Danielle: Trans, Evangélica - Capítulo 04 -A decisão

Um conto erótico de Rafaela Khalil
Categoria: Heterossexual
Contém 2726 palavras
Data: 01/09/2024 19:09:59

— Esses são os momentos de mudanças na nossa vida, coisas que fazemos e vão ecoar para sempre — Priscilla refletiu

— Acho que sim, realmente foi um ponto sem volta — Danielle disse nostálgica

— E como sua família reagiu? — Priscilla perguntou interessada

*** Anos antes ***

Acordou decidida, mais cedo que o normal, precisava se cuidar, tomou banho, pegou o barbeador e retocou sua depilação, pernas, axilas, havia feito o buço recentemente e isso estava intacto.

Abriu seu armário e viu suas roupas, em grande maioria eram roupas masculinas, camisas sociais, cuecas, meias sociais, juntou tudo num saco, tudo o que era visivelmente masculino.

Pegou no fundo do armário na parte secreta suas roupas femininas, tinha poucas pois seu pai já havia encontrado e destruído anteriormente.

Vestiu uma saia comprida jeans com pregas, indo até os pés, usou um maiô justo na cor preta, uma camisa social feminina azul escura, usou uma botinha com pequenos saltos, se levantou e olhou no espelho a visão era incrível, sorriu automaticamente.

Sentou-se em frente ao espelho e com calma fez sua maquiagem, não queria nada pesado, seria seu make para o dia todo, usou lápis de olho, blush para esconder vestígios de poros grossos e um batom discreto, colocou os brincos de pressão de pérola, discretos.

Parou em frente à porta do seu quarto, sabia que sair dali poderia dar conflito, poderia ser uma briga grande e provavelmente sofreria com gritaria e violência física, mas estava cansada, estava disposta àquilo, respirou fundo e abriu a porta, não encontrou ninguém, era cedo demais.

Ouviu o despertador tocar no quarto de sua mãe, pegou o saco com as roupas masculinas e se apressou, foi até o quintal.

Apesar de morar na cidade, a casa de Danielle tinha um quintal generoso com gramado e muitas vagas para carros.

Foi até o fundo e pegou alguns blocos que estavam no canto por uma obra a muito esquecida, fez uma pequena caixa para parar o vento foi até a churrasqueira, pegou umas tábuas finas que encontrou e fluido para acender churrasco, jogou as roupas dentro do repositório que ela mesma construiu.

— Moisés? — Ouviu a voz do pai chamando

Resolveu não olhar, apressou-se, pegou o fósforo e riscou, a chama acendeu sob uma fumaça

— O que você tá fazendo? — Ele perguntou se aproximando — O que diabo você tá aprontando agora?

— Filho? — A mãe falou se aproximando — O que é isso?

Os irmãos de Danielle também se aproximavam, Danielle deu a volta na caixa de blocos onde estavam as roupas e mostrou o fósforo para eles, o pai parou em frente a ela, toda a família observou-a de frente, ela tinha pânico no olhar, mas também satisfação.

— Isso acaba aqui! — Danielle disse decidida — Chega de Moisés!

— Como é que é? Que merda é essa? — O pai falou enraivecido, ele raramente falava palavrão, apenas quando estava muito nervoso — Quem tá colocando esse tipo de porcaria na sua cabeça Moisés?

— Pai, nunca mais! — Ela disse e jogou o fósforo nas roupas.

A chama cresceu rápida lambendo o ar e fazendo todos sentirem o calor do fogo.

— São suas roupas? — O pai perguntou irado — Você enlouqueceu Moisés?

— Danielle, meu nome é Danielle pai! — Apontou para a fogueira — O Moisés tá queimando ali — Apontou para o fogo, colocou a mão no bolso e tirou um bolo de papéis, mostrou brevemente ao pai, eram fotos dela de criança, fotos dela como homem, abaixou-se e colocou no fogo

O pai deu a volta na fogueira e a chutou no ombro com violência fazendo-a cair no chão imediatamente.

— O problema é que eu te bati pouco, você vai aprender a ser homem e vai ser agora! — Tiago, pega água e apaga esse fogo rápido, Léia, pega meu cinto!

Tiago correu para pegar a mangueira, Léia ficou parada, o pai viu a inação da filha e gritou com ela

— Vaaaiiii!!! — Berrou

— Não — Ela respondeu sem emoção — Pega você, isso é ridículo, chega!

