A Dama de Vermelho.
Era assim que alguns a chamavam. Os mais gentis, é claro.
A Doidinha.
Esse era o seu apelido mais comum.
Quem, senão uma completa maluca, se caminharia pela noite desacompanhada?
Ainda mais uma delicinha como aquela.
Estava pedindo para ser estuprada.
A ruiva transitava pelo Centro Velho como se, de fato, o Império da Lei subsistisse na cidade, como se fosse seguro fazer isso.
O leve cintilar rubro de seus cabelos e o esmeraldino de seus olhos chamavam atenção por onde quer que fosse.
Cabeças se entortavam para acompanhar seu passeio noturno.
Dois homens passaram a segui-la.
Ela nem parecia notar sua presença.
Eles foram sua sombra por alguns quarteirões.
O mais novo e afoito puxou a faca, a pica já quase incontida nas calças.
O mais velho, vigiava. Não tinha ninguém para ouvir os gritos. Ninguém para se importar.
As pessoas do Centro cuidam da sua própria vida. Se uma vadia era pega, o problema era dela. O governo que cuidasse da segurança, eu tenho é que pagar minhas contas.
Eles a arrastaram para o beco escuro.
A vagabunda sorria.
O mais jovem prensou sua carinha de puta contra a parede.
A putinha tava sem calcinha.
Ela queria aquilo.
Pois bem, tanto melhor.
O pau entrou rasgando a bolsetinha molhada. Uma leve e continuada ardência acompanhou o arrombamento, mas o mais jovem nem se importou. Ser macho era suportar um pouco de dor.
“Minha vez”, disse o mais velho, mas o jovem não cedia. Então teve que ser tirado à força.
A ruiva foi deitada no chão sujo e o mais velho montou.
A pica entrou queimando e o risinho infantil dela foi calado com um beijo selvagem. Tudo nela ardia, a xaninha apertada, a língua, o olhar feroz.
O orgasmo veio rápido e brutal. Uma explosão. Algo se rompendo. E logo depois, a fraqueza, a sonolência.
Um certo desalento ao perceber que seu pau murcho estava coberto de sangue. Um incômodo. Mas seus olhos estavam pesados demais para pensar nisso.
A dama de escarlate puxou o mais jovem pelos cabelos, como se ele fosse um menino levado.
Nas noites pós-contemporâneas, caçar era muito fácil.
Ela ajeitou a piquinha do mais jovem na vagina dentada e o mordeu mais uma vez.
A excitação tentava fazê-lo ficar duro, enchendo-o de sangue. O líquido vital esguichou farto dentro dela até que seu coração não aguentou mais bombear e parou.
Foi até o mais velho e repetiu o processo.
Depois, quando seus paus já não passavam de tripinhas flácidas que jamais se levantariam de novo, ela os chamou de volta.
Não havia mais uma alma completa em seus cadáveres, somente ecos do que fora outrora uma consciência, mesclados com a tão familiar ressonância espectral.
Aos zumbis foi ordenado perambular pelas ruas como mendigos. Se juntar aos outros.
A bruxa de cabelos de fogo se esqueceu deles tão logo os dispensou.
Assim como o esperma e o sangue, agora seus olhos lhe pertenciam. Milhares de olhos, espalhados pelas ruas da cidade. Diferente dos mendigos comuns, os zumbis não pediam esmolas, não enchiam o saco. Só observavam os vivos, em toda parte, completamente ignorados pelos cidadãos de bem.
Ao passar pela praça, o mesmo rapaz de sempre quedava pensativo no banco.
Fazia semanas que ela cruzava com ele.
Nenhuma cantada, nenhuma gracinha, nem mesmo um olhar mais prolongado.
A bruxa escarlate se sentou ao seu lado e puxou conversa.
A despeito do perigo, ambos gostavam de perambular pela noite.
A noite os chamava. Eram filhos do vento. Espíritos livres.
Conversaram até de manhã, quando o jovem a convidou para tomar o desjejum na padaria, mas ela recusou.
Quando os primeiros raios de sol chegaram à praça, ela desapareceu como um sonho bom.
O rapaz tomou seu café e foi trabalhar. Mais uma noite em claro.
Fazia semanas que ele não conseguia dormir.
Não à toa já estava conversando com amigas imaginárias.
Trabalhou roboticamente.
Voltou para casa. Pediu para si uma pizza. Tomou banho. Trocou de roupa. E, atendendo o chamado da noite, voltou para as ruas.
Dessa vez, a noite queria que ele fosse para a comunidade.
Um tanto apreensivo, ele caminhou entre as ruelas e os barracos.
