E como prometido, o final.
Espero que curtam.
Forte abraço,
Mark
Nós três nos entreolhamos e começamos a rir da situação. Logo depois, a campainha tocou e fui atender a porta, já imaginando serem as nossas pizzas. Para a minha surpresa, era o Valentim, que pareceu tanto quanto ou mais surpreso do que eu:
- É… Hã… Boa noite. Eu… é… a Andressa… ela está? - Gaguejou feio.
[CONTINUANDO]
- Andressa! É para você…
Ela chegou com um sorriso no rosto, mas me olhou com pânico no olhar assim que viu quem ali estava. Antes que eu dissesse qualquer coisa, ela colocou uma mão no meu peito, olhando no fundo dos meus olhos e falou:
- Não tire conclusões precipitadas. Por favor! - Se virou então para o Valentim e perguntou: - Em que posso ajudá-lo, Valentim?
- É que eu… eu estava passado e daí eu pensei… bem… eu pensei que… sei lá… talvez a gente pudesse…
- Não! - Ela o interrompeu: - A gente não pode, nem hoje, nem nunca! Se me dá licença, agora estou com a MINHA família.
Fechou a porta na sequência, deixando o rapaz mais perdido do que cego em tiroteio e me encarou novamente:
- Por favor, não é nada do que você está pensando! Se duvida de mim, pergunte para o Júnior se eu tenho saído. Ele… Ouça o teu filho, Túlio, por favor. Juro que não estou com ninguém… Com ninguém!
Cocei os meus olhos, olhei para o meu relógio e depois para ela. Uma insegurança decidiu dar as caras:
- Você não saiu, nem ficou com ninguém desde que a gente se separou?
- Juro que não! - Ela falou sem desviar o olhar: - Só saí algumas vezes, mas com o nosso filho, com a minha mãe ou com a Jandira, para fazermos as compras. Com ninguém mais!
Ela parecia estar sendo bastante sincera e apesar de estranhar a situação, decidi lhe dar o benefício da dúvida:
- Bom… Não eram as pizzas. Então, que tal bebermos um vinho até elas chegarem?
Ela sorriu e me pegou pela mão, levando até a cozinha, onde o Júnior já aguardava à mesa, segurando faca e garfo. Quando nos viu de mãos vazias, levantou os ombros, insinuando o óbvio:
- Foi um engano. Vai ter que esperar um pouco mais. - Falei.
Ela pegou um vinho que adora e eu abri a garrafa. Sentamo-nos à mesa e ficamos conversando até a campainha tocar novamente. Outra vez, fui atender e agora voltei com as pizzas. Comemos como uma família normal, conversando assuntos leves, triviais. O Júnior foi se recolher após comer, despedindo-se de mim com um abraço. Quando estava para me despedir da Andressa, ela pediu:
- Não quer ficar? A gente poderia… sei lá… assistir uma série, um filme.
- Melhor não, Andressa. Vamos deixar as coisas como estão…
- Mas é isso que eu não quero! Eu já te pedi perdão um milhão de vezes e… - Suspirou para conter a vontade de chorar, continuando: - Só me dá uma chance? Eu posso consertar tudo. Eu sei que posso.
Mesmo querendo, despedi-me dela com um abraço cordial e quase não saio porque ela não queria me soltar e as minhas forças já se esvaiam também. Num último átimo de lucidez, falei que precisava mesmo ir e consegui me livrar dos seus braços. Foi uma péssima noite de sono. Eu revirava na cama culpando-me por não ter ficado.
No dia seguinte, uma quarta-feira, calhou do Mark estar em São Paulo, pois teria uma audiência no fórum central. Consegui convencê-lo a pernoitar na capital e marquei um jantar com ele, pois queria convencê-lo a fazer a reunião com a Andressa no dia seguinte. Ele concordou e ligou para a Andressa, para saber da sua disponibilidade, marcando na empresa, pouco antes do almoço. Fiquei tão feliz que acabei exagerando na bebida e, sem querer, uma confissão, que eu julgava sem importância, escapou da minha boca. Ele rapidamente entendeu o que havia acontecido e me enrolou com perguntas dispersas, sempre num tom amigável:
- Ah… Sério!? Conta essa história direito aí, “tigrão"?
Apesar de saber que tinha “escorregado”, o seu tom amistoso me encorajou a contar tudo e foi isso que eu fiz, sendo sempre envolvido por mais e mais perguntas:
- Foi só um beijo! Não teve importância…
- Mas deve ter sido um beijaço, hein? Hein!? - Ele falava, sorrindo e piscando: - Mas você já estava casado com a Andressa?
- Já! A moça trabalhava comigo numa outra empresa. Isso foi uns anos antes de eu criar e vender o programa.
- Quem diria, hein!? Seu safadinho… - Ele tomou um gole do seu uísque e continuou: - E ela? Era bonita? Gostosa?
- Ah! Se era, Mark… Uma loirinha com cara de sapeca… Novinha! Não tinha mais do que vinte e poucos anos. Toda durinha…
- Ué, mas você não falou que foi só um beijo?
- Sim! Nós nunca chegamos nos “finalmentes”, mas acabamos ficando bem ali no meio, sabe? Uns beijos, uns amassos…
- Entendi… Bom que isso aconteceu quando você tinha brigado com a Andressa, né?
- Quem disse? Teve briga não! A gente vinha se esbarrando há algum tempo na empresa. Aí num dia, acho que depois de um “happy hour”, acabou rolando.
- Sei! Deixa eu ver se entendi… - Ele tomou outro gole, mas estranhamente o seu semblante agora ficou sério e ele começou a falar com certa rispidez: - Você estava vivendo um bom momento em seu casamento e se envolveu com uma colega de trabalho porque ambos estavam “a fim”. É isso?
- Não! É… Não é que a gente estivesse “a fim”, só aconteceu.
- Ah, claro! Aconteceu… - Desdenhou, agora quase se debruçando sobre a mesa enquanto entrelaçava os dedos, me encarando no fundo da alma: - Você tropeçou no chão e caiu com as mãos nas tetas da sua colega… Ah, mas isso foi só depois que você e ela flertaram por um bom tempo, se envolvendo, tentando encontrar o melhor momento, né? E a gente não pode esquecer do jeito que “sem querer” aconteceu? Afinal, as bocas devem ter se esbarrado sem que nenhum dos dois quisesse… assim, ao acaso… Ou será que foi querendo?
Eu o encarei sem entender direito a entonação, mas ele sabia bem o que queria dizer:
- Porra, Túlio, não consegue ver que você também a traiu? Pode ter sido depois dela, mas você a traiu! E digo mais: a sua traição foi muito pior do que a dela. No caso da Andressa, ela se envolveu com um professor num momento de vulnerabilidade, após uma briga séria entre vocês, e eu ouso dizer que a culpa maior foi dele, não dela, porque um comedor experiente sente quando uma presa em potencial está vulnerável. Já o seu caso, mané, foi muito pior: você a traiu num momento de paz no relacionamento e se envolveu aos poucos com uma colega de trabalho. Você quis e procurou… e… e… facilitou que acontecesse. A sua traição foi dez vezes pior que a dela.
Eu me surpreendi com a invertida e fiquei boquiaberto, sem reação e de olhos arregalados. Antes que eu pudesse contestá-lo, ele continuou:
- Sou advogado dos dois nesse processo de divórcio, mas eu não vou continuar se você não for honesto e confessar essa traição para ela! Já que você tem um motivo para sair de cabeça erguida do divórcio, quero que ela tenha também.
- Você quer que eu confesse para a Andressa que eu fiquei com outra? Mas foi só um beijo!
- Não, Túlio! Não foi só um beijo. Foi um envolvimento sentimental. No seu caso, teve premeditação, preparação e execução. Você quis, ajeitou e partiu para o gol. Só não entendi por que não marcou? Por que vocês não chegaram aos “finalmentes”?
- Não lembro direito, mas alguma coisa aconteceu no dia... A gente deve ter encontrado algum colega do trabalho, sei lá! Depois, acabou não dando mais certo da gente se encontrar a sós e logo ela mudou de emprego.
- Está vendo!? Você queria ir adiante e só não foi porque as circunstâncias não ajudaram. Você estava disposto e queria trair a Andressa. Ela não! Ela não procurou ou facilitou. No caso dela, o professorzão comedor viu a presa indefesa e atacou.
