem um rumo definido e, uma hora depois, ele já estava me propondo uma trepada no apartamento que os donos do clube lhe disponibilizavam na temporada. Eu o achei simpático e cativante, até bastante sexy, mas aquela pressa em me enrabar precisava ser refreada antes de eu ter certeza se valia ou não à pena entregar meu cuzinho.
- Compreendo, não estou zangado, só um pouco frustrado. – disse ele, quando recusei a trepada. – Ando meio abstinente e pensei que essa bunda gostosa ia acolher as necessidades do meu pau. – emendou sem rodeios.
- É sempre tão direto assim?
- Te assustei?
- Um pouco! Não estou habituado a cantadas tão explícitas.
- Os caras onde você vive são cegos, ou o quê? Você é puro tesão, deviam estar fazendo fila para estar com você. – afirmou
- Não seja exagerado! Nem todos são tão tarados quando os espanhóis.
- Sangre caliente! Tenemos sangre caliente corriendo por nostras venas! - afirmou – Y eso provoca esto! – acrescentou, chamando minha atenção para a ereção que havia se formado em sua bermuda. Limitei-me a sorrir encabulado, pois não seria naquela noite que aquele cacete ia entrar em mim.
Só voltamos ao La Plage del Sur alguns dias depois, tínhamos curtido outros bares e clubes, mas ele continuava a ser nosso favorito, tanto pela comida e drinques quanto pela música. Assim que me viu chegar, o Ángel veio nos oferecer o melhor gazebo, alegando que o havia reservado para mim. Nem preciso mencionar como a galera começou a zombar comigo.
- Humm, aí tem! O gostosão já deve ter se esbaldado na sua bunda, não é? Conta aí como foi! – instigou o Otis. – Ai, ui Ángel, que gran polla tienes! – acrescentou num espanhol sofrível, mas que atraiu os olhares das pessoas ao redor.
- Você é mesmo um babaca, Otis! Estou farto dessas suas brincadeiras sem graça! Vá se foder! – devolvi exasperado
- Ele não deu o cu! Não estaria tão mal humorado se tivesse levado uma rola! – continuou sarcástico. Mandei-o à merda.
Instantes depois, o Ángel veio ter comigo, pediu para conversarmos num lugar menos agitado, e me levou para os fundos do bar.
- Tenho uma proposta a lhe fazer! Estou precisando de mais pessoal, de um ajudante direto, para ser mais exato. Fico muito assoberbado resolvendo tudo sozinho e os donos me dão a liberdade de contratar um auxiliar todas as temporadas. Pensei em você, o que me diz? – perguntou. – São mil Euros por semana de sete noites, mais boca livre em refeições e drinques, mais as gorjetas. – emendou, sem me dar tempo de responder. – É puxado, não vou negar. Terá que começar por volta das 21:00h até o fechamento às 05:30h quando contabilizamos o caixa do dia.
- Eu topo! – respondi no impulso.
Já tinha dado por certo que não ia encontrar uma companhia para a temporada, pois com aquela abundância de garotas seminuas dando mole, os homens não ligavam para aquele enxame de gays cobiçando os mesmos cacetes. Esses últimos teriam que se contentar com os caras mais feios e sem graça, os dispensados pelas garotas e, mesmo assim, só se fossem do time que joga dos dois lados. Eu não estava nem à caça, nem disposto a ficar com um cara sem atrativos só por ele ter uma rola entre as pernas. Ademais, mil Euros por semana não seria um mau negócio ao fim da temporada.
Comecei no dia seguinte, apesar de alguma reserva quanto a circular sem camisa entre os clientes, mas isso era praxe. Garotões com corpos bonitos ajudavam a atrair as garotas e, atrás delas vinham os caras tentando se dar bem com alguma delas. Prova disso era o Julien que fazia plantão no clube todas as noites, enquanto o restante da galera circulava por outros lugares.
O Ángel continuou a dar em cima de mim, tive a impressão que foder o meu cuzinho tinha se tornado uma obsessão de sua parte, pois não perdia a chance de me bolinar e encoxar em meio a correria de atender os clientes. Cedi depois de uma semana. O sol começava a pespontar quando ele me levou ao seu apartamento após o expediente. Nu, seus atributos se acentuaram aos meus olhos, embora não houvesse nada de especial nele, era sexy e gostosão, apenas isso. E foi o suficiente para ele conseguir me enrabar e satisfazer sua tara. Também a transa foi tranquila, ele era carinhoso e gostava de se deixar afagar feito um gato manhoso. Do que mais eu precisava? Um cara carinhoso na cama por algumas noites e uma boa grana no final de cada semana, a temporada não podia ser melhor.
Quando passava com o Ángel, eu costumava voltar para casa só depois do meio-dia. Quando não, chegava junto com o raiar do dia e, depois de uma ducha, despencava exausto na cama e dormia até não querer mais. Numa dessas ocasiões, mal tinha ido me deitar, o Julien entrou no quarto derrubando tudo que estava no caminho, estava completamente bêbado. Fui até os outros quartos para ver se alguém se encarregava dele, me deixando descansar sem ter que me virar com um bêbado recém chegado da esbornia. Não havia ninguém em casa.
- Onde raios esses merdas foram se enfiar justo hoje quando esse sujeito volta para casa nesse estado. – murmurei comigo mesmo. – Julien! Julien! Vá deitar na sala, você está fedendo e está mais bêbado que uma vaca, preciso descansar para encarrar o serviço à noite. – foi o mesmo que falar com uma parede. Ele apenas grunhiu alguma besteira e estava se deixando cair na minha cama. – Aqui não, Julien! Nem pensar! Cai fora! Vá tomar um banho, sai Julien!
- Acho que bebi demais! Foi culpa daquela puta, ficou embromando e pedindo bebidas. – disse numa frase um pouco mais conexa.
- Não me interessa de quem é a culpa! Quero você fora do quarto, agora! – revidei, elevando o tom de voz.
Cambaleando, ele foi até o banheiro. Não sei quanto tempo ficou por lá, pois comecei a cochilar com o som da água correndo no box. O sol já estava batendo no meu rosto quando acordei, o chuveiro continuava correndo.
- Julien! Julien! Você está aí? – chamei sonolento. - Merda do cacete, o que esse cara está fazendo?
