Me leve para a praia 17

Um conto erótico de R. Valentim
Categoria: Gay
Contém 4602 palavras
Data: 26/09/2024 22:27:20
Assuntos: Amigo, Beijo, Gay, nerd

Não sei quando exatamente, mas peguei no sono junto com Ciço, a rede é apertada, porém estou confortável, estamos de conchinha, ele com a cabeça apoiada no meu braço, ainda é madrugada, no celular dele que está dentro da rede com a gente vejo que ainda são três e cinco da madrugada, estou com muito sono, mas a vontade de mijar fala mais alto, então tomando o máximo de cuidado possível levantar sem acordar meu namorado — que dorme feito pedra e não acordaria de forma alguma, mas gosto de ter o zelo.

Vou no banheiro lá de baixo mesmo, até porque não sei se alguma das meninas já voltou, ao entrar no quarto posso incomodar, enfim, desço a escada e vou até o banheiro, porém quando estou voltando ouço uma discussão, meu primeiro instinto é de ir ver, pois pode ser a Bia e o namorado de novo, só que não é, quando chego na garagem contornando pelo beco da casa vejo Raylan sentado no chão escorado na parede, ele está muito bêbado, faz tempo que não o via assim e quem está com ele é Guilherme que tenta levantá-lo, mas ele recusa xingando o amigo.

— Não encosta em mim seu vacilão — Raylan diz com a voz embargada.

— Ray, deixa disso cara — Guilherme fala com paciência.

— Sai porra, volta lá pra sua festa, não pedi para você me acompanhar — Raylan diz com a voz um pouco mais alta.

— Deixa Guilherme, eu cuido disso — digo me revelando no local, quando éramos mais novos e o Raylan bebia a mais da conta sempre era Rick quem o acudia e algumas dessas vezes eu ajudava, por isso acho que posso lidar melhor com ele nesse estado.

— Ele quis voltar, mas não queria deixar ele vir sozinho — Guilherme diz se explicando.

— Já falei que não quero sua ajuda, eu posso me virar sozinho porra, eu sempre fico sozinho mesmo — meu coração aperta nesse momento, o sentimento de culpa me toma de novo, Raylan tinha o Rick como um irmão, alguém que ele sempre podia contar e eles não só brigaram por minha causa, como Rick também desapareceu por minha culpa.

— Ray — Guilherme faz uma última tentativa, mas conheço o Raylan para saber que nesse estado ele não vai ceder então apenas me aproximo para ajudá-lo a levantar e ele simplesmente aceita minha ajuda quase sem reclamar.

— Eu não gosto de você — ele diz quando segurei ele pelos braços para que fique de pé.

— Nossa, estou muito surpreso com essa revelação — digo ignorando sua ofensa.

— Sério, eu não gosto de viado — ele diz olhando para mim.

— Outra informação sobre você que nunca imaginei — estou rindo porque lembro que ele dizia as mesmas coisas quando o ajudava antigamente.

— Deixa eu ajudar — Guilherme ainda tenta pela última vez.

— Deixa Guilherme, amanhã quando ele tiver melhor ele se desculpa — digo levando ele para o banheiro no fundo da casa e Guilherme decide voltar para festa.

— Eu não vou pedir desculpa — Raylan diz agora falando mais baixo e com um biquinho de birra.

— Deveria, o cara te ajudou — digo o repreendendo.

— Agora tira essa roupa, você precisa tomar um banho — digo ligando o chuveiro e em seguida o ajuda a tirar a blusa que até para isso ele está ruim.

— Não sou viado — ele diz quando tiro sua calça.

— Eu não vou te atacar no banheiro Raylan, você para mim é tipo um irmão mais novo que me dá muito trabalho — acho que pela nostalgia acabo falando sem pensar e ele fica calado.

