— Viktor! — bradou Natalia, antes que ele puxasse o gatilho — Nada vai mudar se você matar ele. O futuro como o conhecemos já não existe mais e mesmo que existisse não poderíamos voltar para lá, então não faz diferença agora.
Viktor hesitava, o dedo coçando o gatilho da arma. Elias observava cada movimento, procurando uma oportunidade para agir. Natalia, amarrada e sentada no chão, tentava argumentar, mas Viktor estava implacável.
— Você não entende — Natalia disse, com urgência na voz — Você não precisa fazer isso.
Ele, ainda com a arma apontada para Elias, deu um sorriso frio.
— Não me importo. A missão era clara. Elias precisa morrer, assim como você, Natalia, se continuar ao lado dele. Vocês atentaram contra a estabilidade do governo… vocês o traíram.
Elias percebeu que Viktor não iria recuar, e a pequena distração causada pela conversa com Natalia lhe deu uma chance. Com um movimento rápido, Elias agarrou uma lâmpada de mesa próxima e a arremessou em Viktor. O objeto acertou o ombro do homem, não o derrubando, mas forçando-o a desviar o olhar e baixar a arma por um segundo.
Elias não perdeu tempo. Correu em direção a Viktor, tentando derrubá-lo, mas Viktor era grande e forte, muito mais do que Elias esperava. O impacto não foi suficiente para desequilibrá-lo totalmente, e Viktor reagiu com um golpe brutal no estômago de Elias, fazendo-o tropeçar para trás e cair sobre a cama.
Com a respiração pesada, Elias se levantou, ofegante, enquanto Viktor caminhava lentamente em sua direção, a arma novamente apontada para ele.
— Você é fraco, Elias. Sempre foi. Não sei como sobreviveu até agora.
Viktor deu mais um passo à frente, pronto para atirar, mas Natalia, desesperada, com um chute preciso, ela golpeou a parte de trás da perna de Viktor, fazendo-o cambalear para frente. Ele urrou, tropeçando, mas ainda não havia caído. Colérico, ele se virou para Natalia com um olhar de ódio.
— Você também vai pagar por isso.
Elias viu a abertura. Ele se jogou sobre Viktor, agarrando o braço com a arma e torcendo-o com toda a força que tinha. Os dois lutaram ferozmente pelo controle, os músculos de Viktor claramente mais fortes, mas a determinação de Elias não o deixava desistir. A luta foi intensa, Viktor quase conseguindo se soltar, mas Elias usou todo o seu peso para empurrá-lo contra a parede. O som do impacto foi alto, e a arma caiu das mãos de Viktor, deslizando pelo chão.
— Agora! — gritou Elias para Natalia.
Ela, sem hesitar, correu e pegou a pistola caída. Viktor, mesmo ferido, se virou para enfrentá-la, mas Natalia foi mais rápida. Tremendo, com o olhar firme, ela apertou o gatilho. O som dos disparos ecoou no quarto. As balas atingiram Viktor no peito, e ele tropeçou para trás, os olhos arregalados de surpresa e dor. Seu corpo, antes imponente, caiu com um estrondo pesado no chão, o sangue rapidamente se espalhando ao redor dele.
Houve um silêncio avassalador enquanto Natalia e Elias olhavam para o corpo caído de Viktor. A respiração de Elias estava ofegante, o peito subindo e descendo rapidamente. Natalia tremia, ainda segurando a arma, os olhos fixos no homem que havia acabado de matar.
— Ele… ele está morto — sussurrou Natalia, incrédula.
Elias se aproximou dela, gentilmente tirando a pistola de sua mão e a jogando de lado.
— Não tivemos escolha.
— Eu sei, mas… merda… ele… — ela respondeu, a voz baixa — eu o conhecia desde a Academia.
Elias e Natalia encaravam o corpo de Viktor no chão, com o silêncio sepulcral preenchendo o quarto. A adrenalina ainda corria em suas veias, mas a realidade da situação se impunha com força. Eles precisavam desaparecer, sumir sem deixar qualquer vestígio que os conectasse à morte de Viktor.
— Precisamos de um plano — Elias disse, o tom de sua voz urgente, mas controlado. Natalia, ainda abalada, apenas assentiu, lutando para se recompor — Recolha tudo o que é seu. Não podemos deixar nada para trás.
Enquanto ela rapidamente juntava seus pertences, Elias olhou ao redor, tentando pensar em uma solução para o corpo. Eles não tinham tempo para limpar completamente o quarto, mas precisavam, pelo menos, criar uma distração temporária para atrasar qualquer descoberta.
