Acordamos com inúmeras batidas ansiosas na porta. Dei um beijo suave em Júlia e fui abrir, já certa de quem estaria do outro lado. Ao abrir, Milena entrou correndo, pulando e gritando: — Conta, conta, conta!
— Eu dormi a noite inteira sozinho — disse Kaique, com os punhos cerrados na cintura, como se quisesse exibir um feito heroico.
— Aaaaaah, mas isso é uma notícia maravilhosa! Agora entendi a empolgação. Parabéns, meu amor! — exclamei, levantando-o e jogando-o na cama, depois fiz o mesmo com Milena.
— Eu sou forte igual ao tio Victor! — disse, orgulhoso, a energia radiando de seu sorriso.
— Depois diz isso a ele e agradece, tá? — disse Júlia, enquanto cobria o nosso pequeno de beijos.
O dia se desenrolou divertido, com risadas à beira da piscina, um churrasco saboroso e uma trilha sonora eclética, refletindo os diversos gostos da família. Cumpri exatamente o que Júlia me pediu: não a soltei em momento algum. Sabia que aquele apego era por conta do dia seguinte, quando eu teria que ir trabalhar em um dia que consideramos muito.
Fomos até a tirolesa, e Kaique ficou extasiado. Ele sempre teve uma paixão por esportes, especialmente os que considerava radicais. O brilho em seus olhos ao descer foi contagiante.
Depois, ainda tínhamos um tempo antes da missa, e Milena pediu para que TODOS brincassem de esconde-esconde. Ela até se ofereceu para contar. Com tantas pessoas em uma vasta área aberta, demorou para encontrar a todos. Na verdade, ninguém encontrou Kaká, o céu começou a escurecer, e a preocupação começou a crescer. Meu sogro sugeriu que saíssemos em grupos para procurar.
Gritávamos o nome dele, mas tudo parecia em vão. Juh, nervosa, segurava meu braço com força, seu corpo tremendo de nervosismo. Caminhamos até o haras, onde Victor e Loren montaram em um cavalo e partiram em direção à cachoeira, enquanto nós continuávamos a busca, examinando cada sombra entre as árvores. Porém, não havia sinal do nosso menino.
O desespero começou a me consumir. Aquelas casas distantes me pareciam suspeitas, enquanto eu me aproximava de uma, meu irmão ligou, e eu, com apenas 1% de bateria e a lanterna acesa, tentei responder, mas a ligação caiu. Olhei para a tela do meu celular e vi que havia descarregado. Retornamos correndo, rezando para que estivesse tudo bem. Então, avistamos Kaique correndo em nossa direção, acompanhado de Milena. O alívio inundou meu peito!
— Meu amor, onde você estava? — perguntei agarrando seu corpo, como se estivesse conferindo se cada pedacinho dele estava ali.
— Ele aprendeu a dormir sozinho até demais! Pegou no sono dentro do armário da cozinha — Milena disse, rindo.
— Desculpa, eu não sabia que ia demorar tanto e não percebi que estava com sono... — Kaique respondeu, a voz baixa e envergonhada.
— Eu fiquei com tanto medo de ter perdido você, meu amor — disse Júlia com a voz trêmula, envolvendo-o em um abraço apertado.
— Quem te encontrou? — perguntei.
— O alarme do relógio para o remédio tocou e eu saí para tomar. Quando voltei para meu esconderijo, o tio Lorenzo me encontrou e disse que todo mundo estava atrás de mim — ele explicou, aliviado.
Recuperadas do susto e agora rindo da ideia de ter pensado em invadir casas atrás do meu guri, nos preparamos para a missa. Quase prontos, passamos pelo quarto de Lorenzo que estava aberto Kaká viu meu irmão com uma tesoura no cabelo, ele iriar cortar as pontinhas. Sempre fez isso sozinho.
- Tio, não corta! - exclamou se aproximando
- São só as pontinhas, pra ficar gatão! - falou rindo
Ele olhou para o espelho, mexeu no seu, que estava enorme, me olhou e disse: - Mãe, quero ficar gatão. O tio pode cortar meu cabelo?
- Você já é um gatão, mas pode tirar as pontinhas, se você quiser - falei sorrindo e feliz porque ele só gosta do cabelo caidinho e já estava ultrapassando os olhos.
Lorenzo foi mostrando para saber quanto ele queria que tirasse e foi até um tantinho bom, agora eu conseguia ver os lindos olhinhos dele e ele podia enxergar.
Mais uma vez, Milena foi chamada para ser Maria, pelo terceiro ano consecutivo, e desta vez Kaique seria José. Eles são dois amostradinhos, prontos para tudo e sem vergonha de nada (ou quase nada), especialmente porque depois eram elogiados pela assembleia, composta em sua maioria por idosas que Mih chamava de "apertadoras de bochechas", além da família, que se emocionava até às lágrimas. Naquela noite, o padre João perguntou se Kaique já era batizado. Quando dissemos que não, ele imediatamente puxou o celular e, no calendário, começou a marcar uma data. Disse que poderíamos fazer o curso online e aparecer no dia da cerimônia. Aceitamos, e minha sogra parecia que explodiria de felicidade.
