— Acho que você está apta sim Danielle, seus exames estão todos OK, podemos fazer no dia 19 mesmo a cir
urgia
Danielle deu um sorriso, o médico a sua frente era um famoso cirurgião plástico de São Paulo iria usar novas técnicas, aos ver as fotos das mudanças Danielle ficou radiante, se levantou para ir embora contente, parou na porta do consultório
— Posso dar um abraço no senhor? — Perguntou insegura
O médico era um homem corpulento, cabelos brancos, maduro, muito bem arrumado e aceado, deu um sorriso e abriu os braços, Danielle o agarrou
— Obrigada pela ajuda, to muito ansiosa por isso — Falou durante o abraço
— Você pode ficar tranquila, eu fiz isso centenas de vezes, as novas técnicas que vou aplicar em você são mais modernas, você vai ficar incrível!
Ela o apertou forte e largou.
— Está indo na terapia certo? — Ele perguntou interessado
— Estou sim, é hoje, saio daqui e vou direto para lá! — Ela respondeu animada
— É muito importante, você está fazendo direitinho, algumas pessoas tem medo de não se reconhecerem
Ele foi até a mesa e sentou no computador, a impressora imediatamente cuspiu um papel, ele deu à Danielle
— Entregue isso à sua terapeuta, ela pode me ligar se houver alguma dúvida
Danielle sorriu, agradeceu e foi embora contente, conversou brevemente com a recepcionista, pegou os papéis para levar no plano de saúde e dar entrada em todos os procedimentos.
Era um papel simples explicando como era a cirurgia de Danielle e possíveis pontos mais conhecidos de reação do paciente, ela não deu muita atenção havia pensado muito nisso, sabia como pensar e se preparar.
Danielle se sentia bem no metrô usando máscara, haviam poucas pessoas e a máscara protegia seu rosto de olhares que a pudessem identificar com algo masculino, saindo dali ela iria direto para a sua consulta.
Gostava que os homens a olhassem com curiosidade, com cilios negros e um delineado de lápis contornando e dando enfase em seus olhos castanhos.
Chegou ao prédio e entrou, aguardou na sala de espera até Priscilla aparecer
— Olha você aí! — Falou ao ver Danielle — Pode entrar — Fez um gesto mostrando a porta
Danielle entrou, sentou e tirou a máscara, Priscilla se ajeitou na cadeira e olhou para ela, analisou o sorriso
— Pelo visto você tem algo bom pra me contar, pode falar, estou curiosa
Danielle esticou a mão e deu o papel que o médico havia dado, Priscilla pegou e leu
— Minha cirurgia foi aprovada — Danielle falou contente
— Que bom, parabéns, vai ser logo? — Priscilla perguntou anotando em seu caderninho algumas coisas
— Dia 19 agora — Danielle disse contente
— Sim, está aqui — Falou se referindo ao papel — Nossa, pertinho, o que você está sentindo?
— Estou muito feliz, vai ser bem legal, vai resolver muitos problemas — Danielle disse acelerada
— E que problemas isso vai resolver? — Priscilla perguntou analitica
— Acho que agora meu visual vai mudar significativamente, vou ser mais passável
— Eu te acho passável já — Priscilla disse quase como reflexo
— Obrigada, mas não é assim, ainda tem muita coisa pra mudar — Danielle passou a mão no rosto — Meu queixo é muito largo, minha testa é pra frente, precisa aumentar a sobrancelha e tirar isso aqui — Apontou para o pomo de adão.
— E vai ter muitas cicatrizes? — Priscilla perguntou interessada
— Não — Danielle se inclinou para frente mostrando a testa — O corte vai ser aqui, bem no começo do couro cabeludo, aí vão tirar meu rosto, raspar tudo por baixo da pele
Priscilla fez uma careta de assustado
— Meu Deus, isso não te assusta? — Priscilla perguntou chocada deixando o profissionalismo de lado
— Assusta sim, mas eu preciso disso, além disso vou mexer nas maçãs do rosto, bochechas, queixo, testa, orelhas, nariz e tirar o pomo de adão
— O pomo fica uma cicatriz certo? — Priscilla perguntou curiosa — Um corte, eu já vi
— Não, a cirurgia nova, do jeito que vou fazer não, entra por aqui — Puxou o lábio inferior — Aí tira tudo e não fica nada de cicatriz
— Caramba, eu quero ver o resultado disso, vai ficar incrível
— Vai sim! — Danielle deu um pulinho — As coisas estão dando certo pra mim finalmente, falta pouco
Priscilla sorriu pela empolgação dela
— E o que falta agora?
