Danielle: Trans, Evangélica - Capítulo 03 - O namoro

Um conto erótico de Rafaela Khalil
Categoria: Trans
Contém 3210 palavras
Data: 01/09/2024 19:07:08

— Como está hoje? — Priscilla perguntou ao se acomodar na poltrona em frente à Danielle

— Eu to preocupada com meu namoro ainda — Danielle disse parecendo distante

— Você ia falar sobre ele, mas acabou que não disse, quer me contar? — Priscilla incentivou

— É complicado, eu namoro com o Armando agora, mas nós já namoramos antes, em uma outra época

— Vocês ficaram separados e reataram agora?

— Sim, mas nunca foi algo legal — Danielle disse

***Anos antes***

Danielle se olhou no espelho, estava bem vestida, era um dia frio, usava uma legging preta justa cobrindo completamente suas pernas, colocou uma saia xadrez por cima que ia até os joelhos, e colocou uma camiseta preta escrito “Antidemon” era da sua banda de rock gospel favorita.

Os cabelos compridos, castanhos e escorridos até o meio das costas, ergueu o pescoço e viu o seu pomo de adão, sua boca puxou para baixo instantâneamente em sinal de tristeza.

Retocou a maquiagem, não gostava de nada pesado, seus pais e sua família havia simplesmente parado de lutar com ela sobre usar roupas femininas, aproveitou o frio e colocou um cachecol

Ouviu um batido na porta

— Pode entrar — Respondeu

Era sua mãe, Dona Tereza, olhou Danielle debaixo em cima

— Você vai sair? — A mãe perguntou constatando o óbvio

— Vou sim — Respondeu colocando o brinco de cruz bem delicado

— Desse jeito? — Tereza parecia desanimada, já haviam tido aquele tipo de conversa dezenas de vezes

Danielle se virou para a mãe, Tereza a viu como algo que ela não entendia

— Moisés, isso não é certo — Tereza disse num tom monossilábico entristecido

Danielle trincou os dentes com a boca fechada e apertou os punhos

— Mãe, por favor — Disse tentando parecer calma

— Eu não vou te chamar de Danielle, você sempre vai ser meu Moisés — Tereza rebateu antecipando a briga que viria

Surpreendentemente uma calma passou pelo corpo de Danielle, ela tomou ar e juntou as mãos parecendo estar em oração, sussurrou algo baixinho

— O que você está falando? Fala alto para eu ouvir, se vai me amaldiçoar eu quero saber — Tereza respondeu defensiva

Danielle aumentou o tom de voz

— Meu Senhores, ilumine a cabeça da minha mãe, para ela ver o quanto eu a amo e amo o senhor meu Deus, para que ela entenda que eu não sou um homem e sim uma mulher e essa é a minha missão nesse mundo

Tereza torceu a boca parecendo morder a bochecha por dentro, parecia querer dizer algo, mas não disse, virou-se de costas para sair.

— Glória a Deus — Falou se dirigindo à porta de saída, parou por um instante— Leva uma blusa, vai fazer frio e a Cíntia te mandou um beijo.

Danielle sorriu, comemorava pequenas vitórias mesmo que fossem desse jeito.

Colocou o cachecol para esconder o pomo e saiu, na sala o pai estava entrando pela sala conversando com o tio.

Ao ver Danielle franziu o cenho

— Onde você vai? — Perguntou de forma agressiva

— Vou sair — Danielle respondeu receosa, não esperava que ele estivesse ali. — O senhor já voltou, achei que tinha ido à igreja

— Esperou eu sair para se fantasiar, né?

O tio de Danielle, Ariel era evangélico também como todos da família, mas tinha um segredo que apenas Danielle sabia, ele era homossexual, sofria muito por não poder se assumir, na prática todos sabiam, mas todos ignoravam o fato

— Volta pro seu quarto e coloca roupa de homem, toma vergonha na sua cara que você não é um desenho, toma vergonha nessa sua cara Moisés

— Pai! — Danielle disse disse nervosa, mas resolveu usar a mesma tática com a mãe, juntou as mãos em oração

Ele olhou para ela e cerrou os olhos, ela falou em voz alta

— Senhor Deus, clareie a mente do meu pai para que ele veja que eu não sou uma má pessoa e que me visto assim para não chorar todos os dias, mostre para ele que eu não sou uma pecadora e sim uma serva do senhor

— Serva do senhor uma pinóia — Ele se levantou agressivo

— Valdir Calma — Ariel se levantou segurando o irmão — Deixa a menina

— Que menina o que Ariel — Valdir empurrou o irmão de forma bruta — Você também tá ajudando essa atribulada?