Respirei fundo, virando o meu uísque e pedi outro ao garçom que rapidamente me serviu. Enquanto ele ia e vinha com o meu pedido, fiquei analisando os argumentos do Mark que agora me encarava de uma forma séria e bastante brava com o que havia descoberto. No fundo, não posso dizer que ele não tivesse razão no seu entendimento. Eu realmente havia me envolvido com a Cíntia, mas não conseguia concordar que o meu erro fosse mais grave do que o da Andressa, afinal, ela havia transado como professor e eu apenas dado uns beijos e uns amassos. Assim que o garçom deixou o meu pedido, afastando-se, falei:
- E o que você quer que eu faça!? Que eu a perdoe?
- Eu!? Quero nada não, cara! Não sou teu pai, Túlio… Cria vergonha na tua cara, assuma as responsabilidades pelos seus erros! Se você vai pedir perdão ou não para ela, é com você. - Bebeu outro gole do seu uísque e pegou o celular, digitando uma rápida mensagem, antes de voltar a me encarar: - Agora… Se quer jogar esse jogo e se divorciar da Andressa, que seja no “fair play” então. Já estou te avisando, hein? Você tem uma semana para se abrir com ela. Depois disso, eu te entrego para ela e abandono o barco. Estamos entendidos?
Tentei argumentar ainda por bons minutos com ele, mas a única coisa que consegui foi deixá-lo mais bravo e diminuir o meu prazo para domingo. Ele então olhou novamente para o celular ao ver uma notificação e mostrou que já havia desmarcado com a Andressa, provando estar falando muito sério. Ao sairmos do restaurante, enquanto ele aguardava o seu Uber, insistiu:
- Domingo, é teu prazo! Depois, eu finalizo a partida.
Quinta e sexta-feira foram dias perdidos para mim. Não conseguia me concentrar em nada. Na empresa, a Andressa notou a minha tensão e perguntou se poderia ajudar, mas eu não sabia como abordar aquele assunto. Acabei convidando ela para almoçarmos juntos no sábado, onde eu tentaria ganhar coragem no fundo de uma boa garrafa de uísque. Ela estranhou o convite, mas aceitou com um lindo sorriso no rosto.
Na sexta à noite, fiz uma chamada de vídeo para o Mark e contei que havia combinado um almoço com ela, perguntando se ele não poderia vir para mediar a conversa. Ele suspirou fundo e olhou para o lado, falando com alguém em um volume que não me permitia entender o que falava. Pouco depois, a Fernanda pegou o celular e disse:
- O Mark está certíssimo em não querer ir! O problema é seu agora e você é quem vai ter que resolver, sozinho!
No sábado de manhã, tive uma ideia e fui ao supermercado preparar tudo. Na hora combinada, fui buscar a Andressa que estava simplesmente linda, num vestido tubinho azul petróleo, justo, pouco acima de seus joelho e com um decote discreto. Sua maquiagem também era leve, mas marcante o suficiente para mostrar que ela queria impressionar. Entretanto, o salto alto atrapalhava os meus planos. Quando pedi que trocasse, ela não entendeu e eu expliquei:
- É só uma surpresa. Confie em mim.
- Mas o que eu visto então?
- Que tal aquele branco floral rodado que comprou na nossa última viagem ao nordeste? Gosto muito daquele e combina com tênis.
- Quer que eu use tênis? Mas onde você vai me levar?
- Surpresa! Esqueceu?
Ela foi se trocar e voltou em menos de dez minutos, igualmente linda, mas de uma forma mais jovial. Ela entrou no carro e passei a singrar por avenidas e ruas até chegar no Parque Ibirapuera. Ela me perguntava a todo momento onde estávamos indo, mas só entendeu quando abri o porta malas do meu carro e peguei uma cesta:
- Um piquenique!? - Falou, já rindo de uma forma feliz pela minha iniciativa.
O dia ajudava a minha intenção e um bom movimento já se fazia presente no local. Acabamos encontrando um local bem gostoso, sob a sombra de uma imensa árvore e lá montamos o nosso “acampamento”. Ela era só sorrisos, transbordava felicidade. Entretanto, após bebermos um pouco de vinho, decidi abrir o jogo e vi a sua felicidade murchar juntamente dos belos sorrisos que vinha demonstrando até então. Quando contei tudo sobre o meu envolvimento com a Cíntia, omitindo apenas que estava quase sendo coagido pelo Mark a revelar a verdade, ela se calou. Por minutos, ficou alheia a mim, mas absorvida por seus próprios pensamentos, olhando perdida algumas crianças que brincavam não muito longe dali. Eu não sabia o que fazer e achei que apenas permanecer em silêncio seria o melhor:
- Por que está me contando isso? Quer que eu tenha raiva de você?
- Porque é o certo… Você errou e eu errei. Então, se terminarmos que seja com honestidade um para com o outro.
Ela se levantou, ajeitou o vestido e eu perguntei:
- Onde você vai?
- Vou dar uma volta, caminhar um pouco. Volto logo.
Ela saiu sem olhar para trás e logo a perdi de vista. Foram minutos que pareceram anos para mim. Quando ela voltou, sentou-se à minha frente, ainda com um semblante triste e falou:
- Eu te perdoo! Eu te amo demais para sentir ódio de você. Não sei o que te motivou a fazer isso, nem quero saber, mas acredito que tenha superado.
- Obrigado. - Falei, constrangido e sem saber mais o que falar, perguntei: - E agora? O que a gente faz?
- Eu também queria o seu perdão, ué!? Sei que dois errados não fazem um certo, mas talvez essa seja a nossa oportunidade de entender que não somos perfeitos, mas que com amor podemos sempre recomeçar.
Nesse momento, me dei conta de como as mulheres são muito mais maduras sentimentalmente do que nós, os homens. Cometi um erro com uma gravidade imensa para fazê-la me odiar muito, mas ela rapidamente conseguiu vê-la como uma oportunidade para algo bom, para extrair algo de positivo para nós. Respirei fundo, olhando em seus olhos e disse:
- Eu te perdoo. - Ela abriu um sorriso, embora meio triste, enquanto eu ainda precisava falar: - Mas não sei se a gente dará certo juntos. Não quero correr o risco de te magoar novamente.
- Então, fica comigo. Se o problema é esse, eu assumo o risco por nós! Aliás, risco que não existe, porque sei que daremos o nosso melhor um para o outro, sempre.
- Andressa, eu…
- Para, Túlio… - Calou-me com um dedo nos meus lábios: - Agora, a gente só precisa um do outro. Esquece do mundo, porque, juntos, ninguém segura a gente.
Ela se sentou no meu colo e ficou me olhando no fundo dos olhos, não sei procurando o quê. Foram bons segundos, ou minutos, em silêncio. Cansado de tanta tensão, encostei a minha cabeça entre os seus seios e apenas ouvi a sua voz:
- Volta pra mim!? Me ajuda a consertar tudo o que a gente fez de errado.
Não respondi, mas um meneio de cabeça foi o suficiente para ela ficar alerta, levantando a minha cabeça até que os nossos olhos se encararam novamente:
- Sim? - Perguntou-me.
Fiz um novo meneio de cabeça, pois a voz me falhou, embargada numa emoção imensa de reconhecer que havia falhado com ela, assim como ela comigo, mas que agora me dava disposição para recomeçar. Agora um sorriso imenso surgiu em seus lábios, mas pouco durou por ela quis compartilhá-lo com os meus. Aquele sim foi um senhor beijo, necessário talvez para os nossos corações voltassem um para o outro, para que a gente soubesse, para que o mundo soubesse que estávamos novamente nos reencontrando. Deitei-me na grama e ela sobre mim enquanto os nossos lábios ousavam não se largar. Somente quando ela quis, ouvi:
- Vamos embora!
- Embora!? Mas já? A gente nem comeu direito, Andressa.
- Túlio, agora! Por favor, só vamos embora.
- Mas… Mas…
- Sem “mas”! Só vem comigo. A gente vai comer no caminho. Prometo!
Como ela terminou essa frase com um sorriso meio malicioso no rosto, entendi que tinha alguma ideia em mente, então decidi segui-la. Arrumamos as nossas coisas e assim que as colocamos no porta malas da SUV, ela me pediu as chaves. Estranhei, mas lhe entreguei. Ela procurou algo em seu celular e logo estávamos cruzando ruas e avenidas até chegarmos à entrada de um luxuoso motel. Olhei para ela que apenas disse:
- Não quero desculpas. Quero que a gente volte em grande estilo.
- Sim, senhora! - Falei, dando uma risada na sequência.