Agora que ele está só de cueca o coloco de baixo do chuveiro, deixo ele de baixo da água fria e subo para buscar roupas secas e a toalha dele, quando volto Raylan está sentando no chão de baixo do chuveiro, acho até que ele está chorando, mas acho melhor não falar nada, eu o ajudo a ficar de pé de novo e entrego suas roupas secas junto com a toalha, quando estou saindo do banheiro para que ele possa se enxugar e trocar de roupa Raylan diz um solitário “desculpa” fico sem saber o que fazer exatamente com aquilo, então só faço que sim com a cabeça e saio do banheiro, vou para a cozinha preparar um café preto para ele e um misto quente, para esta desse jeito não deve ter jantado direito no mínimo.

Raylan ainda lembra dos tempos antigos então ele vem para a cozinha sabendo que o próximo passo é tomar café e comer alguma coisa, fiz o sanduíche do jeito que o Rick costumava fazer, ele sorrir de canto de boca quando percebe a semelhança, olhando para ele assim sei que tem algo acontecendo, não está bem e o problema parece mais profundo do que posso imaginar, infelizmente Raylan é um ser humano orgulhoso demais para pedir ajuda ou admitir que está errado, isso foi o que levou Rick a brigar com ele daquela vez.

— Cadê o Ciço? — ele pergunta enquanto toma seu café.

— Ele está dormindo — digo.

— Você gosta mais dele do que gostava do Rick? — Mais uma vez sou pego de surpresa pela pergunta.

— É diferente, Rick sempre vai ser meu primeiro amor, mas quando ele se foi entrei numa sala escura — devo a sinceridade a ele, já que ele também sofreu a partida do Rick — mas o Ciço veio e abriu as janelas, o sol brilhou de novo na minha vida.

— Cícero é um cara de foda — ele diz.

— Ele é sim — digo me sentindo bem por falar do meu amor — Raylan eu sei que você me odeia e também sei que você me culpa pelo que aconteceu com Rick, não sei se você conseguiu falar com ele depois do que aconteceu, mas foi culpa minha ele ter ido embora — digo com lágrimas nos olhos.

— Ele não foi por sua causa, o pai dele quem o mandou embora — ele diz comendo seu sanduíche — e sim falei com ele uns anos depois, ele foi para uma cidade do interior morar com os avós, lá nem eletricidade tinha — ele diz.

— O que, como você falou com ele? — Pergunto.

— Foi por telefone, o primo dele tinha viajado para lá e eu aproveitei para ligar para o primo dele e consegui falar com ele.

— Ele disse porque foi embora? — Pergunto.

— Não, ele me contou que tinha sido por causa do pai dele, mas não entrou em detalhes, ele perguntou de você e me pediu para cuidar de você.

— Por isso você tinha parado de vez de mexer comigo? — Pergunto.

— Foi, só que quando vi você com Cícero, você substituindo o Rick por ele fiquei bravo com você — a bebida o faz ser sincero.

— Nunca vou conseguir substituir o Rick, Raylan, o Cícero tem seu próprio espaço no meu peito.

— Você realmente não sente mais nada pelo Rick? — Ele me pergunta e reflito por um curto tempo a questão.

— Sinto, admiração, como te falei ele foi meu primeiro amor e também sinto culpa por ter estragado nossa amizade, queria poder me desculpar com ele e dizer que estou bem, que estou feliz, que finalmente encontrei o significado de o que é ter alguém.

— Ele queria falar com você, mas disse que tinha medo de você dizer que não queria mais saber dele.

— Jamais poderia sentir nada de negativo em relação ao Rick.

— Ele iria ficar feliz de te ver com o Ciço — Raylan fala e no fundo sinto que ele está certo.

— Rick te ama cara, ele sempre te amo, só que eu acho que não do jeito que você amava ele — essa é uma verdade que sempre tive em meu coração, mas sempre tive medo de encará-la, porque aceitar que Rick não me amava da mesma forma era aceitar que ninguém jamais poderia me amar, só que hoje eu tenho Ciço e sei exatamente o que é o amor.

— Sinto falta dele — digo.

— Eu também, ele iria saber o que me dizer agora — Raylan diz, mas não para mim, foi apenas um pensamento alto.

