Uma grande mudança em nossas vidas. Cap 1. O INICIO 1.7 - FINAL

Um conto erótico de Manfi82
Categoria: Heterossexual
Contém 9036 palavras
Data: 26/09/2024 15:10:33

Cap 1 O INÍCIO 1.7 – FINAL

Anteriormente na última parte deste capítulo:

“— A Naty e a tia dela têm razão. Você sofre de carência emocional, e isso se deve a esse seu jeito de lidar com as coisas. Por causa dessa carência, você confunde afeto e cuidado com algo a mais, e isso te coloca como presa fácil para aproveitadores e abusadores.

— Se eu, com essa barriga, essa barba e essa careca, consegui te seduzir e fazer você se excitar, mesmo sem você ter a mínima vontade de estar em um relacionamento com um homem, imagina o que uma gata como a Vic não consegue fazer com a sua cabeça.

Ele realmente tinha razão, e muitas dúvidas começaram a surgir, golpeando minha mente. Fiquei parado por alguns minutos, até que Marcus reiniciou a conversa:

— A Naty está trazendo a Vic para cá. Ela vai obrigar a Vic a se tratar com sua tia. Ela também tem muitas questões para resolver. Você ouviu os áudios... eu não sou a pessoa indicada para iniciar uma reflexão mais profunda sobre tudo isso.

Eu não respondi com palavras, apenas com um aceno de cabeça.

— Você vai comigo para os EUA e vamos conhecer a casa de Dom PP. Para vencer o Pedrão e essa natureza quase ninfomaníaca dela, você vai ter que focar sua atenção em aprender a ser um bom dom. Faça isso, senão o amor da sua vida será sub de outros, com você tendo conhecimento das aventuras dela ou não.”

(FERNANDO)

— Como assim, do que você está falando? — respondi ao Marcus, mesmo tendo uma noção do que se tratava.

— Tanto você quanto a Vic possuem carência afetiva, mas desenvolveram o problema de maneiras diferentes. Ela tem uma dependência emocional muito forte, mesmo se fazendo passar por uma mulher forte e independente. No fundo, sente a necessidade de se envolver em relacionamentos abusivos, muitas vezes degradantes. Além disso, ela se sabota sempre que tenta romper esse padrão e buscar um relacionamento mais saudável.

Nesse ponto, Marcus estava completamente certo; esse diagnóstico se tornou claro para mim após discutirmos alguns casos desse problema durante a aula prática de psiquiatria. No entanto, eu estava confuso em relação a mim mesmo.

Mais uma vez, ele conseguiu ler minha mente e percebeu meu conflito. Então, tentou me explicar. Abriu o site onde a tia de Naty era colaboradora e me passou o que estava escrito, sabendo que, assim, eu não teria como questionar.

“A carência afetiva é um problema emocional complexo. A pessoa carente raramente consegue o que deseja (o afeto) de maneira apropriada. Assim, torna-se ainda mais dependente da atenção e afeição dos outros, vivendo em um ciclo sem fim.

A carência em excesso pode ser perigosa. O indivíduo carente pode aceitar ser maltratado por pessoas abusivas para sentir-se amado. Mesmo sabendo logicamente que aquele tratamento não é digno, acaba inventando histórias para justificar as atitudes grosseiras dos outros.”

Esses dois primeiros parágrafos destruíram completamente qualquer defesa mental que eu estava tentando manter sobre esse assunto.

Outras partes do texto pareciam ter sido escritas diretamente para mim. Eu já estava começando a sentir meu coração palpitando e me sentindo desconfortável com aquela conversa.

“A carência afetiva é resultado da falta de carinho. Este, por sua vez, é crucial para o desenvolvimento emocional dos seres humanos. Uma criança que não recebe a quantidade adequada de afeição ou cuidados dos pais pode se transformar em um adulto emocionalmente desequilibrado.

Esse adulto pode buscar desesperadamente fontes de amor fora do seio familiar, não compreender sinais claros de carinho ou da falta dele, e/ou não saber expressar suas emoções de maneira saudável.”

Muitos dos sintomas descritos estavam em consonância com o que eu sempre vivi ao longo da minha vida.

“Principais sintomas: submissão a outras pessoas; medo de ficar sozinho ou de ser abandonado subitamente; ciúme excessivo; sentimento de inferioridade e baixa autoestima; necessidade de confirmação do amor da outra pessoa; viver em função da vida do outro; falta de individualidade; crença de que só será feliz com o parceiro; dependência do parceiro para tomar decisões e traçar objetivos; busca por comportamentos ou palavras que possam indicar falta de afeição do parceiro; insegurança; dificuldade para controlar emoções; e dependência emocional.”

É claro que nem todos os sintomas estavam presentes em mim, mas logo entendi o porquê, lembrando do que meu psicólogo me explicava.

“Precisamos encontrar uma forma de te proteger psicologicamente de agressões e possíveis abusos. Não é o indicado para a maioria dos pacientes, mas há casos em que, se a pessoa for apta para isso, pode focar sua mente em objetivos de curto, médio e longo prazo. Isso fará com que não processe informações que possam causar confronto ou desconforto.” — essa ideia martelava na minha cabeça desde os dez anos de idade.

Quando comecei a me relacionar novamente com pessoas — amigos, colegas de escola, colegas do judô e outros — ele me alertou: “Você precisa ter cuidado para não se manter vulnerável perto de pessoas, mesmo amigos. Você pode confundir um pouco de atenção com o mínimo de afeto que alguém possa demonstrar e acabar desenvolvendo descontrole emocional, fazendo com que essas pequenas demonstrações de afeto se confundam com sentimentos mais complexos, como desejo sexual e amor.”

Sinceramente, eu já não estava muito satisfeito com nossas sessões e acabei esquecendo dessa conversa e desse alerta.

Um silêncio desconfortável se instaurou naquele quarto. Eu podia sentir Marcus me fuzilando com os olhos, prestando atenção em todas as minhas reações. Não conseguia encarar seu rosto, e o fato de ele ter desvendado toda a complexidade dos meus problemas emocionais me deixava exposto, como se estivesse nu.

Foi ele quem tomou a iniciativa de acabar com aquela pequena tortura. Decidiu mudar de assunto.

— Você sabe que, quando estive nos Estados Unidos, quando fiz intercâmbio no início do ensino fundamental, me envolvi com uma garota que era sub de Dom PP. Desde o início, ele demonstrou interesse em me treinar como seu pupilo. Você sabe disso; eu te ensinei muitas coisas que hoje você faz sem nem pensar, meio que no automático.

Meus olhos se arregalaram e minha face corou por alguns minutos. Quando éramos jovens e eu mal conseguia olhar para as garotas, ter o conhecimento de seus truques me deu vantagem, e me senti satisfeito em conseguir lidar com os relacionamentos após vencer minha timidez original.

Mas naquele momento, eu me sentia fragilizado, como se tudo o que consegui fosse resultado de seus conhecimentos e do compartilhamento de informações. Estava me sentindo diminuído e vulnerável.

Marcus me conhecia como ninguém e desconversou.

— Eu não toquei nesse assunto para te fazer sentir mal. Cara, eu sempre invejei seu porte físico, sua beleza. Eu poderia ter todas as técnicas e truques, mas não era eu que atraía as garotas em um primeiro momento.