Entrei no banheiro e ele estava sentado no chão do box com a água escorrendo pelo corpo ainda vestido. Ainda estava inconsciente, alheio a tudo a sua volta. Praguejei por ter que lidar com aquilo.
- Julien! Julien, acorde, seu merda! – chamei, sacudindo o corpão pesado dele.
- Hã? Seus peitinhos são tão lindos, vamos para um lugar mais discreto, quero chupar esses peitinhos! – repetia o desgraçado, achando que ainda estava em companhia da tal garota que o embebedou.
- Acorda, Julien! É o Matis, você está em casa, a foda já era, a putinha te deixou na mão, seu babaca!
- Eu vou foder a boceta daquela puta! Juro que vou foder!
- Nesse estado você não fode nem uma cinquentona carente com a vagina engruvinhada, se toca panaca!
A muito custo consegui puxá-lo para fora do box, sem saber exatamente onde estava, ele começou a se despir. A roupa molhada colada ao corpo dificultava a ação e ele começou a praguejar e a soltar palavrões, até ficar tão irritado que simplesmente as arrancou rasgando-as em pedaços.
- Que a santa protetora dos cuzinhos gays me acuda! Quem é que aguenta um caralhão desses? – indaguei a mim mesmo quando ele ficou completamente pelado diante do meu olhar estarrecido.
- O que você disse? – perguntou, tentando se deixar cair sobre mim.
- Nada, nada! Eu disse que você é uma besta, só isso! Sua cama é aquela, e tire essas mãozonas de cima de mim. Eca, Julien, você está com um bafo que mata qualquer um há um quilômetro de distância. – retruquei, empurrando-o em direção à cama, onde desabou feito um edifício durante um terremoto, fazendo a cama ranger sob seu peso.
- Vem cá gostosona, vem saborear a minha pica, vem! Eu sei que era isso que você queria! – balbuciou, achando que ainda estava no bar dando uma cantada na tal da putinha, ao mesmo tempo em que afastava as pernas musculosas e peludas e manipulava o cacetão flácido e pesado.
- A baranga te deixou na mão, Julien! Se liga, bobalhão! Aposto que ela limpou os teus bolsos antes de te dar um pé na bunda. – eu estava tão puto com ele que podia socá-lo até fazer a bebedeira passar, especialmente por ele estar me exibindo aquela benga colossal sem nem desconfiar do que estava fazendo.
Quando chegaram em casa, me perguntaram sobre o Julien. Levei apenas o Manou e o Otis para o quarto a fim de mostrar-lhes o amigo embebedado. Também notaram que eu estava puto e, até certo ponto os culpava por ter que enfrentar a situação sozinho.
- Uau! O puto ainda de pau duro! O que aconteceu? – perguntou o Otis, quando viu o Julien esparramado na cama com o sexo empinado feito um poste.
- Aconteceu que esse babaca chegou em casa bêbado e sem um tostão no bolso, depois que uma putinha extorquiu o que pode dele. E enquanto vocês se divertiam, eu precisei cuidar desse infeliz! Não consigo nem olhar na cara dele, tamanha a vontade que tenho de dar cabo dele. – respondi.
Obviamente aproveitaram para tirar uma foto da jeba em riste, aquilo serviria para gozar da cara do Julien por um ano, no mínimo. Também quiseram gozar comigo por ter que lidar com um macho hetero pouco afeito aos gays, mas desistiram quando perceberam que eu não estava para brincadeiras e que aquilo tinha me deixado muito revoltado. Já sóbrio, contaram a ele o que eu lhes havia dito, e que era melhor não me abordar por uns dias se não quisesse ouvir uma ladainha de impropérios.
- Lamento ter feito você passar por aquilo. Me perdoe, sinceramente, mil desculpas! – pediu o Julien uns três ou quatro dias depois.
- Cara, fica na sua! Quero que suas desculpas se fodam! Só digo uma, se isso se repetir, você trate de procurar outro lugar para passar a noite, mas no meu quarto é que não vai ser. – respondi determinado.
- Não! Não vai se repetir, juro! – devolveu acanhado, sabendo que isso tinha ampliado a distância entre nós.
O trabalho no clube me distraía, fui conhecendo pessoas, levava uma porção de cantadas tanto das garotas quanto dos caras, porém tudo sem nenhum desfecho que suprisse meus desejos. O Ángel continuava me levando de vez em quando para o apartamento dele, e transávamos até o tesão arrefecer. Durante o dia, tomava sol com a galera e ia adquirindo um bronzeado que tornava meu corpo cada dia mais sensual. Era no banho que eu via o contraste entre a pele imaculadamente alva das nádegas deixada pela sunga e; o restante da bunda, aliás a maior parte, pois usava sungas sumárias, tinha o cobiçado tom acobreado ressaltado pela penugem aloirada dos ralos pelos que as revestiam.
Achei que não podia haver felicidade maior. O verão estava no auge, minha conta bancária nunca esteve tão recheada, até um namorado eu tinha conseguido. Comemorei meu aniversário no próprio clube, uma banda tocou inúmeras músicas em minha homenagem e, antes mesmo do expediente terminar, o Ángel estava se despejando com o cacete duro no meu cuzinho.
É fácil se iludir nessa idade. Apenas uns dias depois, flagrei-o no depósito do clube sendo enrabado por um entregador regular de bebidas. Demoraram a me notar, o cara parecia um animal socando a pica no rabo do Ángel que gemia feito uma cadela, não de dor, mas para atiçar ainda mais o tesão do sujeito. Por pouco não desperdicei algumas lágrimas pelo meu namorado que, afinal, não era tão macho quanto eu havia imaginado.
- Sou versátil, Matis! Estava tentando encontrar uma maneira de te contar, juro. Você é um passivinho muito do gostoso, mas eu também gosto de uma boa rola no rabo. – disse ele, quando veio se desculpar.