— Um namorado que me ame e que não seja travequeiro — Danielle respondeu
Priscilla franziu a testa
— Travequeiro? — Perguntou tentando pensar no termo
— É, os caras que tem fetiche em mulher trans e que vem me procurar só pra sexo, por que tem fetiches no meu pau.
— Entendi — Priscilla respondeu pensativa — Entendi, e você tá procurando?
— Ah, procurando mesmo não, mas se aparecer eu queria que fosse um cara incrivel comigo, mas não quero alimentar esse tipo de sentimento
— Por que não? Não acha que vale querer o melhor para você?
— Acho que sim, mas tive tanta decepção, tanto fracasso — Danielle respondeu pensativa
— Você só fracassa se você desistir, se você continuar tentando ainda não fracassou, foi só uma derrota momentânea na jornada — Priscilla falou de forma natural
Danielle olhou para ela, pensou no que havia dito, balançou a cabeça afirmativamente devagar, processando
— Verdade né — Respondeu quase num sussurro pensando em tudo
— E qual foi a decepção que você teve que te fez pensar assim? em Fracasso, foi o fim com o Armando? — Priscilla perguntou curiosa
— Não, o lance com o Armando sempre foi complicado, mesmo no passado como agora — Pensou um pouco — Mas ele é passado de novo, eu penso muito no Antônio, no que poderia ter sido
— Antônio é o rapaz do caminhão o rapaz que te iniciou e te deu o vestido, certo? — Priscilla pediu confirmação
— Isso, meu primeiro — Pensou um pouco e ficou triste — Meu amor
— Você o ama? — Priscila perguntou analítica
— Amo — Respondeu quase como se tivesse vergonha - Infelizmente
— E você tem vergonha de amá-lo?
— Ele é casado Pri, eu não posso amar um homem casado — Danielle respondeu entristecida — Que tipo de futuro é esse? Eu sou cristã, não posso cobiçar o homem da próxima.
— Você é bem religiosa pelo que parece, mas falamos pouco sobre religião aqui — Priscilla disse pensativa — Algum motivo especifico?
— Não, acho que só não surgiu o assunto, sei lá — Danielle respondeu pensativa
— Sobre amar um homem casado, poder você pode, isso não tem limitação pra você, mas o que fazer com isso é que você precisa tomar cuidado, vocês já falaram sobre isso? Ele sente o mesmo que você?
— Eu sei, falamos já sim, ele disse que me ama também, me chama de amor da vida dele, mas é tudo tão complicado, ele não pode deixar a esposa, os filhos e eu não quero exigir isso dele, não seria justo com ninguém
— Não seria? Por que? — Priscilla perguntou tentando se aprofundar — Não seria justo com você ficar com o homem que você ama e que te ama?
Danielle olhou ofegante por um breve instante, depois fez um leve movimento negativo com a cabeça
— Ele quer, eu também mas é tudo tão complicado, a esposa está doente, ela ajudou muito ele a vida toda, abandonar ela agora seria muito cruel, ninguém aceitaria, ele perderia o apoio dos filhos que ele tanto ama entende? Não é fácil, eu jamais forçaria ele a fazer isso, perder os filhos quebraria ele.
— Entendo, mas e você, como fica?
— Eu espero — Danielle disse paciente
— Espera o que exatamente, a esposa morrer?
Danielle se assustou com a pergunta, mas não teve resposta, puxou o ar para respirar e soltou, abaixou a cabeça colocando os cotovelos nas coxas e segurando a cabeça com as mãos
— É, parece que eu sou uma monstra terrível, mas eu to esperando ela morrer sim e me sinto péssima por isso — A voz era abafada — Jesus me perdoe por isso, eu vou direto pro inferno — Danielle sussurrou
— Levanta a cabeça vai, olha pra mim — Priscilla disse tranquila, Danielle obedeceu — Desde que você não acelere esse processo, não vejo nada de mau nisso, isso não te faz uma má pessoa
— Não, não to acelerando nada, trato ela super bem, ela até sabe que temos algo, eu acho — Falou pensativa — Cara, você deve achar que eu sou muito escrota né?
