Quando o dia em Roma começou a se transformar em noite, Caroline saiu do hotel com um propósito claro. Usando o dinheiro que ganhou de Gioia na noite anterior, ela caminhou pelas ruas até uma pequena e discreta loja de artigos para controle de pragas.
O local era apertado, abafado, com prateleiras cheias de venenos e iscas para ratos, baratas, e todo tipo de inseto nojento. Quando ela entrou, o sino da porta tilintou. O dono da loja olhou para a garota com desinteresse, incapaz de imaginar que aquela linda mulher tivesse alguma intenção assassina.
— “Buonasera, signorina”.
(“Posso ajudar, senhorita?”)
— “Sì,” (“Sim,”), respondeu Caroline com um sorriso, mas por trás de seus olhos, o espírito vingativo de Morgana controlava cada palavra. — “Ho bisogno di qualcosa di efficace per eliminare un... parassita.”
(“Preciso de algo eficaz para eliminar uma… praga.”)
O atendente arqueou uma sobrancelha, pegando um pequeno frasco de veneno concentrado da prateleira mais alta.
— “È forte. Assicurati di usare la dose corretta, altrimenti può essere fatale.”
(“Isso é forte. Certifique-se de usar a dose correta, ou pode ser fatal.”), ele disse, colocando o frasco na mesa com uma advertência no olhar.
Caroline pega o veneno e entrega o dinheiro. Ela saiu rapidamente sem olhar para trás, já ciente do perigo do frasco mortal.
Após retornar ao hotel, Caroline entrou discretamente no vestiário feminino. O cheiro de sabão e água quente encheu a área e o vapor criou uma névoa leve. Ela tirou a roupa e entrou no chuveiro enquanto conversava com duas camareiras, sobre os assuntos triviais do dia. Mas Caroline, ou melhor, “Morgana”, estava com pensamento longe, com a atenção concentrada no jantar que aconteceria naquela noite.
Caroline sorriu para si mesma, ao passo que, a água quente caía sobre seu corpo. Ensaboando tudo, desde os seios redondos, passando pelo abdômen, coxas, pernas, buceta, bunda, cu, até as pontas dos dedos dos pés.
À medida que o restaurante do hotel começou a se preparar para o evento, a decoração foi alterada para refletir o gosto de Paolo Condello. A mesa estava coberta com linho dourado e a toalha prateada brilhava à luz suave das velas, exalando uma aura de luxo e poder. Os garçons e garçonetes foram cuidadosamente selecionados para servir os convidados mais importantes de Roma, incluindo os famosos membros da máfia e políticos da cidade.
Inconscientemente, Caroline está no centro do plano de vingança.
No vestiário, “Morgana” fez Caroline focar em cada detalhe de sua aparência. A imagem refletida no espelho era a de uma linda mulher. Os olhos verdes de Caroline, rodeados por uma expressão intensa, capturaram uma beleza requintada. Seus lábios estavam pintados de um vermelho-escuro profundo e seu cabelo estava preso para trás, caindo sobre suas costas. O uniforme acentuava suas curvas e, ao calçar os saltos altos, Morgana percebeu que, de todas as garçonetes, Caroline seria a mais irresistível.
Quando Caroline entrou no salão do restaurante, os sussurros dos homens ao seu redor cessaram. Todos notaram a beleza de Caroline.
Ela caminhou graciosamente entre as mesas com uma bandeja de champanhe na mão. Nas outras mesas, a garota se surpreendeu com várias mãos tocando sua bunda. Morgana a fez agir com naturalidade. Os olhares famintos dos homens a seguiam, e até as mulheres presentes, algumas esposas, a encaravam com uma certa inveja e admiração.
Ao chegar no hotel, com um monte de capangas armados, Paulo Condello cumprimentou algumas pessoas. O ambiente pareceu parar por um momento. Ele era um homem de cabelos grisalhos, olhos astutos e sempre cheio de entusiasmo. Vendo sua chance dar sucesso, “Morgana” colocou um sorriso no rosto de Caroline e começou a caminhar em direção à mesa onde ele se sentaria.