Confesso que essa confissão me pegou de surpresa. Até porque sua linguagem corporal se modificou naquele instante; uma tristeza leve, quase imperceptível, surgiu em seu corpo. Seu rosto perdeu toda a imponência momentânea.

Eu fiz o que ele faria por mim, apesar de não ser tão bom nesse tipo de coisa. Peguei sua mão que estava sobre a cama e a apertei, ao mesmo tempo em que fixei meus olhos nos seus, mas sem intensidade, apenas tentando transmitir um pouco de conforto.

Ele me encarou por um tempo e logo após recomeçou.

— Voltando para os dias atuais, eu tenho uma sub que é produtora-chefe e coproprietária de uma produtora e gravadora de médio porte no estado de Nova Iorque. Eu a conheci quando fiz meu estágio obrigatório da faculdade naquele país.

Ao contrário de mim, Marcus seguiu o sonho de ser músico. Como nasceu em janeiro, sempre estava um ano adiantado em relação a mim na escola. Portanto, ele se formou no final desse ano em música na mesma faculdade que eu e pensava em se especializar em produção musical.

— Vou falar com ela; ela me pediu indicação de um compositor para ajudar artistas, boy bands, girl bands e bandas originais que precisam de assistência na composição de músicas, baseando-se nas letras que enviam para a produtora. É uma forma de se garantir como músico sem precisar dar aulas.

já sabia onde essa conversa iria chegar. Ele provavelmente iria pedir ajuda, sabendo que eu tinha aquelas contas poupança que mencionei anteriormente.

— Eu não quero que você se preocupe com dinheiro quando estiver lá. Você receberá um bom salário nos três meses que ficaremos por lá e minha sub irá fornecer uma casa no subúrbio de Nova York para nós nos hospedarmos.

Por essa, eu não esperava. Fiquei animado, mesmo tentando não demonstrar, mas acabei deixando um leve sorriso aparecer em meu rosto.

Marcus apenas sorriu e continuou, sem dar muita importância.

— Nós ficaremos apenas esses três meses; depois iremos para a Alemanha gravar nosso disco. Um funcionário da minha sub irá ligar para seu pai para formalizar o contrato de trabalho e, logo após, solicitarão um visto de trabalho temporário pros Estados Unidos. A equipe de Camille também ficará responsável por conseguir o visto para entrada e permanência na Alemanha. Afinal, estamos pagando ela para isso. Rsrs

Eu já não conseguia esconder a empolgação. Estava muito feliz e não conseguia disfarçar tamanha euforia. O sorriso em meu rosto, o modo como apertava minhas mãos em minhas coxas, e o meu coração e estômago que insistiam em me lembrar que existiam, faziam com que meu corpo não deixasse dúvidas do quanto estava empolgado naquele momento.

Quando já estávamos mais tranquilos, Marcus recebeu uma mensagem e seu semblante mudou um pouco, de forma discreta. Ele me encarou e disse:

— A Vic está vindo com a Naty. A nossa pequena guerreira moreninha conseguiu se impor com a Vic. Ela já marcou com sua nova psiquiatra (tia da Naty). Lembre-se de tudo que conversamos. Esta conversa será primordial para saber como você irá querer viver o resto de sua vida, mesmo se estiver se relacionando ou não com aquela loirinha.

Fiquei novamente sem reação. Mas, por incrível que pareça, não estava tão ansioso como pensei que ficaria. Marcus desceu comigo até o hall de entrada e ficamos conversando e bebendo no bar que ficava próximo à recepção do hotel. Logicamente, fiquei apenas tomando água.

(Victoria)

A espera para que Naty finalmente chegasse à minha casa, para irmos ao encontro de Fe, foi um dos períodos mais difíceis da minha vida. Mais uma vez, eu não conseguia controlar a confusão e o debate cruel que se formavam em minha mente.

Pensamentos diversos me invadiam: como meu amor me decepcionaria, quanta frieza eu poderia esperar, considerando o quanto ele poderia ter sido ferido por tudo que fiz nos últimos dias. Ele realmente me queria apenas como amiga? Eu conseguiria vê-lo com outra pessoa e ainda assim manter a amizade, como ele fez por mim? E como eu seria recebida na faculdade por todos os alunos, especialmente os do meu curso? Teria força psicológica para enfrentar tudo isso?

E o Pedrão... como eu ficaria ou agiria ao encontrá-lo?

Nesse momento, quase desisti de tudo e pensei em ligar para Naty para cancelar a carona, decidindo que nunca mais apareceria na vida de Fernando, assim, não o faria sofrer. Essa angústia, essa dor no peito, não me abandonava por nada nos últimos dois dias.

Para meu alívio, senti o celular vibrar. Era uma chamada da Naty; ela já estava na minha rua, a poucos segundos do meu condomínio. Tentei focar novamente no treino de respiração que aprendi na ioga e com minha psicóloga. Um leve sentimento de alívio atravessou o turbilhão de emoções que me assolava. Sem hesitar, saí de casa e caminhei até o carro de Naty, que já estava estacionado do outro lado da rua, pronta para sair na direção certa.

O sol, implacável, queimava quem se aventurava fora do conforto de casa, e o ar abafado e poluído de São Paulo só aumentava a sensação de sufoco. O calor fazia meu corpo suar, mas isso não impedia o tremor constante nas minhas mãos e pernas. Era uma contradição visível: enquanto uma parte de mim estava eufórica com a possibilidade de, finalmente, ver o homem que, sem dúvidas nenhuma, era o grande amor da minha vida, ocupava meus pensamentos, outra parte temia sua recepção fria, ou, pior, a rejeição.

Eu vestia uma calça jeans e uma camiseta leve por causa do calor. Meu desejo, no entanto, era poder usar um vestidinho como o de Naty, algo mais apropriado para aquele clima insuportável. Mas isso era impossível. As marcas — roxas, mordidas e outras — espalhadas pelo meu corpo, especialmente abaixo da cintura, impediam qualquer exposição.

Ao abrir a porta e entrar no carro, Naty me cumprimentou com um sorriso tímido. Sua postura rígida e o rosto tenso logo deixaram evidente a irritação que, com certeza, fervilhava em sua mente. Meu coração afundou. Um gosto amargo invadiu minha boca, e o tremor no meu corpo se intensificou, incontrolável.

Durante todo o trajeto pela cidade — com o trânsito infernal de sempre —, ela permaneceu em silêncio. Nem parecia a mesma garota que, horas atrás, me ouvira e me consolara ao telefone. A distância emocional era visível.

Já na estrada, Naty quebrou o silêncio com um sorriso forçado e uma brincadeira que imediatamente me deixou em alerta.

— Amiga, me conta... Como é ser feita de garota de programa? — Ela soltou uma risada sarcástica, encostando o carro no acostamento, a poucos quilômetros da rodovia para Campinas.

Seu tom debochado, misturado ao gesto de parar o carro, acionou todos os meus gatilhos. Meu corpo enrijeceu, e uma onda de ansiedade me invadiu. Naty, para piorar, pegou meu cabelo de forma brusca e me encarou com um olhar intenso, quase como uma acusação silenciosa.