Assim que estacionamos a SUV, desci para fechar a garagem. Ela seguiu para dentro do quarto, mas enquanto eu aguardava um lento portão descer, voltou e colocou a cabeça para fora:
- Você não vem?
- Já vou. Só estou esperando essa porcaria de portão fe…
Não consegui terminar de falar, pois já vi ela balançando uma calcinha na mão, dando conta de que o assunto ali era mais urgente do que o daqui. Fui em sua direção e ela voltou a entrar no quarto. Assim que entrei, de onde estava, pude ver que ela já seguia nua em direção à cama. Encostei a porta do quarto e, hipnotizado, segui na sua direção. Ela simplesmente subiu na beirada da cama e se colocou de quatro, arrebitando o máximo que podia a sua bunda na minha direção. Que linda visão! Naquela posição, eu podia imaginar um coração com as duas partes superiores da sua bunda e embaixo terminando no clítoris inchadinho:
- Faça o que quiser. Sou toda sua, para sempre… - Falou com uma voz, ronronada.
Nem o Flash tiraria a roupa com a mesma velocidade com que eu tirei! Não precisei de estímulo algum, pois o meu pau já estava duro. Meu único trabalho foi o de penetrá-la e o fiz, aproveitando cada centímetro daquela penetração. Andressa começou a tremer como se tivesse febre e passei a bombá-la com vontade. Não foram tantas as bombadas que tive que dar para vê-la gozar aos berros, chorando uma saudade que não imaginei que pudesse ter sentido de mim.
Cheguei a duvidar da sua gozada rápida, mas quando abaixei-me à altura da sua buceta, vi que estava realmente transbordando. Não resisti e enfiei a minha boca, língua, enfim, o rosto naquela deliciosa e apetitosa parte feminina e sensível. Por mim, eu passaria o restante da noite ali de tão satisfeito e absorvido que fiquei de sorver todos aqueles líquidos que não paravam de jorrar, mas ela queria mais e, para ser sincero, eu também.
Ela se ajoelhou fora da cama de frente para mim e nos beijamos novamente com uma vontade típica dos melhores bons começos. Então me convidou para subirmos na cama e lá ficamos nos beijando, enquanto ela me punhetava de leve. Eu já imaginava o que faria em seguida:
- Vai me liberar esse cuzinho, Andressa? - Perguntei ao ver que ela parecia também pensar em alguma maldade, tomada por um sorriso malicioso.
- Vou! Estou louquinha para isso. Mas eu queria fazer outra coisa também.
- É!? O quê? Me fala.
Ela se sentou e me encarou sem tirar o sorriso do rosto. Então, pediu:
- Posso ligar para a Fernanda, aliás, fazer uma chamada de vídeo? Acho que eles vão adorar saber que nós voltamos.
- Agora!? Mas será que… e se eles estiverem com as filhas?
- Vamos tentar, por favor?
Concordei e ela foi correndo buscar o seu celular. Voltou com ele em mãos e já fazendo a chamada. Ela se sentou próxima à mim e me piscou um olho antes de começar a falar:
- Oi, Nanda. Tudo bem?
- Oi, querida. Vou sim e você?
- Estou ótima! Olha onde eu estou? - Falou virando o celular para mostrar o ambiente, mas sem me exibir: - Decidi curtir a vida adoidada!
- Ah… - Resmungou a Fernanda, ficando calada e só falando bons segundos depois: - Quando eu falei para você se decidir e aproveitar a vida, acho que não fui muito específica, mas… Bem, só espero que tenha escolhido um bom parceiro.
- Se escolhi… - Disse a Andressa, fazendo um suspense.
- Valentim?
- Não! Melhor…
- O tal deformado… o… é… Celão, não é? - Insistiu a Fernanda novamente.
- Não! Melhor ainda! - Disse a Andressa, quase dando pulinhos na cama.
Surgiu um silêncio e ela então virou o celular na minha direção. Vi a Fernanda arregalar os olhos e abrir a boca, surpresa, mas seguiu abrindo um imenso sorriso e dizendo:
- “Peraí”! Já volto…
Deixou o aparelho em algum lugar e sumiu. Logo, ouvimos vozes, mas sem compreender o contexto e o Mark surgiu com ela em frente à tela:
- Há! Tá de brincadeira… - Resmungou ele agora, mas sem tirar um sorriso do rosto: - Ó só… Não é assim que funciona não! Primeiro, você convida a moça para sair, depois um jantar, um cinema…
- Boquete no escurinho… - Falou a Fernanda, rindo na sequência.
- Quer parar!? - Disse o Mark, empurrando a esposa para continuar: - Depois, só muito depois de um tanto de cafuné, é que rola um sexo. Acho que vocês pegaram o roteiro errado, isso aí tá parecendo filme pornô, né não, Nanda?
Ouvimos uma gargalhada da Fernanda do outro lado da chamada e como ele também passou a rir, ela mesma continuou:
- Errado!? Só se for pra você! Pra mim, tão é muito certo.
- Bom. Ficamos felizes por vocês. Agora, vamos desligar porque certamente vocês estão querendo ficar a sós, né? - Falou o Mark, piscando um olho.
- Então, na verdade, a gente queria que vocês assistissem. É… Vocês nos deram tanto apoio que a gente queria compartilhar com vocês. - Disse a Andressa.
O Mark olhou para a Fernanda e começaram a falar, mas a conversa era entrecortada e não tão próxima ao aparelho. Então, deduzimos que havia algum empecilho naquele momento, o que ele deixou claro:
- Ó… Eu curto demais assistir uma safadeza, só que agora não vai dar, não para mim. Eu estava com as meninas no quintal. Só vim atendê-los porque a Nanda praticamente me obrigou. Mas, em compensação, vou deixá-los com a minha digníssima. Depois, ela me conta os detalhes, ok? Aproveitem!
Nem tivemos chance de insistir porque ele já saiu de frente da tela e ainda vimos a Fernanda falar alguma coisa com ele. Logo, ela retornou, meio encabulada e disse:
- Gente, eu adoraria assistir, o Mark também, aliás, mais ele do que eu, mas infelizmente agora não dá para a gente. A família vem em primeiro lugar, né? Acho que vocês entenderam bem essa parte da lição se pretendem ou não ser liberais um dia, não entenderam?
- Sim, Nanda. Muito mesmo! - Disse a Andressa.
- Então, aproveitem! Curtam muito esse momento que, vou ser bem sincera, deve ser só de vocês mesmo. Sei bem o sabor inigualável de uma boa trepada de reconciliação. Digo por experiência própria. - Falou e deu outra gargalhada, enxugando uma lágrima pouco depois.
Despedimo-nos dela e voltamos a nos pegar. A minha excitação não baixava e a da Andressa parecia ter duplicado. Voltamos a nos pegar e após um “69” nervoso em que ela quase me fez gozar com a força com que me chupou o pau, nos atracamos num “papai e mamãe”, curtindo cada sensação que nossos corpos conseguiam extrair um do outro. Entre as mudanças de posições, e foram várias as que usamos, aproveitávamos para nos chupar e lamber. No final, quando estava prestes a gozar, comendo-a de quatro novamente, enquanto ela mantinha a cabeça encostada no colchão, totalmente entregue, decidi ousar e sem pedir, tirei o meu pau da sua buceta e praticamente me sentei em suas costas, mas sem soltar todo o meu peso sobre ela, ficando com o pau apontado para o seu rosto:
- O que é isso? - Perguntou, enquanto me olhava por sobre o ombro.
- Quieta, safada! Vou gozar em você inteirinha.
Passei a me punhetar rapidamente e ela gemeu, mordendo o lábio inferior. Os jatos de sêmen começaram a jorrar, acertando o seu rosto na lateral, ombro, orelha, cabelos... Foi uma baita meleca, mas em nenhum momento ela refugou, reclamou ou tentou escapar. Ao contrário, sorria, gemia, ria mesmo enquanto era banhada pelo meu leite. Quando terminei, saí de cima e ela começou a rir:
- Cachorro! - Disse pouco depois, dando-me um tapa.
Curiosa, ela foi até um espelho próximo e começou a gargalhar mais ainda:
- Ah, Túlio, olha a minha situação. Isso é forma de tratar a sua esposa?
- Não gostou?
- Sinceramente? Adorei, seu safado gostoso… - Disse já se aproximando e se deitando sobre mim, antes de continuar: - Agora me beija!