— Eu não sou atribulada! — Danielle disse em defesa — Eu sou do senhor Deus!

Valdir puxou o cinto de uma só vez fazendo sua própria pele queimar na cintura pelo força, levou ele com rapidez e acertou Danielle, ela se protegeu com o braço

— Não! — Se encolheu na parede

— Atribulada do Satanás! — Valdir berrou enquanto Ariel segurava ele

— Valdir calma, mantenha a calma

— Eu vou ensinar esse degenerado a ser homem de verdade

— Pai, só me deixa sair — Ela tentava passar mas ele estava na frente da porta — Mãããeeee — Danielle gritou e a mãe apareceu

— O que foi, o que ta acontecendo? — Apareceu na sala, preocupada vendo a filha segurando a mão em defesa

— O que é isso Valdir? — Perguntou preocupada

— O Demônio tomou o nosso filho Tereza, olha isso, olha como o Moisés tá vestido, ele parece uma mulher, uma prostituta

— Eu pareço mesmo uma mulher? — Ela perguntou em meio ao caos

Ariel fez que sim com a cabeça e fez um sinal para ela calar a boca, o cinto levantou novamente em direção à Danielle ela deu o braço levando outra lapada for, apenas fez uma careta, não gritou

— Pega a tesoura Tereza, vou resolver isso agora

— Mãe, não! — Danielle disse preocupada

— Vou cortar seu cabelo, vou raspar sua cabeça de novo, você vai voltar pra igreja é hoje! — Ele falou furioso

Danielle entrou em desespero, partiu para cima dele, enquanto ele tentava dar outra cintada, ela correu e passou pela porta, a gritaria havia atraído curiosos, ela correu para a calçada, pessoas olhando para ela, já a conheciam, ela era conhecida como “o Traveco” pelo bairro todo, o tio veio em seu auxílio.

— Vai, vamos embora — Puxou ela pela mão subindo a rua arrastando a sobrinha até dobrarem a esquina sob olhares curiosos, assim que pararam ele continuou — Você tá maluca sair assim com seu pai em casa Danielle? Você perdeu o juízo?

— Eu não sabia tio, não sabia que ele tá ali, pensei que tava na igreja — Danielle disse ofegante

— Então toma mais cuidado cacete, quer que ele te quebre na porrada? — Ariel arrumava a roupa amarrotada de Danielle — Tem que ficar esperta, ligeira — Bateu com o dedo na testa dela — Ou usa isso ou te matam

— Eu sei — Ela disse tentando se acalmar — Eu tô parecida com uma mulher mesmo?

— Tá sim, você está maravilhosa — Ele respondeu sorridente

Ela sorriu

— Obrigada tio

— Onde você vai? — Ele perguntou curioso

— Vou encontrar meu namorado — Ela falou decidida

— Vai ser uma noite especial, está toda emperiquitada?

— Eu vou terminar, acho — Ela disse entristecida

— Ué, por que? O que aconteceu? — Ariel pegou a mão dela e caminhou junto, devagar

— Eu acho que ele não me ama, ele só tem fetiche em mim, sei lá

— Travequeiro né? — Ariel perguntou

— Acho que sim — Danielle disse entristecida ao parar debaixo da proteção do ponto de ônibus

— Você disse que não era — Ariel falou ao ver o número do ônibus que vinha

— Sei lá… não sei exatamente o que ele é, mas tá me tratando igual bicho

— Ele tem outra? — Perguntou curioso

— Não sei, mas eu vou terminar antes de que algo errado aconteça e eu sofra mais, não tenho mais idade pra isso

— E a senhora tem quantos anos madame? — Ariel perguntou levemente afeminado

— Vinte e dois, você sabe — Danielle respondeu olhando o ônibus também

— Medrosa!

