XXXVI
O sol nas telhas durante o dia inaugurou a noite uma sauna dentro de casa. Eu fritava girando sobre a cama. Minhas mãos transpiravam. A todo minuto precisava secar a testa e o buço.
A cama de Betão com o lençol esticado e a marca do seu peso no centro, "aquele gostoso", pensei excitado. "Deve está fodendo com alguém na rua..."
A casa estava escura. Eu levantei pisando o chão frio com algum prazer pelo alívio do fogo no colchão, fui para a cozinha e para a geladeira, o friozinho me fez apoiar na porta. Acenderam uma luz na sala.
- Duval? - chamei vendo sua silhueta. Eu sorri pensando em safadeza. - Duval!
Eu caminhei em sua direção, ele respirou fundo desligou a luz e voltou a sair pela porta batendo-a, fiquei plantado no meio do corredor.
- Ele está fugindo de mim? - falei comigo mesmo. Pisei firme em direção a porta, e ainda tive tempo de vê-lo galgando os degraus da casa do Lulu Beicinho. - Ah seu...
"Ah seu safado!", voltei para o quarto remoendo aquela cena por horas até pegar no sono. Eu acordei com o dia claro e vendo Betão descalçar os tênis, e desabotoar a calça em cima da sua cama.
Ele olhou para mim, e perguntou simples, assim como quem pergunta "e aí tá afim de uma bala?" com uma pequena diferença na entonação da voz:
- E aí tá afim agora? - Betão perguntou com as calças no meio das pernas.
Era a sorte sorrindo para mim com seu sorriso mais safado e puto. Eu deslizei para fora da cama pensando que foder sim justificava o suor e não o abraço fervilhante do colchão, ou o calor insuportável e inútil, e de repente eu estava:
- A.. - "pa-pa-pa-pa-pa" - gente... - "pa-pa-pa-pa-pa" - vai... - " pa-pa-pa-pa" - acordar... - "pa-pa-pa-pa-pa" - todo... -" pa-pa-pa-pa-pa" - mundo...Ahhhhain
Eu falava enquanto recebia as encoxadas do Betão na minha bunda. Apoiado com as mãos na beirada da cama, eu arrebitava o cu para o Betão foder, ele em pé, metia movendo o quadril e sarando em mim ao meter para dentro.
Ele pingava de suor enquanto segurava as alças da minha cintura segurando como se eu fosse fugir. Meu celular começou a tocar em cima do travesseiro trêmulo. Eu estava gozando mas o Betão continuava no " pa-pa-pa-pa-pa" contra mim.
- Que se foda! - ele disse alto. - Todo mundo aqui já te enrabou agora é minha vez.
Eu suei frio ouvindo aquilo e com a sua jeba dentro de mim ainda por cima! Eu sentia centímetro a centímetro dele avançando para dentro de mim. Ele tirava todo até a ponta, e quando a cabeça passava num "plock", minha alma ia junto.
Com o celular ao alcance da minha mão, eu atendi, por causa do nome na tela "Estágio em Comunicação", eu havia salvado após a entrevista.
- Ahhh... aló! - consegui dizer mais eufórico do que gostaria.
A cama sacodia embaixo de mim batendo na parede. Eu estremecia com os movimentos de Betão contra mim e era impossível não respirar com dificuldade, tendo um macho daquele com o dobro do meu peso, em cima de mim.
- Você foi selecionado, - disse a voz feminina - parabéns! Por favor compareça a sede, amanhã às oito, procure pela equipe de Valério Moenda.
Eu caí em cima da cama tirando o pau de Betão de mim no mesmo momento e a camisinha veio junto com meu cú. Ele soltou o gozo e o espirro da porra branca e espessa voo direto na minha cara.
A pica dura e trêmula com a cabeçorra surrada cuspindo em mim com o cheiro quente ainda da porra, enlargueceu ainda mais meu sorriso.
- Ah seu veado! Adiantou seu porra! - Betão reclamou arfante. - Eu ainda queria foder mais antes.
- Foi mal! - eu continuei dizendo e sorrindo.
- É um puto mesmo tá sorrindo todo coberto de porra - Betão sorriu vindo em minha direção - limpa aí vai, dá essa moral.