Priscilla sorriu
— Meu trabalho é te ouvir, não te julgar — A voz era tranquila — Ela sabe? — Priscilla perguntou — O que ela sabe?
— Isso é mais complicado ainda — Danielle disse pensativa — Acho que preciso explicar meu relacionamento com o Antônio mais ainda antes de te falar o que ela sabe exatamente.
— Então explique — Priscilla se ajeitou na cadeira
*** Dezesseis anos atrás ***
A viagem estava maravilhosa, estavam chegando na cidade.
— Dani — Antônio chamou
— Hmm? — Danielle respondeu perdida nas páginas do livro, lembrou-se do que Antônio disse, para responder com palavras — Eu Dani sou eu! — Respondeu sorridente e animada arrumando o vestido nas pernas
— Estamos chegando tá, não vou parar para comer por que vamos direto pra casa da minha irmã e comeremos lá, ok? — Antônio olhava para ela e em seguida para a estrada, cuidadoso com a direção
— Tá bom, eu não to com muita fome ainda — Danielle respondeu
— Você combina com Danielle mesmo — Ele disse sorridente
Ela também sorriu, odiava seu nome excessivamente masculino
— Eu também gostei! — Ela respondeu
— Não gostava de Moisés? — Ele perguntou curioso
— Odeio esse nome, sempre odiei! — Ela respondeu mostrando uma raiva que nem ela mesma conhecia
— Entendi — Ele coçou a barba — Eu ia perguntar se você quer ser apresentada como Danielle ou Moisés, mas isso meio que já responde né?
— Eu não quero mais ser o Moisés, nunca mais! — Ela respondeu assustada — Eu tenho que ser o Moisés? Não né? — Danielle parecia estar em pânico
— Calma, aqui você pode ser o que você quiser, eu te apresento como Danielle e ninguém vai duvidar por que você parece uma garota mesmo, mas quando a gente voltar isso pode ser um problema — Antônio falou tranquilo olhando para ela e para a estrada — Já pensou nisso?
Ela olhou para ele, mas seu olhar desfocou, começou a pensar como seria isso, seu pai, sua mãe, seus irmãos, seus primos, tios, amigos, pessoas do bairro. O que eles pensariam? Como ela vestiria roupas de mulher? sua mãe e seu pai aceitariam? e na igreja? Jesus iria aprovar isso? Deus ia deixar ela fazer isso? Ela podia fazer isso?
— Ei, ei! — Antônio disse colocando a mão no peito dela — Calma, não respira tão rápido assim se não você vai ficar com problema, respira fundo e devagar
Ela obedeceu, Danielle não sabia, mas aquilo era um ataque de pânico, os dedos da mão ficaram dormentes e a boca começou a formigar
— Por enquanto deixa isso pra lá — Ele disse ajeitando o cabelo dela — Respira devagar e quando a gente voltar vamos resolver isso, tudo bem?
— Tudo bem — Ela disse entristecida
— Não confia em mim? — Ele perguntou acariciando o rosto dela
— Confio — respondeu ainda triste
— Sabe o que você precisa? — Ele perguntou sorridente
— O que? — Ela perguntou curiosa
— Dirigir um pouco — ele disse se afastando no banco e levantando o braço para ela ir até ele
Danielle sorriu e soltou o cinto, levantou-se e sentou-se no meio das pernas dele, agora era diferente, ela estava de vestido, ele a abraçou e a puxou para ele, ela sentiu algo duro a cutucando o bumbum, sabia o que era, mas concentrou-se no volante.