- Credo! Sério!? Você está muito nojenta…
Ela me encarou, surpresa e em dúvida, mas antes que dissesse ou fizesse algo, eu a peguei e beijei profundamente, sentindo todo o seu corpo estremecer sobre mim:
- Estou brincando, sua boba! Eu nunca teria nojo de você.
Ela sorriu, fez uma carinha maliciosa e perguntou:
- Nem se fosse a porra de outra?
- Bem… Aí a situação muda, né? Acho que nesse caso, eu teria nojo do outro, não de você! - Comecei a tentar explicar as minhas restrições, mas com receio de poder chateá-la: - Mas como estaria coberta com o leite do outro, significa que o outro viria antes de você. Então, acho que…
Ela começou a gargalhar, fazendo com que eu me calasse. Então, disse:
- Relaxa, Túlio. Estou brincando, seu bobo. Nem sei se tenho mais essa vontade de ficar com outro. Já penso que foi um grande erro termos… sei lá… tentado…
- Sério!? Agora que eu estava quase certo de que poderíamos tentar?
- Sério digo eu! Você estava mesmo pensando nisso? - Ela perguntou, surpresa.
- Ah… Não é que eu estivesse pensando, mas… - Fiz uma pausa e desviei o olhar: - Olha, vou ser sincero, ver a Fernanda me fez ter boas “más intenções”.
- Ah, safado! - Falou rindo e se sentou sobre a minha barriga, passando a me dar tapinhas no peito.
Ficamos brincando como duas crianças e fomos tomar uma ducha para retirar o excesso de suor e fluídos. Enquanto ela seguia para a ducha, deixei a hidro enchendo e fui atrás dela que já se banhava. Voltamos a nos pegar pouco depois embaixo do chuveiro e como o meu pau já voltava a querer uma batalha, acabamos dando uma rapidinha debaixo da ducha, mesmo sem concluir a transa. Seguimos para a hidro, mas antes passei pelo barzinho e dei uma olhada na carta de vinhos, mas nada me impressionou. Pedi então uma champanhe, morangos e chantilly. Fui para a hidro com ela e voltamos a nos beijar. Minutos depois, o meu pedido foi entregue. Brindamos aquele recomeço e passamos a comer os morangos, enquanto namorávamos:
- Posso te pedir uma coisa? - Ela falou.
- A gente vai experimentar uma troca de casais um dia. Eu prometo! - Falei sem deixar que ela continuasse.
Ela me encarou e sorriu antes de falar:
- Obrigada, mas eu não estava pensando nisso. Eu só queria te pedir para a gente nunca mais se separar. Sempre que a gente discutir ou brigar, por mais que um esteja bravo com o outro, pelo menos, vamos dormir juntos, mesmo que a gente não se fale, nem se toque. Só para sabermos que ainda estamos ali pelo outro.
- Tá! Tudo bem.
- Você não sabe como me doeu dormir sozinha na nossa cama todos esses dias. Parecia um colchão de pregos. Não descansei um dia sequer.
- Isso já passou! Hoje mesmo eu retorno. Pego as minhas coisas, amanhã.
Ela sorriu e me beijou. Assim que nossos lábios se separaram, falou:
- Mas eu também aceito a troca de casais e acho que já até sei com quem vai ser… - Falou antes de esconder o sorriso atrás da taça de champanhe.
- Você curtiu mesmo o Mark, né?
- Sabe o que eu curti nele? Ele não é afoito! Sabe respeitar, ser controlado, mas intenso quando precisa. Além de que ele é casado e não representa risco algum para a gente, né?
- Claro que não! Até parece que ele vai trocar aquele mulherão que tem por você! - Falei, sorrindo e desviando o olhar dela.
- Ah, senhor Túlio… Melhor você explicar essa história muito direitinho! O que que ela tem que eu não tenho?
- Para começar? Altura!
Ela ficou boquiaberta, fez uma carinha invocada e eu continuei:
- No mais, vocês duas se equivalem! Eu diria até que você tem uma vantagem que ela nunca vai ter…
- Ah é!? Qual? - Perguntou, curiosa, sorrindo.
Fiz uma pausa enquanto tomava um gole do meu champanhe. Depois, peguei um morango com um pouco de chantilly. Depois, voltei a beber. Tudo isso sem que ela tirasse os olhos de mim. Mas, sem conseguir conter a sua ansiedade, ela tomou a minha taça e insistiu, olhando no fundo dos meus olhos:
- Qual?
- Só você tem o meu amor!
Seu semblante curioso e invocado sumiu, dando lugar a um rosto triste e choroso. Antes que ela pudesse começar a se desculpar novamente, a agarrei e a trouxe para o meu colo. Passamos a nos beijar e nada mais precisou ser dito. Passamos a transar ali mesmo, com ela cavalgando em mim, mas voltamos para a cama pouco depois, deixando um rastro de água atrás de nós. Lá, fizemos uma repescagem das melhores posições até que ela me pediu:
- Come o meu cuzinho? Hoje, você merece. Hoje e sempre!
Encapei o meu pau com uma camisinha que estava à disposição para venda num criado. Peguei um tubo de lubrificante e passei a alisar o seu anel. Pouco depois, introduzi um dedo, depois dois, três…
- ME FODE, TÚLIO!
A penetrei, mas diferente do que podem imaginar, com carinho, cuidado e calma, centímetro a centímetro… Quando metade já estava lá dentro, parei e deixei que ela se acostumasse. Quando ela se sentiu bem para continuar, ela própria se entregou, empurrando a sua bunda de encontra a mim. As penetrações começaram lentas, cuidadosas, mas em segundos tomaram o rumo que acho que ambos queríamos, com estocadas fortes e profundas. Uma tríade de sons passou a ser ouvida: de seus gemidos, dos meus gemidos e dos nossos corpos se colidindo. Foram minutos, não muitos, mas nem por isso poucos, apenas o suficiente para eu senti-la estremecer pelo menos duas vezes. Quando eu novamente estava prestes a gozar, avisei e ela me pediu:
- Deixa eu… NA BOCA! Na minha boca, amor!
Saí de dentro dela, enquanto ela se ajoelhava na minha frente. Tirei a camisinha e me punhetei duas, três vezes, gozando, uma, duas, três, seis vezes, quatro das quais na sua boca, duas escaparam pelo seu queixo. Ela abriu a boca, mostrando-me o meu próprio leite e depois a fechou, engolindo, voltando a mostrar. Ajoelhei-me à sua frente, ficando rosto a rosto e a beijei novamente. Deitamo-nos na cama e cochilamos, apenas o tempo necessário para nos recompor minimamente.
Acabou que ela me convenceu a ir no mesmo dia buscar parte das minhas coisas. Trouxemos meu notebook, várias roupas e artigos pessoais. Ficou pouco para trás que eu traria no dia seguinte. Ao chegarmos em casa, a surpresa ficou estampada no rosto do Júnior, mas o sorriso que se seguiu em seu rosto, mostrava que a decisão de perdoar e retornar fora a melhor. Jantamos juntos nesse dia, numa harmonia que eu faria de tudo para não perder nunca mais durante a minha vida. À noite, ainda tivemos fogo para mais uma transa, agora mais comedida, lenta, romântica mesmo e foi tão boa quanto a outra, com o diferencial de ser apenas eu e ela, com todo o respeito, admiração e amor.
No dia seguinte, durante a manhã, fomos buscar o restante das minhas coisas. Após o almoço, fomos para a empresa. O Alvarenga e a Adriana não apareceram nesse dia para trabalhar. No final do dia, em meu escritório, a Andressa falou:
- O que vamos fazer com eles? Não vejo mais possibilidade de trabalharmos juntos.
- Eu já pensei nisso também, mas não precisaremos nos preocupar. O nosso sócio dos EUA já abriu um procedimento por lá para investigar a relação entre a Victorie e os dois. Acredito que devam ser demitidos por justa causa.
- Mas isso leva tempo. Eu não queria ter que continuar convivendo com eles.
- Bem, nesse caso… - Calei-me por um minuto e tive uma ideia: - O Mark não é advogado trabalhista?
- Acho que sim. - Ela disse e ainda sorriu maliciosamente, suspirando: - Nossa que homem mais prendado, hein? Bom de cama e bom profissional. Ai, ai…
- Você não presta, Andressa! - Falei e ri também da sua cara.
Fiz uma chamada de vídeo para o Mark que não me atendeu, apenas enviando um aviso de que estava ocupado, mas retornaria. Fomos cuidar de nossos últimos afazeres do dia e quase quando estávamos saindo ele ligou. Assim como eu fizera, também fez uma chamada de vídeo:
- Bão, Túlio?