— Medrosa nada, precavida — Danielle se defendeu acariciando o braço machucado das cintadas

Ariel pegou o braço dela e passou o dedo, estava mais alto, inchado

— Sinto muito por isso, tá, eu devia ter segurado ele mais, vamos combinar direitinho para isso não acontecer — Olhou ao longe — Olha seu ônibus, tem dinheiro né?

— Tenho — Danielle respondeu carinhosa — Obrigada por me entender, tá?

Ele sorriu e ficou na ponta dos pés para dar um beijo nela, ela deu a bochecha

— Fica com Deus — Ariel desejou quando ela subiu no ônibus com preocupação de sua saia subir. — Viu, a casa fica vaga essa semana, vai querer? — Gritou para ela de longe

— Vou sim, segura pra mim! — Danielle respondeu animada — Falamos depois — Mandou um beijo para o tio

Sentia-se bem fora do seu ambiente, as pessoas não sabiam que ela era uma mulher transexual na maioria das vezes, algumas observadoras sim, mas a imensa maioria não fazia ideia.

Os homens a olhavam nos olhos e ela fingia não ver, tinha vontade de virar e olhar de volta, mas sabia que se encarasse um homem por algum tempo isso seria sinal de interesse, então mantinha a visão em seu celular e para fora do ônibus ou metrô quando andava nele.

Menos de uma hora depois chegou no shopping, havia combinado o encontro com o namorado na praça de alimentação, já fazia mais de hora que ele não respondia ou visualizava as mensagens.

Eles haviam marcado as 18:30 em ponto, já era 20:00 Danielle havia mandado mensagem e ligado, ele não havia atendido nem enviado mensagem.

A mãe de Armando não aprovava o namoro deles, no começo sim, mas depois que descobriu a transexualidade de Daniella passou a reprovar.

Sem esperança e preocupada ela mandou mensagem à mãe de Armando, ela respondeu rápido:

Danielle: Dona Sônia, boa noite, desculpe incomodar a senhora, marquei com o Antônio às 18:30 aqui no Itaquera, mas ele não apareceu e não me respondeu, ele está por aí?

Dona Sônia: Pelo que eu saiba ele saiu com a namorada, ele marcou com você também?

Danielle respirou fundo antes de responder

Danielle: Eu sou a namorada dele Dona Sônia, a senhora sabe

Dona Sônia: Você precisa se informar melhor, meu filho saiu com uma mulher mesmo

Danielle: Com quem?

Dona Sônia: Ele não está aqui, saiu faz um tempo já.

Danielle: Muito obrigada, tenha uma boa noite.

Dona Sônia não respondeu

Danielle esperou mais meia hora, a praça de alimentação já ficava vazia, seu celular estava com a bateria baixa de tanto navegar na internet e esperar, decidiu ir embora, aquilo provavelmente já estava acabado.

Levantou-se, olhou em volta procurando em vão e andou caminhando em direção à saída, foi em direção ao terminal de ônibus, estava entristecida.

Sentiu um cutucão no braço, era seu namorado

Ela olhou, ele estava parado olhando para ela com uma expressão enigmática, se inclinou para um beijo, ela se inclinou na direção oposta a ele

— Onde você tava? — Perguntou tirando os fones de ouvido.

— Tava vindo te encontrar — Ele disse com um sorriso sínico

Danielle se aproximou e sentiu o cheiro que vinha do hálito dele, era álcool

— Você tava bebendo? — Ela perguntou indignada — Marcou comigo e tava bebendo? Me deixou esperando?

— Não deixei não, a gente marcou Nove horas — Ele disse tranquilo

— Marcamos às seis horas — Danielle corrigiu

— É a mesma coisa, só que de ponta cabeça — Ele riu divertido

— Ela continuou olhando para ele amarga — A Fila do ônibus começou a andar — Depois a gente conversa, vou pra casa, to cansada

Ele andou junto com a fila

— Porra, eu vim aqui pra falar com você e você vai embora assim? Puta falta de consideração hein rapaz — Ele a chamou de rapaz com a intenção de chamar a atenção dela, sabia onde cutucar

— Como é? — Ela saiu da fila e empurrou ele — Repete o que você falou

— Que você é um cara e não uma mina? — Falou num tom de voz alto atraindo a atenção

— Você tá bêbado Armando, vai pra casa — Danielle falou e deu as costas subindo no ônibus

Armando puxou ela pelo cabelo com violência fazendo ela cair no chão

— Ooohhh cara — Um homem da fila empurrou Armando — Tá loco?