Naquele instante, um misto de medo e um desejo vergonhoso tomou conta de mim. Meu corpo me traiu: o rosto corou, e, sem perceber, comecei a morder o lábio inferior e minha bucetinha ainda vermelha e inchada começou a encharcar.

— Puta merda, Vic... Como você quer me convencer de que vai deixar essa vida? — Ela disse com frieza. — Como vai resistir aos seus “colegas” da faculdade e, principalmente, ao Pedrão? Se eu consigo te deixar assim só puxando seu cabelo, imagina quando você reencontrá-los.

Ela tinha razão. Uma parte de mim sabia disso, e o que mais me aterrorizava era justamente essa consciência. Sabia que, por mais que eu odiasse essa fraqueza, bastava um gesto, uma palavra, para que aquela parte de mim — a parte que eu mais desprezava — tomasse o controle.

Aquela moreninha continuou segurando meu cabelo, mas sem pressão. Aos poucos, percebi que o olhar intenso e determinado em seu rosto começou a mudar. Havia algo diferente. Seus olhos, antes cheios de força, perderam o brilho. Pude ver claramente que sua boca começou a se curvar para baixo, ao mesmo tempo que não dava para perceber que estava se esforçando muito para manter o rosto erguido.

— Na última vez que nos vimos pessoalmente... — ela começou, sua voz embargada por uma raiva contida. — Eu te pedi. Não, eu te implorei pra tomar cuidado. Pra não fazer o Fernando sofrer. E você... você saiu toda bravinha só porque ele não se despediu de você e foi para o quarto tocar a guitarra.

Ao ouvir essas palavras, senti meu peito apertar. Uma angústia subiu pela minha garganta, pesada, sufocante. Eu sabia que ela não iria apenas me ouvir dessa vez. Ela estava prestes a desabar, e eu não sabia se conseguiria lidar com aquilo naquele momento. Talvez fosse mais do que eu pudesse suportar.

Meu corpo respondeu antes de qualquer palavra. Se antes eu conseguia controlar os tremores nas mãos e nas pernas, agora era impossível. Meu corpo se contraiu, enrijeceu, e os tremores se espalharam. Meus olhos ardiam, e as lágrimas, que eu tanto tentava segurar, começaram a cair sem controle.

Um silêncio opressivo tomou conta do carro. Minutos se passaram sem que nenhuma de nós dissesse uma palavra, apenas o som da estrada preenchia o espaço entre nós. E então, de repente, ela soltou meu cabelo. Fiquei surpresa, perdida. Pensei em dizer algo, qualquer coisa, mas quem voltou a falar foi Naty.

— Vou te fazer uma pergunta. E com ela, vou saber até onde vai a sua honestidade daqui pra frente — disse ela, mirando meus olhos com a mesma intensidade de antes, mas agora com uma frieza que fez meu estômago revirar.

Eu fiquei quieta. Nem mesmo conseguia formar um pensamento coerente. Antes que pudesse reagir, ela me lançou a pergunta que, no fundo, eu já sabia que viria.

— Você queria estar naquela casa? Queria fazer aquela viagem, mesmo sabendo o que isso poderia significar pro cara que você diz amar?

O impacto da pergunta me atingiu como um soco. Claro que ela faria essa pergunta. Todo mundo que conhecia nossa história se perguntava isso. Desviei o olhar, fixei meus olhos no chão do carro, e respondi, sabendo que não poderia fugir da verdade.

— Sim. Eu... eu queria — admiti, a voz saindo trêmula e baixa, como se eu tivesse vergonha de dizer a verdade.

Naty, sem hesitar, voltou a puxar meu cabelo, me forçando a encará-la novamente. Seu rosto estava vermelho, suas expressões duras, e o brilho em seus olhos mostrava um ódio que eu não sabia que ela era capaz de sentir. Um ódio que, naquele momento, parecia ser todo direcionado a mim.

— Porra! Quem você pensa que é? Eu quero que você imagine, por um segundo, como o Fe se sentiu com tudo isso. Ele estava tão feliz, você sabia que o sonho dele estava prestes a se realizar. Ele…ele apenas queria a nossa presença com ele, nada mais.

Ela parou por um segundo, puxando o ar com força, como se estivesse tentando se controlar.

— Eu deixei de ir numa viagem pra Europa quando ele me disse as datas dos shows — continuou, a voz mais baixa agora. — Tudo em cima da hora, mas eu deixei. Só não fui ontem porque minha avó... minha avó está mal, sabe? Ela tem Alzheimer, e meus pais já tinham viajado. Eu fiquei pra cuidar dela até o meu tio vir buscá -la.

Eu não conseguia me mexer. As palavras batiam em mim como uma onda, e eu simplesmente não sabia o que dizer. Meus tremores aumentaram, e eu lutei para segurar as lágrimas.

— Desde aquele dia... aquele dia em que fizemos aquilo com ele... deixamos ele sozinho na churrasqueira enquanto fomos... — ela hesitou, mas não precisava completar a frase. Eu sabia. — E depois, com a sua reação à resposta dele... Desde então, eu soube. Você não seria uma boa amiga pra ele. Muito menos namorada.

Aquilo me atingiu de uma forma que eu não esperava. Eu sabia que ela estava falando a verdade, mas parecia que meu corpo simplesmente não me deixava responder. Minha voz não saía. Eu queria me defender, dizer algo, mas era como se estivesse paralisada, presa dentro de mim mesma.

Naty soltou meu cabelo mais uma vez e suspirou profundamente antes de continuar.

— Quem me fez te dar mais uma chance foi minha tia. Ela entende dessas coisas, sabe? Trabalha com gente que passa por situações difíceis, com relacionamentos complicados. Não sei explicar direito, mas... ela sabe o que faz.

Ela me olhou nos olhos novamente, mas agora havia algo diferente. A fúria em seu olhar havia se dissipado, deixando apenas um cansaço, quase um pedido.

— Vamos parar em um posto de serviço daqui a pouco. Eu farei uma vídeo chamada e você irá falar com ela. Conversa, se abre. Ela pode te ajudar a se preparar para conseguir dialogar com o Fernando. Eu já adiantei algumas coisas, mas você precisa se abrir, igual fez comigo no telefone.

Pela primeira vez desde que entrei naquele carro, senti meu corpo relaxar um pouco. Sem querer, um sorriso tímido escapou dos meus lábios.

Naty respondeu com um sorriso igualmente tímido e, com um brilho diferente nos olhos, me disse algo que era óbvio, mas que eu precisava ouvir.

— Você sabe que tem um problema, né? Você e o Fe têm o mesmo problema, carência afetiva, acho. Só que vocês lidam de maneiras diferentes por causa das histórias de vida de vocês. Mas, se não procurar ajuda, isso vai te destruir.

Ela ligou o carro, e seguimos em direção ao encontro de sua tia. Ao longo da minha jornada de “renascimento”, abordarei todos os aspectos dessa conversa. Depois que conversamos com a psiquiatra, que desde então se tornou minha melhor amiga até os dias atuais, voltamos para a estrada e seguimos viagem até Campinas.

A atmosfera dentro do carro já era outra. Não sei se foi influência da Débora (tia de Naty), mas conversamos mais, ouvimos música, e o sol, que antes parecia opressor, agora parecia até agradável.