— “Buonasera, signore Condello”. (“Posso servi-lo, senhor Condello?”) — Caroline, sem controle do próprio corpo, perguntou, com a voz doce e suave, ao chegar à mesa.
Paolo e outros homens, levantaram os olhos para ela, e o chefão da máfia, intrigado com a beleza incomum da jovem garçonete, seus lábios se curvaram num sorriso predatório.
— “Certo, bella. “Un bicchiere di vino per iniziare. E poi… chi lo sa?” — (“Claro, linda” “Um copo de vinho para começar. E depois… quem sabe?”) — respondeu ele, seus olhos escurecendo com a expectativa de algo mais do que uma simples refeição.
Caroline assentiu sorrindo, mas por dentro, Morgana estava tentando acalmá-la. O jogo estava apenas começando.
À medida que a noite avançava, a magia do restaurante continuou com um ambiente de tensão. (Caroline, controlada por Morgana), aproxima-se de Paolo Condello, sorrindo inocentemente, segurando uma garrafa de vinho. O salão estava repleto de conversas abafadas e risadas. A presença de Paolo dominava todo o ambiente. Todos sabiam que aquele homem era intocável, perigoso e qualquer ação errada poderia ser fatal.
“E agora, o que eu faço?” … pensou Morgana, no tempo em que Caroline servia a dose de vinho mais cara do restaurante na taça do mafioso. Porém, no momento em que Caroline levanta a garrafa, aparece um dos interlocutores de Paolo, um homem corpulento e desconfiado. Ele pegou o copo antes que Paolo o tocasse, sem dizer palavra, levou-o aos lábios e bebeu.
(Morgana, dentro de Caroline “congelou” por um momento).
Seus pensamentos estavam acelerados, como se seu sangue estivesse queimando de raiva. “Caramba!” ela pensou. Morgana sabia que envenenar Paolo seria mais difícil do que ela imaginava. Seu plano cuidadosamente elaborado foi ameaçado e agora ela deveria mudar para o plano B. O capanga colocou a taça de volta na mesa, balançando a cabeça em um sinal de aprovação para seu chefe.
Condello, olhou para Caroline e sorriu maliciosamente. Ele sabia o quão cautelosos seus homens eram, porém, estava igualmente interessado na linda garota à sua frente.
— “Scusami, bela, i miei uomini stanno attenti.”
(“Desculpe, querida, meus homens são cuidadosos”). Disse Paolo com um tom de diversão. Seus olhos se fixaram em Caroline como se ela fosse a próxima conquista. “Ora, per favore, versami un altro drink.” (“Agora, por favor, me sirva outra dose.”)
Caroline sorriu e assentiu sem mover as mãos. Morgana sentiu a raiva e o desespero queimando como fogo. Sem opção, ela preencheu outra taça com uma nova dose de vinho.
A ex-prostituta sabia que precisava mudar seus planos. E envenenar Paolo diretamente estava fora de questão. Mas, felizmente, ela tinha outro plano em mente: A sedução.
Enquanto Paolo provava o vinho, Caroline o servia os outros convidados. Seu corpo se movia entre as mesas, e seus olhos sempre se encontravam com os de Paolo. Eram olhares longos e sugestivos. Cada vez que Caroline passava pela mesa dele, ela se curvava ligeiramente, permitindo que o mafioso, olhasse de curioso, o formato dos seus seios. Caroline, ao servir o prato de entrada para Paolo, ele não se conteve: sua mão grande deslizou por baixo da bandeja até a cintura da garota, depois desceu até tocar sua bunda. O homem ficou apalpando-a, não se importava com os olhares dos outros convidados.
(Caroline, dominada por Morgana), não reagiu como uma mulher comum reagiria. Ela não se afastou nem demonstrou desconforto, pelo contrário, Caroline continuou ali, rebolando com a mão dele em contato com sua bunda. A moça virou-se para Paolo e sorriu, um convite silencioso em seus lábios.