— Raylan, mesmo que você não goste de mim, saiba que estou aqui se você precisar — digo e ele me encara.

— Eu gosto de você, você é como um irmão mais velho gay é meio insuportável — não consigo segurar minha risada — você é diferente dos outros gays.

— Se você diz, mas sério se precisar estou aqui, não sou o Rick, mas também sou seu amigo.

Ele pensa um pouco antes de se abrir, mas antes que ele possa falar algo Ciço entra na cozinha coçando o olho e bocejando, seus olhos sonolentos varram a cozinha atrás de mim e assim que me avista abre um sorriso bobo que amo tanto e vem na minha direção.

— Acordei e não te vi — diz me dando um beijo na testa.

— Estava cuidando desse moço aqui que chegou às quedas de bêbado — digo sorrindo e Raylan apenas sorri sem jeito também.

— Te deixaram vir sozinho? — Ciço pergunta.

— Não, o Guilherme trouxe ele — digo.

— Ah sim, você está se sentindo bem? — Ciço pergunta se está preocupado com o amigo.

— Agora estou — ele responde — vocês dois podem ir, a viadagem de vocês vai me deixar enjoado — estou rindo dele pela primeira vez na vida ao invés de me ofender com as coisas que saem da sua boca.

— Vem amor — beijo Ciço na frente dele só para zoar — depois seguro na mão do meu namordo e levo ele de volta para a nossa rede.

Ainda me espanto com a capacidade do Ciço de dormir fácil e em qualquer lugar, fico mais um tempo repassando a conversa que tive com Raylan, ele tem razão, Rick iria se tornar amigo do Ciço bem fácil e ele ia está me apoiando com certeza na minha briga com Isabel, porque era isso que ele fazia, Rick sempre foi meu amigo, meu melhor amigo, só tem mais uma coisa que ficou na minha cabeça e que ainda vou ter que ir atrás de entender é o porque do Guilherme e Raylan terem discutido, rolou alguma coisa entre eles, Raylan não tinha motivos para ficar puto com ele e ficar tão numa boa comigo.

Na manhã seguinte acordo cedo, o pessoal está todo dormindo ainda, isso inclui lógico meu namorado dorminhoco, até gostaria de ficar na rede mais um pouco com Ciço, mas está fazendo muito calor e não quero atrapalhar o sono dele, então levantei sem acorda-lo — estou ficando bom nisso — e vou tomar um banho gelado para passar esse calor e começar meu dia. Assim como na minha primeira manhã aqui encontrei Bia e a vó dela na cozinha.

— Você não dorme mesmo, né Dan? — Bia diz com um sorriso.

— Não sou de dormir até tarde e também dormimos cedo ontem — digo — como foi o show?

— Incrível, ou pelo menos foi quase, tinha tanta gente que teve uma hora que nos perdemos do resto da galera, só sei que Raylan voltou mais cedo e o César estava com um pessoal bem chatinho e quando viu que o Ciço não ia mudar de ideia se juntou com essa galera e ai não o vi mais.

— Melhor assim, Ciço estava bem bêbado ontem, tanto que foi só ele deitar que dormiu — digo.

— Sim, eu estou virada, não consegui dormir muito bem, chegamos já era umas cinco e pouco.

— Bem, ainda são sete e meia e o pessoal não vai acordar agora, isso é certo, que tal se a gente for naquela padaria e comprar umas coisas gostosas para comer — digo.

— Eu vou amar — Bia diz toda animada com a ideia.

Meu dinheiro mesmo já acabou, só tenho na conta minha parte da diária na pousada que fiquei com Ciço, mas nunca viajo então acho que essa é uma ocasião onde posso usar o cartão, vou receber uma grana do trabalho que fiquei de fazer para o meu sogro, posso pagar minha fatura depois, mesmo assim tenho certeza que minha mãe não vai se importar de saber que passei o cartão com comida e como praticamente nunca uso esse cartão tenho crédito com ela.