Quando chegamos ao hotel onde Fe e sua banda estavam hospedados, avistei Fe de costas, em pé no hall da recepção, conversando com um homem barbudo, um pouco acima do peso, de barba longa e careca. Quando ele nos viu, acenou com a cabeça, e Fe se virou, sorrindo ao nos ver. Agora não tinha mais volta. Precisaríamos conversar. E muito.

(Fernando)

Já se passavam das 18 horas e nada das garotas chegarem. Porém, a conversa com Marcus estava muito agradável, envolta na suavidade do ambiente do bar, onde a iluminação amena e o murmúrio de conversas criavam uma atmosfera íntima. Aproveitei para perguntar um pouco mais sobre aquela história de Dom e Sub e, principalmente, estava curioso para saber sobre o Dom PP.

No entanto, ele desconversou. Afirmou que Sim PP era uma pessoa discreta, mas garantiu que eu me surpreenderia com ele. Tentou me tranquilizar, explicando que a ideia não era me transformar completamente em um dominador, mas sim ajudar no meu autoconhecimento. Queria que eu entendesse todos os aspectos da sexualidade feminina e sua psicologia, para saber lidar e identificar sinais comportamentais.

Outro ponto importante que mencionou foi a melhoria na postura e na irradiação de uma energia mais confiante e intrigante. Lendo muitos artigos e sites especializados desde então, percebi que era quase unanimidade que um dos principais tratamentos para o que tinha era a mudança da perspectiva sobre mim mesmo. Um ganho de autoconfiança era fundamental.

Confesso que, apesar de me sentir um pouco mais tranquilo, a ansiedade em saber mais sobre o assunto persistia. Isso me afastava da concentração necessária para o encontro com Vic, que estava prestes a acontecer. Ele mesmo percebeu essa ansiedade e sugeriu que eu esquecesse o tema até a conversa com Vic. Fez algumas perguntas sobre essa interação, o que me ajudou a focar novamente no que teríamos em algum momento naquele dia.

Mesmo bebendo apenas água, a necessidade fisiológica de me aliviar de toda a urina acumulada na minha bexiga me levou ao banheiro. Lá, após me aliviar, joguei água gelada no meu rosto e olhei para o espelho. Foi então que me fiz a pergunta que, com certeza, não sabia como responder, embora fosse simples, mas essencial:

- O que será que você vai fazer?

Minha mente começou a reviver tudo o que havia ocorrido em nosso relacionamento até aquele dia e eu... eu comecei a desabafar em um choro de difícil controle.

Não queria me mostrar fragilizado na frente de Marcus novamente, então comecei a tentar respirar de forma lenta e profunda. Meu coração estava batendo em um ritmo tão acelerado que nunca o senti tão forte dentro do meu peito. Uma sensação avassaladora de angústia e desespero tomou conta de mim. “Era isso que deveria estar sentindo desde sempre”, pensei, ou falei para mim mesmo com a voz baixa.

Após conseguir me controlar minimamente, resolvi lavar meu rosto mais uma vez e, logo depois, saí do banheiro determinado a ter aquela conversa. Sabia que queria e teria que desabafar, expondo verdades que poderiam causar dor tanto para mim quanto para ela.

Ao me aproximar de onde Marcus estava, sentado em uma daquelas cadeiras altas típicas de bares e baladas, percebi que seu sorriso tinha um brilho diferente no olhar. Ao me dirigir à minha cadeira para me sentar, ele fez um aceno com a cabeça. Instintivamente, virei meu rosto e corpo para ver do que se tratava.

Eram Vic e Naty paradas próximas à entrada principal do hotel. Mesmo não querendo, um leve sorriso surgiu em meu rosto, mas resolvi permanecer parado e deixar o próximo movimento daquele tabuleiro do jogo da vida a cargo daquelas mulheres.

(Victoria)

Apesar do sorriso tímido que Fernando visivelmente forçava, foi o fato de ele não se mover em nossa direção que fez a ansiedade, que tanto havia relatado nos últimos dias, voltar gradativamente.

Eu também permaneci imóvel, mas não por estratégia ou jogo, e sim porque meu corpo simplesmente não respondia. Naty, por sua vez, decidiu tornar minha vida mais fácil — ou mais difícil. Pegou minha mão e, sem hesitar, praticamente me puxou, caminhando apressadamente em direção ao nosso amigo.

Aos poucos, o Fe esboçou um sorriso largo, e logo percebi que não era para mim. Ele abriu os braços, e Naty, completamente eufórica, se lançou em seus braços, parabenizando-o com entusiasmo.

Permaneci parada, enquanto ela, ainda eufórica, se jogava nos braços do homem barbudo, que depois descobri ser Marcus. Ali, naquele momento, senti uma vulnerabilidade esmagadora. Me sentia esquecida, desconfortável, como se estivesse à margem daquela celebração.

Fe me lançou um olhar vazio, sem brilho, desprovido de qualquer emoção. Aquilo me abalou profundamente, a ponto de quase me fazer dar meia-volta e correr de volta para a porta de onde tínhamos entrado.

Foi Marcus quem percebeu o meu estado. De maneira surpreendente, ele se aproximou de mim com os braços abertos, chamando-me para perto deles. Não consegui me mover, mas ele veio até mim rapidamente e me envolveu em um abraço apertado.

Eu não reagi; meu corpo permaneceu rígido, como uma criança que é obrigada a dar um abraço sem o menor desejo de fazê-lo.

Então, Marcus se inclinou e sussurrou em meu ouvido, trazendo-me de volta à realidade:

-Você veio até aqui para ficar parada? Vá e lute para reconquistá-lo.

Essas palavras, ditas com uma calma tão genuína, me fizeram acordar. Depois, ele se afastou um pouco, segurou meus ombros e continuou:

- Ele passou o dia inteiro te esperando. Você só precisa entender e respeitar os sentimentos dele. Ele está muito machucado, mas ainda te ama.

Ao ouvir a palavra "amor", senti um turbilhão de emoções — medo e euforia se misturaram. Era verdade. Eu o amava, e sabia que ele também me amava. Eu havia cometido erros, e agora era minha vez de me redimir. As conversas com Naty, com Débora, e agora essa frase de Marcus, simples, mas carregada de sinceridade, me tocaram profundamente.

Sem pensar duas vezes, desviei meu corpo do abraço de Marcus e corri para os braços do homem que eu amava.

Fernando ficou surpreso, mas não rejeitou meu abraço. E então, reproduzi o gesto que Marcus havia feito comigo minutos antes: segurei seus ombros, olhei em seus olhos e, sem um pingo de dúvida ou hesitação, declarei:

- Eu te amo! Você é o homem que escolhi amar.

A resposta de Fernando à minha declaração foi a pior possível. Quer dizer, ele poderia ter respondido de forma muito pior, mas, naquele momento, o modo como minha declaração foi recebida me deixou abalada.

Ele manteve o olhar fixo nos meus olhos e, com uma risada de deboche, parecia que ia responder algo, mas acabou se segurando. No entanto, ele me respondeu:

- Nós vamos conversar a respeito, mas não aqui. Não quero mais ninguém se metendo nesta história.

Essa resposta veio acompanhada de uma expressão de desprezo, mesmo que ele tentasse disfarçar. Percebi que não era amor o que ele nutria naquele momento — pelo menos não o mesmo amor que sentia há dias atrás.