— Léia, obedece seu pai! — Tereza, a mãe suplicou

Léia apontou para Danielle no chão se aproximou ajudando ela a se levantar

— Olha isso, vocês acham que ela é homem mesmo? Sério isso? — Falou puxando Danielle para cima

O pai se aproximou e empurrou a filha enquanto o irmão apagava o fogo fazendo fumaça

Ela se desequilibrou enquanto Danielle limpava a saia

— Sério pai? Vai me bater também? Até quando você vai ficar nessa estupidez, olha isso, isso não é homem, pelo amor de Deus! — Léia disse aos gritos — Nunca foi, vocês estão ferrando com tudo!

Danielle ficou surpresa, não tinha proximidade com nenhum dos irmãos justamente por causa da igreja, por eles serem muito evangélicos e acharem que as posições dela sobre sexualidade eram erradas, Léia jamais tinha falado com ela sobre o assunto.

O pai empurrou Danielle tentando derrubá-la ao chão novamente, mas não conseguiu.

— Vai pro seu quarto agora e tira essa porcaria que isso não é roupa de homem! — Falou aos berros para Danielle, apontou para Léia — E você sua degenerada, eu falo com você depois, uma atribulada por vez

Léia estava de braços cruzados

— Você é ridículo — Falou desaprovando, pegou Danielle pelo pulso — Vem, deixa esse velho aí

Puxou Danielle para dentro de casa andando rápido

— Obrigada! — Danielle disse quando estava na sala, Léia se abaixou e deu tapas na saia dela limpando a areia suja que ainda carregava do quintal — Ele tá virado hoje, o que você vai fazer agora?

— Eu não sei, só não quero mais viver do jeito que tava — Danielle disse o que estava pensando — Tava ruim

Léia tentou limpar a roupa da irmã transexual por alguns segundos

— Danielle é? — Léia disse pensativa ao se erguer

— É — Ela respondeu ofegante, ainda estava nervosa

— Bonitinho — Falou indo em direção à cozinha — Vou fazer café pra gente

Danielle ficou olhando para a irmã, tentando entender o que viria, sentiu um tranco nas costas e caiu ajoelhada no sofá

— Atribulado do satanás! — O pai gritou com ela a empurrando — Tira essa fantasia de demônio e vai colocar roupas de verdade — Ele berrou com o rosto vermelho

Ela se levantou

— Não — Danielle respondeu desafiadora

— Moisés, você não me testa! — Ele berrou — Em nome do senhor filho meu não vai cair em pecado!

— Danielle! — Ela respondeu olhando ele nos olhos, durou um segundo, um tapa forte e rápido a atingiu no rosto, fazendo ela desequilibrar, tonteou por alguns segundos pela potência da mão daquele velho pedreiro, o rosto ardeu, aquilo a deixou furiosa e ela berrou — Moisés morreu na fogueira, eu sou Danielle!

Ele se aproximou e pegou ela pelo colarinho e sacudiu, era um homem grande e forte e truculento

— Para com essa viadagem, eu não criei filho meu pra ser viado! — Jogou ela com força no móvel do canto derrubando tudo e fazendo ela bater as costas na quina soltando um grito de dor

Ela se ajoelhou sentindo as costas latejarem, deu um soco no chão, se segurava para não atacá-lo, tinha certeza que poderia nocauteá-lo, mas não iria fazer aquilo, não seria a atacante, ela seria passiva, não usaria armas.

Levantou-se com dificuldade, encarou-o com ódio no olhar:

— O Senhor pode me bater o quanto quiser, Moisés morreu, eu sou a Danielle, daqui em diante vai ser assim e pronto! — Falou decidida com lágrimas nos olhos

Ele levantou a mão e deu outro bofetão nela, as lágrimas voaram e ela deu um grito de desespero

— Degenerado! — Chutou Danielle na barriga — Vagabundo do Satanás! — Segurou ela pelo cabelo ao vê-la se dobrar pelo chute a arrastou pela sala de forma vergonhosa

— Pai, pai! Calma — Tiago se aproximou e interveio — Calma, vamos conversar!

— Você também é a favor desse pecado Tiago, até você? — Ele perguntou irado

— Tá machucando ela pai, só para, vamos conversar! — Ele disse segurando a mão do pai que arrastava Danielle sobre os cacos de um vaso quebrado

— Ela? — O pai largou Danielle e pegou Tiago pelo colarinho — Ela? Isso aqui não é mulher, eu não fiz um homem eu fiz dois homens e uma mulher não duas mulheres, você não segue os desígnios do senhor também?

— Pai, para, escuta, ela é sua filha a gente precisa conversar e tentar entender, convencer ela, não forçar, vamos mostrar Jesus pra ela.