Pego as chaves do carro, agora estou me sentindo mais seguro de fazer isso, não só por está dirigindo melhor, mas por saber que Ciço não vai ficar chateado, pelo contrário, vai ficar é muito feliz quando acordar e ver as coisas que ele gostou de comer outro dia para ele de novo, mas essa não é a única razão por ter chamado a Bia para ir na padaria, quero conversar com ela sobre o namoro dela, algo me diz que aquela cena não foi a primeira vez, baseado na conversa que tinha tido com ela na quinta pela manhã e pela forma que ela reagiu quando aconteceu a briga com ele no bar.

— Bia, sei que não tenho nada haver com sua vida e pode acreditar que em circunstâncias normais jamais me meteria no seu relacionamento, porém não acho certo ele lhe tratar daquela forma, você é uma namorada ótima, ele não tem do que reclamar e nem desconfiar de você.

— É complicado, o Caio já foi traído em todas as relações antigas dele amigo, ele tem problemas pra confiar — ela diz.

— Mesmo assim Bia, ele não deve te tratar dessa forma, mesmo que ele não consiga confiar, ele não pode ser abusivo com você — digo com certa cautela, não sou bom nesse tipo de conversa e tenho medo de está sendo muito invasivo.

— Eu sei, você tem razão, já pensei em terminar, mas ele me ama muito e eu gosto dele.

— Gosta ou ama? — Pergunto, mas uma vez tentando não soar tão indelicado, porém fracassando nesse tentativa.

— Eu amo ele, Dan e ele nem sempre é assim, só quando acontece algo que ele não gosta.

— Ele já foi agressivo com você outras vezes?

— Não, não, ele nunca fez nada tão extremo — tem algo que ela não está contando, tenho certeza.

— Olha a gente se conhece a pouco tempo, perdão por me meter é que fiquei preocupado — digo aceitando que passei dos limites.

— Teve uma vez — ela começa a falar depois de um tempo de silêncio — mas foi acidental, ele se arrepende até hoje, estávamos brigando e ele tinha bebido um pouco e aí sem querer ele me empurrou e bati o braço na parede, mas ele me pediu perdão e foi um fofo comigo depois.

— Ele — tento falar mais ela me interrompe.

— Por favor amigo, não conta isso para ninguém, eu prometi pro Caio que não falaria disso com ninguém, foi só um acidente e tudo ficou bem no final.

— Não se preocupe, vou ficar calado, porém acho que você deveria contar para alguém, talvez uma amiga sua.

— Pra quem que eu vou contar, a Ka é doido para que a gente termine para dar em cima dele, a gente está bem, eu expliquei para ele que o Ciço está com você, mas ele ainda sim tem os traumas dele.

— Ele tem que fazer terapia no mínimo — digo me forçando a terminar minha fala por aí, pois se falar tudo que quero ela pode não gostar.

— Concordo, mas ele diz que terapia é coisa de doido.

— Complicado, mas olha sério, se você precisar estou aqui — digo.

— Valeu Dan, você é um cara muito legal, agora sei porque o Ciço ficou doidinho por ti.

Quando chegamos fico surpreso ao ver que o pessoal já acordou, não esperava que fossem acordar tão cedo, só que o clima não parece nada bom, as meninas são as primeiras a vir nos receber e pela cara delas alguma coisas aconteceu, deixo Bia com elas e vou entrando na casa, Guilherme e Raylan estão com Ciço na mesa grande do quintal e parecem está acalmando ele, meu coração aperta de preocupação.

— O que foi que aconteceu? — Pergunto com a voz tremida.

— Dan, onde vocês estavam — Raylan me pergunta.

— Na padaria — digo mostrando as coisas que comprei então Ciço levanta e me abraça.

— Eu disse para esse doente — Ciço fala me abraçando forte.

— O que tá acontecendo Ciço? — Estou mesmo preocupado.

— O Caio acordou todo mundo aos gritos falando que você estava comendo a namorada dele — Raylan fala.

— Ciço eu jamais — meu coração acelera, mas ele me beija para me acalmar.