De volta à pousada, atacamos a deliciosa ceia e trocamos presentes. Júlia e eu compramos bicicletas maiores para nossos filhos; eles precisavam e ficaram encantados. Alguns brinquedos iriam ficar por ali até voltarmos, pois a mala do nosso carro não seria suficiente. Eles eram as únicas crianças da família, o que significava muito mimo de todos os lados.
Graças a um dia tão cheio, eles dormiram cedo. Nós, por outro lado, ficamos conversando e bebendo um pouco. Júlia estava sentada em meu colo, e trocávamos carinhos o tempo todo. Eu não conseguia resistir e a atacava com beijos, um após o outro. Ela sempre é muito fofa, mas nesses últimos dias, sua ternura transbordava. Muitas vezes, tive vontade de apertá-la e mordê-la, de tão lindinha que ela estava, como se estivesse sentindo saudade antecipada.
Fomos dormir nesse climinha gostoso, ela repousou de forma angelical próximo ao meu peito e após alguns beijinhos nós duas dormimos. Antes eu pensei em acordar um pouco mais cedo e dar um tchauzinho mais carinhoso para que durante o dia ela se lembrasse disso.
Despertei com o barulho do chuveiro, olhei para o lado e ela não estava, conferi o horário e estava bem cedo, resolvi voltar a dormir.
Se eu adormeci com um anjo, acordei com o próprio diabo.
Júlia me acordou sentada sobre a minha cintura, dentro de uma lingerie vermelho sangue, que combinou perfeitamente com a sua pele. Sorria maliciosamente mordendo o lábio inferior.
- Seu presente de natal, amor - disse vindo me beijar
Meu corpo, que antes estava fazendo o download da alma, ligou o motor e incendiou de forma instantânea. Os efeitos que essa gostosa causa sobre deveriam ser estudados.
Passei a mão ao redor da sua cintura aproximando nossos corpos e enquanto nossas línguas bailavam em um único ritmo, de forma encaixada, como se fossem feitas uma para outra. De repente, ela se jogou para o lado e disse em um suspiro: - Pena que você vai trabalhar, não é?!
Pulei em cima dela para outro beijo longo e intenso e a respondi sem fôlego enquanto direcionava minhas mãos para seus seios: - Dá tempo, sempre dá...
Juh retirou minhas mãos e voltou a me beijar, virou-me ficando por cima novamente e roçava o seu corpo no meu, me deu alguns selinhos e levantou, como se nada tivesse acontecido. Fui atrás dela e a encostei na parede.
- Você não vai fazer isso comigo, despertou a fera então trate de amansar - falei beijando seu pescoço
Ela virou rindo e me puxou para outro beijo, aquilo estava fugindo do controle, ficando cada vez mais intenso, minhas mãos corriam por seu corpo querendo mais e mais.
- Tudo que você vai ter de mim hoje é isso! - falou rindo descaradamente e tentando continuar o percurso para o banheiro.
- Por que esse castigo, em? Perguntei cheirando sua pele que exalava uma fragrância sensual e me atraia de forma inexplicável. - Eu sei que você quer tanto quanto eu - nesse momento minha mão invadiu sua calcinha, que estava molhada como a minha.
Juh não esperava por isso e estremeceu, beijei lentamente seus lábios, e foi como jogar um líquido inflamável no fogo, incendiamos.
- Você... - tentou dizer, ela tinha os olhos fechados e parecia se esforçar muito para terminar a frase.
- Eu... te quero muito? Sim! - falei e retornei ao beijo.
- Não... Você... - tentou novamente.
- Eu te acho uma gostosa? Sim! - falei levando os dedos na boca e saboreando-a.
- Você... vai... se... atrasar... - falou tentando respirar fundo entre cada palavra.
- Já falei que... - mas antes que eu terminasse a frase, Júlia escapuliu
- Amor, o que você quer de mim? Fala! - Perguntei sem paciência, inebriada de tesão pela porta que nós separava.
- Nada, amor! Pode ir trabalhar! - falou de forma sínica.
- Sacanagem, Júlia... Sacanagem, viu? - disse voltando para cama revoltada
Depois de um tempo ela voltou rindo de mim. Estava vestida com uma camisa minha. Eu fui em direção ao banheiro para tomar meu banho, Juh me abraçou se divertindo com toda a situação e infelizmente, eu não resisto ao sorrisinho dela.
- Você vai me pagar bem caro quando eu voltar - falei segurando no seu queixo e ela se esticou para me dar um selinho.