- Bão… Oi!? - Perguntei sem entender.
- Só perguntei se você está bem, uai! Ah! Esqueci que você não é versado em mineirês. Desculpa. - Deu uma risada e falou: - Boa tarde, senhor Túlio, como tem passado?
Ri também e respondi:
- Vou bem, obrigado, e o senhor?
- Você não me ligou para a gente ficar “rasgando seda”, não é?
- Ah! Não, não, não… Queria te perguntar: por acaso, você é trabalhista?
- Sim, especialista na área.
Nesse momento, a Andressa entrou na minha sala para me convidar para irmos, mas vendo que eu conversava, ficou parada na porta, em silêncio:
- Ótimo! Quero trocar uma ideia com você. Depois, pode até me mandar os seus honorários…
A Andressa, entendendo com quem eu conversava, veio toda sorridente para o meu lado e ao ver o Mark na tela se abaixou para também aparecer na chamada, falando:
- Oi, doutor.
- Uai! Bão, moça?
- Bão… Quê!?
- Como diria a Nanda: “Nossinhora”! Cês são muito devagar… - Deu uma risada e repetiu o mesmo procedimento que havia feito comigo.
A Andressa deu uma risada gostosa e sentou no meu colo. Passei a explicar, em rápidas linhas, tudo o que havíamos descoberto sobre os dois e ainda mais sobre o estranho envolvimento entre eles e a advogada americana. O Mark perguntou de imediato:
- Eles têm alguma estabilidade? São cipeiros, ou membros de sindicato?
- Acho que não. - Olhei para a Andressa que também parecia perdida: - Cipeiro!? O que é isso?
- Membros da CIPA, Comissão Interna para Prevenção de Acidentes.
- Não, acho que não, de nada mesmo.
- Ótimo! Fica mais fácil de resolver. Se você não quiser meter a mão nessa cumbuca, basta demiti-los sem justa causa, e como vocês não são uma empresa pública ou assemelhada, nem precisará de uma motivação. Ou, se preferirem ir a fundo, podem abrir um inquérito policial ou até mesmo um judicial que, dependendo da gravidade das acusações, pode até mesmo afastá-los de suas funções preventivamente. Daí sendo provada a acusação, eles serão demitidos por justa causa.
- O que diferencia uma forma da outra?
- Se for sem justa causa, eles recebem tudo o que a lei autoriza, mais o FGTS devido com a multa de 40% e seguro desemprego. Com justa causa, eles perdem a multa do FGTS, além de não poder sacar o saldo e ainda não recebem o seguro desemprego, mas o pior efeito, no meu ponto de vista, é não poder contar com uma carta de referência para um novo emprego.
- Carta de referência!? Eu quero sujar o nome daqueles dois! - Disse a Andressa.
- Não faça isso! Já vi casos parecidos como esse que terminaram com a condenação dos empregadores ao pagamento de indenizações por danos morais, mesmo tendo razão nas acusações que fizeram contra os empregados. Se você quer vingança, faça através dos meios legais, com uma denúncia para as autoridades. Daí, a própria autoridade fará Justiça, não você.
- Sério que não vou poder nem xingar aquela sem vergonha!? - Insistiu a Andressa.
- Você está misturando uma questão profissional com a sua decepção pessoal com eles, Andressa. Não faça isso! Livrem-se deles e sigam com a vida de vocês. É o melhor que podem fazer.
A Andressa me encarou meio inconformada, mas parecia disposta a seguir os conselhos do Mark que ainda falou:
- Só um alerta que quero fazer: vocês disseram que será aberto um procedimento nos EUA para verificar uma eventual ligação entre eles e a tal advogada americana… Aconselho você, Túlio, nesse caso, a entrar em contato com o seu sócio americano e pedir a opinião dele sobre como agir, uma vez que uma decisão sua aqui, mesmo que baseada em lei, pode gerar efeito no que eles pretendem fazer lá. É mais uma precaução, entende?
Concordei com ele e agradeci a orientação, pedindo que me mandasse a conta da consulta. Ele sorriu e a Andressa se adiantou, falando maliciosamente:
- Dependendo do valor, eu posso pagar…
O Mark de uma risada hilária e falou:
- Você precisava ver a cara do Túlio agora há pouco…
Ela se virou e me deu um beijo na boca, voltando a encará-lo:
- A gente está em paz, Mark. Ele sabe que estou brincando. Se bem que ele andou falando que se tivesse chance, gostaria de pegar uma certa morena mineira…
- Nu! Tá muito “abusadin”, esse menino. - Riu novamente e ainda completou: - Vou te dar um toque, não precisava, mas vou: começa a comer uma dúvida de ovos de codorna por dia, aí daqui um mês a gente tenta combinar algo. Ah! E durante esse período, nada de safadeza com a Andressa, ok? Quero vocês dois bem acumulados…
Eu ia reclamando dele quando a própria Andressa começou a falar, ajeitando-se no meu colo, mas sem tirar os olhos do monitor:
- Sinto muito, Mark, mas minha prioridade hoje e sempre será o meu marido. Seu eu tiver que dar um gelo nele para ficar com você, nós nunca ficaremos juntos.
O Mark deu um sorriso do outro lado da chamada, satisfeito com a resposta, balançando inconscientemente a cabeça em sinal positivo para depois falar:
- Ótima resposta, minha querida… Ótima mesmo! E a ideia é justamente essa: primeiro vocês, depois os outros. - Depois ele puxou uma xícara e bebeu um gole de água, falando: - Cês aceitam um “cafezin”. Esqueci de oferecer…
A gente apenas sorriu e ele continuou:
- É claro que eu só estava brincando com vocês. Aproveitem e muito a companhia um do outro. A gente certamente voltará a se encontrar e se um dia vocês estiverem realmente dispostos a entrar no meio, quem sabe a gente não pode “combinar”...
Conversamos mais algumas amenidades e infelizmente não tive o prazer de ver aquela morena linda e brava, pois eles, ao contrário de mim e Andressa, não trabalhavam juntos. Despedimo-nos.
Decidi seguir o seu conselho e entrar em contato com o sócio americano. Como nosso fuso horário está uma hora à frente do de Nova Iorque, liguei naquele mesmo instante. Consegui ser atendido pelo Mike Molina, meu contato na empresa e com quem vinha trocando informações sobre as relações ocultas entre a Victorie, Alvarenga e Adriana. Expliquei a orientação do Mark e ele me pediu até o dia seguinte para poder conversar com o responsável pelas investigações para poder me orientar, mas já me adiantou que a Victorie havia sido afastada de suas funções e que agora passaria por todo o procedimento investigativo de lá.
No dia seguinte, novamente a Adriana e o Alvarenga não vieram trabalhar. No final do dia, o Mike me ligou e disse que, por orientação dos advogados locais, preferia que eu providenciasse a demissão por justa causa dos dois. Entrei em contato com o Mark, dessa vez para solicitar os seus préstimos profissionais para poder fazer essa demissão. Ele pediu que eu agendasse uma reunião virtual com o advogado e o contato do sócio americano, apenas para poderem “afinar” os procedimentos a serem tomados. Marcamos para a tarde do dia seguinte.
No dia seguinte, uma quarta-feira, apenas o Alvarenga apareceu para trabalhar. No horário marcado, tivemos a nossa reunião e vi como o Mark traçou uma estratégia que atendesse o interesse tanto nosso como deles. Resolvidos os últimos detalhes, Mark pediu que eu marcasse uma reunião com o Alvarenga e a Adriana para a sexta-feira, às 15:00, notificando-os por escrito, conforme um modelo que me enviou após. A minha secretária se incumbiu de digitá-la, colher a minha assinatura e depois entregar para o Alvarenga, que rubricou em ambas. À noite, a Adriana tentou falar com a Andressa, mas não foi sequer atendida pela minha esposa.
Na quinta-feira, novamente nenhum dos dois apareceu para trabalhar. A única surpresa do dia se deu porque, após o almoço, um motoboy me entregou um envelope com as cartas de demissão deles. Avisei ao Mark que ainda assim disse que estaria no dia seguinte na empresa, aguardando que comparecessem, afinal, o conteúdo da notificação era claro: “esclarecer situações que podem configurar delito criminal passíveis de configurar demissão por justa causa”, relacionados aos contratos com divulgadores que tiveram os valores adulterados pela Adriana e a venda ocultada pelo Alvarenga.