— Eu sei Daniel, você não tem que se explicar para mim, entendeu, estou puto com ele, não com você.

— Ele acordou o Ciço para cobrar satisfação e quase rolou uma briga entre eles, Raylan foi quem separou eles primeiro, aí depois todo mundo fez o que deu na hora do susto — Guilherme explica.

— Gente, esse cara é maluco, ele sabe que estou com Ciço — digo para mim mesmo tentando entender a loucura dele.

— Pois é, só que ontem você se meteu na briga deles, hoje você saiu com ela para comprar comida ai o cara surtou — completa Raylan.

— Fui comprar um lanche para o meu namorado, com a minha amiga — digo.

— Vem aqui Danny boy, esquenta com isso não, o que você comprou pra mim? — Ciço se obriga a ficar mais calmo quando percebe que quem está se alterando agora sou eu.

— Onde ele está? — Pergunto.

— Depois de quebrar o pau com todo mundo, o Mario e o André se trancaram com ele no quarto para tentar conter a briga — Guilherme é quem me responde.

Estou envergonhado e puto de raiva, sabia que ele era um louco abusivo, ainda bem que o Ciço foi sensato ou as coisas poderiam ter acabado numa tragédia, por um lado estou feliz que nem por um momento passou pela cabeça do meu namorado que o trairia, mas por outro lado estou ainda mais preocupado com a Bia, esse cara é muito louco, eu sou gay, porra estou com meu namroado e ainda sim ele imaginou que iria rolar algo entre Bia e eu?

Não sei nem o que dizer de uma coisa dessas, bem espero que pelo menos depois desse show ela abra os olhos com esse namoro. Ciço sendo o namorado perfeito que só ele sabe ser, segura minha mão e me tira dali, pegamos os lanches que comprei para gente e vamos para a praia, só nós dois, tanto Raylan, quando Guilherme entendem que é o melhor a fazer, então ficam de boas de dar notícias quando as coisas esfriarem por lá.

— Ciço esse cara é violento, ele encostou em você? — Pergunto segurando sua mão enquanto ele dirige.

— Não, ele só bateu na rede, tomei um baita susto na hora, mas porque pensei que você estivesse comigo, quando vi que você não tava fiquei assustado até começar a entender o que estava rolando — Ciço beija minha mão.

— Desculpa — digo com os olhos marejados.

— Ei, não para com isso, você não tem culpa, a Bia tem que dar um pé nesse mala isso sim — diz dando outro beijo na minha mão.

— Raylan, quem te ajudou?

— Acho que ele entendeu primeiro o que o cara tava falando, quando Caio veio para cima de mim ele entrou no meio e meteu um empurrão nele e foi quando os outros caras se meteram.

— Que loucura — é tudo que consigo dizer.

Só de começar a sentir a maresia meu humor começa a mudar, ainda estou preocupado com Bia, mas tem o pessoal lá que pode ajudar se ele tentar algo, caminhar com os pés na areia é a melhor coisa do mundo, ainda mais se o Ciço estiver comigo segurando minha mão e ele está, bem do meu lado sendo o namroado mais perfeito e lindo do mundo, a barraca está lotada, ainda sim conseguimos uma mesa na areia mesmo e mais perto do mar.

— O que você comprou para mim?

— As coisas que você gostou naquele dia e outras para você experimentar — digo todo feliz mostrando as comidas para ele.

— Só quem me mimava assim era a Claudia — ele diz rindo.

— Agora sou eu e ela — ele me dá um beijo que me deixa todo vermelho, demonstrar afeto em público ainda é meio complicado para mim, mas com ele até que gosto.

— Vou te passar a senha do meu cartão, tem aproximação, mas às vezes ele pede a senha — ele diz comendo sua coxinha.

— De jeito nenhum, o que eu vou fazer com seu cartão?

— Comprar ué, não é o que se faz com um cartão — diz brincando com minha cara.

— Você é muito corajoso Cícero — digo fechando a cara.