(Fernando)

Só Deus sabe o quanto esperei que aquela garota se declarasse para mim. Chegava a sonhar com isso, imaginando cada palavra e cada gesto. Porém, quando ela se atirou em meus braços e sussurrou aquelas palavras mágicas, um senso de defesa que nunca havia experimentado assumiu o controle da minha vontade.

Um sorriso forçado se instalou em meu rosto; a vontade de desabafar tudo que sentia pulsava dentro de mim. No entanto, a presença das outras pessoas ao nosso redor me impediu de me abrir completamente, pois não queria me mostrar ainda mais vulnerável naquele momento.

Falei de forma fria, desejando um instante a sós com ela. Após isso, fui até Marcus e, inclinando-me, sussurrei em seu ouvido que levaria Vic para conversar em meu quarto. Precisava de privacidade, e ele, compreensivo, assentiu com a cabeça.

Dei um beijo carinhoso e um abraço apertado em Naty, fazendo questão de agradecer em voz alta por ela ter suspendido sua viagem para a Europa — onde planejava passar o Réveillon, um sonho que sempre alimentou — para poder nos acompanhar nos shows. Infelizmente, seu tio havia atrasado para buscar sua avó, que se encontra acamada e com demência avançada, e ela não pôde assistir ao show de ontem.

Após me despedir dos amigos, estendi a mão para Vic, puxando-a suavemente, para que me seguisse até meu quarto. No caminho, tentei respirar fundo e me concentrar, buscando acalmar a tempestade de emoções que se agitava dentro de mim. Por mais irritado que estivesse, na teoria, ela não havia feito nada de errado; afinal, não éramos namorados na época. Contudo, minha mente insistia em me trazer de volta à realidade, tentando evitar os mesmos erros que sempre cometi.

(Victoria)

Após a resposta fria que recebi ao me declarar, observei Fernando voltar para perto de seus amigos, como se nada tivesse acontecido. Primeiro, ele sussurrou algo no ouvido de Marcus, e em seguida, abraçou Naty com um entusiasmo exagerado. Parecia fazer questão de ser notado. Agradeceu em um tom de voz ligeiramente mais alto do que a proximidade entre eles exigia:

— Naty, você não faz ideia da alegria que sinto por você estar aqui, compartilhando este momento comigo. Obrigado por adiar seu réveillon na Europa. Você é uma amiga de verdade.

Por mais que fosse algo simples, aquele agradecimento espontâneo foi como um tiro de sniper, atingindo em cheio meu coração. De repente, o Fernando que eu conhecia já não existia mais. Ele parecia uma nova pessoa — alguém que finalmente conseguia se expressar, falar o que sentia. E, para ser sincera, isso despertou em mim um turbilhão de sentimentos contraditórios. Sabia que essa mudança era necessária para ele, mas temia, e muito, o que esse "novo" Fernando estava pensando sobre mim.

Antes que eu pudesse afundar ainda mais nos meus pensamentos, senti sua mão tocar a minha. Um aperto leve, mas significativo, como se ele quisesse me dizer algo sem usar palavras. Ele começou a me puxar suavemente pelo hall de entrada até um corredor. O corredor era estreito e mal iluminado, fazendo meu coração acelerar. As paredes pareciam se aproximar lentamente, e o espaço fechado começou a me sufocar. Minha cabeça rodava, e por duas vezes, quase perdi o equilíbrio. Consegui me estabilizar, apoiando o ombro contra a parede, evitando uma queda iminente.

Por sorte, o quarto de Fernando estava no início daquele corredor. Quando ele parou em frente à porta, passou o cartão magnético e abriu. No momento em que a porta se abriu, um alívio tomou conta de mim.

Entrei no quarto e fui direto me sentar na beirada da cama. A desordem era evidente — a cama estava visivelmente desarrumada e um cheiro estranho impregnava o ar. Não sabia se vinha dos produtos de limpeza usados nas toalhas ou de algum perfume barato. O desconforto se instalou. Era ciúme. Puro e incontrolável ciúme. Sem pensar muito, me peguei olhando descaradamente para a lixeira, à procura de algum preservativo usado, alguma prova concreta de que outra mulher estivera ali. Não encontrei nada. Por um momento, me senti aliviada.

Fernando, claro, notou meu ataque infantil de ciúmes. Com um sorriso sarcástico, que lhe era tão característico, ele comentou:

— Interessante... Está com ciúmes de mim?

Seu tom era de quem se divertia com a situação, o que só me irritou mais. O Fernando que antes me confundia agora também me desafiava, deixando claro que, de alguma forma, ele tinha controle sobre o que eu sentia.

A pergunta em si não era o problema. O que realmente me abalou foi o tom sarcástico e frio com que ele a fez, me deixando ainda mais tensa. Eu não consegui responder. Na verdade, nem havia o que responder.

Ele fechou a porta do quarto com calma, e o fato de estarmos a sós, naquela intimidade forçada, me trouxe um breve alívio. Mas eu sabia que algo muito ruim estava prestes a acontecer naquela conversa. O olhar vazio dele permaneceu fixo no meu rosto enquanto caminhava devagar até se sentar ao meu lado. Eu podia vê-lo murmurando algo para si mesmo, e a tensão em seu rosto era tão evidente que meu instinto era me jogar aos seus pés e implorar perdão.

Depois de alguns segundos em silêncio, ele começou a falar, com gagueira e visível dificuldade. (Não vou escrever com ele gaguejando para que o diálogo seja claro para quem lê, mas prometo avisar quando ele parar de gaguejar.)

— Sinceramente, eu não consigo entender você. Como você consegue falar em amor?

Percebi que aquele era o início de um desabafo que ele guardava há muito tempo. Permaneci quieta, firme, deixando-o continuar. Meus olhos, porém, caíram para o chão. Eu já não tinha forças para encará-lo.

— Você nunca se preocupou comigo. Nunca se importou com os meus sentimentos.

Eu tentei falar algo, me defender de alguma forma, mas ele se levantou abruptamente, gritando:

— Não! Você vai me ouvir!

Aquela explosão me atingiu como um soco no estômago. Fiquei paralisada, com os olhos cheios de lágrimas, o rosto queimando e a respiração irregular.

— Você sabia o que eu sentia. Sabia o quanto eu te adorava, o quanto te desejava. Mas éramos só amigos, e mesmo assim, você resolveu me punir e brincar com os meus sentimentos.

Ele tinha razão. No início, eu realmente quis brincar, quis jogar com ele. Esse pensamento me atravessou como uma lâmina, e comecei a chorar mais intensamente.

— Você sempre deixou claro o quanto eu era insignificante na sua vida. Sempre deixou claro que éramos apenas amigos. E todas as vezes você jogava na minha cara, todas as vezes que você saía com outros...

Levantei-me de repente. Precisava ir até ele. Precisava abraçá-lo, mostrar que estava ali para ele, que sentia seu sofrimento. Lembrei da conversa com Naty, quando ela me disse para imaginar estar no lugar dele, sentir o que ele sentia.

Mas Fernando se esquivou do meu abraço, desviando o corpo como se minha tentativa de consolo fosse ofensiva. Sem gaguejar desta vez, ordenou:

— Sente-se. Ainda não terminei.