Ele soltou Tiago e se dirigiu à Danielle

— Eu já cansei de conversar, agora vai ser do meu jeito — Falou em fúria

Danielle se levantou e gritou

— Sempre foi do seu jeito velho filho da puta! — Perdeu o controle — Da ultima vez você me socou e me mandou para o hospital, cortou o meu cabelo e fodeu com a minha vida, isso não vai acontecer de novo — Sentiu gosto de sangue na boca, ela não havia visto, mas seu lábio estava cortado

— Enquanto você morar aqui você vai me obedecer, se não quiser vai embora e vai viver sua vida de prostituição e doença longe daqui

— Moisés, por favor — Tereza chamou Danielle

Ela gritou com a mãe em fúria

— Eu sou a Danielle porra! — Cerrou os punhos ao gritar — Me respeita caralho!

A mãe se surpreendeu, Danielle não costumava falar assim, não era agressiva ou falava palavrões

Sentiu um tranco na perna, algo a desequilibrou e caiu batendo a cara no canto do sofá, havia levado um chute do pai

— Não grita com a sua mãe seu demônio!

“Policia militar em que posso ajudar?”

Danielle ouviu o som abafado, parecia distante, levantou a cabeça, Léia estava com o telefone celular na mão em viva voz.

— Você pode me ajudar? meu pai está espancado a minha irmã mais nova — Léia falou ao telefone

Todos ficaram atônitos

— Não Léia, não — Danielle disse se levantando — Não precisa disso — A perna doeu e ela caiu novamente antes de se reerguer

Sentiu algo escorrer da sua boca, achou que era saliva, limpou e era sangue

O pai olhava atento, sentia medo

“Senhora?” — A voz chamou

— Sim, pode mandar aqui por favor— Léia continuou e voltou pra cozinha desaparecendo da vista

Danielle estava ofegante, sentia medo e dor

— Na minha própria casa, eu fui traído, uma família de Judas — Apontou para a mãe — A culpa é sua que não é uma pessoa devota ao senhor, não é de Deus, você é degenerada igual seus filhos!

Ele entrou no quarto e colocou outras roupas, pegou sua carteira e saiu de casa.

Danielle foi ao banheiro, colocou água na boca e sentiu arder, os dentes haviam rasgado a bochecha por dentro com as pancadas, suas costas doíam, eu rosto estava cortado na bochecha, testa e lábio

— Eu tive que fazer alguma coisa — Léia disse — Não é muito, mas isso pelo menos resolve

Danielle olhou para a irmã, apenas fez que sim com a cabeça

— E agora? — Léia perguntou

— Eu vou embora — Danielle disse pensativa

— Pra onde? — Léia disse

— O tio Ariel tem uma casa, está vaga, vou morar lá

Léia ficou olhando encostada na porta do banheiro, parecia analisar Danielle

— E agora, você vai esperar a polícia ou vai trabalhar? — Léia perguntou curiosa

— Não quero ficar aqui, vou trabalhar — Danielle respondeu limpando os ferimentos

Léia desapareceu e voltou minutos depois com um pano

— Tó — Deu para ela

Danielle pegou e não entendeu, ouviu uma sirene fora da casa, barulho de pessoas conversando

— Chegou Léia disse, fica aí — Saiu da porta do banheiro

Danielle olhou o pano, era uma saia comprida, limpa, a dela estava suja, Danielle tirou a saia Jeans e vestiu a que a irmã deu, voltou ao quarto e dobrou sua saia, mesmo suja, pegou sua mala e começou a colocar suas poucas roupas dentro dela

— Danielle? — Um homem grande apareceu na porta acompanhado por uma mulher

— Eu — Ela respondeu

Era um policial, usando uniforme e com uma arma na cintura, a mulher também estava vestida igual

— Viemos atender o chamado, a senhora está bem? Quer ir conosco? — O Homem perguntou

— Obrigada por virem, mas eu não vou com vocês, eu preciso ir embora, preciso… — Ela respirou fundo — Sei lá, só não quero ficar aqui

— Podemos acionar a assistência social se a senhora não tem onde ficar, mas precisamos ir para a delegacia para registrar a ocorrência

— Eu não quero registrar a ocorrência, meu pai não é violento, não é a primeira vez que eu me visto assim e ele não concorda com isso, mas agora ele não tem opção — Danielle explicou fazendo a mala

— Sua irmã nos contou — A policial feminina disse — Não podemos forçar a senhora abrir a ocorrência, mas saiba que ela ajuda a conter homens violentos

— Eu sei, eu vou embora hoje e vou resolver isso de vez, agradeço demais a presença de vocês, só de estarem aqui me ajuda muito, obrigada.

Por mais de meia hora os policiais tentaram persuadir Danielle a ir com eles, mas ela não cedeu, fez as malas sob a supervisão dele e ligou para o Tio, os policiais acompanharam ela até a casa do Tio e conversaram com ele, ele se comprometeu avisar se algo desse problema.