Um outro homem ajudou Dani a se levantar

— Machucou moça? — Ele perguntou

— Que moça, é um cara, é um traveco isso aí — Armando gritou rindo de maneira forçada

O homem que segurava a mão de Danielle olhou para Armando e depois pra ela, terminou de ajudar ela a se levantar e a guiou para dentro do ônibus, não disse mais nada.

Ela entrou no ônibus e as pessoas olhavam para ela

— Quer que a gente chame a polícia? — Uma mulher perguntou interessada

— Não, não precisa, ele não é violento assim, ele tá bêbado, tá passando por umas coisas, deixa pra lá, não me machucou mesmo — Agradeceu a ajuda e sentou-se nos fundos do ônibus

No terminal os homens afastaram Armando, ela resolveu desligar o celular, sabia que ele iria ligar e mandar mensagem, chegou em casa tarde, estava escuro, abriu o portão com o máximo de silêncio possível, as luzes da casa estavam apagadas, ela foi para seu quarto no escuro, fechou a por com o trinco que havia instalado e que seu pai ainda não havia arrebentado, deitou na cama do jeito que estava, abraçou os joelhos e para sua surpresa não chorou, ficou apenas estática pensativa com medo do mundo à sua volta.

Adormeceu

O despertador tocou, ela tinha trabalho.

Danielle era uma transexual que começara tarde sua transição, havia estudado muito para poder sair de casa e havia encontrado uma profissão, algo que ela havia se apaixonado, a computação, como programadora Danielle era excelente e adorava isso.

Tomou um banho no único banheiro da casa e se secou, voltou ao seu quarto e olhou-se no espelho.

Não gostou do que viu, seu queixo era definido, mais quadrado do que ela gostaria, tinha traços grossos, masculinos demais, mesmo com os hormônios agindo ela achava que não conseguiria.

Passou creme no rosto para cuidar da sua pele, viu que alguns pelos no buço insistiam em nascer, pegou a pinça e os arrancou, tirou os brincos e os guardou na caixinha. Vestiu um shortinho bem justo na cor de pele, como gostava, vestiu a calça jeans, uma camiseta justa branca e a camisa social masculina, colocou o tênis e amarrou os cabelos ao sair do quarto.

Seus pais estavam na cozinha com seu irmão Tiago e sua Irmã Léia, todos olharam apreensivos para ela

— Bom dia — Danielle respondeu desanimada, estava vestida como homem, como ela mesma dizia “Fantasiada de crente” como os pais gostavam

— Agora tá parecendo um homem de verdade, eu nunca mais quero ver você daquele jeito, aquela fantasia de criança — O Pai falou enraivecido

— Tá bom pai — A resposta foi desanimada ao sentar-se à mesa

Comeu em silêncio e foi ao trabalho, era longe o trajeto levava cerca de uma hora e quarenta minutos.

Parou na frente do prédio e respirou fundo, forçou um sorriso e entrou

— Bom dia — falou ao porteiro

— Bom dia!

Subiu o elevador torcendo para não encontrar ninguém, ele parou no andar e abriu a porta, era um homem, Danielle já conhecia, era seu chefe o Wellington, um homem odioso e egoísta, ela odiava o jeito machista que ele agia, ele achava que Danielle era homossexual e sempre fazia algum tipo de piada.

— Grande Moisés — Wellington falou ao ver Danielle, naquele ambiente ela era Moisés, não Danielle — Resolveu o bug no servidor?

— Bom dia, resolvi sim, vou subir agora de manhã — Danielle respondeu forçando um sorriso

O Elevador abriu a porta e ele desceu

— Você é o cara mano! — Falou apontando os dois Dedos para Danielle

Ela sorriu, quando ele virou as costas revirou os olhos e foi até a sua mesa, cumprimentou os colegas com um aceno e sentou-se colocando o fone de ouvido cor de rosa.

Esse fone de ouvido lhe foi dado durante um amigo secreto na empresa, era uma piada, mas ela adorou, passou a usá-lo como parte da piada, mas se acostumou e ninguém mais ligou, era evidente que Moisés era um homem afeminado.

