Eu não consegui chegar muito perto porque eu não poderia ser vista. Eu rezava para eles estarem só conversando, mas no fundo eu já estava esperando o pior. Eu cheguei o mais perto possível passando por trás de uma das prateleiras que estava cheia de caixas com produtos da lanchonete. Eu estava perto o suficiente para ouvi-los e realmente eram os dois conversando.
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Kamila: Por favor Henrique, não insista.
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Henrique: Não tem ninguém aqui. Se alguém entrar, a gente consegue ouvir.
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Kamila: Não foi isso que a gente combinou. Eu cumpri minha parte. Agora é só você cumprir a sua.
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Henrique: Eu já disse que vou fazer isso. Semana que vem você já vai estar atrás do balcão e não precisará mais ficar servindo mesa. E seu salário será aumentado automaticamente.
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Kamila: Tudo bem, mas eu já fiz minha parte. Agora vamos lá para eu poder trabalhar. Por favor. Se a Tamires descobre eu estou ferrada.
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Henrique: Poxa só estou pedindo um agrado. Ninguém vai ver Kamilinha. Ontem no motel você gostou, nem lembrou da sua namoradinha.
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Kamila: Está bem, mas é a última vez tá bom. E não fala da Tamires.
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Henrique: Está bem, eu prometo. Agora coloca essa boquinha linda para trabalhar.
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Eu senti meu estômago embrulhar de ouvir aquilo. Senti também uma raiva enorme se formar dentro de mim. Eu queria ir lá e quebrar a cara dos dois. Mas respirei fundo e tentei raciocinar direito. Eu precisava fazer algo. Peguei meu celular e com cuidado fui para o início da prateleira. Abri a câmera e olhei no corredor que eles estavam. Kamila estava ajoelhada na frente do Henrique fazendo um oral nele. Eu quase vomitei de ver aquilo. Tirei uma foto da cena e ficou perfeita. Dava para ver os rosto dos dois é exatamente o que estava acontecendo. Comecei a ouvir os gemidos do Henrique. Pelo jeito ele estava a ponto de gozar. Eu achei melhor sair dali, mas o infeliz tinha que abrir a boca.
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Henrique: Isso vadia. Deixa eu gozar nessa boca. Quero que a corna da sua namorada sinta o gosto da minha porra quando você beijar ela.
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Aquilo foi como levar um tapa na minha cara. Meu sangue ferveu e eu nem vi quando dei um soco em uma das caixas. Com o impacto ela voou longe. O barulho assustou os dois e Kamila deu um grito. Eu já virei no corredor onde eles estavam e eu estava com muita raiva. Os dois me olhavam assustados. Kamila colocou a mão no rosto e Henrique tentava levantar as calças. Eu cheguei perto deles. Minha vontade era voar na garganta do Henrique,não sei como, mas me segurei.
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Tamires: Escuta aqui seu filha da puta arrombado, para você me fazer de corna em primeiro lugar eu precisava ser namorada dessa aí. E essa vagabunda não é minha namorada. Ela era, presta atenção, era minha amiga, mas nem isso ela é mais. Você se acha esperto, mas você é só um babaca. Na verdade vocês são dois idiotas. Você por conta dessa vingança contra mim vai se ferrar tanto, mais tanto que você não faz ideia. A vagabunda é mais burra ainda. Perdeu a minha amizade, o emprego que eu consegui para ela lá no hotel, esse emprego é o lugar dela morar. E o pior que foi a troco de nada já que você não pode aumentar o salário de ninguém. Até para colocar ela atrás do balcão você precisa pedir para sua esposa.
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Quando eu falei a última frase Kamila arregalou os olhos e Henrique também. Ao ver a cara de espanto dos dois eu resolvi deixar as coisas claras.
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Tamires: Sim Henrique, eu sei quem é sua esposa. Eu sou prima dela, seu trouxa. Isso mesmo Kamila. Ele é o marido da Cibele. Você agora já sabe o tamanho da merda que você fez. Espero que vocês estejam preparados para o que está por vir. Trouxas!!! Dois trouxas que se acham espertos. Vocês se merecem.