Na sexta-feira, o Mark chegou à empresa por volta das 13:00 e eu o levei imediatamente até a sala de reuniões, instalando-o. Quando a Andressa soube que ele já estava na empresa, veio imediatamente cumprimentá-lo e ao vê-lo vestido num terno preto “risca-de-giz”, muitíssimo bem cortado, com uma camisa azul e uma gravata listrada em vários tons de azul, arregalou os olhos e sorriu maliciosamente:
- Oi, doutor. - Falou de uma forma sensual, quase cantada.
O Mark, entretanto, mostrando um autocontrole invejável, a cumprimentou com um simples aperto de mão e disse:
- Como vai, dona Andressa? Grande satisfação em revê-la.
A Andressa ficou perdida, mas ele fez questão de explicar:
- Aquele Mark que você conheceu, vive lá fora. Aqui, durante o expediente e enquanto precisar, sou o meu melhor e pior personagem: melhor para os meus clientes e pior para os contrários, é claro!
- Credo! E precisa me tratar assim?
- Enquanto eu for um contratado da empresa? Sim! Você é minha patroa. Não misturo as estações e peço que também não misture.
A Andressa me encarou perdida e mudou de foco, perguntando da Fernanda. O Mark passou a falar amistosamente sobre a esposa, mas sem sequer insinuar o “lado b” da vida de ambos. Resultado desse contato: a Andressa ficou sem saber como agir! Ela ia e vinha a cada quinze minutos, falando sobre assuntos irrelevantes, perguntando se precisávamos de algo, fazendo pequenas insinuações picantes, mas o Mark simplesmente seguia focado na sua melhor versão advogado. Às 14:40 foi a última interrupção dela e como foi novamente ignorada, saiu resmungando:
- Credo! “Mark-avélico” demais para o meu gosto!
Foi a única vez em que vi a surpresa se estampar no rosto do Mark, seguido de um sorriso comedido, mas com pontas de malícia.
No horário combinado, como já esperávamos, nenhum deles compareceu. Em seu lugar, apenas um advogado se apresentou e tentou tirar informações sobre o conteúdo da reunião, mas como não trouxe sequer uma procuração assinada pelos dois, o Mark se recusou a repassar quaisquer dados. Ao final, antes que ele saísse, o alertou:
- Abrirei uma única exceção, doutor. Caso os seus clientes queiram comparecer pessoalmente, com sua ilustre participação, é claro, para amanhã de manhã, nós nos dispomos a novamente tentar uma solução amigável para a presente questão. Caso contrário, na segunda estaremos abrindo um inquérito policial e até o final de semana, uma ação de consignação em pagamento, naturalmente acompanhada de uma indenização por danos materiais e morais na Justiça do Trabalho contra os seus clientes.
- Mas, doutor, eles só querem saber do que se trata? Tudo não deve passar de um mal entendido… - Insistiu o advogado.
- Eles sabem, doutor. Ô se sabem… - Disse o Mark num tom que mesclava deboche e certeza do que dizia, além de exibir a notificação: - Os contratos, nos quais foram apuradas as divergências, foram indicados na notificação para a reunião de hoje. Então, eles sabem bem qual o motivo da nossa reunião.
O advogado leu novamente a notificação enquanto o Mark mostrava os contratos em questão, explicando que ainda poderiam haver outros, mas que estes dependeriam da auditoria que seria realizada nos próximos dias. Por fim, combinaram o horário da reunião no dia seguinte, pendente apenas de confirmação pelo advogado deles. Assim que ele saiu, a Andressa entrou e fizemos um resumo da reunião. Antes que terminássemos de conversar, o advogado ligou, confirmando a reunião para o outro dia:
- Amanhã, eu quero estar junto. - Disse a Andressa.
- Não quer não! - Falou o Mark.
- Claro que eu quero!
- Andressa, sem querer ser machista, mas já conhecendo um pouco do seu perfil… Tudo o que não preciso é de uma mulher dando chilique aqui porque descobriu que a falsa amiga é mais que falsa, é uma víbora! Deixe a gente resolver e depois te contamos tudo. - Falou o Mark.
- Ainda bem que você não quer ser machista. - Resmungou a Andressa e se virou para mim: - Túlio, fala alguma coisa!
- Concordo com ele. - Falei sem tirar os olhos dela.
Os dela se arregalaram nesse momento. Ela chegou a ficar vermelha de raiva, mas engoliu o orgulho e falou:
- O jantar é às 20:00. Pode convidar esse chato. Prefiro alimentá-lo do que vê-lo falando mal de mim depois.
O Mark deu um sorriso comedido e balançou negativamente a cabeça, falando quando a Andressa já passava ao seu lado:
- Também gosto do’cê, moça, apesar de que cê tem um “jeitin” meio complicado…
A Andressa o encarou, balançando a cabeça, mas sorriu. Então se abaixou e lhe deu um beijo no rosto, dizendo:
- 20:00! Não se atrasa!
Ele confirmou com um meneio de cabeça e ela se foi. Acertamos os últimos detalhes da reunião do dia seguinte e ele pediu que eu verificasse a questão da segurança, para evitar uma eventual surpresa indesejada.
Às 20:00, pontualmente, ele chegou em nossa casa, com uma garrafa de um vinho argentino muito conceituado. Foi um jantar muito agradável e novamente vi o meu filho me surpreender com o interesse em saber mais sobre a profissão de advogado. O Mark deve ter gostado dele, pois ficaram até altas horas batendo papo sobre a profissão. No final, vi os olhos do nosso filho brilharem com uma certeza que ainda me parecia prematura. Quando comentei com o Mark, ele disse:
- A Maryeva já quis ser advogada, mas agora está numa “vibe” voltada para a arquitetura. É normal a curiosidade e melhor que seja assim. Essa inconstância também é previsível, eles são muito novos para se decidirem. Se ele será um advogado ou não, só o tempo dirá.
Já passava das 23:00 quando a Andressa quis ligar para a Fernanda e vi o Mark se surpreender e negar:
- Ué, mas por que não? - Perguntou a minha esposa.
- É que a Nanda… ela… - Calou-se por um instante: - Ela ia sair com umas amigas e… bem… a gente nunca sabe onde isso pode terminar, né?
- Há! Agora é que eu quero ligar. Posso?
- Uai! Pode. Liga então.
A Andressa tentou ligar, fazer chamada de vídeo, mas nada da Fernanda atender. Então, o Mark disse que ela já poderia estar acompanhada. Então, ela perguntou:
- Mas vocês não saiam apenas juntos?
- Sim, mas ela também tem as próprias amizades. Além disso, ela tem toda a liberdade e a minha confiança. Então, poderia até acontecer de ela encontrar alguém e eu não estar presente, como não estou.
Surgiu um pequeno silêncio. A Andressa parecia confusa e confesso, eu também estava. O Mark decidiu ligar para a Fernanda. No terceiro toque foi atendido:
- Oi, morrrrr da minha vida! - Ouvimos a voz dela se derretendo pelo marido.
- O que você está aprontando, Nanda?
- Eu!? Nada não, uai! De onde ocê tirou isso?
- A Andressa te ligou agora há pouco e você não a atendeu…
- Era ela!? Uai, eu não sabia! Aconteceu alguma coisa?
- Não! E a pergunta é justamente essa: está acontecendo alguma coisa aí? - Ele insistiu, sorrindo maliciosamente.
- Ah vá… Claro que não, né! Só tô aqui com as meninas tomando um chopinho.
O Mark então virou o seu celular, nos mostrando para ela e ela nos cumprimentou, falando:
- Mas que… Ahhhhhhh! Que coisa mais feia, gente! Cês tavam pensando mal de mim? Magoei!
Ela falou de um jeito tão sentido que fiquei preocupado num primeiro momento, eu e a Andressa que até chegou a colocar um dedo na boca, como se fosse roer uma unha, mas uma gargalhada debochada dela na sequência desfez qualquer mal-entendido:
- Deixa de ser bocó cês dois! Só saí com minhas amigas. Tô fazendo nada de errado, mesmo porque eu tenho a permissão do meu marido para fazer praticamente tudo e ficaria muito difícil errar, né, morrr?
- Quase tudo, né? Menos apaixonar… - Falou o Mark, de fora da visão da tela.
- É! Isso não!
Conversamos alguns poucos minutos com ela e nos despedimos, afinal, ela estava no meio de um bar ou uma balada. Pouco depois, o Mark também se despediu, afinal, teríamos a nossa reunião definitiva para o dia seguinte. Quando a Andressa lhe dava o último abraço, disse quase sussurrando, mas suficientemente alto para que eu ouvisse:
- Acho que vai rolar e imagina quem estamos pensando em ter na nossa primeira vez?
