Danielle: Trans, Evangélica - Capítulo 07 - Aconteceu

Um conto erótico de Rafaela Khalil
Categoria: Trans
Contém 2433 palavras
Data: 01/09/2024 19:17:52
Última revisão: 01/09/2024 20:08:30

— Aquela noite foi especial pra mim — Danielle disse pensativa, distante, olhou para o relógio — Mas acho que já deu o horário

Priscilla olhou também

— Sim, já deu, mas vamos continuar, não se preocupe com o horário, me conta, o que aconteceu

Danielle respirou fundo e tomou outro gole de água

*** Dezesseis anos Atrás ***

Danielle colocou o pijama, olhou-se no espelho, estava incrível, linda.

Sentou-se no quarto penteando os cabelos olhando tudo o que podia

— Opa, tudo bem aí? — Antonio apareceu na porta

Ela olhou interessada

— Tudo — Respondeu

— Deu uma acalmada? — Ele entrou no quarto, usava apenas uma bermuda

— Sim, agora estou mais calma, obrigada por me acalmar

— Já tá tarde, hora de você ir pra cama — Antônio disse pegando-a no colo, ela riu divertida, colocou-a na cama — Pronto

Danielle se divertiu com o carinho, a mão dela deslizou pelo rosto dele, acariciou, ambos ficaram em silêncio, ela sentiu a textura da barba dele.

— Quer conversar sobre algo? — Ele falou enquanto se olhavam

— Você é bonito — Ela falou sem pensar, arrependeu-se imediatamente

Ele sorriu

— Você que é linda — Ele respondeu acariciando o rosto dela também, respirou fundo — Mas agora vamos dormir, porque amanhã vamos ter um dia cheio.

— Para onde vamos? — Ela respondeu se cobrindo

— Descarregar, amanhã bem cedo, vamos pegar uma fila grande, não faz diferença ir hoje ou amanhã, vai ser bem cansativo

— Ta bom, boa noite — Ela disse

Antonio se aproximou para beijá-la, Danielle se adiantou e deram um selinho, ambos ficaram estáticos, Antônio se levantou e foi embora apagando a luz.

Danielle ficou pensativa e adormeceu, durante a madrugada sentiu vontade de ir ao banheiro, levantou-se sem acender nenhuma luz, mas era muito escuro, acendeu a luz do banheiro e entrou, fez suas necessidades, ao sair olhou no corredor, a porta do quarto de Antônio estava aberto.

Danielle se aproximou, ele estava deitado de costas para a porta, viu o contorno do seu corpo coberto por um lençol fino, parou na porta observando, ele se virou devagar, de olhos abertos e olhou para ela.

Tirou o lençol, estava nu, bateu na cama chamando-a, ela se aproximou da beira da cama e se sentou de costas pra ele.

Antônio a puxou abraçando-a junto ao seu corpo

*** No consultório ***

— Dani, você tem ideia do que é isso, certo?

— Abuso né? — Danielle respondeu assertiva

— E o que ele fez com você? — Priscilla parecia assustada

— Ele tirou minha roupa, me deixou nua e me abraçou — Danielle respondeu pensativa, cuidadosa

— E ele… — Priscilla não continuou

— E foi só isso, ele ficou de pau duro sim, enfiou no meio das minhas coxas e foi só isso, dormimos assim essa noite. — Danielle completou

Priscilla respirou aliviada

— Achei que você tivesse perdido a virgindade com ele, como você havia sugerido

— Sim, foi com ele, mas não foi ali — Danielle disse nostálgica

*** Dezesseis anos antes ***

Antônio e Danielle já estavam no caminhão chegando ao local, a fila de caminhões parecia interminável

— Meu Deus, quantos caminhões tem aí? — Danielle disse observando Antônio com ar cansado

— Mais do que eu gostaria, vamos ficar aqui talvez até amanhã cedo — Antônio disso — O Bom é que tem coisa pra fazer, comer e tudo mais em volta da gente

Referiu-se aos vendedores ambulantes e tudo o mais que existia em torno dos caminhões.