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Virei as costas e sai. Antes de virar no corredor que levava a saída eu ouvi o choro da Kamila. Mas dessa vez eu não senti pena não. Eu estava com muita raiva. Eu esperava que Henrique viesse atrás de mim, mas não veio. Acho que ele ficou paralisado com o que ouviu e demorou a reagir. Eu saí do cômodo e com a raiva que eu estava bati a porta com força. Aquilo fez um barulho que provavelmente a lanchonete toda ouviu. Quando sai para área central estava todo mundo me olhando. Eu só segui para fora e fui voltar ao hotel. Durante o caminho fui pensando em como contar para Cibele. Ela estava grávida, eu tinha que tentar suavizar o máximo o impacto da informação, mas como fazer isso? Eu também estava preocupada por mim. Eu que pedi para trazer Kamila comigo. Mesmo sabendo dos riscos eu a trouxe, então eu também tinha minha parcela de culpa. Talvez se eu tivesse contado tudo a Kamila isso não teria acontecido, mas eu prometi a Cibele que não iria contar. O pior é que de qualquer forma Kamila só provou que mesmo se esforçando para mudar, não conseguiu, continua sendo a mesma.
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Quando entrei no hotel eu estava muito tensa. Fui direto para o escritório e quando abri a porta vi Cibele limpando o rosto. Com certeza ela estava chorando. Ela me olhou e pude ver no seu rosto que ela já sabia o que tinha acontecido, ou pelo menos sabia de algo. Eu caminhei até a mesa devagar. Eu só não sabia qual seria a reação dela quando soubesse da Kamila, se é que ela já não sabia.
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Cibele: Meu padrasto tinha razão prima. Ele não vale nada.
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Tamires: Eu sinto muito prima. Mas infelizmente é verdade.
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Cibele: Pelo menos agora eu tenho certeza. Antes tarde do que nunca. O amor às vezes cega a gente.
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Tamires: Infelizmente isso é verdade também. Mas como você sabe que ele te traiu? Só eu que vi. Ele te contou?
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Cibele: Não, sua amiga que me ligou me implorando para não te mandar embora. Eu quis saber o porque e ela me contou o que tinha acontecido.
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Tamires; Kamila fez isso?
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Cibele: Sim, ela fez. Eu custei a entender no início porque ela estava chorando muito. Mas ela conseguiu me contar o que aconteceu na lanchonete.
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Tamires: Me desculpe. Eu não devia ter trazido ela. Se não me quiser mais aqui eu vou entender. Sei que tenho minha parcela de culpa. Eu sabia como ela era e não devia ter deixado isso acontecer.
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Cibele: Nem se ela fosse a única a ficar com ele eu te culparia. Você me contou tudo sobre ela. Você não tem culpa de nada. Agora tenho certeza que todas as suspeitas e acusações contra ele são verdade e só tenho certeza graças a você. Isso pode até parecer meio bizarro, mas talvez você ter trazido a Kamila tenha ajudado. Agora você sabe que infelizmente ela não mudou e eu sei o tipo de homem com quem me casei.
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Tamires: Eu nem sei o que dizer.
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Cibele: Não precisa dizer nada. Eu que preciso te agradecer por tudo que fez por mim. É preciso te pedir um favor.
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Tamires: Não precisa me agradecer por nada. E pode pedir o que você quiser.
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Cibele: Minha maior preocupação de agora em diante tem que ser minha filha. Eu venho sofrendo uma carga de estresse muito grande. Eu quero tentar ficar mais tranquila nesses últimos dias. Meu casamento acabou e para encerrar ele de vez eu tenho meu advogado. Mas agora além do hotel que você já está apta para assumir, tem a lanchonete. Você consegue resolver tudo para mim?
Te dou carta branca. Você pode fazer o que quiser, só não quero fechar ela por causa disso. Tem pessoas que dependem do emprego e ela tem dado lucro. A única coisa que não aceito é que os dois continuem lá. No mais você pode resolver do seu jeito.