— Que isso Danny boy, eu sei que você deve ter ficado sem dinheiro por causa da diária da pousada e outra eu trabalho, posso bancar meu namorado.

— Você não trabalha, seus pais trabalham — falo e ele me beija se divertindo com meu mau humor.

— Eu ajudo meu velho no restaurante e eu que cuido das redes sociais e tem minha mesada internacional — tinha esquecido que além dos pais ele também ganha dinheiro do avô.

— Exatamente é seu dinheiro, não vou ser uma esposa troféu Ciço, pode tirar o cavalo da chuva.

— Sabia que você é a primeira pessoa com quem me relaciono que preciso brigar para que aceite que eu pague as coisas? — Me sinto isolado por pensar que ele teve pessoas antes de mim, mas sei que isso não é certo então trato de pensar em outra coisa.

— Não estou com você pelo seu dinheiro — falo com toda convicção — estou com você porque eu te amo.

— E é por isso que eu quero te dar o mundo, Dan, durante minha vida inteira não soube o que era ser correspondido até te conhecer, a forma como você olha para mim, que você me trata, quando toma todo cuidado do mundo para levantar sem me acordar, ou quando segura minha mão quando estou dirigindo.

— Você acordou na hora que me levantei?

— Sério que foi só isso que você ouviu da minha declaração — estamos os dois rindo.

— Não, eu faço essas coisas porque quero te ver feliz, sou viciado nos seus sorrisos.

— Sorrisos é? Tenho mais de um? — Pergunta ele com surpresa.

— Meu amor, eu cataloguei seus sorrisos no nosso primeiro encontro — revelei.

— É, e quais são esses sorrisos?

— Esse aí por exemplo é de malícia, um que você usa bastante por sinal, entretanto todavia, o meu favorito mesmo eu não vou dizer.

— Como assim, por que não? — Ele ficou mesmo curioso.

— Porque não quero pensar que você está fazendo só para me agradar ou me manipular para aceitar suas ideias mirabolantes.

— Você é malvado.

— E você é chato, mesmo assim a gente se ama.

— Amo, ama pra caralho você Danny boy — ele me beija de novo, dessa vez um beijo de tirar o fôlego.

— Para com isso, estão olhando para gente — falei morrendo de vergonha e tesão.

— E daí, quero que todo mundo veja nosso amor.

Raylan manda mensagem depois de um tempo falando que as coisas se acalmaram, porém Ciço decidiu que quer almoçar na praia mesmo, ali na barraca, Raylan disse ainda que o Caio pediu desculpas para os avós da Bia e que o clima estava melhor, estranhei, pois esperava que esse cara já tivesse ido embora, mas aparentemente Bia lhe deu outra chance, para não tirar conclusões precipitadas fico na minha curtindo minha praia com Ciço e depois quando voltarmos vejo como as coisas estão.

A discussão sobre o dinheiro ficou no ar, Ciço pagou nossa conta na praia sem nem me deixar ver a notinha, ele sabe que se quando descobrir o valor vou querer dar metade, pequenos gastos posso aceitar, só que essa barraca não é barata, não acho justo que ele pague, sei que posso está sendo meio chato nessa história é só que realmente não faço muita ideia de quanto dinheiro Ciço realmente tem, mas tirando pelo seu estilo de vida deve viver bem.

Ele não é do tipo que esbanja dinheiro, porém não economiza em seus confortos, com comida por exemplo gastamos bastante e bebida também, dessa vez ele não pediu bebida alcoólica, acredito que por conta do que aconteceu mais cedo e do nosso trato de irmos para casa no momento em que eu decidir ele preferiu ficar sóbrio.

Assim que chegamos tudo parece diferente de quando saímos, o pessoal está se arrumando, vai ter um show na praça agora no fim da tarde pelo que entendi, as coisas parecem ter se acalmado, porém quando vejo Caio indo para a cozinha meu corpo gela, realmente não esperava que esse cara ainda estaria aqui, Ciço está segurando minha mão, sei que ele também não gostou de ver que Caio ainda está aqui, faço um esforço para ficar de boas, ou pelo menos tento parecer que estou.