Ao ver a saída de emergência no corredor, uma ideia se formou em sua mente.
— Vamos usar isso — Elias murmurou, apontando para a porta de metal — Se sairmos agora, ainda podemos evitar as câmeras do lobby.
Natalia vestiu o casaco rapidamente, tentando não demonstrar o tremor em suas mãos.
— E o corpo de Viktor? Não temos como levá-lo sem chamar atenção.
— Ele ficará aqui. Vão achá-lo, mas não saberão que estávamos envolvidos; Viktor não tinha conexões diretas conosco. Não há câmeras no corredor, então não nos verão sair. Se formos rápidos, teremos uma chance.
Eles saíram pela porta de emergência, descendo as escadas do hotel sem cruzar com ninguém. O coração de Elias batia acelerado, cada passo era uma combinação de alívio e tensão crescente. Ao chegarem ao térreo, entraram na rua por uma saída lateral. O dia já havia raiado, as ruas de Boston começaram a ficar movimentadas àquela hora.
Precisavam de um novo começo. Não era mais uma questão de missão; agora, era uma questão de sobrevivência. Eles precisavam de identidades novas, uma nova cidade, um novo caminho.
— Vamos sair de Boston — Elias falou com determinação — Pegamos o primeiro ônibus ou trem para longe daqui. Depois, conseguimos novos documentos, novas identidades. Devemos desaparecer do mapa.
Natalia o olhou por um momento, e uma leve chama de esperança brilhou em seus olhos, apesar da tragédia.
— Parece que essa será nossa última viagem.
*****
Elias e Natalia desceram do táxi que os havia deixado no centro de Londres. A noite era fria, e as ruas estavam iluminadas pelas luzes amarelas dos postes, lançando sombras longas e suaves sobre os prédios antigos. Eles haviam escolhido Londres como destino por ser uma metrópole onde poderiam facilmente começar de novo. Sem passado, sem identidades, apenas eles dois.
— É estranho… — Natalia comentou, abraçando o próprio corpo contra o vento gelado — Saber que o futuro que conhecemos não existe mais.
— É. Estranho e assustador, mas… ao mesmo tempo, libertador. Agora, o que quer que façamos daqui em diante, será algo que escolhemos.
Eles andaram por mais alguns minutos, até avistarem um pequeno restaurante aconchegante, com grandes janelas de vidro e uma luz acolhedora no interior. Era o tipo de lugar onde poderiam se misturar, sem chamar atenção. Elias abriu a porta para Natalia, e eles entraram, sendo recebidos pelo cheiro de comida caseira e o som suave de uma música instrumental.
Escolheram uma mesa no canto, longe dos poucos outros clientes. Natalia olhava em volta com uma expressão curiosa, como se absorvesse cada detalhe.
— Parece tão… normal. E isso é tudo o que eu quero agora. Um pouco de normalidade.
Elias sorriu, relaxando pela primeira vez em muito tempo. Ele podia sentir o peso de todas as missões, dos perigos, das fugas, lentamente se dissipando. Sentaram-se em silêncio por alguns minutos, até que o garçom trouxe os cardápios. Eles pediram algo simples – peixe e batatas fritas para Elias e uma sopa quente para Natalia.
— O que vamos fazer agora? — indagou Elias — Digo, de verdade. Sem missões. Sem o governo global. Somos só nós.
Natalia suspirou, encostando-se na cadeira.
— Conseguir algum trabalho. Podemos usar nossos conhecimentos, talvez abrir algo próprio… viver sob o radar, sem chamar atenção — Natalia olhou para ele, seus olhos brilhando sob a luz suave do restaurante — Por tanto tempo, fomos peças de um jogo maior. Agora podemos escolher como vamos jogar. Não precisamos mais de desculpas ou disfarces.
Elias se inclinou para frente, sua mão encontrando a de Natalia sobre a mesa.
— E o que você quer escolher, Natalia?
Ela segurou a mão dele, com um toque leve e, pela primeira vez em muito tempo, um sorriso sincero se formou em seus lábios.
— Eu quero viver. Não apenas sobreviver. Quero construir algo aqui, começar do zero.
Elias sentiu seu coração bater mais rápido. A conexão entre eles havia crescido ao longo das missões, nas fugas e nos momentos de perigo. Mas agora, sem as sombras do passado ou do futuro para guiá-los, eles eram apenas duas pessoas, livres para escolher o que fariam com suas vidas.
— Eu também … — Elias respondeu, entrelaçando dos dedos nas mãos dela — … com você.
Natalia piscou repetidamente de nervosismo e coração acelerado enquanto ele continuava a falar.