A inexperiência faz de você um tolo útil que acredita até em Papai Noel se o sujeito que te afirmar isso, tiver mexido com seus sentimentos. Aos 20 anos eu era o próprio exemplo do que afirmo. Perdoei o Ángel em nome das carícias que ele me fazia antes de me penetrar, e relevei as outras vezes em que o flagrei com algum macho entalado no rabo. Ele alardeava que era mais ativo que passivo nos relacionamentos, mas a verdade se comprovou contrária. Ele só era ativo com caras como eu, 100% passivos e inexperientes se possível, com os demais não tinha nenhum pudor em lhes oferecer o rabo para sentir prazer. Não terminei com ele, como disse, eu era um imbecil deslumbrado por picas naquela época e, ao menos isso, ele tinha entre as pernas.
Com o fim da temporada e os primeiros ventos soprando mais intensamente do norte do que do sul, os turistas foram partindo. A cada dia o clube estava mais vazio, as praias menos lotadas, as ruas voltando à calmaria. Liv, Amelie, Otis, Manou e Julien foram com a leva que deixou Alicante na última semana do verão. Fiquei mais três dias para completar a semana e receber o pagamento integral. Eu seguiria com o Ángel de carro até Barcelona, ficaria mais uns dois dias na companhia dele e voltaria para a Bélgica num voo de sete horas com duas escalas.
Saímos de Alicante no sábado pela manhã, com previsão de chegar no meio da tarde ou, se muito, ao anoitecer em Barcelona. O Ford Focus do Ángel estava lotado com as tranqueiras básicas das quais necessitava para passar a temporada na praia, sobrando pouco para a minha bagagem que foi espremida entre a dele. Não era a primeira vez que ele fazia o percurso, mesmo assim, fixou o trajeto no GPS a fim de evitar pegar alguma alça errada no acesso às rodovias. Confiei nele e no GPS, uma vez que não me restava outra opção. Havíamos rodado a manhã toda, feito uma parada para o almoço e voltamos à estrada. Depois de uns poucos quilômetros rodados, o GPS indicava um enorme congestionamento na rodovia, mais adiante, estendendo o tempo de viagem em mais quatro horas.
- Vou pegar um desvio, assim fugimos do congestionamento. As estradas estão apinhadas de turistas voltando das férias. – disse ele, enveredando por uma estrada mais estreita.
- Tem certeza que conhece esse caminho? Estou achando essa estrada muito acanhada para nos levar a algum lugar descente. – conjecturei.
- Claro! Já passei por aqui ano passado com o meu .... – ele se calou antes de terminar a frase e se entregar revelando o caso do verão passado. – Depois, o GPS vai nos indicar a rota a seguir, não tem erro.
Na tarde escaldante o GPS nos enfurnava cada vez mais em estradas vicinais, algumas sem asfalto perdidas entre plantações que se perdiam no horizonte.
- Estamos perdidos! Esse não pode ser o caminho para Barcelona! – afirmei convicto. – Estamos embrenhados na zona rural de algum vilarejo, faz quilômetros que não vejo nenhuma placa indicativa. Vamos voltar! – sugeri
- Calma, é por aqui mesmo, eu me lembro de ter passado por um longo trecho entre plantações. – garantiu ele.
Nem bem ele havia terminado a frase, o motor do carro começou a falhar, mais uma centena de metros adiante, silenciou de vez, no meio do nada.
- Fodeu! – exclamou ele, me encarando com uma cara de idiota
- Chame o socorro! Não entendo nada de mecânica. – fui sugerindo
- Meu celular está sem sinal, e o seu? – quando fui conferir, nenhuma mísera barrinha apareceu na tela. – Vou ver qual é o problema, talvez seja algo bem simples. – disse ele, ao descer do carro e abrir o cofre do motor.
Fui atrás dele, mais confiante, acreditando que ele pudesse solucionar o defeito. Contudo, não precisei nem de dois minutos para constatar que ele era tão ignorante no assunto quanto eu.
- O que vamos fazer agora? Não passa ninguém nessa estrada faz um tempão, o último carro com que cruzamos foi a quilômetros atrás. Eu disse que estávamos perdidos! – exclamei irritado, por ele continuar teimando quando sabia que estávamos indo em direção errada.
- Vamos esperar um pouco, qualquer hora há de passar alguém, afinal não estamos longe da civilização. – retrucou
- Não é o que está parecendo! Sem sinal de celular, numa estradinha de terra e cercados por plantações de todos os lados, eu diria que não só estamos longe da civilização como estamos literalmente fodidos.
- Não seja dramático! Vamos esperar e ter paciência! – retrucou
Mais de quatro horas depois, continuávamos no mesmo lugar sem ter visto uma viva alma sequer, além de uns pássaros grasnando que passaram voando sobre nossas cabeças. O sol começava a se pôr cobrindo o topo das plantações com um tom dourado. Temendo passar a noite naquele fim de mundo, perdi a paciência.
- Feche a porra do carro, vamos seguir a pé antes que morramos aqui mesmo e só encontrem nossos esqueletos daqui a um século.
- A pé? Ficou maluco! O GPS não indica nenhuma aldeia num entorno de mais de sessenta quilômetros. – revidou ele.
- O que sugere então? Morrer passivamente aqui e deixar nossos corpos para os urubus? Eu vou fazer alguma coisa, não vou ficar aqui me lamentando, nem que precise caminhar a noite toda e mais um tanto do dia de amanhã. – afirmei resoluto, enquanto juntava algumas coisas e as enfiava numa mochila.
Percebendo que eu não ia desistir, ele trancou o carro e veio atrás de mim. Caminhamos por cerca de meia hora na direção de onde viemos, quando avistamos ao longe uma nuvem de poeira se erguendo entre as plantações. Pouco depois, estávamos cara a cara com uma picape enorme, cheia de adereços e uma carreira de faróis sobre o teto da cabine. Gesticulamos feito doidos para o sujeito ao volante obrigando-o a pisar forte nos freios enquanto a picape ziguezagueava no solo poeirento.
- Moço, pode nos ajudar, nosso carro quebrou ali mais adiante? – fui logo despejando, na ânsia de sair o quanto antes dali.
- Como vieram parar nessa estrada, não passa quase nada por aqui além das máquinas agrícolas nas épocas de plantio e colheita! – disse o sujeito, enquanto eu encarava o Ángel com ar de censura.
- Foi o GPS! – respondeu o Ángel para não dar o braço a torcer.
- Para onde estão indo?
- Barcelona! – respondi, quando ele nos fez entrar na picape.