Mesmo assim, não havia muito o que fazer, a cada hora o caminhão andava poucos metros, eles conversaram, brincaram, comeram, beberam, leram, fizeram jogos, andaram pelas barracas, mas acabaram voltando ao caminhão e o sol não havia se posto

— Que chato — Danielle disse uma hora quando havia se cansado do seu livro

— Tá sim, bem chato — Antônio passou a mão no peito dela — Você usou o sutiã, queria te falar que ficou bonitinho

Ela sorriu envergonhada

— Obrigada — falou arrumando o cabelo

— Dani? — Antônio perguntou pensativo

— Eu — Ela respondeu abaixando o livro e prestando atenção

— O que você achou de ontem? — Ele perguntou apreensivo

— A casa era linda, sua irmã foi legal, as roupas da Patrícia são incríveis, tá tudo ótimo pra mim

— Não, não disso — Ele coçou a cabeça — sobre você vir dormir comigo

— Ah, isso — Ela desviou o olhar, sentia vergonha daquilo, não sabia por que, mas parecia errado

— Você sabe o que é sexo? — Antônio perguntou

— Sei — Ela respondeu olhando para baixo

— Você já fez sexo alguma vez?

Ela fez que não com a cabeça, ainda desviando o olhar

— Você quer fazer? — Ele perguntou

Danielle ficou calada

— Tudo bem se não quiser fazer comigo — Antônio completou

— Não! Eu quero! — Ela disse com uma pontada de desespero — Eu não sei

— Não sabe se quer? — Ele perguntou

— Eu acho que tenho que esperar até me casar, eu não quero engravidar igual minha prima — Danielle respondeu assertiva

Antônio sorriu, deu uma breve risada contida

— O que foi? — Danielle não gostou do tom dele, sentiu-se mal

— Você não pode engravidar meu amor, seu corpinho é de homem, você não tem um útero

Ela olhou confusa pra ele, a respiração pesada

— Não tem uma vagina, o bebe sai pela vagina — Antônio disse tentando simplificar

— Vagina é o negócio da mulher, né? — Ela falou pensativa

— Sim, é — Ele concordou

— E como faz? — Ela perguntou curiosa

— Como faz o que? — Antônio disse sem entender exatamente ao que ela se referia

— Como faz sexo? — Ela perguntou — Se eu não sou uma mulher mesmo, como a gente pode fazer sexo?

Ele sorriu

— Tem mil jeitos, não é só homem e mulher que fazem sexo, dois homens, duas mulheres, varias pessoas

Danielle parecia horrorizada

— Várias? — Perguntou curiosa

— Sim, mas deixa isso pra lá, normalmente o pênis entra na vagina — Antonio disse

— Eu não tenho vagina, você sabe — Ela respondeu entristecida

— Por isso tem outro jeito, vamos ter que fazer igual os homens fazem, os amigos fazem entre si

— E como fazem? — Ela perguntou ainda curiosa

— No bumbum — Ele respondeu

Ela colocou as mãos no próprio bumbum

— Como assim? — Ela perguntou confusa

*** No consultório ***

— Para um pouco por favor — Priscilla se levantou e foi até o bebedouro, pegou dois copos de água, abriu o armário e pegou uma caixa com chocolates, colocou tudo na mesa de centro — Desculpe, esse relato é um pouco tenso

— É pesado, eu sei, quer que eu pare? — Danielle disse preocupada com a psicologa

— Não, eu preciso saber o que aconteceu, mas sem tantos detalhes nessa parte específica

— Tá bom, o que aconteceu em seguida você deve imaginar

— Vocês transaram? — Priscilla perguntou direta

— Sim, conversamos durante horas, eu fui para o colo dele e nos beijamos, foi meu primeiro beijo

— Certo, você já tinha compreensão do que era isso?

— Não sei ao certo, hoje acho que tinha, mas antes eu tinha visto meus irmãos beijando os namorados, mas foi diferente

— O que você sentiu? — Priscilla perguntou — Medo?