Eu olhei para cima encarando a rola pendendo sobre as bolas. A felicidade por passar na seleção para o estágio acendeu-se em mim, e eu de boa vontade, passei minha camiseta na cara para limpar a porra dele de mim.
Segurei a rola de Betão e passei a linha da costura dividindo as bolas até o buraco da cabeça.
- Assim? - falei. - Ou assim...
Então abri toda a minha boca engolindo o pau dele em processo de decadência pós coito como um homem jovem que envelhece instantaneamente ganhando rugas e ficando flácido.
Os poros do peitoral de Betão e os bicos dos seus peitos enrijeceram quando engoli desse jeito, olhando para ele.
- Filho da puta! - ele bradou.
Com a mão sobre minha cabeça e endurecendo mais uma vez dentro da minha goela. Eu estava entalado com o pau do Betão dentro da minha boca, cravada mesmo, tentando fazer meu nariz alcançar os pelos dele.
- Tá guloso hein?! - ele forçou mais.
Eu puxei de uma vez para respirar com os olhos ardendo por causa das lágrimas que a cabeça do pau dele roçando no céu da minha boca e na minha faringe provocavam.
Ouvimos o barulho da porta abrindo mas eu não vi ninguém porque estava com os olhos nos pés do Betão, tentando recuperar o folego com uma mão na coxa direita dele. O safado estava sorrindo de orelha a orelha.
- Quem era? - perguntei olhando para cima.
Eu sentia meu cabelo colado na testa por causa do suor. Betão sacodiu os ombros mas ainda sorria.
- Foi o vento, - disse - engole!
O puto mandou ver mais uma vez na minha boca e eu um puto ainda maior mamei como se não houvesse amanhã. Mas depois de cair de costas na cama apoiando a cabeça na parede e vendo o safado do Betão vestindo a cueca mesmo ainda sujo.
- Vai tomar um banho seu porco - falei.
- Ah é... - ele disse e coçou a nuca. - Vem comigo pô.
Betão estendeu a mão para mim e eu sorri de volta porque embora não tivesse pensado na possibilidade um banho com um macho como ele era sempre um prazer a mais.
Eu olhei para ele dos pés a cabeça, o corpo vermelho, suado, o peito arfante ainda por causa do sexo e eu do mesmo jeito.
- Me carrega? - pedi manhoso entendendo os braços.
Betão segurou minhas mãos e me puxou para cima, fiquei em pé, ele me agarrou passando o braço esquerdo por minhas coxas e me ergueu em seu colo de frente para, cruzei meus pés na altura da sua cintura. Ele segurava minha bunda.
Seus olhos estavam caídos sobre meus lábios. Abraçando seu pescoço, inclinei-me para beijá-lo como os seus lábios entreabertos e meio ressecados pediam.
A língua de Betão invadiu minha boca enquanto suas pernas começaram a nós conduzir para fora do quarto. Em direção ao banheiro do outro lado do corredor. Eu o beijava de olhos abertos sentindo sua língua brincar com a minha.
Ele meteu o dedo do meio no meu cuzinho mas beijava de olhos fechados e sem esforço ao me carregar. Senti minhas costas tocarem a parede úmida e fria do banheiro. Betão manteve-se me beijando prensando contra a parede.
Ele girou o registro da água que nós atingiu mas não separou. Betão precisava sair, então terminamos o banho, e voltamos para o quarto. Eu não encontrei o Duval durante o dia. Mas logo a noitinha ele veio até meu quarto.
- Oi - falei sorrindo.
- Cheguei agora do hospital - ele disse ainda em pé - queria levar um papo contigo.
Eu fiquei de joelhos em cima do colchão alegre por vê-lo e doido para contar a novidade. Nem pensava que há dias Duval evitava encontrar comigo e agora aparecia assim.
- Eu vou fazer uma seleção amanhã, não é o máximo?
Ele sorriu de leve com as lábios ainda fechados.
- Que legal Yuri, - disse seco - mas precisamos resolver uma coisa que está me incomodando bastante.
- Já sei o que é - falei. - Sobre as nossas transas né? Quanta frescura Duval.