O Mark a olhou e depois para mim que também confirmei:
- Se tiver que rolar, vocês são os primeiros da fila!
Ele sorriu e disse:
- Um conselho: o meio liberal não cura feridas, nem diminui cicatrizes. Fiquem bem primeiro, estejam certos do que querem e aí, só aí, nós poderemos ter uma noite e tanto.
Ele se foi e nós nos recolhemos quase que imediatamente para dormir. Aliás, a minha intenção era essa, mas a da Andressa era outra, pois estava eufórica e com uma felicidade de dar gosto, tanto que acabamos os embolando num sexo gostoso. Numa certa altura, ela, tomada por um tesão gostoso, cochichou no meu ouvido:
- Ai! Posso te chamar de Ma… - Calou-se, suspirou fundo e falou: - Desculpa, amor. Desculpa! Você não merece. Só me descul…
- Para! - Fechei a boca dela com a minha mão e disse: - Pode! Me chama de Mark. Mata a sua vontade! Só que eu não serei o seu marido e isso me dará o direito de te foder como uma putinha safada que você tanto parece querer ser.
Os olhos dela se arregalaram e ela sorriu, dizendo assim que tirei a minha mão da sua boca:
- Me fode bem gostoso então, Mark! Mostra para o meu marido o que uma putinha safada como eu merece.
Rapaz… Que trepada! O negócio pegou fogo ao ponto do nosso filho vir bater na porta, pedindo que a gente diminuísse a gritaria ou a polícia poderia acabar aparecendo em nossa porta mais cedo ou mais tarde. Ajustamos melhor o volume e o timbre e seguimos fodendo até a madrugada, quando desmaiamos, exaustos.
No dia seguinte, um sábado, o Mark chegou 1:00 antecipado, novamente bem vestido. A Andressa nos surpreendeu e surgiu do nada, colocando a sua bolsa num móvel no canto, mas apenas para nos trazer dois cafés de uma rede de cafés americana bem conhecida. O Mark tentou ser discreto, mas notei que não se impressionou. Antes de sair, ela se abaixou e falou ao pé do ouvido dele:
- Obrigada pela noite de ontem. Foi inesquecível!
O Mark a encarou surpreso e sem entender direito a extensão da sua felicidade. Certamente imaginava ter causado uma boa impressão durante o jantar e eu o deixei no vácuo naquele momento. Na hora combinada, o Alvarenga e a Adriana chegaram, acompanhados do mesmo advogado do dia anterior. O semblante de ambos era péssimo. Foi a vez de eu assistir de camarote como um bom advogado trabalha.
O Mark não deu chance alguma deles falarem. Fez um monólogo digno dos melhores juristas, explicando as falcatruas descobertas, com todas as provas já obtidas, além de outras que poderiam ser descobertas, pois uma auditoria seria realizada em breve. Exibiu algumas das provas num telão, deixando-os atônitos, mas a “pá de cal” veio quando ele sugeriu uma relação entre eles e a Victorie, pois nesse momento eles se entreolharam e ficaram realmente surpresos, eu diria até preocupados:
- Então, temos dois caminhos: um não é bom, o outro é muiiiiito pior! - Disse o Mark.
- Por favor, Túlio, em nome da nossa amizade. - Pediu o Alvarenga.
- Meu advogado ainda não terminou, Alvarenga. - Falei, indicando que aguardasse o Mark.
- Obrigado. - Disse o Mark, continuando: - Queremos propor um acordo compensatório, muito simples, mas muito menos gravoso que os efeitos criminais que podem ser impostos caso façamos uma denúncia. A pedido do próprio senhor Tumberg, contra a minha orientação, propomos que vocês abram mão de receber quaisquer verbas rescisórias, inclusive do último salário, como forma de compensação à empresa. Sabemos que o valor é insuficiente, mas ele disse que se daria por satisfeito.
- Vamos sair sem nada!? - Perguntou a Adriana, surpresa.
- Sem dinheiro, sem processo e sem a possibilidade de ficarem devendo um eventual condenação por danos materiais e morais. Exatamente, senhora! - Falou o Mark, debochado, mas de uma forma séria, assustadoramente comedida.
Ele se entreolharam por um instante e cochicharam entre si. Quando se deram por satisfeitos, o advogado deles se pronunciou:
- A empresa estaria disposta a alterar a forma da dispensa para demissão sem justa causa, doutor Mark? Assim eles poderiam, pelo menos, sacar o saldo do FGTS e receber o seguro desemprego.
O Mark nem me olhou antes de perguntar:
- Eles estão dispostos a entregar esses valores como forma de compensação complementar para a empresa, doutor?
- Não! Claro que não! Esse dinheiro ficaria para os meus clientes se manterem.
- Então, a nossa resposta é exatamente igual a sua: Não! Claro que não! - Falou o Mark, repetindo a sua própria frase, sem tirar os olhos dele.
- Túlio, por favor… - Pediu a Adriana, com olhos marejados, mas eu nada falei.
- Doutor, eu precisarei conversar com mais tranquilidade com os meus clientes. Não é uma decisão que eu os oriente a tomar agora.
- Fique à vontade, doutor. O senhor já sabe quais serão os meus passos a partir de segunda.
- Não podemos marcar uma nova reunião na próxima semana? - Perguntou o advogado.
- Não! Claro que não! - Acho que o Mark gostou de usar essa frase: - Mas teremos algumas audiências perante as autoridades criminais e judiciais no futuro.
O advogado o olhou inconformado com a sua dureza e perguntou:
- Posso, pelo menos, conversar com eles por um segundo ali fora?
- Fique à vontade, doutor.
Eles saíram e eu dei dois toques no ombro do Mark, dizendo:
- Caramba! Eu não teria conseguido ser assim tão duro.
- São anos, e anos, e aaaaanos de prática. - Ele falou, sorrindo.
- E se eles toparem? Demora muito para fazermos a documentação?
- Já está pronta! - Ele me mostrou os arquivos em seu notebook e os abriu para eu ler: - Só imprimir e assinar.
Quando terminei de ler, conclui o óbvio:
- Mas isso aqui é uma confissão de culpa!
- Sim! Eles confessam o desvio de valores, aceitam a compensação com as suas verbas rescisórias do que a empresa dará quitação e as partes ainda se comprometem a não levar a público qualquer notícia a respeito ou mesmo à justiça qualquer questionamento, sob pena de multa. Essa cláusula de confidencialidade e de não acessar a justiça é discutível, mas até hoje não tive problemas a respeito.
Minutos depois, eles voltaram para a sala e o advogado falou:
- Tudo bem. Eles concordam. Como faríamos o acerto dos detalhes.
O Mark simplesmente fez um simples meneio de cabeça, concordando, e virou o seu notebook, empurrando-o em direção ao advogado que começou a ler o contrato e assombrado, falou:
- Mas isso aqui é uma confissão de culpa!
Ele me olhou como que dissesse “já ouvi isso antes”, tanto que repetiu praticamente as mesmas palavras que havia me dito para o advogado, omitindo apenas a parte sobre serem discutíveis as cláusulas de confidencialidade e proibição de acesso à justiça. Ao final, ele mostrou o contrato e o explicou para o Alvarenga e a Adriana que agora olhava com ódio quase mortal para mim. O Alvarenga então falou:
- Se concordarmos com esse absurdo, essa questão fica encerrada, correto?
- Da nossa parte, sim. - Falou o Mark.
- Então, a gente aceita. Quero acabar logo com isso.
O Mark puxou o seu celular e perguntou qual impressora poderia usar. Dei acesso a ele da rede interna e indiquei uma impressora. Rapidamente ele deu os comandos e mais rápido ainda a minha impressora começou a vomitar folhas e mais folhas de um contrato. Assim que ficaram prontas, ele as trouxe e as apresentou para o advogado que colheu as assinaturas da Adriana e depois do Alvarenga. Depois, assinei os contratos e o Mark entregou uma via para cada um deles, dizendo:
- Já que a CTPS de vocês é eletrônica, as comunicações serão feitas na próxima semana, até a sexta-feira, doutor. Com isso, damos por encerrado o vínculo e as questões decorrentes.
Os advogados se cumprimentaram ao se despedirem e eu fiz o mesmo. Eles, naturalmente, não quiseram cumprimentar o Mark, muito menos a mim. Entretanto, na saída, a Adriana ainda tentou me comover:
- Eu abri as portas da minha casa para você.