Ali, dirigindo, sentindo o corpo quente de Antônio ela se distraiu, em determinado ponto ela tirou as mãos do volante e se apoiou nos joelhos dele, Antônio a puxou para mais perto a abraçando, as mãos de Danielle ficaram pousadas nas coxas dele, era um homem moreno, coxas cabeludas, Danielle fez um breve carinho nos joelhos dele, olhando a estrada distante, sentindo a respiração pesada dele nos seus cabelos, sentiu-se bem, sentiu-se protegida
— Tudo bem? — Ele perguntou no ouvido dela
Ela sentiu o bafo quente
— Hmm rumm — Respondeu num murmúrio
A mão dele a agarrou pela barriga puxando-a mais ainda para ele, sentiu a respiração no pescoço e ganho um beijo que a fez arrepiar
— Você é cheirosa sabia? — Ele falou com a voz rouca
— É bom? — Ela perguntou se referindo ao perfume que usava, havia roubado da irmã
— Incrível — Ele beijou o pescoço dela e ela se arrepiou se encolhendo e rindo, sentiu uma cutucada ainda mais forte por trás, como por instinto ela se empurrou mais para a direção dele
Ele a soltou e mandou que ela ao banco do passageiro, parecia nervoso, bravo sem motivo
— Volta pro seu lugar! — Ele falou ríspido — Agora!
Ela voltou assustada, ficou no canto encolhida e resolveu perguntar
— Eu fiz alguma coisa? — Ela perguntou preocupada depois de alguns minutos
— Não! — Ele respondeu ríspido — Fez porra nenhuma, esse é o problema!
— Desculpa! — Ela disse inocente — O que você quer que eu faça?
Ele olhou para ela, parecia nervoso, ansioso, confuso, fez um sinal negativo com a cabeça
— Você não fez nada garota, tá tudo bem, preciso descansar só. — Assim que falou passou a mão no meio das pernas, Danielle viu o grande volume, ele apertou com a mão, mas não disse mais nada
Ela também sentiu algo coçar no meio das pernas e por instinto também passou a mão, se surpreendeu com seu penis ereto, sabia por cima o que era aquilo, mas não tinha certeza mesmo.
A criação religiosa de Danielle evitava a todo o custo o assunto do sexo, as crianças eram blindadas de qualquer coisa que envolvesse orgãos, sexuais, reprodução, sexualidade ou qualquer coisa que passesse perto disso.
O caminho foi silencioso, atravessaram uma pequena cidade e entraram um uma estrada de terra, lá longe Danielle viu algumas casas bonitinhas, pareciam novas, ele estacionou o caminhão e desligou, virou-se para Danielle.
— Tá tudo bem? — Ele perguntou soltando o cinto
— Tá sim — Ela respondeu desconfiada, com um pouco de medo
— Eu não queria ser ríspido com você, me desculpa tá — Ele disse mais carinhoso
— Tá bom — Ela respondeu ainda com medo
— Desculpa mesmo, você não fez nada de ruim, eu que estou cansado só, me dá um abraço? — Ele falou abrindo os braços
Ela se levantou e caminhou até ele, a cabine era larga e permitia o trânsito livre, ele a abraçou, e apertou, ela sentiu um beijo no pescoço, a barba áspera pinicando, mas não era ruim, ele deu um beijo na bochecha dela, arrumou o cabelo
— Tudo bem mesmo né? — Ele perguntou olhando-a nos olhos
— Tudo sim — Ela respondeu envergonhada pelo olhar invasivo
Ele se aproximou e deu um beijo nos lábios dela e sorriu
— Vou acreditar em você, agora estamos de bem — Ele disse — Certo?
Ela sorriu também
— Certo! — Respondeu
Desceram do caminhão, um casal veio os receber era a irmã e o cunhado de Antônio, ele apresentou Danielle como amiga da filha dele, explicou que a filha não pode vir por que estava doente e Danielle queria muito viajar de caminhão e que ia aproveitar para visitar uma tia, essa última parte era mentira.
Comeram na casa da irmã de Antônio, Danielle foi muito bem tratada, se ofereceu para lavar a louça quando terminaram
— Essa menina é muito educadinha hein Antônio — A irmã dele disse
— Sim, ela é muito linda, queria eu que a Patricia fosse assim, queria que ela fosse igual você Sonia, educada, mas é um bicho igual eu — Antônio disse enquanto Danielle lavava a roupa e todos riram
— Ela tá meio indomada, são os meninos — Disse Sônia e se virou para Danielle — E você Dani, tá namorando já?
— Eu? — Ela respondeu olhando para Sônia e ficando envergonhada imediatamente — Não
— Ah, eu duvido! — Sonia disse se levantando e começando a secar os pratos que Danielle lavava — Bonitinha assim deve estar cheia de pretendente já, não tá não?