- Por aqui jamais chegarão lá, isso eu garanto!
O sujeito era tão grande quanto sua picape. Devia ter por volta de 30 anos, apesar do comportamento taciturno fazê-lo parecer mais velho. Espremido entre ele e o Ángel, pude conferir o tamanho de seus braços, os bíceps, as coxas grossas e musculosas, o tronco largo e maçudo. Para o rosto nem me atrevi a olhar, só de soslaio dava para notar aquela barba hirsuta por fazer, a ossatura angulosa e a serenidade típica de um macho que conhece seu potencial. Foi constrangedor perceber que ele fazia o mesmo comigo, naqueles poucos minutos ele já havia me examinado por inteiro e, não duvido, seria capaz de enumerar tudo que lhe agradou.
Ele estacionou em frente ao carro, descemos e o Ángel voltou a abrir o cofre do motor. O sujeito se inclinou sobre ele, passou os olhos meticulosos por tudo e se voltou para nós.
- Mil e duzentos Euros! – exclamou sonoro. O Ángel e eu nos entreolhamos, nenhum dos dois tinha essa quantia nos bolsos, nem mesmo se juntássemos o que tínhamos.
- Está louco? Não pode ser um defeito tão complicado assim, fiz uma revisão recentemente. – afirmou o Ángel.
- Bem! Então boa noite a vocês! – respondeu o sujeito.
- Não! Espere, por favor! Pode ao menos nos levar até a cidade mais próxima? – apelei.
- São 130 quilômetros até uma oficina onde consertem esse tipo de carro. – respondeu ele. – Não tenho como levá-los até lá!
- Para onde está indo, talvez nos deixe por lá e depois damos um jeito de conseguir um mecânico. – voltei a apelar.
- Estou indo para casa, passei o dia consertando um trator e estou cansado. Até mais, boa sorte! – ele já caminhava em direção à picape quando me postei a sua frente e o retive pelo braço.
- Por favor, moço, já que é mecânico conserte o carro, não temos esse valor conosco, mas eu prometo que amanhã vou a um caixa automático mais próximo e saco o valor. – ao tocar nele, ele desviou o olhar para a minha mão e eu, a retirei, o mais rápido possível.
- Que garantia eu tenho que você tem como me pagar?
- A minha palavra, eu juro que lhe pago cada centavo!
- Preciso de mais garantias, você pode estar mentindo! – o sujeito era duro, mas aquele olhar não me enganava, eu sabia o que ele tinha em mente.
- Juro que não estou mentindo, acredite em mim! O que posso fazer para que você nos ajude, não quero passar a noite nessas plantações. Faço o que você quiser! – supliquei. Um leve risinho se esboçava no entorno de sua boca, ele tinha conseguido o que queria.
- Faz mesmo, tem certeza? Quero um adiantamento para garantir o pagamento.
- Faço! Apenas nos ajude a sair daqui. – respondi de pronto. – Que tipo de adiantamento? – eu era ingênuo, ou burro mesmo? Pela maneira como olhava para o meu corpo estava claro de que tipo de adiantamento se tratava.
- Me dê a chave e entre no carro! – ordenou ao Ángel, que não hesitou em seguir a ordem.
A chave era do tipo canivete e telecomando, ele a acionou e trancou o Ángel dentro do carro. Colocou-a no bolso da calça e abriu a braguilha fazendo saltar um cacetão cavalar lá de dentro. Instintivamente meus olhos se arregalaram sobre o falo pesado e cabeçudo, nunca tinha visto nada parecido, nem de longe. O maior cacete que eu conhecia era do Julien e não podia ser comparado com aquilo. Só quando viu a benga do sujeito fora da calça, é que o Ángel se deu conta da armadilha em que tinha caído. Trancafiado e impotente, ele estava para assistir seu namorado mamar aquela verga bem diante de seus olhos. Esmurrando o vidro, ele me mandava não fazer aquilo, mas minha decisão estava tomada, eu ia sair daquele lugar a qualquer custo.
Ajoelhei-me diante do sujeito, terminei de liberar a pica e o sacão, peguei decidido na rola e retraí delicadamente o restante do prepúcio que a cobria. O cara não perdia um lance, seu olhar estava todo em mim. Aproximei a boca da cabeçorra e a envolvi com os lábios. O sujeito me agarrou pelos cabelos e arfou fundo. Consegui engolir pouco além da glande gigantesca e, ao mesmo tempo em que o punhetava, ia chupando delicadamente a cabeçorra estufada. O Ángel continuava esmurrando o vidro da janela, enquanto o cara lhe lançava olhares debochados. Eu me mantinha fiel ao meu propósito, lambia, chupava e dava mordidinhas suaves ao longo da rola que pulsava impetuosa na minha mão. O cheiro másculo dele tornava tudo mais fácil, assim como o sabor do pré-gozo que começou a se mesclar com a minha saliva enquanto eu sugava.
- Carajo! Que bien chupas uma polla! – grunhiu ele, tentando enfiar a jeba mais fundo na minha garganta.
- Só senti um cheiro como seu uma vez na vida! – afirmei
- O de suor e graxa? – questionou
- Não! De macho! – respondi, fazendo-o sorrir.
Com os lábios lambuzados de pré-gozo fui mordiscando o cacetão até chegar no sacão camuflado pelo denso matagal de pelos pubianos. Coloquei a primeira bola na boca e a massageei com a língua, ele quase foi à loucura, faltou um tris para não gozar, por isso afastou bruscamente meu rosto. Não lhe dei chance, agarrei novamente a rola e continuei mamando. De quando em quando desviava o olhar na direção do Ángel, ele implorava para eu parar, precisar assistir àquilo sem poder reagir, diminuía ainda mais a pouca masculinidade que tinha.
Enquanto isso, eu estava disposto a fazer aquele sujeito gozar tudo o que estava acumulado em seus colhões, para ele não poder alegar que continuava suspeitando do pagamento do conserto. Só que os planos dele não se restringiam a uma mamada na pica. Meu corpo e minha bunda carnuda despertaram mais instintos nele, e ele não ia desistir enquanto não os realizasse.