— “Bella”, disse ele com a voz baixa e rouca, apertando novamente, desta vez com mais firmeza. “Sei troppo carina per essere solo una cameriera. Dovresti essere nel posto giusto… accanto all'uomo giusto”)
(“Linda… “Você é muito bonita para ser apenas uma garçonete. Deveria estar no lugar certo… ao lado do homem certo”)
Caroline avançou e inclinou-se, aproximando seu corpo de Paolo, permitindo que o mafioso a tocasse novamente, desta vez de forma mais íntima, enquanto oferecia uma bebida ao chefão local. Sua boca estava perto do ouvido de Paolo, ela disse:
— “Forse hai ragione, signore… magari dovremmo parlare in privato…” (“Talvez você esteja certo, senhor… quem sabe devêssemos falar em particular…”)
Paolo sorriu e ficou surpreso com a beleza e a coragem de Caroline e, mais do que tudo, com sua aparência. Ele sabia o que queria e, naquele momento, queria a garota a qualquer custo.
O jantar continuou naturalmente, e sempre que seus olhares de encontravam, eram furtivos entre os dois. Cada vez que Caroline chegava em sua mesa, Paolo não deixava a oportunidade de tocá-la na frente de todos, ora na cintura, ora nas nádegas. Cada toque era um prenúncio do que está por vir.
Duas horas depois, quando o jantar terminou e os convidados começaram a se dispersar, Paolo Condello deu o último passo. Ele se levantou da mesa, vestiu o paletó e caminhou até Caroline e olhou para ela com um olhar predador, que fazia do mais corajoso dos homens tremer de medo.
— “Vieni con me, bella,”
(“Venha comigo, linda”), disse ele, com a voz baixa, mas autoritária. “Spero che potremo continuare la nostra… conversazione… nella mia suíte. Solo noi due.”
(“Acredito que podemos continuar nossa… conversa… em minha suíte. Apenas nós dois.”)
(Morgana, controlando Caroline). Ela sorriu docemente, olhando para ele com uma falsa timidez, ao mesmo tempo que assentia.
— “Sarei onorata, signore.” (“Eu ficaria honrada, senhor.”)
Paolo não precisou dizer mais nada, deu a mão a Caroline, ela pegou com delicadeza, e os dois saíram do restaurante juntos aos olhos dos demais funcionários que ficaram surpresos e com inveja, um deles, foi Frederico, gerente do hotel. Eles caminham pelo luxuoso saguão do hotel até o elevador, onde Paolo puxou Caroline para mais perto, suas mãos explorando o corpo da garota, como: os seios e a bunda, enquanto subiam para o último andar do estabelecimento.
O plano de Morgana continuou. Porém, o plano de envenená-lo falhou. A ex-prostituta, sabia que tinha uma nova chance quando entrou com ele na suíte presidencial.
O Sexo Mortal…
O elevador subiu em silêncio, com apenas o som leve de sua estrutura movendo-se entre os andares. Paolo Condello, observava Caroline, com olhos predadores que percorriam cada detalhe de seu corpo, ao passo que, suas mãos já haviam rompido a barreira do pudor. “Morgana”, dentro de Caroline, deixava que cada toque, cada gesto lascivo, fosse um prelúdio. Esse era o jogo dela, e Paolo, sem saber, já estava enredado em uma teia mortal.
Assim que as portas do elevador se abrem. Paolo conduziu Caroline pelo corredor bonito e iluminado por luzes suaves, enquanto esfregava a mão direita nos peitos da garota, com a familiaridade de um homem que sempre conseguia o que queria.
Um funcionário do hotel, Aurélio (amigo de Caroline), estava parado em frente a uma porta de madeira escura com detalhes dourados. Ele abriu a porta com uma chave prateada. O funcionário evitou olhar nos olhos do mafioso e de Caroline, a fim de não sofrer represarias.