— Vamos criar nosso próprio caminho.
O garçom trouxe a comida, mas eles mal notaram. A intimidade daquele momento entre eles era mais profunda do que qualquer missão compartilhada, qualquer perigo enfrentado. Era o começo de algo novo, algo que ambos mereciam depois de tudo o que tinham passado.
Enquanto comiam, conversavam, mas, por trás de cada palavra, havia uma certeza silenciosa: não importa o que acontecesse, eles estavam juntos. Agora livres de seu passado, estavam prontos para criar um futuro onde seriam mais do que agentes em uma missão, seriam Elias e Natalia, apenas duas pessoas prontas para viver, amar e descobrir o que significava ter uma vida própria.
Após uma breve caminhada pelas ruas de Londres, chegaram ao hotel onde iriam passar os próximos dias até conseguirem uma casa. O saguão era silencioso, com um toque de luxo discreto, e o atendente fez o check-in rapidamente. Quando Elias ponderou e pediu um quarto de casal, diferente de dois quartos separados como de costume, a decisão pareceu natural, quase automática, como se esse fosse o próximo passo inevitável entre eles. As palavras não precisavam ser ditas. Havia um entendimento silencioso, uma tensão latente, pronta para ser liberada.
Ao subirem pelo elevador, o silêncio entre os dois era preenchido pela expectativa. Ambos sentiam o peso das últimas semanas se dissolvendo, dando lugar a algo novo e inexplorado. Quando chegaram ao quarto, Elias abriu a porta e segurou-a para que Natalia entrasse primeiro. O quarto era elegante, decorado com simplicidade, mas com um ar acolhedor. A cama grande no centro parecia convidativa, e as luzes suaves criavam uma atmosfera tranquila.
Assim que a porta se fechou atrás deles, Elias e Natalia se olharam por um instante. Era como se o mundo ao redor desaparecesse, deixando apenas os dois, envolvidos em uma bolha de intimidade crescente. Sem trocar uma palavra, Elias deu um passo à frente e, em um movimento rápido e decidido, puxou Natalia para seus braços. O contato foi imediato, e o calor entre eles aumentou à medida que seus corpos se encontravam. Elias inclinou-se para frente, seus lábios encontrando os dela em um beijo intenso, carregado de tudo o que haviam segurado até aquele momento. O toque dos lábios de Natalia foi suave no início, mas logo se tornou mais profundo e mais urgente.
Os dedos de Elias correram pelos cabelos de Natalia enquanto ela o abraçava com força, como se quisesse garantir que ele não fosse embora. O beijo foi se intensificando, e eles se moveram juntos, tropeçando até a cama. Natalia puxou Elias para mais perto, seus corações batendo em sincronia, enquanto as mãos dele deslizavam por suas costas, como se quisesse memorizar cada curva.
Eles se deixaram cair na cama, rindo entre beijos, a intimidade entre eles se aprofundando. Era um momento de entrega, de finalmente se permitirem sentir o que há tanto tempo estava ali, escondido. Elias sussurrou o nome de Natalia, sua voz baixa e rouca, enquanto ela respondia com um sorriso suave, seus olhos brilhando de um misto de desejo e carinho.
Elias tirou a blusa de Natalia por cima de sua cabeça e avançou com beijos ardentes em seu pescoço. Ela arfou, entregando-se a ele que agora seria exclusivamente dela.
Aos, poucos, as demais peças de roupas eram jogadas para fora da cama, abrindo caminho para uma intimidade que até então pairava sobre os dois e finalmente descia sobre seus corpos como chuva. Seus seios expostos serviam aos lábios de Elias, que chupava com veneração e mordiscava os bicos róseos e entumecidos. Aquele momento era a culminação de uma jornada que ia além das missões, além das lutas pelo futuro. As mãos dele afagavam os seios de Natalia. Pela primeira vez em muito tempo, ele estava verdadeiramente presente, sem pensar no passado nem no futuro. Não havia mais necessidade de pressa, de estratégia, de esquemas complexos. Ali, no calor do abraço de Natalia, ele se permitia sentir plenamente o momento. O medo que antes o consumia, de falhar ou perder algo, desaparecia, substituído por uma sensação de segurança, algo raro e precioso.
O corpo de Natalia estava em brasas, seu coração batia mais forte.