Ele se livrou da camiseta regata cheia de graxa e surrada, com alguns buracos pelos quais saíam os pelos do tronco. Enfunou o tórax largo e maciço como um pavão que exibe sua virilidade. Me puxou para junto dele e apertou minha bunda com ambas as mãos. Eu espalmei as minhas sobre o torso quente dele e afaguei os pelos grossos tão sutilmente que ele sentiu todo o tesão se acumulando no caralhão duro. Desabotoei meu jeans e ele se encarregou de o baixar até os joelhos expondo minhas nádegas com a marca bem delineada da sunga. Chegou a lhe faltar o ar por uns instantes quando quis elogiar minha bunda, e eu o compensei com um toque delicado dos meus lábios sobre os dele. Ele me virou, lançou-me contra o carro e, me segurando pela cintura, começou a pincelar o cacetão no meu reguinho. Eu fazia o sinal de coração com ambas as mãos para o Ángel e repetia – É por nós! É por você! É por você! – incrédulo com tudo o que estava acontecendo, ele apenas balançava a cabeça em desaprovação.
Soltei um grito quando o sujeito enfiou a cabeçorra no meu cuzinho. Nunca antes algo daquele tamanho entrou no meu cu arrebentando minhas pregas e dilacerando meu esfíncter. Todo meu corpo começou a estremecer, tomado pela adrenalina que era descarregada nas minhas veias. Ele sentia meu corpo tremendo em suas mãos enormes e ásperas aumentando o tesão que estava sentindo. Com o rosto espremido contra o vidro do carro, eu gania a cada nova estocada que ia aprofundando todo o caralhão no meu cuzinho, até só o sacão ficar de fora. Eu gemia alucinadamente sentindo a verga abrindo caminho entre as minhas vísceras. Devido a grossura do caralho, eu achei que ele ia me rachar ao meio antes de ele me empalar até aflorar na boca.
- Vai ficar tudo bem, amor! – gemi para o Ángel, procurando tranquilizá-lo, enquanto tinha as entranhas rasgadas pelo sujeito.
A dor era tamanha que o prazer não conseguia se instalar, embora eu estivesse esperançoso por ele. O macho socava com vontade, socava como se disso dependesse sua própria existência. Em dado momento ele saiu abruptamente de mim, me conduziu até o cofre do motor e me reclinou de costas sobre ele, abrindo minhas pernas e as colocando sobre seus ombros. Com o olhar fixo no meu, empurrou a pica novamente para dentro do meu cu, extraindo um ganido agudo dos meus lábios retesados. O Ángel acompanhava tudo como um espectador passivo pela fresta deixada pelo capô aberto que tapava quase todo o para-brisa. Segurei-me nos braços do parrudão e me entreguei sem reservas. Aos poucos as bombadas começavam a revolver minhas entranhas e o prazer emergiu com força me forçando a gemer para externá-lo. Mudamos mais uma vez de posição, ainda ali, sob o capô do motor, dessa vez comigo de lado com a bunda pendurada sobre a grade de ventilação. Ele empurrou a jeba para dentro do meu cuzinho fazendo-a deslizar suave até as profundezas onde uma quentura úmida lhe encapava toda a verga. Estocando sem parar, ele esfolava minha mucosa anal gerando uma ardência crescente. Foi entre ela que gozei vendo os jatos da minha porra se espalhando por todo lado. Ele gozou pouco depois, com um urro gutural numa última estocada profunda, despejando sua virilidade úmida até meu cuzinho ficar completamente encharcado. Estava feito, o adiantamento que ele exigiu pelo pagamento estava pago.
Eu mal conseguia juntar as pernas depois que ele sacou o pauzão do meu cuzinho, muito menos dar algum passo. Ele me tomou nos braços e beijou lasciva e obstinadamente minha boca, deixando sua saliva saborosa escorrer sem controle. O Ángel continuava agitado dentro do carro, socando o volante e o painel, ciente de que o sujeito não só o tinha humilhado como homem, mas também estava levando seu namorado.
O sujeito o soltou e lhe devolveu a chave, foi até o motor, soltou o cabo geral do distribuidor e voltou a fixá-lo na posição. Ao dar a partida, o motor começou a funcionar.
- Me deve mil e duzentos Euros! – disse o sujeito na cara do Ángel, lançando um riso triunfante.
- Está louco se pensa que vou pagar 1.200 Euros para algo tão simples! Você é um embusteiro, ladrão! – praguejou
- Você vai receber o seu dinheiro, não se preocupe! – asseverei. – Pode nos indicar o caminho para sair daqui, por favor? – pedi, encarando-o com um brilho de prazer ainda percorrendo meu corpo.
Ele exigiu que eu fosse com ele na cabine da picape, alegando que era para não tentarmos fugir sem efetuar o pagamento. Eu sabia que não era essa a razão, pois ele podia nos obrigar a parar a qualquer momento simplesmente atravessando a picape à nossa frente. Deixei-o tocar minha coxa, fingindo estar distraído com a paisagem. Ele seguia à frente, deixando o Ángel comer o pó que a picape levantava. Havia anoitecido quando chegamos a um vilarejo acanhado de ruelas estreitas que serpenteavam escalando uma colina baixa. No trajeto disse que me chamava Matis e ele se identificou como Ferran, ao lhe perguntar pela origem do nome disse que era catalão, que sua família era originalmente da Catalunha.
Ao estacionar diante de uma construção de dois andares na rua principal da aldeia e acionar o botão da garagem, pude ler numa placa sobre a porta – Oficina Mecânica Valdez – e precisei conter o riso ao me recordar que ele havia dito ao Ángel que a oficina mais próxima ficava a 130 quilômetros.
- Onde fica o hotel nesse fim de mundo? – perguntou mal humorado o Ángel
- Não há nenhum hotel num raio de 50 quilômetros! – respondeu o Ferran. Voltei a rir.
- Uma pousada, uma pensão, ou qualquer lugar onde possamos passar a noite. – insistiu o Ángel
- Posso lhes oferecer o quarto de hóspedes da minha casa que fica no andar superior. – respondeu o Ferran. – São 300 Euros! Cada um! – emendou.
- Filho da puta de campesino do caralho! Ele está nos extorquindo, desgraçado! – vociferou o Ángel.
- Vamos aceitar! Amanhã você me mostra onde fica o caixa automático e te pago por tudo. – intervi, antes que o Ángel deixasse o clima ainda mais belicoso.