— Danielle riu envergonhada
Antônio observava sorridente
Terminaram de lavar e guardar a louça, Antônio disse que ficariam em sua casa, então foi com Danielle, era do outro lado da rua, as casas eram idênticas, ao entrarem ela se surpreendeu
Haviam móveis, roupas, era como se alguém morasse ali, não parecia fechada
— Vocês moram aqui? — Ela perguntou confusa
— Não, meu plano é me mudar para cá quando eu ficar velho, comprei essa casa e quando venho viajar a família vem comigo e moramos aqui por um tempo
Danielle ficou pensativa olhando em volta carregando sua mala de roupas
— Vem aqui, deixa eu te mostrar uma coisa que estava pensando — Antônio a chamou pelo corredor e abriu a porta do quarto
O que ela viu a deixou maravilhada, paredes brancas com móveis cor de rosa, uns quadros de desenhos e uma foto de Patricia em uma escrivaninha
— Esse é o quarto da minha filha, sua amiga Patrícia — Ele disse ao vê-la entrar hipnotizada
— É lindo, eu sempre quis um quarto assim! — Ela falou olhando em volta — É tudo rosa, eu adoro rosa!
— Que bom — Ele abriu o guarda-roupas — Acho que vocês são do mesmo tamanho ou quase, tem muita roupa dela aqui, bastante rosa — Ele mostrou o armário
Danielle se aproximou e tocou, eram macias, femininas, renda, babado, ursinhos, diversos tons de rosa
— Eu posso usar? — Ela perguntou curiosa
— Claro que pode, te trouxe aqui pra isso, mas só se você me prometer uma coisa — ele disse
— O que? — Ela perguntou preocupada
— Quero que prometa que não vai contar pra ela, por que ela não gosta que mexa nas coisas dela, é chata como eu
— Prometo, prometo! — Respondeu ansiosa
Ele sorriu e acariciou o rosto dela
— Tá bom então, vamos tomar um banho e trocar de roupa pra gente dormir
— Tá bom! — Ela respondeu animada
Ele saiu do quarto, ela pegou a mala e tirou suas roupas, todas masculinas, com exceção do vestido que usava, olhou no armário, acho uma espécie de pijama, baby doll e o pegou, era de seda, cor de rosa com morangos engraçados com rostinhos e uma borda rosa escura, passou no rosto e sentiu a temperatura do tecido, era gelado
Abriu a gaveta e viu as calcinhas e meias, tocou e olhou em volta preocupada, pegou uma e olhou, era diferente de uma cueca, já havia visto da sua irmã, havia vestido uma, mas era muito grande, aquela era pequena, serviria, ficou com medo, mas pegou uma, uma toalha e a roupa.
Saiu pelo corredor procurando o banheiro, olhou em volta e não viu Antônio, se aproximou e a porta estava aberta, ele estava dentro, olhando-se no espelho usava apenas a bermuda negra.
— Olha, achou o banheiro, demorou — Ele disse animado tirando a bermuda e ficando completamente Nu
Danielle não pode evitar de olhar para o meio das pernas dele, já tinha visto, achava bonito, mas sentia vergonha
— O que foi? — Ele perguntou — Não quer tomar banho junto? Achei que a gente fosse amigo
Ela não respondeu
— Bem, se você não quiser tomar banho comigo por ser uma menina eu tentando, mas vou ficar triste — Ele respondeu desanimado
— Não — Ela respondeu rápido — Eu tomo sim
Colocou a toalha e as roupas na prateleira de madeira e puxou o vestido tirando por cima da cabeça, usava apenas uma peça de roupa íntima
Ficou parada envergonhada, Antônio se abaixou e tirou a peça deixando-a nua
— Ta tudo bem, você é minha amiga, não é? — Ele perguntou animado
— Sou — Ela respondeu envergonhada
— Então vem! — Ele deu as costas, ela viu o corpo todo peludo, achou curioso, não havia olhado assim em detalhes, era bonito, forte, um pouco definido
Ligou o chuveiro e viu a temperatura, chamou-a para dentro do box e fechou a porta
— Você vai ter que usar sutiã hein — Ele disse ao entrar na água
— Vou? — Ela perguntou curiosa
— Mulher usa né, tem que usar
— Eu não tenho! — Ela disse pensativa
— Tem da minha filha, pode usar, a gente escolhe um bonito pra você
— Tá bom — ela respondeu e olhou para o próprio peito — Mas eu não tenho seios
— Não tem problema, você é uma mocinha, mocinhas usam sutiã, quando seus peitos crescerem você vai estar acostumada
Ela sentiu uma felicidade imensa ao ouvir isso, sorriu contente, parecia que ia explodir
— Tá, você gosta de ser menina, já entendi — Ele falou jogando água na cara dela, ela se encolheu sorridente — Agora vem tomar banho! — Ele falou puxando-a pela mão
Ela deu um gritinho fino pelo susto, mas foi divertido.