— A princípio sim, medo, angústia, ansiedade, mas no segundo que as línguas se tocaram eu senti amor, ele me abraçou

— Você se sentiu segura? — Priscilla perguntou curiosa

— Sim — Danielle pensou um pouco — E o que aconteceu em seguida foi até bem rapido

— Ele te machucou? — Priscilla perguntou preocupada dando um bombom para Danielle

Ela pegou, abriu cuidadosamente e mordeu, deixou o chocolate derreter na boca

— Ele tirou toda minha roupa, era dia, as janelas estavam abertas, fiquei envergonhada, mas o caminhão era alto então ninguém via a gente mesmo no banco do motorista, então ele me levou para a boléia, a cama.

Priscilla parecia nervosa, também comendo chocolate e tomando água

— Ele pegou um tubinho e me mostrou, disse que era lubrificante, para tudo ficar melhor

— E o que você disse sobre isso? — Priscilla parecia preocupada

— Pri, quer que eu continue mesmo? Tô te achando tensa demais com isso — Danielle disse preocupada

— Sim, você tem que continuar, não se preocupe comigo — Priscilla disse — Eu estou preparada para ouvir, meu sentimento não vai interferir em algo que já aconteceu.

— Certo — Danielle comeu o outro pedaço do bombom — Ele passou o lubrificante em mim, achei gelado, mas depois acostumei, ele me mostrou o negócio dele, estava maior do que antes, fez eu pegar

— Você o masturbou? — Priscilla disse

— Não, só peguei, não sabia direito como fazer

— Você não havia se masturbado ainda? — Priscilla perguntou curiosa

— Não, nessa época eu nem encostava no meu pênis, eu não queria muito contato — danielle respondeu bebendo um gole de água — Não que isso tenha mudado hoje, mas na época era pior

— Entendo — Priscilla respondeu também mastigando um bombom, apreensiva

— Mas eu achei legal — Danielle disse — A atenção era toda minha, o negócio dele era quente, era diferente pra mim, legal, aí ele pegou uma camisinha e colocou nele, eu só entendi o que era aquilo um tempo depois, aí me puxou para o colo dele.

— Te machucou? — Priscilla perguntou preocupada

— Anos depois ele me disse que passou mais coisa além do lubrificante, ele passou um atordoador anal — Danielle disse — Bem, o fato foi que ele fez eu sentar nele e foi a primeira vez que alguém entrou em mim

— E o que você sentiu? — Priscilla perguntou com a testa enrugada

— Desfaz essa expressão Pri, por favor — Apontou para a testa — Vai deixar marca aí, não precisa ficar tensa, não tenho sentimento ruim com esse dia.

Priscilla respirou fundo, sentia-se mal

— Certo — tentou relaxar a face — continue

— Ele me comeu — Danielle disse — Chega de detalhes?

— Me conte até onde você se sentir confortável

— Certo — Danielle disse — Eu guardo isso com a minha primeira vez, foi meu primeiro beijo, meu primeiro amor, meu primeiro homem, perdi a virgindade com ele, no começo doeu um pouco, mas confesso que na terceira vez que ele repetiu o movimento já tava bom demais, tanto que eu tive meu primeiro orgasmo e minha primeira ejaculação

— Você gozou? — Priscilla perguntou e sacudiu a cabeça — Desculpe, você….

— Sim, gozei, meu corpo parecia que ia explodir, ele não parou e também fez, dentro de mim

— Você sabe que isso foi um estupro, abuso, que isso colocaria ele na cadeia por anos certo? — Priscilla disse severa

— Eu sei — Danielle respondeu serena

— Não sabe não, pelo visto você não entendeu a gravidade dessa situação Danielle

Dani olhou apreensiva

— O cara te estuprou, de aliciou, te dominou e te marcou para sempre — Priscilla disse nervosa

— Eu não vejo como algo negativo — Danielle disse tranquila

Priscilla bateu no braço do sofá

— Mas é negativo caralho!

A atitude surpreendeu Danielle, ficou olhando para ela por alguns segundos

Priscilla colocou as duas mãos no rosto

— Desculpe, eu, eu — Disse apreensiva — Eu deixei-me envolver, você era uma criança, esse cara merecia estar preso.

— Pri — Danielle disse chamando a atenção dela — Posso terminar a história?

Priscilla engoliu seco

— Pode — Respondeu incerta

— Quando terminamos fomos dormir, acordei com ele chorando — Danielle disse nostálgica

— Por que chorando? — Priscilla disse — Arrependimento?