- Por que está concordando com tudo que esse ladrão está nos propondo? Sabe que estamos sendo explorados, não sabe? – questionou ele. – Mil e duzentos Euros para fixar um cabo de ignição que se soltou durante os solavancos nessas estradas esburacadas, e agora 300 Euros por pessoa para passar uma noite numa pocilga. Campesino filho da puta, está querendo se dar bem às nossas custas, miserável!
- Você sabia qual era o defeito? Sabia como consertar? Então não reclame, é um abuso, é, mas ainda estaríamos lá no meio das plantações se não fosse ele.
- Começo a achar que você gostou de dar o cu para o troglodita.
- Foi graças a isso que estamos aqui, não pelo seu GPS ou seu senso de direção. – retruquei
- O quarto é esse, tenham bons sonhos! – disse o Ferran quando nos deixou num quarto despojado sem nenhum luxo.
- Obrigado, Ferran! Boa noite! – desejei
- Trezentos Euros por pessoa para essa espelunca! Miserável do caralho! – esbravejou o Ángel, inconformado.
- É isso ou dormir ao relento! Pare de resmungar, Ángel, você não está em condição de reclamar de nada. É apenas uma noite! – argumentei. Ele se limitou a bufar.
Não demorou e começamos a discutir, ele voltou a mencionar que eu tinha ficado deslumbrado com a pica do Ferran, o que era verdade, embora não lhe interessasse saber disso, e eu me fiz de ultrajado e mandei que saísse do quarto e fosse dormir em qualquer outro lugar.
- Estou gastando 300 Euros e não vou sair daqui! Saia você se quiser! – eu estava cansado, com fome, meu cu continuava ardendo como se houvesse um tição entalado dentro dele, e durante o banho, notei que havia sangrado um pouco. Toda aquela pressão me fez deixar o quarto chorando, era demais para um dia só.
Tinha ido me refugiar na sala onde um pouco da luz da rua se infiltrava pela janela junto com uma lua cheia, quando o Ferran saiu de seu quarto e veio ter comigo. Enxuguei rapidamente os olhos, só me faltava que me visse chorando por um babaca insensível.
- Brigaram? – perguntou, sentando-se ao meu lado no sofá. Não neguei, ele pode ouvir a discussão acalorada. – Desde quando estão juntos?
- Há umas dez semanas. Conheci-o em Alicante como gerente de um clube de praia, passamos uma noite juntos, ele me ofereceu um emprego e quando percebi estava envolvido. – respondi.
- Ele não é o tipo de homem para você! – afirmou
- Eu sei. Só percebi isso esta tarde, com você, no meio daquelas plantações. – confessei, um pouco envergonhado. Ele pegou uma das minhas mãos e a beijou.
- Você está gelado! – exclamou. Estava mesmo sentindo frio, mas não queria voltar ao quarto e pegar um agasalho.
Ele levantou, foi até seu quarto e voltou com uma jaqueta enorme que pendurou sobre meus ombros, friccionando-os com as mãos vigorosas.
- Venha comigo, também deve estar com fome. – afirmou, me conduzindo até a cozinha. Eu estava, e o segui por instinto.
Ele preparou uma tortilla ao estilo espanhol. Fiquei observando sua habilidade em fatiar finamente as batatas e meia cebola, bater os ovos acrescentando tiras de pimentão e ervas desidratadas, despejando-os sobre as batatas numa frigideira. Em minutos a cozinha estava tomada pelo aroma das ervas. Não notei que havia aberto um sorriso enquanto observava aquele homem imenso segurando os utensílios que, em suas mãos, pareciam miniaturas. Havia algo de sensual na cena. Ele devorou três quartos da tortilla, eu o restante junto com uma taça de vinho.
Terminada a refeição e voltou a pegar na minha mão e me levou ao seu quarto. Segui-o novamente sem esboçar reação, eu queria aquilo, queria tanto que meu corpo já se agitava antes mesmo do primeiro toque.
- Vai ficar mais confortável aqui! – disse ele. Eu tinha certeza que sim. – Vão continuar juntos depois que saírem daqui? – estranhei a curiosidade dele.
- Não! Ele me decepcionou muito. Não é o homem que eu pensei que fosse. Você me fez enxergar quem ele é, um homem que só é homem quando lhe convêm, um homem que é tão passivo quanto eu com outros homens. Não é disso que preciso. – afirmei
- Ele não te merece. Você precisa não só de um homem, mas de um macho. Você é sensível, sabe do que um macho precisa, é carinhoso e generoso quando se entrega. Precisa de alguém que lhe transmita e dê segurança, alguém em quem possa confiar em qualquer adversidade. Esse sujeito jamais será essa pessoa. – afirmou, sem tirar aquele olhar sequioso de mim.
Despi-me e me aproximei dele, tocando suavemente com as pontas dos dedos a trilha de pelos que seguia do umbigo à virilha. Deslizei a mão para dentro de sua virilha pelo cós da calça de moletom que ele estava usando. Ele não se moveu, acompanhou tudo com o olhar e uma respiração que foi se acelerando à medida em que minha mão se aproximava de seu membro. O Ferran levou a mão até a minha nuca e puxou meu rosto para junto do dele, tão próximo que senti sua respiração resvalando nos meus lábios. Cobri sua boca com a minha e, uma sequência de beijos carregados de luxúria foi se desenrolando, enquanto minha mão acariciava a ereção e o sacão dele. Ele prendia meu lábio entre os dentes, mordiscava-o; voltava a me beijar enfiando a língua na minha garganta; tornava a apreender meu lábio e o apertava entre os dele.
Deixei-me conduzir até a cama e me deitei sobre seu peito enquanto beijava ora sua boca, ora o contorno da mandíbula angulosa. Ele fechou as mãos sobre as minhas nádegas, amassando-as. Fui beijando seu tronco, afagando os pelos grossos que circundavam os mamilos que lambi delicadamente. Quando me fodeu sobre o motor do carro naquela tarde eu já havia notado a cicatriz de bordas irregulares com mais de vinte centímetros em seu flanco esquerdo na altura das costelas, era uma cicatriz feia. Deslizei a ponta de dois dedos paralela a ela antes de beijar uma de suas extremidades.