- E eu as da minha para vocês. A diferença ficou no valor que cada um deu a esse fato. - Retruquei.
Eles saíram e eu me sentei novamente, esgotado com a pressão do momento. O Mark era só sorrisos:
- Merecemos comemorar! - Falou.
Antes que eu pudesse responder algo, a Andressa entrou pela porta, rindo, quase gargalhando, o que nos surpreendeu, principalmente a mim, pois eu imaginava que ela não estivesse ali. Quando perguntei de onde ela surgiu, ela respondeu:
- Ué! Da minha sala.
- Mas… Como você sabe que a reunião terminou? E como você sabe que a gente ganhou?
- Eu vi tudo, tudinho mesmo!
O Mark começou a olhar para todos os cantos da sala e disse:
- Mas não tem câmera alguma! Viu como?
Ela então apontou para a sua bolsa no canto do móvel e foi buscá-la, mostrando uma microcâmera e dizendo que havia assistido e ouvido tudo da sua sala. Ficamos surpresos e o Mark ainda falou:
- Tá vendo? Faz coisa errada, faz? Como diz o ditado: “A confiança é uma mulher ingrata, que te beija, e te abraça, te rouba e te mata".
- Credo! Nem sei se quero dar mais para você. - Falou a Andressa, sentando no meu colo.
- Tanto quer que se eu disser “vem!”, você é capaz de sair daí e vir sentar aqui. - Disse o Mark, batendo no próprio colo.
A Andressa o encarou e ele disse:
- Vem!
Ela então se inclinou na sua direção e lhe deu um tapa na coxa:
- Vou nada! Aprendi que, em primeiro lugar, vem o meu marido; depois, os outros. Aprendi com o melhor… - Disse, dando uma piscada para ele.
O Mark sorriu satisfeito com a resposta e foi ele quem se levantou para lhe beijar a testa, dizendo:
- Agora sim gostei de ver!
Queríamos comemorar de todas as formas e decidimos ligar para a Fernanda, para convidá-la a vir para a capital comemorar conosco. Ela recusou, dizendo que tinha compromissos, mas autorizando que o Mark ficasse. Ele recusou também, pois queria se divertir com ela. Ainda insistimos um pouco, mas vendo que eles estavam irredutíveis, remarcamos para o próximo final de semana.
Por sugestão do Mark, fizemos um churrasco no sábado, lá em casa mesmo, para as famílias. Eles trouxeram as filhas e nós convidamos nossos pais, além dos três casais liberais com quem acabamos criando algum vínculo. Ficamos surpresos em saber que o Mark e a Fernanda já conheciam dois deles com quem se enturmaram rapidamente, mas sem escancarar de onde para os demais. Foi um dia maravilhoso e no final do churrasco, o Riva e a Mara, ao se despedirem de mim, disseram:
- Cuidado com a Nanda, hein!?
- Ué, mas… cuidado, porquê? - Perguntei, assustado.
- Por quê!? Rapaz, essa mulher quando pega fogo… Nossa senhora! - Disse o Riva.
- Ela!? E o Mark então? - Disse a Mara, sorrindo: - Acho que é por isso que eles combinam tanto.
No domingo, o Mark, a Fernanda e as filhas voltaram para um almoço, um simples repeteco mais exclusivo do dia anterior. Notei que o Júnior não tirava o olho da filha mais velha do casal e o Mark também notou. Quando disse que ele não precisava se preocupar, porque ele só estava impressionado com a beleza da filha, ele disse:
- Preocupado com quem, com a minha filha!? De jeito nenhum! Estou preocupado é com o seu filho, porque a Mary tem o gênio da Nanda. - Falou.
- Meu!? Ela é você de saia! - Retrucou a Fernanda.
No final, despedimo-nos do casal e o dia terminou sem grandes novidades, aliás, quase um mês se passou sem grandes novidades. Quando já entrávamos no segundo, o Mike entrou em contato comigo, repassando as conclusões das investigações iniciadas contra a Victorie. Em suma, após uma confissão “provocada”, nunca entendi o que isso significa, a Victorie confessou que ela, após me conhecer e fazer uma devassa na minha vida, inclusive com perfis psicológicos meu e da Andressa, viu em mim uma oportunidade de enriquecer rapidamente. Segundo apuraram, o plano consistiria em duas partes: Na primeira, a Adriana e o Alvarenga ficaram incumbidos de causar o rompimento do nosso casamento, bem como o afastamento da Andressa da empresa. A forma como decidiram agir seria forçar uma traição por parte da Andressa, o que a Adriana julgava fácil, pois acabou sabendo sem querer do envolvimento dela com o tal professor da faculdade, depois viu que ela se encantou pelo estilo de vida liberal deles e, por fim, o seu encantamento pelo pica doce do Valentim, simplesmente usado como um marionete pelo casal, principalmente, porque, depois de conhecê-la no shopping, o "emocionado" do rapaz se apaixonou. Na segunda parte do plano, a Victorie se ofereceria para assumir as atribuições da Andressa na empresa aqui no Brasil e se jogaria de corpo e alma para me conquistar. Quando conseguisse, pois ela já dava como certo isso, me aconselharia a executar a multa do pacto antenupcial e depois me convenceria a casar com ela nos EUA, assinando um pacto dez vezes mais perverso em caso de traição. Daí, a Adriana entraria em campo e me faria traí-la, perdendo quase todo o meu patrimônio:
- Mas então, os repasses que a Victorie fizeram…
- Foi uma espécie de “investimento” que ela fez nos dois aí. - Ele explicou.
- E por que eles depositaram para ela quando a gente se separou aqui?
- Isso não ficou muito claro. Parece que eles tinham uma espécie de parceria, ou seriam sócios na sua empresa quando o plano desse certo. Então, entendi que isso foi uma espécie de partilha dos lucros.
- Mas que vagabundos! Se eu imaginasse ter sido isso, eu os teria levado à Justiça, Mike.
- É, mas o acordo que você fez, infelizmente te impede. Entretanto, contudo, porém, não impede que a empresa daqui, sua sócia, que não assinou o contrato, possa pedir a revisão de alguma cláusula, naturalmente sem qualquer envolvimento seu.
- Faça o que precisar fazer, tem o meu aval! Eu quero o sangue deles!
- Não chegaremos a tanto, Túlio, mas que eles terão uma boa dor de cabeça… Ah, isso terão! Te garanto.
Não aconteceu. A Adriana e o Alvarenga sumiram no mundo. Parece que deram um golpe numa outra empresa algum tempo depois e, como disse o Mark num mineirês irretocável, “vazaram na braquiária”. Nunca mais tive notícias deles.
Nos EUA, a história foi outra. A Victorie acabou processada e condenada por fraude, desvio e simulação, tudo com agravante de quebra de confiança. Sei que acabou confessando sua culpa e teve a pena diminuída, mas ainda assim pegou um bom tempo de prisão.
Quanto a mim e a Andressa, seguimos juntos, mais unidos do que nunca. Tenho plena certeza da honestidade da minha esposa, porque após confessar o seu único deslize para comigo com o seu antigo professor, ela se tornou outra mulher, muito mais leve, serena e divertida.
Se tivemos a nossa tão sonhada primeira vez? Muito mais sonhada por ela, é claro… Sim, tivemos! E, sim, foi com o nosso casal preferido de Minas Gerais. Não nos tornamos exatamente “habitués” do meio, mas passamos a curtir uma vida muito mais leve e sem tantas cobranças ou limitações. Hoje, posso dizer que somos mais do que simpatizantes, mas os “finalmentes” mesmo, apenas em raras e especiais ocasiões. Afinal, aprendemos com um bom casal de amigos que a família vem sempre em primeiro lugar e desde que temos seguido essa regra à risca, nossa vida tem sido uma maravilha!
FIM
P.S.: Quem sabe um dia, eu, ou a própria Andressa, conte para vocês como foi essa nossa primeira vez, mas já adianto, foi muito melhor do que eu imaginei em meus melhores sonhos! Mas divertida mesmo foi a primeira vez do Celão com a Andressa, essa foi inesquecível...
[SERÁ QUE CONTINUA??]
OS NOMES UTILIZADOS NESTE CONTO SÃO FICTÍCIOS, MAS OS FATOS MENCIONADOS E EVENTUAIS SEMELHANÇAS COM A VIDA REAL PODEM NÃO SER MERA COINCIDÊNCIA.
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