- Caralho fico impressionado como você é sonso ou burro.
- Vai me ofender? - levantei ficando frente a frente com ele.
Duval engoliu em seco e respirou fundo novamente.
- Eu gosto de você não percebeu? E estou falando que gosto mesmo. Não só como irmão, amigo, entendeu? Então pra mim custa fazer sexo contigo por fazer. Não é qualquer coisa pra mim. Pode ser pra você pra mim não é.
Ele disse tudo isso e suspirou como se tivesse se livrando de um peso.
- Puxa... - falei - foi mal... eu nunca pensei que...
- Estou falando isso porque mais cedo vim aqui e peguei você e o Betão fodendo, - disse sério - e pra mim tá numa boa, agora entre a gente não rola nada mais. Você fica aí com quem você quiser...
Ele falava como se tivéssemos um relacionamento o que para mim era totalmente novo. Duval era um cafuçu sem coração, comedor, como havia se transformado naquele homem?
- Ei, espera aí, - falei - você ainda se encontra com o Lulu Beicinho e eu sei que vocês tem um rolo.
- É bem diferente... - ele disse. - Estou falando de você.
- Vai a merda, - eu disse - você quer que eu transe só contigo, mas você pode foder com outro cara?
Ele engoliu em seco mais uma vez ficando com as bochechas vermelhas. Mas veio até mim e segurou minhas mãos me puxando para se sentar na minha cama.
- Vamos fazer um trato, - ele propôs - eu juro, que não vou ter mais nada com o Lulu nem com ninguém, nem mulher, só com você...
Ele estava suando frio e o rosto bem vermelho. Duval cheirava a látex de hospital. Eu olhei nos olhos dele e revi o cara que conheci há anos atrás e suas palavras me pareceram sinceras.
"Eu só não sei se eu aguento", pensei comigo mesmo "ainda mais com o Betão ao lado".
- A gente pode tentar né... - falei.
O rosto de Duval iluminou-se no mesmo instante e parecia que uma bandeira de paz havia se instalado entre nós. Eu gostei da forma como ele olhou para mim. Ele puxou meu queixo e nós beijamos deitando na cama.
No dia seguinte, eu estava pontualmente no prédio das Comunicações, a entrevista foi comigo e mais um grupo de jovens. O lugar era cercado por fotografias em tamanho gigante. As mais variadas com pessoas e paisagens.
Voltei para casa encantado com aquelas fotografias. Achava que não passaria na entrevista e se passasse tinha medo de que alguém descobrisse o vídeo. A minha vergonha alheia. Cheguei em casa e encontrei o Duval dormindo na minha cama.
Era ou não era um convite? Mas ficamos apenas de namorinho, beijando e se pegando. Eram umas oito e pouca da noite quando chegou um e-mail informando que eu havia sido um dos aprovados para a vaga.
*
- Vou procurar um curso sobre fotografia profissional - comentei com Duval - não sei direito como vou encontrar tempo para fazer mas...
Ele estava na cama, pelado, ao meu lado, havíamos acabado de transar e me olhava interrogador.
- Que bom te ver apaixonado - ele disse.
- Você acha que estou?
- Pela profissão otário... - ele disse corando.
Duval desviou os olhos de mim e eu larguei a cueca que estava enfiando pelo pé direito para me aproximar dele, e puxar seu rosto para mim. Fiz isso de uma forma automática:
- Acho que por você também... - falei.
Ele negou com a cabeça e empurrou as minhas mãos para baixo longe do seu corpo.
- Para Yuri, - ele disse e tentando ofender - você é uma putinha isso sim. Só quer saber de rola.
Eu sorri porque em parte era muito verdade mas há duas semanas eu transava apenas com ele e não pensava em mais ninguém mesmo quando estava com Betão que para mim era mais uma "broderagem".
- Embora eu ache essa quantidade de pelos excessiva, - falei - eu amo estar com você e o que estamos tendo.
Ele suspirou pelo nariz que era uma forma de dizer "vai se foder" mas disse:
- Eu quase acreditei em você - e suspirou da mesma forma de novo - quase...