- Ainda dói? O que aconteceu? – perguntei, encarando-o com doçura.
- Não, faz muito tempo, eu era mais novo do que você. Trabalhava numa fazenda próximo daqui que criava touros para as touradas. Um deles um dia me prensou com o chifre contra a cerca e abriu esse buraco. Tenho sorte de ainda estar vivo, acho que ele não era bom de mira. – revelou, caçoando a situação.
- Sorte é a nossa de ele ser um mau cabeceador! – exclamei, descendo até seu sexo e abocanhando a cabeçorra melada que passei a chupar com devoção e gula.
O Ferran se contorcia liberando o ar entre os dentes. Meus dedos deslizavam entre os pelos do sacão e também chupei uma de suas bolas. Ele flexionava os joelhos e retraía as pernas peludas entre as quais eu estava encaixado, deixando-se chupar e lamber enquanto gemia. Subitamente ele se virou de modo a eu ficar debaixo dele, acariciou meu rosto, me beijou demoradamente e, segurando minhas pernas dobradas e abertas ao lado de sua cintura, foi empurrando cuidadosamente o caralhão para dentro do meu cuzinho. Escapou-me um ganido quando a glande inchada atravessou meus esfíncteres e rasgou minhas pregas, mergulhando fundo na minha carne úmida e túrgida. Ele não tirava os olhos de mim, acariciei seu rosto e ergui minha pelve franqueando minha fenda anal à sua cobiça. Seus beijos e lambidas desciam pelo meu pescoço rumo aos mamilos com os biquinhos enrijecidos. Ele mordiscou o entorno de um deles, deixando as marcas dos dentes gravadas na pele, depois chupou-o ao mesmo tempo em que sugava todo o peitinho. O cacetão ia e vinha num movimento contínuo e ritmado impulsionado por sua pelve aguerrida, eu gemia soltando vez ou outra um ganido que o deixava ainda mais ensandecido. A vibração da rola rígida entalada nas minhas vísceras foi se alastrando por todo corpo, meus dedos fincados como garras na carne de suas costas o arranhavam fazendo-o gemer. O prazer crescente circulava entre os nossos corpos sem fronteiras, já não se distinguia quem era eu e quem era ele, só havia uma unidade, fundida num ser único. Com um gemido agudo e longo comecei a gozar, o esperma quente escorria sobre meu ventre e eu procurei na boca dele a saciedade que ainda me faltava. O gozo dele foi praticamente simultâneo, precedido por um urro brotado do fundo do peito; e o sêmen denso ejaculado em jatos abundantes foi se juntando ao que ele havia me inoculado naquela tarde.
- Você ainda estava todo úmido! – observou, enquanto continuava a movimentar a pica esporrando dentro do meu cuzinho.
- Quero manter sua virilidade dentro de mim enquanto for possível. – devolvi. Ele soltou o ar num arfar sonoro, agarrou meu tronco com força e me beijou por quase uma eternidade.
Depois de gozar, ele demorou a tirar a verga do meu ânus, esperando-a amolecer. Deitei minha cabeça em seu peito e deixei que me abraçasse e bolinasse com as minhas nádegas até cairmos no sono com os corpos entrelaçados.
Ao despertar na manhã seguinte, perdi a noção de onde estava enroscado naquele corpão quente que dormia ao meu lado. A realidade não demorou a se mostrar, era hora de seguir viagem. O Ferran acordou se espreguiçando, o pauzão estava duro e ele o coçou, o que quase me fez voltar à cama e incitá-lo a me penetrar, muito embora meu cuzinho estivesse em frangalhos.
Quando saímos do quarto o Ángel nos aguardava, pronto para partir. Me seguiu até o quarto onde havia dormido e onde fui trocar de roupa, melhor dizendo, vestir uma, pois continuava nu como havia me entregue ao Ferran durante toda a noite.
- Você trepou com esse mastodonte das cavernas a noite toda, como se atreveu? Escutei você gemendo feito uma puta, nem nisso você foi discreto. Deixou-se arregaçar por esse campesino troglodita, onde foi parar a sua dignidade? – questionou furioso. Não respondi a nenhuma de suas perguntas, não valia à pena gastar saliva com ele.
- Estou pronto! Vamos pagar o que devemos e seguir viagem. – sentenciei
Com a bagagem no carro fui ter com o Ferran que nos acompanhou até a rua.
- Me indique onde fica o caixa automático para que possa sacar o que lhe devo. – disse, enquanto ele me encarava com uma expressão desolada.
- Vai mesmo ter coragem de nos extorquir em 1.200 Euros do conserto e 300 pelo pernoite nessa espelunca? – questionou o Ángel. Faltou pouco para o Ferran esmurrar a cara dele.
- Eu nunca quis nenhum centavo seu! Você ter se entregue para mim foi o melhor pagamento que já recebi. Não sei se um dia meu corpo vai se esquecer do frescor e do cheiro da sua pele. – confessou ele, sem pudor, diante do olhar inquisitivo do Ángel, acariciando com as costas dos dedos o contorno do meu rosto.
- Nem o meu, Ferran, nem o meu! – devolvi, ficando nas pontas dos pés para beijar aquela boca uma última vez. Ele me apertou contra si com força, numa pegada máscula e meteu a língua intrépida na minha boca durante todo o beijo, sem se importar com a presença do Ángel a poucos metros de nós. Até parecia que ele queria mostrar a ele que não era homem suficiente para me merecer.
- Espelunca ou não, me deve 300 Euros! – exclamou, ao me soltar e peitar o Ángel cara a cara. Ele meteu a mão no bolso e tirou o dinheiro, entregando-o na mão do Ferran com uma expressão de raiva fulgurando no olhar.
- Obrigado por tudo! – disse ao me despedir dele, enquanto o Ángel punha o carro a funcionar.
- Não se esqueça, ele não é o homem que você precisa! Adeus, Matis! Cada momento ao seu lado foi um sonho. Seja feliz, garotão! – eu o beijei rapidamente mais uma vez e corri para o carro.
- Miserável, desgraçado! Um porra de um Zé Ninguém que nos extorquiu até onde pode! Filho da puta! – exclamou o Ángel, acelerando o carro.