- Faço questão de pagar cada centavo, mas eu precisava brincar com você antes - disse-me se sentindo.
- Não foi um castigo só para mim, você estava louquinha ali que eu sei, não estava nem conseguindo formar frases... - falei dando uns beijinhos no seu pescoço.
- Não lembro de nada disso - mentiu descaradamente com um cínico sorriso nos lábios.
- Eu te lembro agora se você quiser - e a levantei segurando pela cintura.
- Naaaaaao! - disse-me rindo.
- Eu dormi pensando em fazer o carinho matinal caprichado, te encher de dengo e você me acorda assim né? - disse dramatizando
- Aaaah, sério? Me dá carinho agora? - Pediu se agarrando ao meu pescoço.
Eu queria muito fazer uma jogada de mestre e negar, apenas prosseguir com a minha rotina, porém era o amor da minha vida pedindo carinho (depois de aprontar comigo) e eu não sei negar isso para ela.
- Tenho 10 min pra te namorar sem me atrasar, apesar de você não estar merecendo - falei retornando para a cama e aproveitamos cada segundo daqueles minutos, com beijos, carinhos e palavras de amor.
- Vou sentir sua falta aqui nessas 24h - disse se agarrando a mim
- Também vou sentir saudade, gatinha, mas amanhã cedinho eu estou aqui para cobrar sua dívida comigo - falei mostrando que não havia esquecido.
Júlia me acompanhou até o carro e lá ficou sentada no meu colo.
- Toma cuidado, tem muita gente maluca que dirige bêbada, principalmente nessas datas - me aconselhou preocupada
Fica tranquila, não vai acontecer nada, com fé em Deus - falei dando um beijinho em sua boca
Só sei que quando me dei conta, entre um beijo e outro, minha mão já foi parar no seio dela, eu apertava lentamente e Juh estava quase totalmente entregue, adorando meus toques, mas ela ainda tinha um pingo de lucidez que me faltava naquele momento e retirou minha mão, se afastando um pouco e rindo da gente.
- Eu te amo e prometo compensar - disse-me dando um selinho.
- Acho bom, porque a culpa é toda sua. Você que acendeu! - falei sem paciência porque queria ter continuado mais um pouco
Juh cruzou os braços e me encarou como se estivesse esperando por algo, examinei nossas últimas palavras e disse: - Claro que eu também te amo, meu amor... e dei um último selinho nela que agora sorria docemente.
De longe vi minha sogra se aproximar de nós com um embrulho nas mãos.
- Você ia sair sem tomar café, preparei algo rápido - disse-me entregando um copo fechado com café e um vaso com bolo e pães de queijo.
- A senhora é a melhor sogra do mundo, D. Jacira - falei e soltei um beijinho no ar
Ela ficou um pouco sem graça e já ia se afastando.
- Tchau, amor, vai com sua mãe - me despedi com um abraço carinhoso e sentindo aquele cheirinho gostoso da sua pele.
O dia no hospital começou tranquilo, fiz umas três avaliações e dei ok para as altas, os familiares estavam extremamente irritados porque, segundo eles, o psiquiatra do plantão anterior poderia ter feito isso e eles passariam o Natal em casa, porém preferiu prolongar por mais um dia.
Tentei acalmar os ânimos dizendo que agora poderiam ir e aproveitar o restante do feriado e retornei para minha sala.
Loren me enviou fotos e vídeos de como eles estavam se divertindo, não vi Juh em nenhuma e perguntei por ela e recebi uma mídia onde ela estava no meio segurando a lanterna do celular para os dois casais que se beijavam. Tadinha, minha muié estava de vela!
Pouco tempo depois, uma colega entrou desesperada dizendo que um outro colega nosso estava tendo uma crise de ansiedade, corri com ela para tentar ajudar e me deparei com uma despedida para mim.
- Pqp, não estava esperando por isso! - falei rindo
Agradeci a cada um e disse que sentiria falta deles, mas que nunca se sabe, algum dia poderíamos nos reencontrar!
- O plantão está calmo, vamos para tal sala resenhar um pouco - disse minha colega.
Nesse momento todos olhamos assustados para ela porque as únicas palavras que não podem ser ditas em alto e bom som no nosso ambiente de trabalho, haviam acabado de serem proferidas.
- Não diz issssssso, pelo amor de Deeeeeeus! - falei rindo com a mão no rosto, mas fomos para a sala que já tinha outros colegas nossos.
Depois disso tudo ficou mais movimentado e não paramos, principalmente ela, não a vi mais.
No outro dia, quando já estava me preparando para sair, me bati com uma pessoa, assim que ela me reconheceu, um sorriso brotou nos seus lábios.
- Lore! - exclamou me abraçando - Você trabalha aqui? Acabei de assinar meu contrato.
CONTINUA... 👀