Centenas de olhos sem tetos o observavam nas sombras.
Numa viela sem saída, havia uma porta que não combinava com as demais. Era bem feita, muito bonita, com design antigo. Como se tivesse sido removida de uma mansão e colocada ali, ainda há pouco.
Através dos olhos dos mortos, a bruxa ruiva o viu se aproximar da porta. Viu o sorriso em sua face por ter descoberto esse segredo no cu da madrugada.
“Por que não entra?” ela sussurrou no seu ouvido.
Ele ficou um tanto surpreso ao senti-la tão próximo. Mas não assustado. O permanente cansaço e a alienação de noites insones fazia com que o rapaz perambulasse entre o mundo desperto e a terra dos sonhos.
De mãos dadas, os dois atravessaram a porta.
Ela dava para um jardim. E um casarão abandonado descortinava-se por entre as árvores.
A ruiva o guiou através dos cômodos.
O deitou no chão.
O despiu.
Tomou sua pica dura entre as mãos e a levou até sua bolseta, mas não o mordeu. Enquanto o rapaz gemia com o líquido ardente a lhe queimar a rola ela o media com seus pistilos.
O veneno verdoengo ao mesmo tempo estimulava o prazer do mortal, o narcotizava e tirava da pica sua sensibilidade. Assim, quando os pistilos dentro da bolseta da bruxa lhe rasgaram a uretra, não foi dor que ele sentiu, mas prazer. O tesão fê-lo movimentar os quadris e o sangue inundou a xoxota faminta. O pênis do rapaz, dilacerado, se abriu como uma flor e, numa rebolada, a bruxa lhe devorou as bolas.
O orgasmo veio fulminante, a porra sendo sugada junto com o sangue.
“Delicioso” — ela pensou.
— Vou mijar na sua boca — ela anunciou, mas ele já não distinguia as palavras.
A urina de alto teor alcoólico o atingiu na face, o afogando e queimando suas narinas. A bruxa puxou sua boca contra a bolseta, num último beijo.
— Bebe meu mijozinho verde, bebe.
Conforme o líquido ardente dimanava por dentro do seu corpo, ele realinhava sua carne. O pau dilacerado voltou a ficar inteiro e ereto. Uma força descomunal tomou conta do rapaz.
Os olhos se abriram e ele viu o mundo pela primeira vez como um faminto.
O sono foi afugentado e, pela primeira vez em semanas, ele se sentia cheio de energia.
Ele pegou a ruiva de quatro e comeu beijou sua vagina dentada com a pica. Ela o boqueteava e era fodida ao mesmo tempo.
Depois ela veio por cima.
— Me fode gostosinho assim, fode — ela o estimulava.
Ela rebolava gostoso no seu pau, as garras dela marcavam suas costas. Ele a puxou pelos cabelos e enfiou as presas naquele pescocinho delicioso e o sangue jorrou farto.
Sem conseguir mais aguentar, ele anunciou o orgasmo.
— Goza dentro da minha buceta, goza amor. Me enche com seu leitinho, vai.
O orgasmo foi brutal, mas seu pau não amoleceu.
A putinha de olhos verdes sorriu e ficou de quatro.
— Mete no meu cuzinho, vai. Me fode com força, fode.
Ele meteu com vontade e a puxou pelos cabelos.
— Fode esse cuzinho gostoso, fode. Come esse rabinho que é só seu, vai. Ai que gostoso levar rola assim. Vou querer essa pica no meu cuzinho toda noite agora. Fode sua putinha, vai. Fode com força.
Logo, ele estava gozando de novo.
E sua pica continuava dura.
Ela o chupou, olhando nos olhos e falou putarias até que ele gozasse de novo. E de novo. E de novo.
E cada vez que suas forças se esvaiam, ela o alimentava com seu mijo verde.
— Bebe meu mijozinho, bebe gostosinho assim, bebe.
Semanas depois, a bruxa permitiu que ele ir atrás de suas próprias presas.
A primeira foi uma puta loirinha mignon por quem ele se encantou.
Ele a comeu a noite toda, se alimentou dela e depois a chamou de volta dos mortos, mandando-a para as ruas com seus irmãos. Mais um par de olhos para a deusa escarlate.
Meses se passaram até ele perguntar o motivo de tê-lo escolhido.
— Não escolhi — ela disse — a noite te escolheu. Eu só te mostrei o caminho.
A noite nunca mais foi a mesma para aquele rapaz.
Agora ele se sentia integrado à ela, parte dela. Não era mais um andarilho envolto pelas sombras. Ele agora era a escuridão.
E a deusa ruiva era sua mestra.