Praticamente não nos falamos durante toda a viagem. Eu dobrei um agasalho à guisa de travesseiro, reclinei o encosto do assento e me pus a dormir. Parecia que todo o cansaço da noite levando vara no rabo se manifestou de repente. Cochilei por horas, só vindo a despertar quando alcançamos os arredores de Barcelona.
Com o atraso devido ao pernoite no vilarejo, minha estadia com o Ángel se restringiu àquela noite. Na tarde do dia seguinte teria que pegar o voo para casa. No pouco tempo que passamos juntos, ele continuou me questionando sobre o que chamou de traição com um campesino espúrio, não comprei a discussão. Também tive o desprazer de vê-lo receber a visita inesperada de um homem que apareceu subitamente no apartamento desfrutando de uma intimidade que me fez ver que era mais um dos que o fodiam como passivo. Ele tentou se livrar rapidamente dele antes que eu notasse, mas fiz questão de sair do quarto e ver a cara do sujeito.
- Vou te levar até o aeroporto! – disse ao me ver com a bagagem pronta junto a porta.
- Não é preciso, já chamei um Uber! – respondi secamente
- Entre nós ... acabou, não é? – perguntou constrangido
- O nada não tem como acabar, ele simplesmente inexiste! – retruquei. – Obrigado pelo emprego! Adeus, Ángel! – foram minhas últimas palavras para um cara de quem começava a sentir asco. Ele ficou me observando descer a escadaria até a rua, em nenhum instante olhei para trás.
Reencontrei a galera no final de semana seguinte ao que cheguei em casa. As aulas na faculdade começariam na semana seguinte. Estavam todos curiosos para saber como tinha sido a viagem e os dias em Barcelona com o Ángel. Limitei-me a fazer um resumo dos fatos que importavam, sem mencionar o Ferran e sem mencionar que o Ángel era um passado descartado.
- Alguém de vocês teve notícias recentes do Gust? – perguntei, referindo-me a um colega de colégio com quem saía algumas vezes.
- Qual, o Gust do colégio? – perguntou a Liv
- Qual outro seria? – indaguei, pois só conhecia um Gust
- Por que está interessado nele? O sujeito é meio bronco, não está a sua altura. – sentenciou o Otis
- E é justamente você quem vai decidir quem está ou não à minha altura! Ora, faça-me um favor, Otis! Cuide da sua vida! – revidei
- Você há de convir que ele era um sujeito meio sem graça. Lembra que ao invés das baladas ele gostava de jogar boliche. Boliche, cara! Tem coisa mais brega e antiquada que boliche? Meu avô curtia essa porra! – sentenciou o Manou.
- Onde mesmo ele insistia em nos levar? Para aquele clube de boliche decadente em Morlanwelz, como chamava mesmo? – indagou a Amelie
- Não me diga que está querendo jogar boliche, Matis? Depois desse puta verão em Alicante cheio de caras interessantes como o Ángel e você desenterra o tal do Gust! Sei lá, cara, o sujeito nunca mais deu as caras. – disse o Manou
- Também, pudera! Vocês não paravam de criticar tudo o que ele dizia ou fazia! – afirmei
- Ele era um saco, admite! E, pelo que me lembro, tinha uma quedinha por você, mesmo não sabendo que você era gay. Você só se abriu com a gente depois de ele deixar de sair conosco. – exclamou o Otis.
- Um saco são vocês! Foram muito legais comigo em Alicante, valeu! Você, Otis e você Manou, trepando dia e noite com a Liv e a Amelie sem darem a mínima se eu estava disponível para curtirmos todos juntos. Você Julien, bem, você é um caso a parte! Nem quero lembrar daquela puta bebedeira e do que me fez passar. – despejei, encarando-os
- Achamos que você estava curtindo o trabalho com o Ángel. Afinal, você também dava suas escapadas para trepar com o cara. – retrucou o Manou.
Por alguma razão que eu ainda não compreendia muito bem, aquelas amizades se mostravam cada vez mais decepcionantes. Aquele constante afirmar com quem eu devia me relacionar, sugerir quem seria alguém com quem deveria trepar, vinha se mostrando uma invasão na minha privacidade, na minha decisão de escolhas.
Fui três noites a Morlanwelz no tal clube de boliche para ver se encontrava o Gust, pois ele havia mudado de endereço em Charleroi e um vizinho com quem ele também costumava sair me disse que ele continuava a frequentar o clube de vez em quando. Só o encontrei na terceira visita, estava com uns amigos na pista, o que me deu tempo de o observar de longe.
- Vai jogar? – perguntou-me a atendente, depois de me ver parado um bom tempo ao lado da recepção.
- Sim, acho que sim! – respondi, sem convicção
- Sozinho ou acompanhado? – perguntou ela. Demorei a responder
- Talvez naquele grupo! – apontei na direção do Gust. – Acho que só vou ficar assistindo. – continuei.
- De qualquer forma tem que pagar o ingresso! – disse ela. Eu já não prestava mais atenção nela ou no que dizia, meus olhos estavam focados no corpão maçudo e ágil do Gust. Não me lembrava dele ser tão sexy.
- Matis? É você, Matis? Cara, há quanto tempo! O que faz aqui? – perguntou ele quando me avistou e veio correndo em minha direção com os braços abertos.
- Vim te procurar! – a resposta sincera saiu antes que eu a pudesse filtrar.
- Me procurar? Posso fazer alguma coisa por você? Está com algum problema? Veio sozinho ou está acompanhado daqueles seus amigos?
- Não, nenhum! Só quero você! – não me perguntem o que se passou comigo quando fiquei frente a frente com ele e com aqueles olhos que um dia me cobiçavam feito uma presa, nem quando seu cheiro de macho se reavivou repentinamente na minha memória, me fazendo dizer aquilo numa ousadia excêntrica.
- Uau, Matis! O que deu em você? – questionou
- Saudades! Muitas saudades! – confessei
Naquela mesma noite, horas depois, no quarto da casa onde residia com a família, eu estava debaixo do corpão parrudo do Gust, com o caralhão grosso e cabeçudo entalado até as bolas no meu cuzinho, gemendo de prazer com a certeza de que ele era o tipo de homem que eu precisava, melhor, o macho que eu precisava.