Paolo e Caroline entraram na sala. A sala principal estava decorada com móveis luxuosos. Porém, na mente de Morgana, ela não prestou atenção à riqueza ao seu redor. Ela tinha um propósito, e cada passo que Caroline dava, com seu falso interesse, o fim da vida de Paolo se aproximava.
O mafioso não perdeu tempo, assim que a porta se fechou, ele a puxou para perto, suas mãos agarrando nos quadris da garota com força, ao tempo que seus lábios famintos encontravam os de Caroline.
(Invadida pela alma de Morgana) — Caroline, correspondeu com a mesma intensidade, tocando no pau do mafioso por cima das calças, sabendo que o desejo de Paolo, seria a chave para sua ruína.
Seus corpos se pressionaram ainda em pé. Paolo empurrou a bela Caroline em direção à cama grande. Ela, deitada sob os lençóis brancos, tirou rapidamente a roupa, revelando curvas sensuais e uma calcinha fina e delicada. Caroline a tirou e jogou a peça no chão de madeira maciça, próximo a uma cadeira preta. Os olhos famintos do mafioso captaram tudo. Caroline colocou as mãos nos ombros dele e lentamente retirou suas roupas que grudavam em seu corpo.
O paletó pesado que continha uma arma de fogo, ficou sob uma mesinha de madeira. Paolo deu um passo à frente sem hesitar. Seus lábios traçaram as linhas do pescoço dela até os ombros, e suas mãos passaram pelas costas de Caroline, puxando seu sutiã.
As respirações ficaram mais rápidas. Paolo, ansioso, ele tirou as calças, os sapatos e deitou sobre Caroline na cama, deixando seu peso cair nela. Ele a devorava com beijos, chupões e estocadas firmes na entrada da vagina, seus corpos se entrelaçavam, os gemidos abafados pelos golpes profundos e carícias, fazia a italiana gemer de tesão. Paolo foi dominado pelo desejo e este era o momento que Morgana esperava dele.
Paolo a conduziu cuidadosamente e mudou sua posição para lhe dar mais prazer absoluto. A jovem inclinou-se sobre ele, dominando-o agora, suas mãos deslizando pelo peito largo de Paolo, que agora estava exposto. Ela cavalgou, pulando, sobre o pau do mafioso e rebolava igual a uma prostituta das mais ousadas, guiando o membro do homem para onde queria, deixando-o tocar em cada parte de seu corpo. Entretanto, era tudo uma distração para Morgana concluir sua vingança.
Paolo, completamente perdido no calor da paixão, não sabia que estava sendo levado à morte. Ele a pegou de quatro e pôs seu pênis ereto, inteiro no ânus da jovem italiana para ela pudesse gritar.
O grande mafioso de Roma liderou uma série de penetração no anu de Caroline. Foram (54 estocadas) até chegar a uma ejaculação deliberada. Paolo gozou fundo e jorrava sêmen nela. Antes de tirar, ele a estocou mais dezessete vezes, com uma força brutal, bombeando o membro no limite do interior de Caroline, que rebolou sob a influência do espírito da ex-prostituta.
Quando tudo se acalmou e os corpos relaxaram, Paolo rolou para o lado da cama, exausto e satisfeito, um sorriso estampado em seu rosto. Ele não percebia o perigo que rondava tão perto.
Já Caroline, ela levantou lentamente da cama. O olhar frio, calculista e oculto. Sua bunda vazava sêmen fresco e deslizava para as coxas.
Paolo, todo suado e deitado na cama grande, olhou com interesse para Caroline quando ela se levantou e foi até a mesinha ao lado da cama onde descansava a armado, um revólver calibre 38. Ele, que ainda se recuperava do orgasmo, só percebeu a atitude da garota quando já era tarde demais.
De repente, Caroline se virou, a arma na mão. Morgana aproveitou a distração momentânea do mafioso e avançou. Ela deu três tiros, um mergulhou fundo no peito de Paolo. O segundo, atingiu a barriga. O terceiro, pegou no braço direito. O sangue jorrou, manchando os lençóis brancos, e os olhos de Paolo, arregalados de surpresa e terror, se fixaram nela, sem acreditar no que estava acontecendo.