Já eram quase onze horas da manhã quando a polícia e a platéia na rua e Danielle resolveu ir ao trabalho, deu uma retocada básica no seu visual e foi.

Chegou no prédio e deu bom dia ao porteiro, ele olhou para ela com desconfiança e deu um bom dia desconfiado

— Bom dia, a senhora vai aonde? — Ele perguntou desconfiado

— Eu trabalho aqui — Ela mostrou o crachá — Pode deixar

Entrou sem parar para explicar, pegou o elevador e parou no seu andar, respirou fundo e saiu.

Quando apareceu no escritório tudo pareceu parar, todos olharam para ela, engoliu a saliva, estava suando

— Bom dia — Falou forçando um sorriso e uma voz contente, mas sentia vontade de chorar.

Demorou alguns segundos para responderem, demoraram para entender quem era.

Danielle caminhou até sua mesa, puxou a cadeira e se sentou, sentia as pessoas olhando-a, olhares fixos, comentários baixinhos, teclas batendo, com certeza estavam falando dela por mensagens.

Sentiu-se incomodada de ser o centro das atenções involuntário, era como se tivesse matado alguém, levantou-se impaciente.

— Gente — Falou um tom de voz alto, sua voz falhou, estava nervosa, não havia planejamento, só queria se libertar — Posso ter a atenção de vocês? — Pigarreou, afinou a voz, havia treinado isso por anos — Melhor assim — Disse com uma voz mais feminina.

As pessoas já olharam para ela, prestando atenção

— Vocês estão vendo que eu estou diferente, acho que alguns de vocês desconfiavam que eu era Gay de alguma forma por que eu sempre fui afeminada — Observou as pessoas com cara de assustados — E eu não tenho problemas com isso, o fato é que eu não sou gay, nunca fui, eu sou uma Mulher Transexual e isso é bem diferente, pelo menos pra mim.

Ouviu o burburinho, sentiu medo, mas continuou a falar

— Eu não peço que aceitem ou que mudem suas concepções, apenas peço que me respeitem com isso, gostaria, se possível — Falou nervosa — Não me chamem mais de Moisés a partir de agora, meu nome de verdade é Danielle.

As pessoas ficaram imóveis, ninguém sabia o que dizer, o único movimento que ela viu foi o de um programador que ela falava pouco, mas gostava dele por ser muito bom no que fazia, parecia ser uma boa pessoa, ele deu a volta na baia, Danielle e todos do escritório observavam com atenção, ele era grande e largo, muito acima do peso, ela teve medo e deu um passo para trás lembrando da briga horas antes, apertou os punhos se preparando para algum tipo de violência

Ele estendeu a mão

— Prazer Danielle, sou o Fábio — Falou num tom monótono — Tem uma reunião agora sobre Bugs a gente tava esperando você, vamos?

Danielle sorriu

— Vou sim Fábio, o prazer é meu! — Sentiu um alívio

As pessoas começaram a andar para lá e para cá como se tivessem saído do transe, Fábio deu as costas e foi para a sala de reunião, Danielle pegou seu caderno e sua caneta e foi em direção à sala, viu Armando olhando para ela paralizado

— Bom dia — Ela falou vendo ele atônito

— Vai ser assim agora? — Ele perguntou assustado

— Vai sim, chega de fantasia de homem — Falou sem parar e ele a acompanhou

— Achei que essa fosse a fantasia — Ele disse confuso

— Não, essa sou eu de verdade — Ela disse olhando-o nos olhos

— Bem, a gente pode conversar, sair pra conversar? — Armando disse

Danielle parou e colocou a mão no peito dele

— Eu disse que acabou, preciso ficar comigo mesma, já tenho problemas demais sózinha, não quero trazer ninguém pra esse furacão

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Foto de perfil de Rafaela KhalilRafaela KhalilContos: 117Seguidores: 245Seguindo: 1Mensagem Autora Brasileira, escritora de livros de romances eróticos para quem não tem frescura

Comentários

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Ótimo conto,mostrou como e a vida real destas meninas ,poucas família aceita a transição

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Sim, é bem sofrida, com o tempo vamos ver ela sofrer mais, infelizmente, pois é realista, depois ela vence

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Rafaela... impressionante a descrição! Eu sendo um homem heterossexual jamais poderia imaginar essa experiência

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São nesses momentos da vida que as coisas começam a tomar outro rumo

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Sim, vdd. Saber da dor e o processo de outra pessoa ajuda a entender e respeitar as diferenças.

Li todos até agora e vou continuar lendo, a história tem me prendido e vc tem levado ela mt bem com sua maneira de escrever.

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