Eles não era apenas companheiros de missão; eles eram um casal que compartilhavam as mesmas cicatrizes. Essa conexão, única e profunda, os unia. Natalia sentiu um calor intenso percorrer seu corpo enquanto Elias pressionava seu corpo com o peso do dele. Cada toque, cada beijo, cada deslizar de dedos pela sua pele parecia eletrizar todo seu corpo, uma fusão de energia acumulada durante tanto tempo. Elias a penetrou ocupando todos os espaços vazios de sua intimidade, ela fechou os olhos, deixando-se levar pela onda de sensações profundas que a envolvia. Era como se toda a tensão, as batalhas e os medos tivessem se dissipado naquele instante, dando lugar a uma entrega completa. Ela sentia-se vulnerável, mas ao mesmo tempo, segura nos braços de Elias.
Eles se moviam em um ritmo lento e sem pressa, como se seus corpos já soubessem o que o outro desejava. Elias mantinha o olhar fixo em Natalia, notando cada expressão em seu rosto, cada respiração entrecortada. A suavidade dos toques se intensificava a cada movimento, e ambos pareciam mergulhar ainda mais fundo naquele momento íntimo, onde o espaço entre eles já não existia mais.
Natalia sentia uma mistura de emoções, prazer, vulnerabilidade e uma entrega que a fazia se perder no calor do corpo de Elias. As mãos dele percorriam suavemente suas costas, enquanto o corpo de Natalia respondia com uma sensação crescente de tesão que tomava conta de seu ser. O ritmo dos movimentos, e a intensidade dos toques aumentavam, mergulhando ambos em um turbilhão de sensações. Gemidos e urros, o cheiro se sexo e intimidade impregnando os lençóis, o suor de ambos se misturando enquanto escorrem por seus corpos, uma tsuname de prazer os envolvia.
Elias sentiu toda sua energia se concentrar em uma descarga volumosa, jatos profusos em meio a gemidos, foi como se um suspiro de alívio e satisfação ecoasse pelo quarto, uma sensação de completude e libertação. Agora, não havia mais missões, segredos ou fugas, apenas a certeza de que estavam exatamente onde deveriam estar, juntos.
O mundo parecia suspenso ao redor deles, e, pela primeira vez, Elias sentia que poderia viver sem olhar constantemente por sobre os ombros. Aquele quarto, a intimidade partilhada, tornou-se um santuário, um espaço onde, por algumas horas, ele podia esquecer tudo e se entregar completamente à nova vida que estavam construindo juntos. Era um alívio e uma felicidade que ele mal sabia que poderia existir, mas que naquele momento, era sua realidade.
A noite se desenrolou em toques, beijos e suspiros. Eles se redescobriam, explorando cada pequena nuance de quem eram, agora livres das amarras do passado. Não havia mais pressa, nem medo. Apenas eles, em um espaço íntimo e seguro, onde o mundo parecia suspenso.
Quando finalmente se acomodaram nos braços um do outro, a respiração ofegante e descompassada, ambos sentiam que algo fundamental havia mudado. O futuro era incerto, mas ali, naquela cama, naquele momento, Elias e Natalia tinham encontrado algo que iam além das missões e da sobrevivência: eles tinham encontrado um ao outro, e isso era o suficiente para começar essa nova vida juntos.
*****
Na tranquilidade de um apartamento recém-alugado, Elias e Natalia estavam juntos na cozinha, desfrutando de uma manhã aparentemente comum. O aroma de café fresco preenchia o ar, e o som leve de xícaras tocando a mesa acompanhava o momento antes de cada um ir para seus respectivos empregos. Ambos se sentiam em paz, finalmente livres para viver o presente.
Enquanto Natalia preparava torradas, Elias mexia no café, aproveitando o raro momento de calma. No fundo, a televisão exibia o noticiário matinal. Suas atenções estavam dispersas, até que a notícia do âncora chamou a atenção de Elias. Ele levantou os olhos para a tela, e as palavras que vinham do televisor fizeram um calafrio percorrer sua espinha.
“...Os primeiros casos de uma doença viral misteriosa surgiram em Wuhan, China. A OMS já foi acionada para investigar possíveis medidas de contenção dessa nova ameaça. Especialistas alertam que, se não controlada, a disseminação pode se tornar global…”
Elias sentiu o corpo endurecer por um momento. Natalia, percebendo a tensão repentina, parou o que estava fazendo e olhou para ele. Ambos se entreolharam, como se uma memória antiga e temida começasse a despertar em seus pensamentos. Natalia se aproximou, tocando o ombro dele, tentando acalmá-lo, mas o olhar que trocaram carregava uma preocupação silenciosa. Elias sussurrou:
— Está começando…
AUTOR: Quero agradecer a todos que acompanharam essa série até o final. Ficou mais extensa do que o que eu planejava, mas espero que tenham curtido.
Enquanto preparo a próxima série, recomendo a leitura da minha série anterior “O Chantagista”