Estava absorta no computador, programando, corrigindo problemas, configurando, criando, era muito boa naquilo, as coisas funcionam quase como mágica na ponta dos dedos dela, sempre que programava gostava de se imaginar como um tipo de Deus que criava um mundo e nesse mundo todas as variáveis podiam ser o que elas quisessem, nada nascia com desígnio e tudo podia variar.

Sentiu uma presença ao seu lado, imaginava quem seria

Tirou os fones de ouvido sem olhar para o lado e ouviu a voz grossa quase num sussurro

— Você não me respondeu — Era Armando, não parecia mais bêbado

Danielle se abaixou e enfiou a mão dentro da mochila, pegou o celular e mostrou para ele, estava desligado.

Ele insistiu

— Preciso falar com você

— Não tenho nada pra falar com você aqui, estou trabalhando — Danielle respondeu ainda sem olhar pra ele — Se você não se importa, estou implantando aqui

Fez menção de colocar o fone de ouvido, mas Armando segurou a mão dela

— Preciso mesmo falar com você — Ele insistiu

— Me solta — Ela falou num tom um pouco mais alto, chamando a atenção do rapaz do outro lado da mesa que olhou e se escondeu rapidamente atrás do monitor, Danielle viu, não queria fazer uma cena — Café — Falou e se levantou

Caminhou até a sala de café sem esperar, apertou o botão da máquina e um barulho se fez imediatamente, o grão foi moído e caiu um copo de plástico, açúcar e depois café

Ela pegou e viu Armando entrando pela porta da salinha, encostou-se de costas no móvel

— Não gosto de você assim, já te falei? — Armando falou observando ela sem maquiagem e com roupas masculinas

— Assim como? — Danielle perguntou

— Fantasiada de Moisés — Ele disse direto

— Eu sou Moisés ontem eu tava toda linda de Danielle e você cagou pra mim

— Não foi isso, eu posso explicar — Armando disse

Danielle colocou o copo na mesinha e cruzou os braços suavemente olha do Armando nos olhos

— Explica — Falou aguardando a explicação.

Armando gaguejou e nada saiu, ela sorriu, pegou o copo de café de novo

— Você nem pensou em uma mentira, ao menos tenha a decência de não me fazer de trouxa — Falou visivelmente magoada.

— Eu me atrasei — Ele disse parecendo não querer falar tudo

— Falei com a sua mãe, ela disse que você saiu com a namorada e ela era mulher mesmo, não igual eu.

— Não acredita nela Dani — Armando falou baixinho — É mentira

— Sua mãe é escrota comigo, mas ela é verdadeira — Danielle esperou Armando falar algo, mas ele não disse nada, ela tomou ar — Acabou — Tomou o café num só gole sentindo o calor doce aquecer a garganta

Passou por ele em direção à mesa, ele pelo cotovelo

— Não me deixa — Ele falou com a voz chorosa

— Quem deixou quem? — Ela respondeu e voltou à mesa de trabalho

O dia foi pesado, ela ficou horas trabalhando e resolvendo problemas, aquele stress mental fazia ela esquecer do mundo real, o mundo que tanto a maltratava de tantas maneiras.

Chegou bem em casa, banhou-se e foi direto ao quarto, notou que estava horas sem comer, sentia-se bem estando magra.

Deitou-se na cama e pensou de novo sobre tudo, parecia que estava bem, mas sem controle disso ela simplesmente chorou, chorou por não ser uma mulher de verdade, chorou por ter sido exposta e ter odiado o olhar das pessoas para ela a julgando no ônibus, chorou por ter sido trocada por uma mulher, algo que ela jamais seria, algo que ela julgava ser melhor que ela, chorou pelos olhares dos colegas de trabalho que viam Moisés e não Danielle, tomou uma decisão, e aquilo mudaria para sempre sua vida.

Siga a Casa dos Contos no Instagram!

Este conto recebeu 17 estrelas.
Incentive Rafaela Khalil a escrever mais dando estrelas.
Cadastre-se gratuitamente ou faça login para prestigiar e incentivar o autor dando estrelas.
Foto de perfil de Rafaela KhalilRafaela KhalilContos: 117Seguidores: 245Seguindo: 1Mensagem Autora Brasileira, escritora de livros de romances eróticos para quem não tem frescura

Comentários