Eu me resignei. Sabia que ele tinha todo o direito de dizer aquilo. Sabia que ele precisava jogar tudo isso na minha cara. Não só tinha o direito, ele precisava daquilo para seguir em frente.

Quando me sentei novamente na cama, ele continuou:

— Você sempre queria compartilhar tudo sobre os outros homens com quem estava. Sempre falava o quanto estava satisfeita com sua vida. Eu te pedi tantas vezes para parar. Eu nunca quis saber dessas coisas. Não sou, e nunca serei, o tipo de homem que se excita com essas histórias. Eu não sou assim.

A cada palavra, eu sentia mais dor. Era como se ele estivesse me socando repetidamente, com cada frase, cada verdade que eu não podia refutar. Ele fez uma pausa. Ficou em silêncio por um tempo, andando de um lado para o outro no quarto. Seus olhos estavam sem brilho, mas sua voz era fria e calculada, contrastando com o corpo tenso, prestes a explodir.

Talvez por nervosismo, ou pela necessidade de ser irônico, ele soltou uma risada forçada e me olhou de um jeito que eu nunca tinha visto antes.

— Você sabe por que eu nunca quis que você fosse para aquela maldita república? Acho que agora você já deve ter descoberto com que tipo de filho da puta estamos lidando.

Ele voltou a sentar na cama, mas seu rosto havia mudado completamente. Começou a chorar, mesmo tentando se controlar. Era a primeira vez que via o homem que eu amava tão fragilizado, e a tristeza dele me abalou profundamente.

Eu não sabia o que fazer. Apenas peguei uma de suas mãos e comecei a acariciar seu rosto com a outra. Ele olhava para baixo, o corpo retraído e continuou a falar:

- Como eu não tinha requisitos para solicitar uma vaga no dormitório da faculdade, precisei pedir ajuda a um amigo que conhecia o pessoal do dce.

Voltou a falar, dessa vez gaguejando muito, muito mesmo.

- Eles conseguiram junto à reitoria a possibilidade de receber alguns apartamentos próximos da faculdade. Então começaram a realocar para conseguir um dinheiro extra. É completamente ilegal, irregular, mas era o único modo que tinha. Os primeiros anos da faculdade eram muito puxados, algumas das aulas começavam antes das 07 e só terminavam depois das 18, 19 horas. Era aceitar morar numa dessas repúblicas, alugar um apartamento sozinho, o que meus pais não conseguiriam ou ficar indo e voltando de ônibus e metrô. Tentei a última opção até que conheci Pedrão e os outros.

Enquanto falava, ele levantou um pouco seus olhos. Estavam muito inchados, mas lágrimas não caiam. Era como se estivesse controlando seu corpo para não chorar. Novamente não consegui encontrar palavras. Fiquei em silêncio ouvindo tudo que ele dizia.

- Com o tempo ouvi histórias de algumas garotas que…que…que eram “tomadas” pelo Pedrão…

Ele disse isso e com uma risada forçada, me encarou com mais intensidade, e perguntando.

- Não foi isso que ele fez? ”...tomou meu corpo para si”...”me fez sentir sua propriedade”

Fe fez essa pergunta citando duas frases que havia falado em meus áudios. Quando tentei responder, ele não me e continuou:

- Depois de uns dois ou três meses eles começaram a me tratar de um modo horrível. Parecia que gostavam de me humilhar, me colocar para baixo, me inferiorizar.

Nesse momento , ele começou a chorar novamente, mas logo tentou se controlar. Eu estava destruída por dentro; ver todo seu sofrimento estava dilacerando minha alma.

- Apesar do meu peso e da minha timidez, havia uma garota no meu condomínio que gostava de sair comigo. Eu cometi o erro…eu cometi o erro…

Essa repetição dessa frase não era por causa de seu probleminha; ele estava se auto condenando e essa cena não me saiu de minha cabeça até hoje.

- Eu a levei a uma confraternização que a atlética da medicina organizou. Em certo momento ela disse que iria ao banheiro e desapareceu por muitos minutos…

Ele não se aguentou, levantou da cama e começou a andar pelo quarto novamente.

- Procurei ela em todos os lugares, até que sai na esperança de encontrá- la fumando. Foi quando um amigo me viu e me chamou. Ele me disse que sentia muito, mas precisava me mostrar algo. Me levou então até o estacionamento fechado, onde muitos alunos eram mensalistas, e lá vi uma cena que me despedaçou por dentro…

Ele começou a chorar muito intensamente. Já não conseguindo se conter.

- Ela estava ajoelhada chupando Pedrão, Ramon e dois outros veteranos da medicina. Eu tentei me aproximar, mas, ao me ver, Pedrão , puxou o cabelo dela, virou seu rosto para mim e mandou que ela dissesse que parecia já ter ensaiado…”Fe, podemos até continuar juntos, mas o Pedrão é que será meu macho..."

Nesse momento, percebi a magnitude do erro que cometi. Se tudo o que fiz já era péssimo por si só, saber que não era a primeira vez que isso acontecia com ele fez meu coração pesar. Ele devia estar destruído por dentro.

- Saí de lá, decidido a nunca mais saber dela. Mas ela não era o tipo de garota que agradava ao Pedrão. Seu porte físico e… é complicado falar disso assim…

Ele começou a se expressar, mas logo se forçou a parar. A minha admiração por ele cresceu. Ele sempre soube do meu complexo em me sentir “cheinha”. Eu não merecia aquele homem; mesmo em meio a toda essa situação, ele ainda pensava em não me magoar.

- Ela me procurou… claro que procurou— retomou a conversa com a mesma risada sarcástica de antes. — Mas lógico que não iria aceitá-la de novo. Tenho o mínimo de dignidade, ou pelo menos tinha… ou parecia ter…

Foi nesse momento que percebi a contradição interna que ele devia estar enfrentando. No entanto, tudo o que era ruim ainda poderia piorar.

- Após meses, fiz o que sempre faço: foquei na faculdade e tentei esquecer o ocorrido, mesmo que eles me lembrassem constantemente, me humilhando com o que aconteceu. Mas Pedrão me fez uma advertência: não queria que eu namorasse. Segundo ele, eu não era digno de me relacionar com mulheres. Se eu levasse alguma amiga ou namorada para qualquer evento ou festa da faculdade, ele “tomaria” ela de mim.

Um frio imenso percorreu meu corpo. Não era possível que fiz isso com ele. Fe então voltou a se sentar na cama e me trouxe de volta à dura realidade.

- Como você mesma disse. Ele realmente ‘tomou’ você, certo?”

Nesse instante, ele me encarou novamente; já não havia lágrimas ou qualquer vestígio de sentimento em seu olhar.

- Fe, me desculpa, por favor. Eu não sabia… eu…

- Você não sabia? - Ele me interrompeu, dessa vez com uma frieza que me deixou temerosa. - Você realmente acha que sou idiota? Acha que não soube que, em uma daquelas festas que você se gabava de ir, conheceu o Pedrão?

Ele se levantou, agora parado em pé na minha frente.

- Você vai mentir que foi o Pedrão que te convidou para aquela viagem? Ou vai dizer que foi ele quem escolheu aquele biquíni que você me mostrou, provavelmente por engano, enquanto se exibia para ele? Sabe como eu sei?