Ele tentou reagir, porém, a dor o debilitou. Em um último esforço, Paolo tentou alcançar um segundo revólver menor, que sempre deixava no bolso da calça, porém, Morgana, que já conhecia seus hábitos, pegou a calça dele e jogou longe, fazendo a segunda arma cair ao chão.
Paolo fez um barulho alto, agonizando; seu corpo estava desfigurado, sangue escorria de seu peito, encharcando os lençóis e um pequeno carpete. Sua respiração ficou fraca e lentamente a alma deixou seu corpo. “Morgana”, sem medo, disparou o último tiro, desta vez contra a cabeça do mafioso, seus olhos frios vendo a vida dele sair pelo corpo.
O corpo de Paolo caiu sem vida entre a cama e o chão. Ela finalmente vingou sua morte, entretendo, o perigo não acabou.
Caroline correu rapidamente para se vestir e abrir a janela do quarto. A jovem ouviu passos do lado de fora se aproximando. Morgana sabia que os capangas do mafioso estavam próximos. Ela tinha que fugir rapidamente.
Os capangas de Paolo bateram várias vezes na porta antes de arrombar. Caroline saiu pela janela e pulou para a varanda do quarto ao lado. O vento frio romano chicoteava seu lindo rosto, mas ela não podia parar. Quando abriram a porta, os capangas encontraram Paulo morto. O caos foi criado. Caroline pulou descalça de varanda em varanda até encontrar uma suíte com a porta aberta, onde conseguiu descer pela escada de incêndio e acessar a cozinha do hotel, escapando da captura. O som dos passos de vinte e três seguranças de Paolo já começou a ecoar por todo o hotel.
Morgana sabia que a sobrevivência de Caroline dependia de cada decisão que ela teria que tomar. Ela tinha que fugir imediatamente.
As ruas normalmente movimentadas de Roma estavam agora vazias, exceto por algumas pessoas bêbadas e alguns carros que passavam ocasionalmente. Caroline corria pelas ruas estreitas e escuras. Seus passos eram silenciosos, cada batimento cardíaco parecia ficar mais forte. Ela sabia que, se não corresse, os seguidores do mafioso logo a encontrariam. Caroline viu de longe um bondinho se aproximando, o som dos trilhos ressoando como uma fuga para a liberdade. Com um último esforço, Caroline saltou no bonde em movimento, sentando-se ao fundo, suada, respirando com dificuldade. Ela olhou para trás pela janela, mas não viu nenhum sinal dos homens que a perseguiam. Por enquanto, estava segura.
A jovem se sentia aprisionada em seu corpo, como se cada músculo fosse controlado contra a sua vontade. Caroline sabia que algo estava errado, ao passo que; o poder sobrenatural a dominava sem limites. O bondinho cortava as avenidas de Roma como uma lâmina, avançando pelos trilhos em direção ao bairro de Caroline.
Após descer do bonde, os pés de Caroline estavam sujos e seu corpo cansado. Porém, ela continuou caminhando até seu apartamento. Ao entrar, fechou a porta, o som ressoou em sua mente como um tambor. Na sala, o conflito interno de Caroline atinge o seu limite. Ela caiu no chão, seus braços enfraqueceram e finalmente soltou um suspiro de desespero.
— “Esci dal mio corpo! Per favore, vattene!” (“Saia do meu corpo! Por favor, saia!”) — Caroline suplicava, pedindo para Morgana sair de seu corpo, lágrimas descendo por suas bochechas.
Ela se debatia no chão, as unhas cravadas no carpete, os músculos enrijecendo com o estresse. A combinação de dor física e mental deixou a jovem sem esperança. Caroline tentou ficar de pé, mas suas pernas estavam fracas demais para suportar seu peso. Ela estava consumida pela dor e cada parte dela queria se livrar da intrusa, no entanto, Morgana não cedia.