Ele deu um sorrisinho murcho e para desviar o assunto voltou a perguntar sobre meu curso de camera-men. Com tudo isso acontecendo havia uma pessoa com quem eu queria muito falar mas que havia desaparecido.
Maicon, ele apenas respondia as menagens de texto, e uma vez em que me viu na faculdade, saiu quase correndo de mim. Então larguei de mão, não adiantava correr atrás.
Eu não fazia ideia do por que ele estava fugindo de mim e o trabalho novo não deixava muito tempo para pensar sobre isso. Eu estava andando nas nuvens tanto na vida emocional quanto na profissional.
Duval sabia como me fazer gozar apenas comendo meu cu nos dedos e lambendo minha nuca falando bobagens em cima da cama. A gente brincava transando. Além de gozar me divertia.
Ele resolveu passar a máquina nos pelos do peito e do rosto e o resultado quase me assustou.
- Rejuveneceu! - eu disse. - Sério mesmo nem tá parecendo você.
Ele sorria mais expansivamente e a gente resolveu sair a noite juntos pela primeira vez em muito tempo, e pasme, como um casal praticamente! Era um lual a beira da praia regado a música e uma galera bem tranquila.
Eu e o Duval ficamos mais recuados e a todo momento trocávamos carícias.
Ele construía castelos na areia e eu achava graça de suas ideias como:
"A gente pode fazer uma viagem as dunas maranhenses o que você acha?" ou então se empolgava "podíamos alugar uma casa só para nós", eu gostava de pensar sobre isso e não recusava a ideia, embora achasse que tudo estivesse indo rápido demais.
No final do mês, porém, recebi uma pedrada. Um parceiro de trabalho. Um estagiário novo.
A praga do meu colega de curso.
Erick!
Além disso. Lulu Beicinho começava a olhar para mim com cara de poucos amigos. Eu sentia até um certo medo de encontrá-lo sozinho na rua.
- Bom dia, - eu dizia.
Ele resmungava alguma coisa e entrava em casa sem dar resposta.
Eu achava que tinha a ver com o fato de o Duval passar mais tempo comigo na republica do que em sua casa, na verdade, Duval dizia que não frequentava mais o Lulu Beicinho e eu me sentia um pouco envaidecido por isso.
Mas mais de um vez vi ele subindo os degraus da casa do vizinho e pensava "nosso acordo que vá para o lixo né?". Mas Duval era de um cinismo ímpar. Ele tinha a audácia de perguntar:
- Você só está trepando comigo né?
Eu senti uma faísca de compromisso naquela pergunta e por não querer perder o que estávamos tendo, falei.
- Claro que sim...
Mas... Betão vivia me cercando. Eu vivia fugindo dele. Alguma coisa me dizia que estar trepando com Betão era o atestado de puta e quando estava com Duval sentia o oposto.
"Isso é uma idiotice", eu pensava comigo mesmo mas não conseguia escapar. Betão achava jeitos de ficar sozinho comigo o que não era tão difícil já que dormíamos no mesmo quarto.
Eu estava debaixo do edredom.
O quarto no escuro.
Uma chuvinha caindo do lado de fora e o friozinho entrando pelas frestas do quarto.
Um cassaco nas articulações por causa das minhas atividades do dia. Quando ouço o estalo do interruptor, e a luz em seguida clareando tudo.
- Yuri - Betão disse.
Eu virei para sua direção e ele com a toalha a um palmo do umbigo revelava o seu pau armado embaixo.
- Não Betão - falei.
Mas ele fingiu não me ouvi, puxou a toalha e forçou-se para debaixo do meu edredom. Ele esfregou o queixo e os lábios na minha nuca friccionando a rola quente e dura contra minha mão.
- Qual é? Eu só fico assim contigo... - ele disse baixinho.
- Mentiroso.
- É verdade - ele sorriu - com as outras só fico meio bomba.
- Tá virando veado hein - brinquei gostando de sentir seu pau duro na minha mão.
Ele puxou mais meu corpo para junto do calor do seu.
- Acho que estou... - ele confessou.
Era o primeiro macho da republica que se deixava levar por uma brincadeira como aquela. Os outros fingindo-se de machões jamais admitiriam aquilo.