Eu não sabia o que dizer. Era tudo verdade. Ele então pegou o celular e mostrou uma conversa dele com Pedrão, daquele mesmo dia da videochamada em que eu havia mostrado o biquíni para aquele desgracado. Era uma foto, provavelmente um print daquela chamada, mas sem meu rosto; abaixo, na conversa, ele digitou: “Olha, Fernandinho, minha mais nova putinha. Vai fazer sucesso na viagem que faremos no réveillon.”

- Como sempre, essa merda que tenho na cabeça me fez esquecer dessa conversa. Para mim, era apenas mais uma “putinha” na coleção dele. Não havia motivo para me importar. Eles gostavam de esfregar na cara suas conquistas, especialmente o Pedrão.

Comecei a chorar intensamente. Pensei várias vezes em pensar em me matar ou em algo pior. Era difícil descrever o que sentia naquele momento. Fiquei espantada por Fe não ter feito alguma loucura. Eu tinha feito algo que poderia destruí-lo por dentro.

- Só entendi o porquê daquela mensagem dele quando vi suas primeiras fotos naquela casa que o Claudinho espalhou, em que você estava com aquele maldito biquíni. Pensei em te alertar, mas a partir da terceira ou quarta foto que ele mandou, você já estava no colo daquele verme, beijando-o. Quando vi a foto de vocês de “casalzinho”, realmente parei de me importar e liguei o foda-se.

Ele parou de falar, talvez esperando que eu dissesse algo. Não conseguia me mover, nem formular palavras.

Então, ele se sentou ao meu lado novamente e retomou a conversa.

- Sabe, sinceramente eu não te entendo… Você já sentia algo por mim antes de viajar?

Hesitei um pouco para responder, mas essa era uma pergunta à qual eu não negaria resposta.

- Eu já estava apaixonada por você há tempos.

Ao ouvir minha resposta, ele soltou uma risada, mantendo a postura totalmente sem emoção.

- Antes ou depois de me virar as costas e ir transar com minha amiga e sua namorada?

Senti o peso daquela pergunta. O fato de ele finalmente querer conversar me trouxe uma pontada de esperança, mas eu não sabia o que esperar ou como responder.

(Fernando)

Após ver que conseguia desabafar apesar de gaguejar muito, eu resolvi dar a chance dela participar da conversa. No entanto, eu tinha muitas perguntas a fazer. Após a tensão inicial, onde deixei claro o quanto estava magoado com tudo o que ela fez desde o começo, e lembrando das complicações com Pedrão e os outros caras da república, procurei um tom mais "leve". Assim, sentei-me novamente ao seu lado, pronto para ouvir suas explicações através das minhas perguntas.

— Sabe, sinceramente eu não te entendo… você já sentia algo por mim antes de viajar? — comecei, tentando manter a voz firme.

Sua resposta, simples e direta, mas carregada de dificuldade, fez com que eu soltasse uma risada nervosa. Essa era a minha maneira de lidar com a tensão.

— Eu já estava apaixonada por você há tempos.

Logo, sem pensar, lancei uma pergunta mais contundente:

— Antes ou depois de me virar as costas e ir trepar com minha amiga e sua namorada?

Vic nada respondeu, mantendo-se em silêncio, com o choro que a acompanhava desde o início da conversa. Comecei a perder a paciência.

— Você "fugiu" daquela casa, pegou carona com a Naty. Conversou com uma psiquiatra para vir aqui e não dizer nada?

Ela ficou quieta por um tempo. Seu corpo tremia, e seu choro era intenso, embora as lágrimas já estivessem escassas.

— Fe, eu… eu… não sei o que te dizer. Eu realmente fui a pior pessoa do mundo para você. Agora, mais do que nunca, sei que você merece algo melhor. Eu…

— Você alguma vez se importou comigo? Com os meus sentimentos? — interrompi, minha voz carregada de frustração. — Para mim, você sempre agiu de forma egoísta. Falamos do Pedrão e dos outros, mas você também se aproveitou da minha fragilidade e manteve um relacionamento tóxico, que só te beneficiava…

Queria falar muito mais, mas fui interrompido.

— Fe, eu sei de tudo que fiz com você. Eu sei que te fiz sentir mal, sentir que estava abaixo de mim. Mandei você aceitar exigências absurdas e… e…

Então, pegando meu queixo, ela me forçou a olhar dentro dos seus olhos. Era como se quisesse que nossas almas se conectassem.

— Eu comecei a sentir que te amava. Você sempre me valorizou, sempre me fez sentir bem comigo mesma. Eu estava satisfeita ao seu lado…

Nesse momento, não consegui me conter e pensei alto. Tinha que me expressar, mesmo que as palavras saíssem carregadas de dor. — Estava tão satisfeita que só estipulou dois dias na semana para me encontrar, e nos fins de semana só aparecia se não tivesse algo mais interessante para fazer.

Ela desviou o olhar, seu corpo novamente se retraindo, como se quisesse se esconder da realidade.

— Eu... eu achava que precisava manter o controle da situação, que tinha que jogar o jogo, atacando em vez de ser submissa como antes… eu me sabotei…

A verdade é que eu conhecia seus problemas emocionais e todas as suas questões internas. Mas não consegui me segurar e soltei: — Comigo, você queria manter o controle enquanto se preparava para uma orgia...

— Fe… eu… você tem razão… fiz tudo isso e não sei por quê... juro que não sei…

— Eu sei por que… porque você nunca pensou no que eu estava sentindo. Você queria o melhor dos dois mundos: um cara que, como você mesma disse, te tratasse bem, te valorizasse, se preocupasse com você… e, ao mesmo tempo, queria continuar a farra, se entregando a outros sem se preocupar com o otário… com o corno, certo?

Após essa pergunta, perdi um pouco o controle emocional que estava tentando manter. Não queria de forma alguma me mostrar tão vulnerável.

— Fe… eu não sei mais o que dizer. O que eu fiz, tudo o que eu fiz é injustificável. Mas eu vou tentar… vou me redimir… aceitando as consequências das minhas ações, como você mesmo me disse em uma de suas mensagens.

Ela me puxou para perto, fixando os olhos nos meus. — Eu não sabia nada sobre o Pedrão e os outros da sua república… mas eu errei e você sabe tudo que fiz. Não mereço seu perdão neste momento, mas por favor, deixe-me mostrar que posso mudar. Eu não quero que você seja corno… eu quero você para mim, para ser o homem da minha vida, meu único homem.

Ela parou de falar, me encarou novamente e me deu um selinho, quase sem tocar seus lábios nos meus.

— Eu quero a chance de ficar ao seu lado, mesmo que como amiga. Nunca tive amigos de verdade. Por favor, me perdoe e aceite minha amizade. É só isso que quero te pedir agora. Só isso que mereço...

Confesso que fiquei levemente tocado, mas mantive a compostura, brincando para aliviar a tensão.

— Eu quero você ao meu lado, sua boba. Mas, por favor, não me faça te ver indo aos nossos encontros com o Pedrão ao seu lado…

Ela, pela primeira vez, relaxou o corpo e sorriu com a brincadeira. Não respondeu, mas era evidente que ainda não havia resolvido seu problema com o Pedrão. No entanto, isso já não era mais meu problema…

(Victoria)

Aquela última frase de Fernando, embora tenha buscado aliviar um pouco a tensão no quarto, ativou gatilhos em mim que me paralisaram. Não consegui encontrar palavras ou movimentos para responder.