— “Non hai via di fuga, Caroline. Il tuo corpo è mio.” (“Você não tem escapatória, Caroline. Seu corpo é meu.) — A voz de Morgana soou na mente de Caroline como uma sentença final. Com um último esforço, Caroline tentou resistir, mas foi em vão.
(Morgana retomou o controle). — E Caroline foi jogada de volta à escuridão de sua consciência. Seu corpo parou de tremer, os movimentos voltaram a ser firmes, e ela se levantou, seus olhos agora refletindo o frio cálculo de Morgana.
A garota respirava com dificuldade e trocou de roupa rapidamente, vestindo algo discreto. Ela tomou um banho rápido, se vestiu, pegou uma pequena mala, começou a colocar o essencial: dinheiro, documentos, roupas. Cada movimento era rápido e preciso, feito por alguém que sabia que o tempo estava contra ela. Quando tudo estava pronto, a italiana desceu pelas escadas do prédio e saiu em direção à rua, onde conseguiu pegar um táxi.
O carro rodava pelas ruas de Roma, as luzes passavam pelos vidros do táxi, enquanto o rádio tocava, com uma música interrompida por uma voz que chamou a atenção de Morgana.
— “Ultime notizie: Paolo Condello, il noto capo mafioso di Roma, è stato trovato morto in una suite d'albergo questa sera. Le autorità non hanno rilasciato ulteriori dettagli, ma si teme una guerra tra bande in città.”
(“Notícias de última hora: Paolo Condello, o notório chefe da máfia de Roma, foi encontrado morto numa suíte de hotel esta noite. As autoridades não divulgaram mais detalhes, mas há temores de guerra de gangues na cidade”.)
Uma voz no rádio fala sobre a morte de Paolo, o chefe da máfia. Morgana manteve o rosto impassível, mas por dentro sentiu uma sensação de satisfação. Finalmente, ela vingou sua morte e agora precisava escapar antes que a máfia ou a polícia a peguem.
O táxi passou em frente ao hotel, onde havia pessoas comuns e polícia na região. Muitos jornalistas tiravam fotos e filmavam.
Caroline permaneceu em silêncio e desviou o olhar. Ela não podia ser encontrada. Quando chegaram à rodoviária, Caroline, tomada pelo espírito de “Morgana”, pagou ao motorista e desceu com sua pequena mala marrom.
A rodoviária estava relativamente movimentada para aquela hora da noite, ainda assim, ninguém parecia prestar atenção na jovem que caminhava apressada até o guichê.
— “Una biglietto per Venezia, per favore.” (“Uma passagem para Veneza, por favor.”) — pediu Caroline, usando a voz suave e controlada de Morgana.
O atendente acenou rapidamente com a mão e entregou a passagem. O plano de fuga estava em andamento. Ela ia viajar para o norte, para Veneza, onde Morgana planejava começar uma nova vida para Caroline. Ao subir na plataforma, a garota, agora uma prisioneira silenciosa dentro de si mesma, sentia uma pontada de desespero.
Ela sabia que, no fundo, a batalha por seu próprio corpo estava longe de terminar. O destino ainda estava incerto, mas uma coisa era certa: enquanto o espírito vingativo de Morgana estivesse à solta, o caos e a morte a seguiriam como uma sombra.
Fuga e Renascimento.
A fuga para Veneza parecia um alívio temporário, entretanto, a verdade é que não havia escapatória do peso de suas ações.
Esta viagem não teve surpresas, e poucas horas depois a jovem Caroline caminhava pelas ruas desta bela cidade, no tempo em que; as gôndolas deslizavam lentamente sobre as águas escuras do canal.
Veneza é um lugar onde os segredos flutuam como uma névoa e verdades dolorosas se escondem sob sua bela superfície. Porém, nada poderia esconder a realidade que agora a perseguia. O rosto de Caroline estava em todos os jornais de Roma e Veneza. “ASSASSINA DO CHEFE MAFIOSO ESCAPA,” diziam as manchetes. A imagem dela, deslumbrante e fria, adornava cada esquina. A polícia a procurava, mas, pior ainda, os capangas de Paolo, furiosos, estavam à caça.