— Sim, ele disse que não devia ter feito isso, que tinha acabado com a minha vida e que ele merecia a morte

— E o que você fez? — Priscilla disse preocupada

— Eu subi em cima dele e transei de novo com ele — Danielle respondeu tranquila

— Por que? — Priscilla disse

— Por que eu gostei, me senti mulher, até aquele momento eu não tinha a certeza, a partir dali eu sabia, era aquilo que eu seria e nada me tiraria isso da cabeça

— Isso não tira a culpa dele, ele era vinte anos mais velho que você, isso continuou depois que vocês voltaram?

— Essa foi outra preocupação — Danielle disse pensativa — Quando voltamos eu insisti em usar o vestido, isso deu problema para todo mundo, meu pai foi tirar satisfação com Antônio, claro que eu não contei sobre o sexo, mas eles acabaram brigando.

— Brigando por que você estava de vestido? — priscilla perguntou

— Por que eu disse que o Antônio havia me comprado e eu disse que ele me chamava por um nome feminino, por que combinava mais comigo, mas eu não disse qual era o nome.

— E como sua mãe reagiu? — Priscilla perguntou curiosa

— Ela me bateu — Danielle respondeu — E quando meu pai voltou, estava nervoso, alterado e me bateu novamente.

— Certo — Priscilla disse — Acho que chega por hoje

— Tudo bem, você está bem? — Danielle perguntou passando a mão no joelho de Priscilla

— Não se preocupa com isso — Priscilla pegou na mão de Danielle — É o meu trabalho, eu vou ficar bem

Danielle sorriu e se levantou

— Então tá, obrigada por me ouvir, isso foi bem estranho

— O que foi bem estranho? — Priscilla disse pensativa

— Eu nunca tinha falado isso pra ninguém, é a primeira vez que eu pensei nisso de verdade

— E o que você sentiu? — Priscilla perguntou também em pé

— Não sei ao certo, acho que dói um pouco, não sei — Danielle respondeu

Horas depois

Priscilla havia chegado em casa, comigo, tomado um banho, conversado com seu marido e havia se deitado, era uma e quarenta da manhã quando o celular tocou, era Danielle, não costumava atender fora do horário, mas atendeu

— Alô, Dani? — Priscilla atendeu e não ouviu nada do outro lado da linha, apenas um murmúrio — Dani, tudo bem?

— Não — A voz era chorosa

— O que houve? — Priscilla perguntou — Onde você está?

— Estou em casa — Danielle disse

— Está sozinha? — Priscilla perguntou preocupada

— Sim, estou — Danielle respondeu entristecida

— O que aconteceu? — Priscilla estava preocupada — Você está bem?

— Eu estive pensando no que que te falei, na minha primeira vez e eu acho que sou uma pessoa horrível, eu deveria sentir algo negativo, deveria odiar ele por tirar minha virgindade tão cedo, mas eu não consigo sentir raiva nem mágoa, eu amo ele e eu odeio isso — ela chorou copiosamente no telefone

— Olha, se acalma — Priscilla disse preocupada — Não se martirize pelo que você sente ou deixa de sentir, você é apenas você e sua situação não representa mais ninguém, só você

— Eu sou uma pessoa terrível, eu vou pro inferno — Danielle disse preocupada

Priscilla quase riu da preocupação dela

— Não vai não Dani, você sabe — Priscilla disse tentando manter a calma — Você não é uma pessoa terrivel

O marido acordou e viu que ela falava com uma paciente, voltou a dormir.

Elas conversaram por mais alguns minutos e combinaram que Danielle iria para o consultório na manhã seguinte para continuarem a conversa, convenceu Danielle a tentar dormir e se acalmar.

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É isso gente, essa historia está no capítulo 32, postei os primeiros aqui para saber se vocês tem interesse em lê-la.

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A vida de escritora erótica não é facil, preciso da ajuda de todos vocês.

Beijinho Rafa.

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Foto de perfil de Rafaela KhalilRafaela KhalilContos: 117Seguidores: 244Seguindo: 1Mensagem Autora Brasileira, escritora de livros de romances eróticos para quem não tem frescura

Comentários

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Muito boa esta série, bem escrita e narrada, PARABÉNS.

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