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Tamires: Acho que posso resolver isso para você sim. Ou melhor, acho que sei quem pode fazer isso.
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Cibele: Acho que já atendi. Beatriz, né?
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Tamires: Isso mesmo. Acho que podemos deixar a lanchonete nas mãos dela e eu me preocupo com o hotel.
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Cibele: Tudo bem. Achei perfeita a ideia. Eu vou para casa da minha mãe. Não quero encontrar com Henrique, de preferência não quero vê-lo nunca mais na minha vida. Só mais uma coisa. Quero os dois fora da lanchonete ainda hoje, sei que é pedir muito, mas quero que você volte lá e coloque os dois no olho da rua. Vou pedir para um motorista te levar. Quero que pague cada centavo para sua amiga. Para o Henrique não precisa pagar nada, nem o salário. Se ele quiser receber algo que entre na justiça. Só mais uma coisa, sei que você também deve estar com muita raiva dos dois, mas não passe do ponto. Seja profissional, mantenha a calma. Te conheço bem e sei que você é meio esquentada as vezes. Já até me salvou algumas vezes com seus socos. Mas agora eu preciso que me ajude sendo uma excelente profissional, coisa que sei que você consegue.
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Eu disse que faria isso. Ela se levantou e veio até mim, me deu um abraço e me agradeceu de novo. Nos despedimos e ela se foi. Eu fui no RH o mais rápido que pude porque já era quase hora dele fechar. Falei com a responsável e expliquei a situação. Ela me orientou a como dar os próximos passos e eu fui voltar à lanchonete. Quando desci para o estacionamento do hotel me assustei. Estava o mesmo motorista que tinha me levado antes a lanchonete e mais três homens. Ou melhor três armários, depois do susto reconheci dois deles. Eram seguranças do hotel. Quando me aproximei um deles disse que a D° Cibele tinha pedido para eles nos acompanhar até a lanchonete para ajudar a jogar o lixo para fora caso precisasse. Eu só sorri, agradeci eles e saímos. Durante o caminho liguei para Beatriz e disse para ela ir até a lanchonete o mais rápido possível. Ela disse que já estava indo.
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Assim que chegamos eu já vi Beatriz me esperando na entrada. Fui até ela e os três armários me seguiram a uma certa distância. Aquilo era estranho para mim. Beatriz olhou a situação e abriu um sorriso. Eu sorri de nervosa. Fui até ela e disse que eu estava ali para promover ela a gerente se caso ela aceitasse o cargo. E eu estava também implorando para ela aceitar. Ela pensou um pouco e disse que aceitava sim. Eu pedi para ela me seguir. A gente entrou e vi que o escritório da gerência estava com as luzes acesas. O Henrique provavelmente estava lá. Ele não devia saber da ligação da Kamila para Cibele e talvez estava com medo de ir para casa. Ou até pensando numa boa desculpa, provavelmente ele achava que seria minha palavra contra a dele. Mas Cibele já sabia de tudo, nem precisei usar a foto.
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Quando segui para o escritório Beatriz e os seguranças me seguiram. Os clientes olhavam de maneira curiosa, mas os funcionários pareciam estar meio assustados por eu estar ali com Beatriz e três seguranças. Cheguei na porta do escritório bati. Ouvi Henrique pedindo para entrar quando ele me viu, ele se assustou, mas depois ele já se irritou.
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Henrique: O que você está fazendo aqui? sua..
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Nesse momento ele viu que eu não estava sozinha e se calou.
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Tamires: Boa noite Sr° Henrique. Eu vim lhe comunicar que a partir desse momento você está dispensado das suas funções aqui neste estabelecimento. O Sr° tem cinco minutos para pegar seus pertences pessoais e deixar o estabelecimento. Se isso não acontecer pedirei aos seguranças para retirar o Sr° do local . Por favor, não deixe chegar a esse ponto.