Ele percebeu meu estado, mas não insistiu. Levantou da cama, estendeu os braços e me puxou para um abraço longo e forte, um momento intenso em que ambos acabamos chorando novamente, cada um por suas próprias razões.

Após nos soltarmos, ele sugeriu que eu procurasse a Naty em seu quarto e me lembrou de estar pronta às 22:00, pois iríamos a uma festa de réveillon organizada por um dos patrocinadores do local dos shows. Ele mencionou que a Camille, empresária da banda, sabia que eu estaria com a Naty e providenciou alguns vestidos para eu experimentar antes da festa.

Ele brincou, dizendo que eu deveria aproveitar para descansar, pois deveria estar "muito cansada". E, de fato, estava. Contudo, me sentia leve. Mesmo sem meu amor ao meu lado, finalmente consegui dormir de uma forma que não conseguia há tempos.

A festa foi tranquila. Nem eu nem Fe beijamos ninguém, nem entre nós, algo inédito para mim; foi a primeira vez em muito tempo que passei um réveillon sem um beijo na boca, desde que me tornei essa “putinha”.

*Esse é o primeiro capítulo da nossa história. Para mim, ele chega ao fim, mas o relato de Fe ainda está por vir.

Estamos escrevendo isso para que nossos filhos possam conhecer nossa trajetória e entender que as decisões que tomamos em nossos relacionamentos têm consequências. Essa é a GRANDE MUDANÇA EM NOSSAS VIDAS! Eu, uma mulher já numa idade avançada para a gestação, e após anos tentando, finalmente fui abençoada. Na verdade, nós dois fomos abençoados não com um, mas com dois anjinhos, enviados para nos fazer ainda mais felizes.

Queremos que nossos filhos compreendam melhor a complexidade das relações humanas. Meu sogro disse algo que nos fez refletir por meses, mesmo antes de recebermos a maravilhosa notícia: “Como seria bom se pudéssemos transmitir nossa experiência de vida aos nossos filhos.” Isso ficou martelando em nossas mentes, e foi então que Fe, sempre com sua mente pragmática, sugeriu que relatássemos tudo, incluindo os detalhes mais eróticos e até violentos de nossa trajetória, até chegarmos ao dia em que recebemos a notícia que mudaria nossas vidas.

Uma GRANDE MUDANÇA ocorrerá em dois dias, quando eu terminar a gestação dos meus gêmeos. Até lá, muitas histórias, repletas de erros e acertos, muito sexo e reflexão, serão compartilhadas por nós. A seguir, falaremos sobre a grande virada, nosso “renascimento”.

Cada um com sua própria história, sua própria trajetória de descoberta e renascimento, mesmo que às vezes um seja coadjuvante na história do outro. Espero que gostem e entendam que erros e acertos são parte da vida, mas que o amor sempre prevalece.

Desejamos que vocês, nossos filhos, não sejam aqueles que fazem bullying ou praticam maldades, mas que possuam nossas virtudes e seus próprios "defeitos", tentando sempre fazer o bem e ajudar o próximo.

Ninguém é perfeito; errar é humano, mas reconhecer e se redimir dos erros é uma das maiores virtudes. Vocês serão a maior aventura de nossas vidas, a GRANDE MUDANÇA que tanto sonhamos.

Amamos vocês antes mesmo de nascerem. Este é apenas O INÍCIO de tudo! Nossa história é longa, e vocês viverão todas as emoções junto conosco: alegria, angústia, irritação… Mas, no final, entenderão nossa trajetória e saberão realmente quem são seus pais de verdade.

……

(Fernando)

Chegamos ao fim do INÍCIO da nossa história juntos. Como a Vic mencionou, passamos nosso primeiro réveillon como amigos, mas havia uma conexão sutil que ainda permanecia entre nós.

O dia seguinte foi tranquilo, sem muitos eventos a relatar. Ao final da tarde, nós, da banda, fomos para o local do show para fazer os últimos ajustes no som. Meus pais chegaram à tarde e logo começaram a conversar com a Vic. Eles não tinham ideia do que havia acontecido, então a trataram com toda a gentileza, o que a deixou muito feliz.

Adiantando os acontecimentos, nosso show foi épico, pelo menos para mim, pois todas as pessoas mais importantes da minha vida estavam presentes até aquele momento. Após o show, retornamos ao camarote onde estivemos depois da nossa primeira apresentação, mas não encontrei a Fabi e nada muito relevante ocorreu.

No entanto, um único fato chamou a atenção: Naty e Camille terminaram a noite juntas, e essa "amizade" ainda vai gerar muitos comentários.

*Reconheço que não sou tão eloquente ou reflexivo como a Vic. Talvez vocês estejam se perguntando por que decidimos compartilhar uma história que inclui cenas íntimas entre nós e com outras pessoas. A resposta é simples: queremos que vocês absorvam essas experiências e aprendam com elas, sem precisar passar pelos mesmos sofrimentos que nós enfrentamos.

A Vic já mencionou que a GRANDE MUDANÇA que o título se refere é, na verdade, a chegada de vocês. E só compreenderão o quão significativa foi essa mudança se continuarem a ler até o fim. Nós amamos vocês.*

Fim do primeiro capítulo.

Obs: FICA PROIBIDO A COPIA, EXIBIÇÃO OU REPRODUÇÃO DESTE CONTEÚDO FORA DESTE SITE SEM AUTORIZAÇÃO EXPRESSA DO AUTOR.

Obs 2: como autor iniciante no site, gostaria de um feedback, com sugestões, críticas e etc ... Obrigado.

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Comentários

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Olha... Meus parabéns. História pesada. Forte. Um parentes. Sinceramente não gostei de saber o final . As vezes durante a jornada a gente acaba torcendo para um personagem ao invés de outro ou aberto nas nossas mentes possíveis desfechos. Mas fora isso nota mil!!!!

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Belíssima história! Entendendo melhor agora que se trata de um fato real, espero que vocês tenham achado um denominador comum, e que depois de tudo isso de todos esses atropelos tenham equalizados a vida amorosa de vocês!.

⭐⭐⭐💯

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Olha colega,fiquei sem palavras para comentar está história de vida,e você nem começou ainda a contar o pós está temporada.Mas sempre deve ficar um recado para nós leitores.Levar uma vida promíscua não tem final feliz, salvo um ou outro caso.Pleitei teu amor a viva uma vida a dois em tudo.Nao comece algo,achando que com o andar da carruagem, o outro vai acompanhar o ritimo de vida que leva. Parabéns pela história ......👏👏👏👏👏👏👏👏

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Parabéns pela história. Texto ótimo de ler.

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Que enredo, que escrita! Pra mim perfeito!

Muito obrigado até aqui, e parabéns!

👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼👏🏼

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Mto bom ansioso pelo próximo capítulo.

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Vc simplesmente criou a melhor saga desse site, um feito gigantesco. Por favor nao abandone ou desanime, se for o caso até mesmo cobre pela historia completa como faz o Lael, incrivel mesmo, meus parabens.

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Uma palavra: perfeito

Aguardo ansiosamente a continuação, espero que o desânimo tenha ido embora

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