Antônio pegou o sabonete e começou a ensaboar Danielle, vamos menina, banho bem tomado, aqui é quente e a gente sua muito, deu um sabonete para ela, ela continuou a se ensaboar, mas com uma mão protegendo o pênis.
— Tira a mão daí — Antonio disse apontando — Ta com vergonha de mim? A gente se viu já
Ela tirou a mão parecendo desconfiada
— Eu acho que você não tá lavando aí hein — Ele disse — Tem que lavar a assim — Pegou no próprio pênis e puxou a cabeça para fora, era arroxeada, a pele escura parecia enorme para Danielle, ela olhou e sentiu borboletas dentro do seu estômago, ficou ofegante — Anda, faz assim no seu, tem que lavar certinho
Ela olhou para baixo, seu penis era pequeno, a pele branca, puxou a cabeça para fora, era vermelha quase cor de rosa, passou o sabonete e a mão ensaboada lavando
— Isso, tem que lavar certinho se não dá doença — Ele disse sério
Ela olhou para ele curiosa
— Isso, doença mesmo, se não lavar fica doente, você quer ficar doente? — Ele perguntou sério
— Não, não quero — Ela respondeu pensativa — Se ficar doente aqui o que acontece?
— Se ficar com o pinto doente vai doer muito muito — Ele disse num tom mais infantil
— Pode cair? — Danielle perguntou envergonhada — Quero dizer, se eu não cuidar ele pode cair de mim?
Antônio tomou um susto, entendeu o que ela dizia, entendeu que era o desejo dela, ele só tinha um conhecimento superficial disso, mas prometeu para si mesmo que iria procurar saber mais para ajudá-la
— Não querida, não vai cair, só vai te causar muita e muita dor, mas não cai não — Ele respondeu
— Ah — Ela respondeu triste — Tá bom
— Então lava direito tá? — Ele falou sorrindo
— Tá bom — Ela respondeu entristecida, ao abaixar a cabeça viu o penis de Antônio — Eu vou ficar assim?
— Assim como? — Antônio perguntou confuso
— Grandalhão assim igual você — Danielle perguntou sem olhar para ele
— Não sei, mas o seu vai crescer bastante ainda, você é novo, um menino — Ele pensou no que disse — Uma menina, desculpa
— Meninas não tem penis, meninas tem vagina, eu não sou uma menina — Danielle disse de forma ríspida parecendo repetir palavras que não eram suas— Eu nunca vou ser uma menina — Ao falar isso seu rosto ficou vermelho
— Ouu ooouuu — Antonio disse chamando a atenção dela — O que é isso? Você não quer mais?
— Eu quero, mas eu não vou ser nunca
— Quem te falou isso pra você Dani?
*** No consultório ***
— Quem te falou isso pra você Dani?
Danielle sacudiu a cabeça, parecia assustada, olhou em volta, entendeu onde estava.
— Eu, eu… — Ela disse confusa, viu o copo de água estendido em sua direção
— Respira fundo e devagar, isso é um ataque de pânico, calma, prende o ar e solta — Priscilla falou tentando acalmar Danielle
Danielle obedeceu
— Toma um gole disso — Priscilla disse oferecendo o copo de água
Danielle pegou e tomou um gole pequeno, Priscilla incentivou e ela tomou mais. Continuou a controlar a respiração até que levantou a cabeça
— Desculpa — Falou envergonhada ao tentar se acalmar acalmar
— Não precisa se desculpar, mas eu quero saber, o que houve naquela noite?