— Gente, posso falar com vocês um minuto — Bia diz meio envergonhada.

— Claro — respondo e assim vamos os três para a garagem longe dos outros.

— Gente quero me desculpar pelo que rolou, Caio está muito arrependido de ter feito o escândalo e me pediu para pedir desculpas para vocês — meu sangue que antes estava gelado agora ferve feito magma.

— Como é? — Pergunto de maneira bem irritada.

— Por favor gente, ele está com vergonha, eu sei que foi uma merda, mas podemos por favor deixar isso pra lá e curtir o resto da nossa viagem? — Estou totalmente surpreso com a forma que ela escolheu lidar com isso.

— Bia, não foi eu quem foi atrás de confusão, então por mim está tranquilo, vou falar com o Daniel aqui, você pode nos dar licença? — Ciço fala com ela com toda a educação do mundo e ela atende seu pedido.

— Amor você quer ir embora? — Ele pergunta olhando em meus olhos.

— Acho que podemos ficar mais um pouco, não quero que isso estrague nossa viagem — digo.

— Tem certeza, se você quiser vamos embora agora mesmo — só em saber que ele fala sério me sinto ainda mais apaixonado por ele agora.

— Vamos ficar, até porque Raylan e César vieram com a gente, seria muito chato estragar a viagem deles assim também.

— Por falar nisso, tenho que falar com ele, para saber se ele vai ficar com essa galera que ele conheceu mesmo, porque já é um a menos para nos preocuparmos na volta para casa.

— Não fala assim do seu amigo — digo na tentativa de evitar estragar outra amizade por minha causa.

— Relaxa a gente é assim mesmo, vou ligar para ele e já entro — Ciço me beija e fica na garagem ligando para César.

Aproveito para tomar um banho e trocar de roupa, estou zero inclinado a ir nessa festa, mas já fiz o Ciço perder a Ivete, então vou fazer um esforço, o pessoal parece mais animado para essa festa, porém tudo que consigo pensar é que aquela pousada está fazendo muita falta, ficar num quarto só a gente, deitados numa rede vendo o nascer do sol e depois o pôr do sol, não tem vida melhor, mas infelizmente minha realidade financeira não me permite.

Quando Ciço aparece me diz que César vai ficar com essas pessoas que ele conheceu, ele me garantiu que estão bem o que é um alívio para mim, porém esse meu alívio não é muito duradouro, Caio não está falando com a gente, mas em compensação vejo o ódio nos olhos dele, Mari não está falando com Raylan desde ontem e ele por sua vez está evitando o Guilherme, isso reforça minha ideia de que algo rolou, até a Tatí parece afastada do Guilherme também, a única coisa que passa pela minha mente é que Guilherme deve ter pego a Mari e assim tanto a Tati, quando o Raylan estão pultos com ele agora.

Sabe quando você tem a sensação de que não deveria fazer algo, pois é, estou com essa sensação sobre essa festa, estou começando a ficar assim em relação a viagem, não sei até quando vou conseguir manter meu “ânimo” em está aqui, se Ciço me perguntar de novo se quero ir embora, não estou muito certo de qual será minha resposta.

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Comentários

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Caraca! Que confusão! Mas, continuo apaixonado pelos meninos. Que o amor deles se fortaleça ainda mais.

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absolutamente envolvido com a história. ansioso pelos próximos capítulos e com vontade de dar um pau na cara do Caio. rsrsrs

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Quando se tem essa "sensação de que não deveria fazer algo", não faça.

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Que historia é essa???? Uau!!!! Muito bom!!!! Quero ler as tretas que vai acontecer!!! Esperando mais uns capítulos!!! ❤️❤️❤️

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Capítulo foda, Rafa! Conversas bastante profundas, adorei. Adoro seus personagens!

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tenho a sensação que ainda vai dar merda esse carnaval

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Será que o Raylan e Guilherme se pegaram ? Essa viagem vai dar um rolo ainda! kkk

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