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Henrique provavelmente queria me matar naquele momento, mas sabia que não podia fazer nada. Pegou seu celular, as chaves do carro e foi pegar o notebook do escritório.
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Tamires: Por favor Sr°, só pegue as coisas pessoais. E não esqueça de deixar o cartão de crédito da empresa. Ele desistiu de pegar o notebook e veio em minha direção. Eu só me afastei e ele saiu. Perguntei a Beatriz se ela sabia se ele tinha acesso à conta do banco da lanchonete pelo celular. Ela disse que tinha sim, mas que podia resolver isso rapidinho. Eu falei para ela fazer isso e já assumir seu novo cargo. Ela já foi para a mesa que era do Henrique e ligou o note notebook. Eu falei para ela que iria procurar a Kamila e já voltava.
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Saí do escritório e vi que todos os funcionários me olhavam. Vi a garçonete que eu tinha perguntado da Kamila mais cedo e a chamei. Perguntei a ela por Kamila e ela disse que logo que eu saí mais cedo a Kamila foi no vestiário, tirou o uniforme e saiu sem falar nada com ninguém. Que até ficou preocupada porque ela estava chorando muito. Eu disse que ia tentar entrar em contato com ela. Aí ela perguntou se a gente tinha brigado. Eu disse que a gente terminou o namoro, mas eu a estava a procurando para falar de um assunto profissional. Aproveitei e pedi para ela avisar todas as garçonetes que Henrique não era mais o gerente e que Beatriz iria ficar no lugar dele. E que eu era o braço direito da dona da lanchonete e que qualquer problema elas poderiam resolver com Beatriz ou me ligar a qualquer hora se fosse algo muito sério. Mas que tanto eu quanto a dona tinha total confiança na Beatriz para ser a nova gerente do local. Ela soltou um graças a Deus. E eu perguntei o porquê. Ela disse que as meninas não gostavam do Henrique, porque ele era muito atrevido e tinha umas brincadeiras bobas com elas. Eu disse que isso não seria mais um problema. Passei meu número de trabalho para ela e disse para ela passar para as meninas que trabalhavam com ela. Ela abriu um sorriso e me agradeceu.
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Fui para dentro do balcão e pedi para um dos funcionários me seguir até a cozinha. Chamei os cozinheiros, falei sobre as mudanças e pedi para eles avisarem os outros funcionários. Chamei o rapaz que sempre fechava a lanchonete e expliquei a situação. Perguntei se ele era amigo pessoal do Henrique. Ele disse que não, que conheceu ele no dia que abriu a lanchonete, que só fechava o local porque o Henrique pediu a ele. Eu disse que não tinha problema e que se caso a nova gerente precisasse eu iria indicar ele para continuar fazendo isso já que ele demonstrou ser responsável durante todo esse tempo. Ele me agradeceu. Eu me despedi e retornei ao escritório.
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Beatriz me disse que já tinha trocado a senha do aplicativo e bloqueado qualquer movimentação na conta por 12 horas. Que no outro dia iria ao banco resolver tudo porque o Henrique ainda sabia a senha do cartão e poderia usar ele sem mesmo estar de posse dele. Eu disse que eu tinha entendido. Ela me perguntou o que tinha acontecido. Eu contei a ela tudo o que houve. Achei que ela iria ficar bem triste por causa da Kamila, mas ela reagiu bem. Eu falei que estava preocupada com a Kamila. Ela disse que provavelmente ela estava no apartamento. Conversamos mais um pouco e resolvi voltar ao hotel.
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Na saída o motorista disse que eu perdi o show do Henrique chutando o carro. Eu não entendi e o motorista disse que provavelmente Cibele tinha pedido para a seguradora bloquear o carro remotamente. Henrique não tinha como ligar o carro de jeito nenhum e deu um xilique no meio da rua. Eu realmente queria ter visto isso. Entrei no carro para retornar ao hotel. Tentei ligar para Kamila mas ela não me atendeu. Eu realmente estava preocupada com ela. Será o que houve com ela?
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Continua..
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Criação: Forrest_gump
Revisão:Whisper