Passados alguns dias… Enquanto Caroline vagava pelas ruas estreitas de Veneza, Salvatore, seu namorado, pagava o preço pela morte do mafioso. Os capangas de Paolo acreditavam que ele sabia onde Caroline estava escondida.
Salvatore fora espancado sem piedade, a cada soco e chute, seu corpo frágil resistia, mantendo o silêncio, pois ele realmente não sabia onde Caroline estava. “Dov'è Caroline? Dove l'hai nascosta?” (“Onde está Carolina? Onde você a escondeu?”), disseram os capangas, perguntavam incessantemente, mas Salvatore, entre suspiros de dor, balbuciava:
— “Non lo so… Non ho idea.”
(“Não sei… não tenho ideia.”)
O silêncio de Salvatore foi visto como desobediência e a punição foi rápida e brutal. Um dos capangas sacou uma arma e disparou sem hesitação. A vida do jovem italiano terminou ali, num beco escuro de Roma, enquanto os vilões continuam a caça por Caroline.
Em Veneza, Caroline, agora completamente sob o controle de “Morgana”, não sabia do trágico destino de Salvatore. A jovem, que um dia sonhara com uma vida simples e feliz, agora estava nas mãos de uma entidade que se prostituía quando em vida, e sua trajetória tomava um rumo ainda mais sombrio.
Morgana sabia que precisava se esconder, e logo arrumar dinheiro e encontrou um lugar que lhe proporcionaria o anonimato que tanto precisava. Um cabaré em um bairro mais afastado de Veneza, “Il Sogno di Venere,” (O sonho de Vênus), era conhecido por sua clientela discreta e seus segredos mantidos à sombra.
O lugar era perfeito para se esconder dos capangas. Lá, Caroline cortou e mudou a cor do cabelo e começou a trabalhar como dançarina. Logo os clientes ficaram cativados por sua beleza.
Seu corpo curvilíneo e como se movimentava no palco a tornaram uma verdadeira sensação na casa. Caroline sabia seduzir sem dizer nada. Logo esqueceu a vergonha de tirar a roupa e mostrar o corpo nu, a vagina e o cu no palco. Os olhares dos machos para a garota eram como de uma maré crescente. Cada apresentação era um espetáculo sensual e muito dinheiro, e logo a jovem se tornara a estrela do cabaré.
Mas os shows de dança eram apenas uma parte do que Caroline fazia ali. Nas noites mais silenciosas, após as apresentações, para tê-la, alguns tinham que desembolsar uma pequena fortuna para estocá-la na cama. Ela recebia clientes em quartos particulares. Seu corpo, que antes pertencera a ela, agora era uma marionete de ganhar dinheiro nas mãos de Morgana. Caroline transava com todo de tipo de homens, e de diferentes nacionalidades. Ela fazia loucuras na cama. Atendia cerca de cinco por noite. Cada encontro era mais exaustor do que o anterior, e cada um lhe trazia mais dinheiro, mais poder, mais sedução.
A romana se tornava uma obsessão para os clientes do cabaré, uma figura envolta em mistério e desejo. Logo seu nome sussurrou entre os homens mais influentes da região. Ela era o segredo mais bem guardado de Veneza, porém, Morgana sabia que seu reinado ali seria rápido. A polícia continuava sua busca, e os capangas de Paolo estavam com sede de vingança.
Dentro de Caroline, a verdadeira jovem, presa em sua própria mente, gritava silenciosamente, tentando se libertar. Ela sentia a dor da perda de controle, o desgosto de ver seu corpo usado por Morgana, mas era incapaz de reagir. “Che fine ha fatto la mia vita?” (“O que aconteceu com a minha vida?”), ela se perguntava, cada vez mais sufocada pela presença de Morgana.
Enquanto isso, a região de Veneza, sem saber que sua estrela dançante, carregava consigo uma escuridão que seria em breve impossível de conter.
Segue…